quarta-feira, 24 de julho de 2024

Ícones 90tões

   

Arsylene, entre eu e minha esposa
e Isis, que já está em casa.

   Ícone. É uma marca indelével. Isso mesmo. Vou carregar nos termos arcaicos. Isso porque lá vão 90 anos. Fazendo a conta, vai dar na década de 30 do século passado.

 Minha mãe nasceu em 1930. Viva, hoje, seriam 94 anos. Poderia ser, visto que sua mãe, minha avó Eunice, partiu para casa aos 96 anos.

  Este três que aqui menciono são ícones. Chegaram aos 90 anos, marcando a vida de muitos. Principalmente, a minha. Arsylene, minha professora de igreja.

  Com ela, além das lições bíblicas, já aos 13 anos eu participava do coral dos Juvenis. Era a União Juvenil da Igreja Evangélica Congregacional de Cascadura, da qual ela foi membro fundadora, desde 1953.

   Outra mulher é d. Cleuma, essa a minha professora do Admissão, minha 6ª série primária, em 1968, na escola da Rua Cônego Tobias, no Meier. Aquilo que era escola e aquela que era uma professora.

   E por último, last, but not least, o digníssimo diácono Isaías, um marco na Igreja Evangélica Congregacional de Cascadura, onde está firme, até hoje, mesmo após as mudanças que houve desde que encerrei, em 1994, meu pastorado ali.

   Não é qualquer tempestade que assuta esse três ícones. Isaías Silva, Arsylene Jardim e Cleuma Brasil. 90 anos. Marcas potenciais. Já sentei com os três, para contar pérolas da existência deles.

   Há textos sobre cada um deles neste blog. E outros mais. Porque esse tesouro não se limita somente aos três aqui mencionados. Mas menciono, pela relevância que têm, juntamente com esses outros, na minha vida.

  Isaías muito me ajudou deslocando-se de Jacarepaguá, onde reside, até Copacabana, onde pastoreei, juntamente com Cascadura, entre 1992 e 1994. Aliás, Largo do Pechincha-Copacabana não era nada, em distância, para esse easy rider (sem/com destino), em suas viagens de fusquinha.

    E não há como falar dele, sem mencionar seu poder cativante de amizades. Com meu pai Cid, com Heraldo, meu sogro, e com outro herói de fé, o Dagoberto. Ter Isaías como amigo, ouvir suas histórias e partilhar de suas conversas, nada mais gratificante nesta vida. 

   Enquanto eu ocupava o púlpito nesta, ele se deslocava até àquela, para compensar a ausência do pastor. E que conteúdo. Isaías é bom de ouvir, sejam que histórias contar, que sermões pregar, que conselhos, de sabedoria, conceder.

   Cleuma, nas idas Rio Branco, AC, ao Rio de Janeiro, RJ, entre os anos de 1998 e 2013, quinze vezes, pelo menos, de carro, percorrendo cerca de 4.200 km, às vezes mais, às vezes menos, eu achava Cleuma e a convocava para as reuniões de família, no Meier.

Eu e minha querida professora
do Admissão Cleuma Brasil

   Sua vida dá um livro. Mulher de valor, trabalhou em meio mundo, fosse em cargos federais ou estaduais, formada como professora e assistente social, mulher negra de fibra, destemida, inteligente e sagaz, marca por onde passa.

   Você a encontra pelo Meier, acessando toda a terça-feira, a feira livre da Galdino, bem defronte ao prédio onde minha mãe residia e onde havia esses encontros de finais de ano, nas confraternizações em que seria possível encontrar Cleuma e Isaías reunidos.

   Arsylene visito também sempre que apareço pelo Rio. O sorriso é de menina, nunca mudou. Daquele tipo de pessoa que atravessa a existência enfrentando o que der e vier. Se forem provações, vai superar e ensinar como vencê-las.

   Caso seja no intervalo entre elas, vai reger a vida como fazia em nosso coral de juvenis, na década de 70 do século passado. Essa garotada hoje já é de avó, mas sorte se, em sua vida, não esqueceram nem dos cânticos, nem das lições de d. Arsylene na antiga igrejinha de infância.

   Por falar nela, eu peço desculpas, se alguém daquela geração ler e, por engano, pensar que esqueço alguém aqui ou peco em não mencionar. Mas esperem. A própria irmã Arsylene listou todos.

   Isso mesmo: tenho uma relação, com a caligrafia dela, mencionando os membros de Cascadura, pelo menos nesse período de 1953 a 1994. Pela boa matemática, são 41 anos. E contando com o ano derradeiro, quando meu filho Isaac nasceu, tendo eu vindo para o Acre um ano depois, são 42 anos de história.

   E eu acho que sou um dos mais antigos, tendo lá chegado em 1966. Talvez tenha sido, naquele coral da União Juvenil, o mais velho, a não ser que Roberto, o mais velho de Isaías, me tenha ultrapassado.

   Esperem, porque a lista de ícones é maior. Alguns já em casa, como minha própria mãe, e até mesmo pais meu e de outros irmãos. Todos ícones. Fico devendo um texto sobre eles.

   Porque desfilam em nossa memória. E que memórias suaves. Foram nossos pais, além de alguns deles biológicos, também o foram na fé. Não. Não eram, como nos mesmos não somos, perfeitos. Não eram. Não somos. Por isso mesmo são nossos autênticos pais na fé.

   Exatamente porque a fé existe e tem um autor, que é Jesus, para ser compartilhada. E a nós ser aplicada a perfeição de Deus. Ele deseja que sejamos imitadores dEle, como filhos amados, e andemos em amor como Jesus, o Filho, andou.

   Saúdo, neste texto, esses meus três ícones: Arsylene, Cleuma e Isaías, noventões amados. Grato a vocês, por ser dádiva de Deus e por marcar tanto e tão positivamente a minha vida e tantas outras. 

sábado, 13 de julho de 2024

Simplesmente e tremendamente Dora

 

¹² "Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio." Sl 90.

    Uma oração. Deus atendeu essa petição na vida de nossa querida chefe. Carinhosamente assim chamada e assim amada.  Você é uma mulher sábia.

  Creio que gratidão é outra palavra essencial, que todos nós colocaríamos na frente. Porque nossa dívida de gratidão com você é enorme.

  Porque cumpre suave o seu modo de liderar. Não quer dizer que fuja a sua tarefa, não, porque é enérgica sempre que necessário. Porém nunca ofensiva.

   Valente. Corajosa. Lutadora. Defende Anos Finais como leoa. E seu jeito é que cada um seja regente de si. Não há modo mais efetivo de delegar responsabilidades.

  Creio que sua origem, da qual fala com tanto orgulho, é raiz de seus principais valores. Beira rio, sombreado de mata, casa acolhedora, família. De lá traz suas sementes.

   Não poderia ser outra que não Mestra. Porque sonha transmitir a tantos, a muitos tudo que aprendeu. Não só da ciência, que também é essencial, mas dos valores, sem o que nenhuma ciência prospera.

   Esses valores ela põe na frente. E aplica em sua vivência. Dora não tem meias palavras, somente inteiras. Nunca saberemos o que já fez em nossa defesa.

  Você transforma em vivência prática, com extrema competência tudo o que a academia te deu. É uma virtude de poucos assim proceder.

   E temos aprendido com você não ser pedantes, mas reunir tudo o que sabemos e aprendemos, para pôr, com efeito e propriedade, no modo como vamos compartilhar.

  Educação precisa ser assim, o máximo proveito com simplicidade, humildade e eficácia. Desafio e dinâmicas constantes. E muito sonho.

   Não vai dar para dizer tudo. Os nosos amigos vão acrescentar. Mas encerro destacando uma época triste e traumática de 2020-2021. A sua coragem sobressaiu.

   Você é fibra. Veia pulsante. Enfrentou e venceu. Você se pôs em risco. Regeu e liderou via net, zap e todas as mídias. Foi um tremendo salto de qualidade.

  Em meio a uma situação tão aflitiva e alarmante, houve chance de espalhar esperança. E Dora venceu. Você é a nossa medalha. 

terça-feira, 9 de julho de 2024

Nada falta, ainda falta

 Senhor é o meu pastor; nada me faltará . Ele me faz repousar em pastos verdejantes.  Leva-me para junto das águas de descanso ; refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome.  Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam . Preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários, unges-me a cabeça com óleo; o meu cálice transborda. Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre. Salmo 23

    Um salmo comum, por assim dizer. Costumamos assim classificar, por acharmos ter sido muito lido, decorado, até, na infância e, de certo modo, gasto. Mas não, isso é um erro, por causa de seu conteúdo. O texto trata uma postura que deve ser permanente e diária. Levar em conta que Deus é pastor e, se assim for, nada faltará.

  Este primeiro versículo é a síntese do salmo. Os restantes, a relação de tudo que o salmista aborda, aliás, o rei-pastor Davi, sobre essa assitência divina. Mas eu desejo retornar à palavra comum, para lembrar um outro autor bíblico, Pedro, Apóstolo, quando se refere à vida em família:

7 "Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, porque sois, juntamente, herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam as vossas orações. 1 Pe 3.

  Comum, aqui, não significa banal. E sim, autêntico. Simplicidade, na Bíblia, rivaliza com vaidade. Aliás, vaidade é um perigo. Porque foi o apelo diabólico feito a Eva, "você vai ser como Deus". Então, nascemos com ela. Ser convertido, significa ser resgatado, pelo poder de Jesus, da "vaidade de nosos próprios pensamentos".

17 "Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos". Ef 4.

  Então, casamento nunca será ostentação. Mas sim, vocação. Foi obediência essa opção. Foi sábia a escolha. Desde o Gênesis, quando Deus abençoou o primeiro casal, e disse que fossem fecundos, instituiu o casamento. Deus é o autor dessa ideia. Assim como quem sustenta. Por isso, a escolha não pode ser diletante. Aleatória. Fútil. Despropositada.

  Cuidado com a ostentação. Os casas que assim cumprem, em suas vidas, os propósitos divinos para o casamento não são, entre si, melhores. São apenas diferentes. E devem viver uma vida comum. E se trata de uma construção a dois. Cada um, por si, mantendo o compromisso assumido, trazendo consigo, da personalidade para dentro desse compartilhamento, o que já haviam aprendido com Deus.

   Citamos o Salmo 23, porque traz consigo uma relação do que é comum e que Deus, nosso Pastor, faz rotineiramente. Já fazia antes do casal se casar e continuou fazendo. Agora, na parceria dos dois. Meu pai chamava a casa dele, onde fui criado, ao lado de minha mãe, de céu. Para ele, foi um céu na terra. Alguem duvida que foi por causa do compromisso deles dois com Deus?

  Casais de quase mesma geração, um pouco mais novos, os respectivos pais do casal também mantiveram esse padrão. Casais assim não são melhores ou piores erntre si, mas apenas diferentes. E foi pelo evagelho que entrou em suas vidas. Em tempos diferentes, histórias diferentes, mas foi por causa do evangelho.

 Triste será, muito triste será se a geração que agora vem, dos filhos desses casais, não preservarem essa vida comum. Não conservarem para si, como a própria Escritura diz, esses "marcos antigos". Há, no casamento, marcos antogos que precisam ser preservados. Caso sejam violados, muito provavelmente, quase certamente, não vai prosperar. 

  Desejo destacar do salmo três citações. O que não faltou e o que ainda falta. A unção com óleo, em todo o seu amplo sentido. E a bondade e a misericórdia, por todos os dias da vida. Sim, porque repouso, águas de descanso, refrigério para a alma, veredas de justiça, uma bordoada aqui, outra ali, pela mão do Pai, tudo isso nesses 25 anos foi experimentado.

"...porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. 

É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige? Mas, se estais sem correção, de que todos se têm tornado participantes, logo, sois bastardos e não filhos. Hb 12

    Claro, incluído andar pelo vale da sombra da morte. Com Deus, morte é apenas sombra. Mas foquem no que ainda falta. Nada faltará vai prosseguir. Mas faltam os anos por vir e os desafios, que são as metas da perfeição. Sejam perfeitos, porque Paulo diz ser isso possível. Mas continuem a despojar-se do velho homem e do pecado que, tenazmente, assedia.

  Foram ungidos com óleo, para o serviço na igreja. Diácono é quem serve. Não a si mesmo, bem entendido, mas à igreja de Cristo. Às vezes, esquecemos que a igreja é de Cristo. E tornamos o grupo um espaço de vaidade pessoal. Vamos lembrar atrás: vaidade dos próprios pensamentos foi de onde Jesus nos libertou. É mundanismo e diabólico. 

  Não siga tanto exemplo infeliz de velhacaria nesses circuitos de oficiais de igreja. Eu mesmo fui vítima disso. Afinal, que pastor não foi? Aliás, você tem exemplos na família, de teu próprio pai e de teu avô materno. Sempre avalie esses modelos e siga os bons exemplos. 

13  "Pois os que desempenharem bem o diaconato alcançam para si mesmos justa preeminência e muita intrepidez na fé em Cristo Jesus." 1 Tm 3.

  Temos ministério de música, da parte da esposa, o que é uma arte, sua especialidade. Mas cuidado, porque o palco da igreja não é teatro, para fama e projeção do ego. Ao contrário, Jesus estabeleceu a igreja para tratamento e cura do ego, subvertido desde o Éden. A exortação que Paulo afirma provir de Cristo, indica que tudo na igreja é serviço e todos têm, por igual, a mesma magnitude e relevância:

2  "...completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros." Fp 2.

  Estou afirmando que tais tentações nos são familiares e comuns. São uma casal exposto no ministério da igreja. Então, serão sempre modelo. De Cristo e da obra que permitem que Deus neles complete ou modelos de si mesmos. Neste caso, Cristo não assina embaixo. 

 E os filhos também mirem-se nesse exemplo. Todos os filhos conhecem mais dos pais do que qualquer outra pessoa. Porque, além de ser seu retrato, no fenótipo e no genótipo, convivem, veem, conhecem e experimentam vícios e virtudes. Eu mesmo queria ser muito melhor do que meus pais o foram na fé. Não consegui.

  Mas sou grato a Deus, porque os meus filhos tem sido muito superiores a mim. E o mérito não é nem deles e nem dos pais deles, mas de Cristo. Cristo assina embaixo. Houve obediência? Então há resultado benéfico. E obediência, até Jesus aprendeu e é doloroso aprender. Porque obediência, para nós, significa dizer não a nós mesmos. Defintivamente, não é fácil.

  Para encerrar, o salmo diz que bondade e misericódia nos seguirão todos os dias de nossa vida. Sim, tem seguido. Mas bondade e misericódia são atributois exclusivos de Deus. Ressoa em nossa memória o diálogo de Jesus com o jovem rico: "Por que me chamas bom?". Não somos bons, nem de origem e nem por nós mesmos.

 No Antigo Testamento, misericórdia equivale a amor. Então, Deus incorpora à nossa vida de Sua bondade e de Seu amor. Sem dúvida, somente por plenitude do Espírito. Somente, fruto de nossa fé viva e ativa, resultado de nossa obediência ao Pai, na proporção da renúncia de nós mesmos.

 Essa a marca de um casamento que resiste ao tempo, avança pelos anos, abençoa seus filhos, torna-se modelo para fora de si. Transborda em amor, transborda em bondade. Honra a unção que recebeu, para ministério na igreja e na sociedade. Nada falta. Mas, para o que falta, em relação aos anos por vir, as bênçãos por vir, haverá suprimento e sempre haverá aumento.

sábado, 29 de junho de 2024

Caçula, você desfalcou o time

   E que time. Lindo. Os cinco sorrisos mais lindos de que se conhece. Em meio a essa família linda, que time vocês formam! Puro carinho, afeição, amizade, para resumir, de uma vez, puro amor.

  Falar. Há horas que não se tem o que dizer. A gente só chora. A gente se expressa chorando. Mas parece que dizer alguma coisa, alenta. Mantém junto quem se foi.

   O que dizer de meu primo Erlon? Estou tão longe e há tanto tempo. Mas bastava estar no Rio, beira mar, onde estivemos há uns 3 anos atrás, para ser recebido com todo o carinho.

  Hospitaleiro conosco. Tanto assim, que eu prometi voltar, para demorar mais. E fazia propaganda de gente que perguntava aonde ir, caso estivesse pelo Rio.

  Eu falava de meu primo. Falando dele, fala-se de todos. São tão apegados, que não dá para imaginar um desgarrado de todos os outros.

   Isso é amor. Cada um tem um jeito de mostrar. Aposto o quanto quiser, nessa história de amor, não somos perfeitos. Mas somos autênticos. Por isso não mentimos.

   Falta, ainda amar mais. Sempre falta amar mais. Mas vocês, Campello de Araujo, vocês dão show. Eu sei que estamos no meio de uma família puro grude.

   Que herdamos isso de nossos pais, que também não foram perfeitos, mas também foram autênticos. Prefiro assim, porque não se trata de bajulação.

   Trata-se de constatação. Vocês, é claro, conheciam o caçula muito mais do que eu. Frente e verso. Ora, verso me lembrou Onésimo, que também já se foi.

   E nessa hora que nos reunimos, todos juntos, para formar força, choro e consolo, a gente lembra de todos que já foram antes.

   Jamais se esperava que o caçula nos passasse a frente. E deixa sua herança. Do que se conviveu com ele, tudo o que ele representa. E tudo o que herdamos também.

  Porque, independente da religião que cada um tem (ou não tem), das idas à igreja pela mão de vó Eunice, dos hinos tocados ao violão pelo Dirley, cantados por Eber, com seu vozeirão, e até pelo Marcelo, em sua linguagem mesclada.

   Sim, não depende desse tempo igrejado, mas depende de uma fé íntima e individual. E disso essa família entende. Porque viu isso nos que foram. E repito aqui: se você optou por essa fé, veja bem, ela é tão imperfeita em nós, quanto foi neles.

   E espalhamos isso para os nossos filhos. E a eles ensinamos que honrassem a herança que receberam. E, pelo menos, dessas duas singelas e essenciais virtudes recebidas, a fé e o amor, para eles, procuramos ser exemplo.

   E o modo como nossos pais nos ensinaram a amar, gerou em nós essa força de agora. Então, sem máscara, mesmo porque o sofrimento nos desnuda, podemos dizer, sem hipocrisia:

   Caçula, meu camarada, você foi cedo para caramba. Mas te amamos intensamente. E usufruímos, intensamente, o teu amor. Esse amor fica.

   Assim como o vazio de sua ausência. Mas a gente carrega você conosco. Nessa vida, como foi o meu caso, a gente ficou longe. Mas teu sorriso me alcançou.

   Cada qual do time, Bela, a Bela, Elaine, a Nanica, Eliana, nem lembro o apelido, Binho e você, só sorrisos lindos, expressão de vida, oferta de alegria, desafio a esse mundo, muitas vezes, tão mau.

   Cada um de vocês um segredo. Eu acho que Erlon, que eu achava o mais calado, levou com ele o dele. Eu não consegui decifrar. Mas que era algo de fé, misturado ao amor, eu desconfio.

sexta-feira, 21 de junho de 2024

Os fundamentos éticos kantianos

 O presente artigo tem por objetivo apresentar a ética do filósofo alemão Immanuel Kant que, imbuído pelos valores e reflexões do século das luzes (séc. XVIII), representa um marco na era filosófica moderna, ao reconhecer que a ordem moral não é decorrente de estímulos empíricos, inclinações políticas ou fundamentos divinos. Segundo Kant, o homem é o responsável por criar sua própria lei moral e suas ações refletem representações dessas leis subjetivas.

O dever é o conceito de máxima apreciação do valor intrínseco de uma benevolência, executado pelo indivíduo através de ações desprovidas de inclinações pessoais ou motivadas por tendências egoístas. Ao contrário, a verdadeira realização do dever reside em reconhecer que, mesmo agindo contra sua vontade individual e ciente de que tal ação irá prejudicar seus ganhos pessoais, o indivíduo age de qualquer maneira.

Uma ação realizada por dever possui um valor moral genuinamente estabelecido, pois respeita plenamente a máxima que a determina. Desse modo, o valor moral reside não no objeto da ação, mas no princípio da vontade que reflete os desejos e conduz à prática apropriada. A filósofa Michèle Crampe-Casnabet alude sobre o formalismo de Kant na formulação de sua ética ao considerar que “o formalismo implica que nenhum fim da ação deve ser levado em consideração na determinação do ato moral. Só a forma da lei pode garantir a moralidade do agir”[1].

Esta prática decorre do indivíduo por meio da lei moral universal que está inerente em sua razão, a vontade, uma vez desprovida de qualquer inclinação ou estímulo, fica obrigada a seguir estritamente uma lei universal das ações e servir a sua máxima, tornando-se assim, autônoma. Essas diretrizes morais são compreendidas por Kant como imperativos categóricos, isto é, comandos ou leis morais que não estão condicionados nem têm relação com a matéria da ação e seus resultados, mas sim ligadas ao princípio e à boa essência que a ação possui independente de suas consequências.

Ainda na compreensão do imperativo categórico, o filósofo Gleison Rosa Sena demonstra estes referidos significados ao considerar que o dever moral é a representação da lei, pois todo ser racional tem a ideia de uma lei e o que ela é, ele reflete que o motivo disto está, a saber, que a mente humana possui uma natureza legisladora e se impõe a realidade[2]. Neste aspecto, ele salienta que esta lei universal é necessária, pois no próprio conceito de lei existe a sua necessidade e universalidade e isto fica conforme a definição de Kant de que moral é tudo aquilo que pode ser universal[3].

Na continuidade desta relação, Sena afirma que a lei moral tem a forma de um imperativo categórico que por ser um mandado absoluto e inerente a razão, este propriamente confirma a exigência de universalidade que media a lei e a vontade finita. Desse modo, o dever pode provir da vontade, em mandado da lei, isto é, agir moralmente[4].

Outro conceito que é um marco da ética de Kant é a liberdade. Para ele, liberdade é entendida como autonomia, ou seja, a capacidade que os indivíduos têm de orientar a sua própria consciência. Sobre este específico conceito, o pensador alemão trata na Fundamentação a importância da liberdade e razão: “Ora é impossível pensar que uma razão que com a sua própria consciência recebesse de qualquer outra parte uma direcção a respeito dos seus juízos, pois que então o sujeito atribuiria a determinação da faculdade de julgar, não à sua razão, mas a um impulso. Ela tem de considerar-se a si mesma como autora dos seus princípios, independentemente de influências estranhas; por conseguinte, como razão prática ou como vontade de um ser racional, tem de considerar-se a si mesma como livre; isto é, a vontade desse ser só pode ser uma vontade própria sob a ideia de liberdade, e, portanto, é preciso atribuir, em sentido prático, uma tal vontade a todos os seres racionais.”[5]

No estudo sobre as formas do imperativo categórico, Kant elabora a relação do agir moral com a lei universal ao direcionar: “age como se a máxima da tua ação se devesse tornar, pela tua vontade, em lei universal da natureza”[6].  Em outro ponto, ele destaca a humanidade como fim em si mesma, como princípio que move a boa vontade, o respeito a si mesmo e ao outro, o filósofo alemão, sobre este debate acende: “Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio”[7].

Por conseguinte, ele disserta sobre a autonomia da vontade que consiste na concepção de que o ser racional é o ser capaz de agir de acordo com uma lei que se dá a si mesmo pela perspectiva racional, assim alude Kant: “Age de tal maneira que tua vontade possa encarar a si mesma, ao mesmo tempo, como um legislador universal através de suas máximas”[8].

Assim, a ética de Immanuel Kant demonstra que a excelência da moral é o cumprimento do dever e deve conduzir a autonomia e em tom de ordem, na crítica prática, o pensador alemão afirma: “Age de tal modo que a máxima da tua vontade possa valer sempre ao mesmo tempo como princípio de uma legislação universal”[9]. Tudo isto guia, na ética kantiana, a construção correta da própria vida seguindo os valores provenientes do imperativo categórico.

Portanto, dissertar sobre a ética de Immanuel Kant é um esforço que contempla o interior do ser humano e o coloca no dever de reflexão sobre as atitudes e seus fins. O agir livre, a saber, o agir racional em obediência ao imperativo categórico dispõe ao homem a plena realização do bem moral e conhecimento de si, do seu processo humano e das circunstâncias e necessidades que no percorrer da vida é desafiado a agir e se aperfeiçoar.

Autor: Pedro Igor Farias Rodrigues, estudante do 2º ano do Curso de Filosofia da FASBAM.

REFERÊNCIAS

CRAMPE-CASNABET, Michèle. Kant: Uma Revolução Filosófica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.

SENA, Gleison Rosa. Ética. Curitiba: FASBAMPRESS, 2021.

KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. São Paulo: Abril Cultural, 1984.

KANT, Immanuel. Crítica da Razão Prática. Lisboa: Edições 70, 1986.

[1] CRAMPE-CASNABET, Michèle. Kant: Uma Revolução Filosófica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. p. 67.

[2] SENA, Gleison Rosa. Ética. Curitiba: FASBAMPRESS, 2021. p. 103.

[3] Ibid. p. 103.

[4] Ibid. p. 103.

[5] KANT (1986), p. 96.

[6] KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. São Paulo: Abril Cultural, 1984. p. 130.

[7] ibid. p. 135.

[8] Ibid. p. 138.

[9] KANT, Immanuel. Crítica da Razão Prática. Lisboa: Edições 70, 1986. p.24.

Ver no link:

https://fasbam.edu.br/2023/08/08/os-fundamentos-eticos-kantianos/

terça-feira, 18 de junho de 2024

Crônica do Viver Baiano Seiscentista A Nossa Sé da Bahia de Gregório de Matos

 A NOSSA SÉ DA BAHIA

 

com ser um mapa de festas é um presépio de bestas.

E se nisto maldigo ou me engano,

eu me submeto à Santa Madre Igreja.

 

Se virdes um Dom Abade sobre o púlpito cioso,

não Ihe chameis Religioso chamai-lhe embora de Frade

Jesus, nome de Jesus!

 

AOS CAPITULARES DO SEU TEMPO.

 

A nossa Sé da Bahia,

com ser um mapa de festas,

é um presépio de bestas,

se não for estrebaria:

várias bestas cada dia

vemos, que o sino congrega,

Caveira mula galega,

o Deão burrinha parda,

Pereira besta de albarda,

 tudo para a Sé se agrega.


PONDERA ESTANDO HOMIZIADO NO CARMO QUAM GLORIOSA HE A PAZ DA RELIGIÃO.

 

Quem da religiosa vida não se namora, e agrada,

já tem a alma danada,

e a graça de Deus perdida:

uma vida tão medida

pela vontade dos Céus,

que humildes ganham troféus,

e tal glória se desfruta,

que na mesa a Deus se escuta,

no Coro se louva a Deus.

 

Esta vida religiosa

tão sossegada, e segura

a toda a boa alma apura,

afugenta a alma viciosa:

 há cousa mais deliciosa,

que achar o jantar, e almoço

sem cuidado, e sem sobrosso

tendo no bom, e mau ano

sempre o pão quotidiano,

e escusar o Padre nosso!

 

Há cousa como escutar

o silêncio, que a garrida

toca depois da comida

pare cozer o jantar!

há cousa como calar,

e estar só na minha cela

considerando a panela,

que cheirava, e recendia

no gosto de malvasia

na grandeza da tigela!

 

 Há cousa como estar vendo

 uma só Mãe religião

sustentar a tanto Irmão

mais, ou menos Reverendo!

há maior gosto, ao que entendo,

que agradar ao meu Prelado,

para ser dele estimado,

se ao obedecer-lhe me animo,

e depois de tanto mimo

ganhar o Céu de contado!

 

Dirão réprobos, e réus,

que a sujeição é fastio,

pois para que é o alvedrio,

senão para o dar a Deus:

quem mais o sujeita aos céus,

esse mais livre se vê,

que Deus (como ensina a fé)

 nos deixou livre a vontade,

e o mais é mor falsidade,

que os montes de Gelboé.

 

Oh quem, meu Jesus amante,

do Frade mais descontente

me fizera tão parente,

que fora eu seu semelhante!

Quem me vira neste instante

tão solteiro, qual eu era,

que na Ordem mas austera

comera o vosso maná!

Mas nunca direi, que lá

virá a fresca Primavera

domingo, 16 de junho de 2024

Apocalipse nosso de cada dia - todos os links

 1. Apocalipse nosso de casa dia: manual e guia da última viagem 

https://cidmauro.blogspot.com/2020/09/o-apocalipse-de-cada-um.html

2. O Apocalipse começa

https://cidmauro.blogspot.com/2020/10/o-apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-2.html

3. Jesus: o primeiro a pregar o evangelho de Deus

https://cidmauro.blogspot.com/2020/10/o-apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-3.html

4. João, o revelador

https://cidmauro.blogspot.com/2020/10/o-apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-4.html

5. João e a visão de Jesus

https://cidmauro.blogspot.com/2020/10/o-apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-5.html

6. As sete cartas de Jesus e sua estrutura

https://cidmauro.blogspot.com/2020/10/o-apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-6.html

7. As sete igrejas: palavras de reprovação

https://cidmauro.blogspot.com/2020/10/o-apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-7.html

8. Cartas às igrejas: Éfeso, Esmirna e Pérgamo

https://cidmauro.blogspot.com/2020/10/o-apocalipse-nosso-de-cada-dia-cartas.html

9. Cartas às igrejas: Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia

https://cidmauro.blogspot.com/2020/10/o-apocalipse-nosso-de-cada-dia-cartas_4.html

10. A descrição do cenário do teatro do fim

https://cidmauro.blogspot.com/2020/10/o-apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-7_4.html

11. A cena angustiante do Livro

https://cidmauro.blogspot.com/2020/10/o-apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-11.html

12. O trono do céu: cenário de toda a ação

https://cidmauro.blogspot.com/2020/10/o-apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-12.html

13. O Cordeiro abre os quatro primeiros selos

https://cidmauro.blogspot.com/2020/10/o-apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-13.html

14. O Cordeiro abre o 5⁰ selo

https://cidmauro.blogspot.com/2020/10/o-apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-13_7.html

15. Pausa: comentários sobre os sete selos

https://cidmauro.blogspot.com/2020/10/o-apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-14.html

16. Suspense: revelam-se os 144.000

https://cidmauro.blogspot.com/2024/01/apocalipse-nosso-de-cada-dia-15.html

17. O Cordeiro abre o 7º selo

https://cidmauro.blogspot.com/2024/01/apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-17.html

18. Tocam-se as 7 trombetas

https://cidmauro.blogspot.com/2024/01/apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-18.html

19. Toca-se a 5ª trombeta: ensejam-se os três ais

https://cidmauro.blogspot.com/2024/01/apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-18_29.html

20. Toca-se a 6ª trombeta

https://cidmauro.blogspot.com/2024/01/apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-20.html

21. Intervalo entre a 6ª e a 7ª trombeta

https://cidmauro.blogspot.com/2024/01/apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-21.html

22. Ainda o intervalo

https://cidmauro.blogspot.com/2024/01/apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-22.html

23. Pausa: comentário sobre as trombetas

https://cidmauro.blogspot.com/2024/01/apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-23.html

24. O reino do mundo é do Cordeiro

https://cidmauro.blogspot.com/2024/02/apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-24.html

25. O dragão atenta contra a mulher

https://cidmauro.blogspot.com/2024/02/apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-25.html

26. Revela-se o Cordeiro contra o dragão

https://cidmauro.blogspot.com/2024/02/apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-26.html

27. A parceria do dragão com a besta

https://cidmauro.blogspot.com/2024/05/apocalipse-nosso-de-cada-dia.html

28. O enfrentamento do dragão é sua besta: as três vozes

https://cidmauro.blogspot.com/2024/05/apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-27.html

29. Anunciam-se os sete flagelos do juízo de Deus

https://cidmauro.blogspot.com/2024/05/apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-29.html

30. As sete taças dos sete flagelos

https://cidmauro.blogspot.com/2024/06/apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-30.html


sábado, 15 de junho de 2024

Apocalipse nosso de cada dia - A queda da (ex)suprema Babilônia - Parte 32

  Em sequência e também como comsequência do que se tem configurado, uma anjo desce do céu, com grands autoridade, cuja resplandecênciq de sua glória enche toda a terra, para exclamar com grande voz:

² "Caiu! Caiu a grande Babilônia e se tornou morada de demônios, covil de toda espécie de espírito imundo e esconderijo de todo gênero de ave imunda e detestável, ³ pois todas as nações têm bebido do vinho do furor da sua prostituição. Com ela se prostituíram os reis da terra. Também os mercadores da terra se enriqueceram à custa da sua luxúria." Ap 18.

  E João ouve outra vez do céu advertindo que o povo de Deus dela se retire, para qua não seja cúmplice de seus pecados, recebendo como paga os mesmos flagelos, como se fossem resgatados, como nos tempos da gêmeas Sodoma e Gomorra.

   Do mesmo modo, os pecados de Babilônia se acumularam até os céus, para Deus, lembrado dessa herança maldita, dar-lhe retribuição e lhe pagar em dobro, segundo suas obras, do cálice da mistura vil que oferecia, seja duplicado para que ela mesma sorva.

   Também de luxúria, que era sua glória ao inverso, tormento e pranto sejam o retorno em medida justa de juízo. Pois dizia:

⁷ "Estou sentada como rainha. Viúva, não sou. Pranto, nunca hei de ver!" Ap 18.

   Pois então agora receba em troco:

⁸  "Por isso, em um só dia, sobrevirão os seus flagelos: morte, pranto e fome; e será consumida no fogo, porque poderoso é o Senhor Deus, que a julgou." Ap 18.

    O texto prossegue descrevendo o grau de lamento que todos os reis da terra, que com ela, como cúmplices, prostituíam-se em luxúria, agora veem a fumaça desse portentoso incêndio.

  E prossegue a descrição dos ais de como, repentinamente, lhe sobrevem o juízo de Deus:

¹⁰ "Ai! Ai! Tu, grande cidade, Babilônia, tu, poderosa cidade! Pois, em uma só hora, chegou o teu juízo." Ap 18.

  E se enfileiram em lamento todos que dela dependiam para sobreviver, como os mercadores de ouro, prata, pedrarias e pérolas; de linho finíssimo, púrpura, seda e escarlata; de madeira odorífera, móveis preciosíssimos, e marfim, assim como broze, ferro e mármore.

  E mais especiarias de sua fama, sua canela de cheiro, unguentos, bálsamos, vinhos e azeites, e farináceos, como trigo e flor de farinha, mais gado e ovelhas, cavalos e seus carros, escravos e almas humanas de todo tipo de cativeiro.

   E prosseguem as palavras de juízo, agora mencionando a aura de influência que a Grande Babilônia retinha consigo e abarcava todo o mundo:

¹⁴ "O fruto sazonado, que a tua alma tanto apeteceu, se apartou de ti, e para ti se extinguiu tudo o que é delicado e esplêndido, e nunca jamais serão achados. ¹⁵ Os mercadores destas coisas, que, por meio dela, se enriqueceram, conservar-se-ão de longe, pelo medo do seu tormento, chorando e pranteando." Ap 18.

E dizem, nos ais de seus lamentos:

¹⁶ Ai! Ai da grande cidade, que estava vestida de linho finíssimo, de púrpura, e de escarlata, adornada de ouro, e de pedras preciosas, e de pérolas, ¹⁷ porque, em uma só hora, ficou devastada tamanha riqueza! E todo piloto, e todo aquele que navega livremente, e marinheiros, e quantos labutam no mar conservaram-se de longe." Ap 18.

   E mais uma vez vendo a intensidade da fumaça pela grandeza de seu incêndio, pasmavam: ¹⁸ "Que cidade se compara à grande cidade?" Ap 18. E lançaram pó sobre sua cabeça, na típica demonstração oriental de lamento e pranto alteado:

¹⁹ "Ai! Ai da grande cidade, na qual se enriqueceram todos os que possuíam navios no mar, à custa da sua opulência, porque, em uma só hora, foi devastada!" Ap 18.

  Por outro lado, os que esperavam ver cumprir-se o juízo, exclamam: ²⁰ "Exultai sobre ela, ó céus, e vós, santos, apóstolos e profetas, porque Deus contra ela julgou a vossa causa." Ap 18.

  Foi quando, ainda, um anjo muito forte levantou e arrojou no mar uma gigantesca pedra de moinho, dizendo ser essa a metáfora visível da queda dessa outrora grande cidade:

²¹ "Assim, com ímpeto, será arrojada Babilônia, a grande cidade, e nunca jamais será achada. ²² E voz de harpistas, de músicos, de tocadores de flautas e de clarins jamais em ti se ouvirá, nem artífice algum de qualquer arte jamais em ti se achará, e nunca jamais em ti se ouvirá o ruído de pedra de moinho. ²³ Também jamais em ti brilhará luz de candeia; nem voz de noivo ou de noiva jamais em ti se ouvirá, pois os teus mercadores foram os grandes da terra, porque todas as nações foram seduzidas pela tua feitiçaria. ²⁴ E nela se achou sangue de profetas, de santos e de todos os que foram mortos sobre a terra." Ap 18.