Ei, prosélito!
Todos somos, ou já fomos, prosélitos. Aliás, o cristianismo começou arregimentando prosélitos dentro do judaísmo.
Isso porque, na mentalidade do Novo Testamento, eles haviam parado no tempo, não entendendo que em Jesus cumpriam-se tempos e profecias.
Sintetizavam-se nEle a Lei, os Profetas e os Salmos. Se não enxergavam isso em Jesus, era porque pararam no tempo e no espaço.
Os que enxergaram em Jesus o cumprimento das Escrituras, tornaram-se prosélitos do nascente cristianismo. Porque é assim mesmo.
O tempo avança, as religiões envelhecem, seus templos empoeiram-se e seus postulados caducam.
Vinho novo em odre velho. Quem pensa que o cristianismo é a religião definitiva, que chegou implodindo o judaísmo, não entendeu nada.
Todas elas caducam. Por isso tanta fúria contra os que quebram suas doutrinas. Por isso fariseus/saduceus e companhia resolveram eliminar Jesus.
E no final, ninguém quis responsabilizar ninguém. Romanos lavaram as mãos e judeus pediram que, sobre suas cabeças, caísse o sangue derramado.
Ei, prosélito. Eu sou um prosélito. Seguidor de ocasião. Foi muito bom Lutero, nesses mais recentes 500 anos, ter deburocratizado a fé.
Existe um Deus. Santo, justo e eu impuro pecador. Esse Deus me vê como nem eu mesmo admite. Ele resolve se fazer homem para estabelecer mediação entre nós.
Por tanto, tenho acesso a Ele, em nome e pelo nome de Jesus, sem burocracia. Não. Não se trata de fundamentalismo. Trata-se de fundamento.
Radical, assim. Em todos os sentidos.
domingo, 3 de dezembro de 2017
sexta-feira, 1 de dezembro de 2017
Mal traçadas linhas 59
Sangue bom
Antes de ser novela da Globo, foi gíria. Não sei desde quando, mas deve ter mesmo surgido entre o pessoal das comunidades do Rio de Janeiro.
Pelo que remonta, sua origem apontava para um tipo "barra limpa", esta mais antiga ainda, sujeito (ou sujeita) com aval positivo da chefia. Cara (um ou uma) gente boa.
Mas literalmente, sangue bom só tem um: Jesus. Unanimidade. Ninguém mais. O único sangue limpo. Único homem que não é um canalha.
Se a Bíblia está certa em afirmar que sem derramamento de sangue, não há remissão de pecado, só um sangue bom, literalmente.
Outro, de qualquer um (ou uma) não serviria nem para lavar a culpa individual própria intransferível de cada um (ou uma), diante de Deus.
Qualquer sangue que clame da terra, como foi no caso do primeiro assassinato, não é, em absoluto, inocente. Nem mesmo o sangue de Abel.
Depois de morto, ainda fala, como diz a Bíblia, e uma das coisas que fala é que, diante de Deus, não há inocência nem no sangue de Caim, nem no dele.
Sangue mal. Sangue sujo. Uma vez derramando, não foi o sangue de Abel que o declarou, diante do Pai, justo: foi o sangue de Jesus.
E quanto a Caim, não foi porque derramou de Abel, seu irmão, o sangue, é que condenou a si mesmo: é porque não ouviu a voz de Deus.
"O sangue de teu irmão clama, da terra", mas diz o quê? Que não há inocência em nenhum sangue de ninguém, a não ser no sangue de Jesus Cristo.
Jesus Cristo sangue bom.
Antes de ser novela da Globo, foi gíria. Não sei desde quando, mas deve ter mesmo surgido entre o pessoal das comunidades do Rio de Janeiro.
Pelo que remonta, sua origem apontava para um tipo "barra limpa", esta mais antiga ainda, sujeito (ou sujeita) com aval positivo da chefia. Cara (um ou uma) gente boa.
Mas literalmente, sangue bom só tem um: Jesus. Unanimidade. Ninguém mais. O único sangue limpo. Único homem que não é um canalha.
Se a Bíblia está certa em afirmar que sem derramamento de sangue, não há remissão de pecado, só um sangue bom, literalmente.
Outro, de qualquer um (ou uma) não serviria nem para lavar a culpa individual própria intransferível de cada um (ou uma), diante de Deus.
Qualquer sangue que clame da terra, como foi no caso do primeiro assassinato, não é, em absoluto, inocente. Nem mesmo o sangue de Abel.
Depois de morto, ainda fala, como diz a Bíblia, e uma das coisas que fala é que, diante de Deus, não há inocência nem no sangue de Caim, nem no dele.
Sangue mal. Sangue sujo. Uma vez derramando, não foi o sangue de Abel que o declarou, diante do Pai, justo: foi o sangue de Jesus.
E quanto a Caim, não foi porque derramou de Abel, seu irmão, o sangue, é que condenou a si mesmo: é porque não ouviu a voz de Deus.
"O sangue de teu irmão clama, da terra", mas diz o quê? Que não há inocência em nenhum sangue de ninguém, a não ser no sangue de Jesus Cristo.
Jesus Cristo sangue bom.
quinta-feira, 30 de novembro de 2017
Mal traçadas linhas 58
Perto
É o salmista que diz: "Perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade".
Já aprendemos, na escrita poética, o que é quiasmo: estrutura em X. Aqui temos outra:
"Senhor
(perto)
de todos os que o invocam/de
todos os que o invocam
em verdade".
Destaco duas coisas: (1) o Senhor perto; (2) de todos os que o invocam em verdade.
Como é "perto" para Deus? Distância geográfica? Certamente, não. Distância "espiritual"? Não serve para raciocínio: termo este muito vago.
Há coisas radicais no evangelho. E que incomodam. Esta é uma delas. Tudo ou nada: Deus está longe ou perto. Não há meia distância.
E, nesse caso, longe é nada e perto é tudo. Perto de Deus é comunhão. Não há meio termo: Deus dentro de nós.
Contato via fé. Santidade, por atuação do Espírito em nós. Imitação de Deus, como resultado e selo de adoração.
Uma vez derramado o sangue de Jesus, nada nos afasta de Deus. Pelo menos assim diz a Bíblia. Mas entra o segundo termo.
Invocar, já dizia o vernáculo, in + vocar, é chamar para dentro. Em verdade, significa autenticação de Deus, que é quem procura verdadeiros adoradores.
De todos que o invocam em verdade, ecoa o texto. Invoque, verdadeiramente, o Senhor. Perto. Radicalidade total. Dentro. Nunca mais afastado dEle.
Deus deseja que em todo o tempo, por tudo e para tudo seja invocado Seu nome. Quer ouvir. Ouça também a voz de Deus. Ecoa. Mesmo no silêncio. Por toda a terra de faz ouvir a Sua voz.
É o salmista que diz: "Perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade".
Já aprendemos, na escrita poética, o que é quiasmo: estrutura em X. Aqui temos outra:
"Senhor
(perto)
de todos os que o invocam/de
todos os que o invocam
em verdade".
Destaco duas coisas: (1) o Senhor perto; (2) de todos os que o invocam em verdade.
Como é "perto" para Deus? Distância geográfica? Certamente, não. Distância "espiritual"? Não serve para raciocínio: termo este muito vago.
Há coisas radicais no evangelho. E que incomodam. Esta é uma delas. Tudo ou nada: Deus está longe ou perto. Não há meia distância.
E, nesse caso, longe é nada e perto é tudo. Perto de Deus é comunhão. Não há meio termo: Deus dentro de nós.
Contato via fé. Santidade, por atuação do Espírito em nós. Imitação de Deus, como resultado e selo de adoração.
Uma vez derramado o sangue de Jesus, nada nos afasta de Deus. Pelo menos assim diz a Bíblia. Mas entra o segundo termo.
Invocar, já dizia o vernáculo, in + vocar, é chamar para dentro. Em verdade, significa autenticação de Deus, que é quem procura verdadeiros adoradores.
De todos que o invocam em verdade, ecoa o texto. Invoque, verdadeiramente, o Senhor. Perto. Radicalidade total. Dentro. Nunca mais afastado dEle.
Deus deseja que em todo o tempo, por tudo e para tudo seja invocado Seu nome. Quer ouvir. Ouça também a voz de Deus. Ecoa. Mesmo no silêncio. Por toda a terra de faz ouvir a Sua voz.
sexta-feira, 24 de novembro de 2017
Mal traçadas linhas 57
Hoje serei meio poético/meio didático. Falarei sobre versículo de um salmo.
"Aguardo ao Senhor; a minha alma o aguarda, e espero na sua palavra.
A minha alma anseia pelo Senhor, mais do que os guardas pela manhã, mais do que aqueles que guardam pela manhã.
Espere Israel no Senhor, porque no Senhor há misericórdia, e nele há copiosa redenção."
Salmo 130:5-7
Agora vamos ao dispositivo literário utilizado: quiasmo. Que, literalmente, quer dizer "cruzar como num X".
Tecnicamente, é a "disposição cruzada da ordem das partes simétricas de duas frases, de modo que formem uma antítese ou um paralelo".
Assim desejo comentar a frase do Salmo: "mais do que os que guardam a manhã/a manhã por que aguardam". Vigília. Estado de vigília.
Ver, ao mesmo tempo que não ver. Sim, porque quem faz vigília, cuida para que não durma, esperando ver/não ver. Por que ansiar pela manhã?
Porque a luz desfaz a necessidade de ver no escuro. Ela encerra a vigília. A manhã alivia os guardas. Não mais precisam antecipar, na vigília, a chegada do inimigo.
Antes que amanheça, não podem aliviar-se. Estado de prontidão. Precisam ver, mas não desejam ver. Porque isso será constatar a chegada do inimigo sempre indesejado.
Risco de morte. Na noite, no escuro, na surpresa pretendida pelo inimigo. Estado de vigília. Mas mesmo durante o dia, quando há luz, também há vigília.
Basta a prontidão. Esperar ver o que se aguarda, ansiosamente, que venha/não venha, ver/não ver. O estado de vigília pressupõe a prontidão de aguardar.
Pôr os olhos ou presumir que, a qualquer hora, o que se espera/não se espera pode surpreender. Espera-se ansiosamente, com os olhos abertos, mas não se enxerga.
Uma vigília permanente pressupõe ver/não ver. Ao mesmo tempo. Pressupor. Alerta. Olhos bem abertos para não ver. Mas ver, ao mesmo tempo.
Uma vigília pressupõe fé, que é sempre ver/não ver. Como que olhando Aquele que é invisível. Vigília pressupõe sempre oração/oração sempre. Ver/não ver. Sempre.
"Bem-aventurados os que não viram e creram".
"Aguardo ao Senhor; a minha alma o aguarda, e espero na sua palavra.
A minha alma anseia pelo Senhor, mais do que os guardas pela manhã, mais do que aqueles que guardam pela manhã.
Espere Israel no Senhor, porque no Senhor há misericórdia, e nele há copiosa redenção."
Salmo 130:5-7
Agora vamos ao dispositivo literário utilizado: quiasmo. Que, literalmente, quer dizer "cruzar como num X".
Tecnicamente, é a "disposição cruzada da ordem das partes simétricas de duas frases, de modo que formem uma antítese ou um paralelo".
Assim desejo comentar a frase do Salmo: "mais do que os que guardam a manhã/a manhã por que aguardam". Vigília. Estado de vigília.
Ver, ao mesmo tempo que não ver. Sim, porque quem faz vigília, cuida para que não durma, esperando ver/não ver. Por que ansiar pela manhã?
Porque a luz desfaz a necessidade de ver no escuro. Ela encerra a vigília. A manhã alivia os guardas. Não mais precisam antecipar, na vigília, a chegada do inimigo.
Antes que amanheça, não podem aliviar-se. Estado de prontidão. Precisam ver, mas não desejam ver. Porque isso será constatar a chegada do inimigo sempre indesejado.
Risco de morte. Na noite, no escuro, na surpresa pretendida pelo inimigo. Estado de vigília. Mas mesmo durante o dia, quando há luz, também há vigília.
Basta a prontidão. Esperar ver o que se aguarda, ansiosamente, que venha/não venha, ver/não ver. O estado de vigília pressupõe a prontidão de aguardar.
Pôr os olhos ou presumir que, a qualquer hora, o que se espera/não se espera pode surpreender. Espera-se ansiosamente, com os olhos abertos, mas não se enxerga.
Uma vigília permanente pressupõe ver/não ver. Ao mesmo tempo. Pressupor. Alerta. Olhos bem abertos para não ver. Mas ver, ao mesmo tempo.
Uma vigília pressupõe fé, que é sempre ver/não ver. Como que olhando Aquele que é invisível. Vigília pressupõe sempre oração/oração sempre. Ver/não ver. Sempre.
"Bem-aventurados os que não viram e creram".
terça-feira, 21 de novembro de 2017
Mal traçadas linhas 56
Pedagogia de Jó.
Muito provavelmente estreitamente ligada aos adjetivos a ele associados na apresentação de seu livro: íntegro, reto, temente a Deus e que se desviava do mal.
Frente ao sofrimento que enfrentou, aliado às perdas que granjeou, pareceu mesmo, nessa sucessão, uma irônica disputa entre Deus e o Diabo na terra de Jó.
Mesmo assim é necessário cautela quando tentamos aplicar a nós trazendo, mediante hermenêutica fiel, seus ensinamentos para hoje.
Primeiro, a lição transmitida, na lata, à esposa que, sócia íntima de suas amarguras, achou justo culpar Deus: amaldiçoa teu Deus e morre.
Jó não aceitou nem fuga, pela morte, nem argumento. Contrapôs as primeiras lições: aleluia nas perdas e ganhos; Deus deu, Deus tomou, bendito seja.
De quebra, o que é raro entre elas, classificou de louca a mulher. E o livro segue ensinando. Por exemplo, quando Jó amaldiçoa, sim, o próprio nascimento.
Aqui ele contraria aquela bobajada que espalham por aí, dizendo que há cuidado com as palavras bem(mal)ditas. Deve haver cuidado mesmo.
Nem tente falar com Deus na mesma intimidade de Jó, a não ser que aqueles adjetivos acima indicados, pelo menos, tenham sido incorporados a sua experiência com Ele, igualzinho ocorreu com Jó.
A menos que não, siga o conselho do salmista: fique calado diante de Deus. E quanto à reposição? Há quem postule que qualquer coisa perdida, ainda que na proporção das perdas de Jó, como no caso dele, serão repostas.
Cuidado com o "toma lá, dá cá" muito corriqueiro, hoje, na indústria de bênçãos, tão usual em algumas "igrejas". Reposição, sim, no caso de Jó. Ainda que, no caso dos filhos, nunca é um pelo outro, ou qualquer conta que seja.
Para um pai que, como ele, acompanhava em oração e cuidado de conselho e palavra cada filho, nunca terá esquecido o trauma sofrido, como é comum ocorrer, mas apenas nutriu consolo de Deus.
Para terminar, oração em Jó não era moeda de troca. Há quem distribua lista de oração por amigos, dizendo que, quanto mais você orar por eles, mais compensatória será a "reivindicação de bênçãos".
Abençoado, enquanto orava por amigos. Oração é saudade de Deus. Recíproca. Deus quer nos ouvir. Sente saudades dessa conversa. Nós, também, deveríamos carregar conosco essa vontade de ouvi-Lo, a todo o momento.
E, quanto a amigos, a relação de Jó, com eles, era de amor. E não ria dos amigos dele, julgando-os inoportunos. Trataram Jó, reverentes de empatia com a doença dele como muito raramente hoje praticam os "amigos". E também destacavam-se em sua sabedoria, apenas eventualmente suplantados por Jó, em sua própria.
Jó ensina uma série de lições que, frontalmente, contradizem muitos modos de pensar da atualidade. Fizeram do evangelho delivery de urgências da hora, da igreja agência de "bênçãos" e da oração moeda de troca. Alguém anda te enganando. Mas, enganou mesmo?
Muito provavelmente estreitamente ligada aos adjetivos a ele associados na apresentação de seu livro: íntegro, reto, temente a Deus e que se desviava do mal.
Frente ao sofrimento que enfrentou, aliado às perdas que granjeou, pareceu mesmo, nessa sucessão, uma irônica disputa entre Deus e o Diabo na terra de Jó.
Mesmo assim é necessário cautela quando tentamos aplicar a nós trazendo, mediante hermenêutica fiel, seus ensinamentos para hoje.
Primeiro, a lição transmitida, na lata, à esposa que, sócia íntima de suas amarguras, achou justo culpar Deus: amaldiçoa teu Deus e morre.
Jó não aceitou nem fuga, pela morte, nem argumento. Contrapôs as primeiras lições: aleluia nas perdas e ganhos; Deus deu, Deus tomou, bendito seja.
De quebra, o que é raro entre elas, classificou de louca a mulher. E o livro segue ensinando. Por exemplo, quando Jó amaldiçoa, sim, o próprio nascimento.
Aqui ele contraria aquela bobajada que espalham por aí, dizendo que há cuidado com as palavras bem(mal)ditas. Deve haver cuidado mesmo.
Nem tente falar com Deus na mesma intimidade de Jó, a não ser que aqueles adjetivos acima indicados, pelo menos, tenham sido incorporados a sua experiência com Ele, igualzinho ocorreu com Jó.
A menos que não, siga o conselho do salmista: fique calado diante de Deus. E quanto à reposição? Há quem postule que qualquer coisa perdida, ainda que na proporção das perdas de Jó, como no caso dele, serão repostas.
Cuidado com o "toma lá, dá cá" muito corriqueiro, hoje, na indústria de bênçãos, tão usual em algumas "igrejas". Reposição, sim, no caso de Jó. Ainda que, no caso dos filhos, nunca é um pelo outro, ou qualquer conta que seja.
Para um pai que, como ele, acompanhava em oração e cuidado de conselho e palavra cada filho, nunca terá esquecido o trauma sofrido, como é comum ocorrer, mas apenas nutriu consolo de Deus.
Para terminar, oração em Jó não era moeda de troca. Há quem distribua lista de oração por amigos, dizendo que, quanto mais você orar por eles, mais compensatória será a "reivindicação de bênçãos".
Abençoado, enquanto orava por amigos. Oração é saudade de Deus. Recíproca. Deus quer nos ouvir. Sente saudades dessa conversa. Nós, também, deveríamos carregar conosco essa vontade de ouvi-Lo, a todo o momento.
E, quanto a amigos, a relação de Jó, com eles, era de amor. E não ria dos amigos dele, julgando-os inoportunos. Trataram Jó, reverentes de empatia com a doença dele como muito raramente hoje praticam os "amigos". E também destacavam-se em sua sabedoria, apenas eventualmente suplantados por Jó, em sua própria.
Jó ensina uma série de lições que, frontalmente, contradizem muitos modos de pensar da atualidade. Fizeram do evangelho delivery de urgências da hora, da igreja agência de "bênçãos" e da oração moeda de troca. Alguém anda te enganando. Mas, enganou mesmo?
terça-feira, 14 de novembro de 2017
Saudades do culto.
Vida de crente autêntico é uma constante sede de culto. Aliás, a própria Bíblia ensina "apresenteis os vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus".
O nome disso, diz o Livro, é "culto racional". 24h por dia, a cada dia. A gente segue, como dizia meu pai, pela vida em fora, sentindo saudades de cultos.
O rei Ezequias, por exemplo, uma vez avisado, pelo profeta Isaías, de que morreria, virou-se no leito e orou: "mas ora, qual o sinal de que subirei, com a multidão, ao templo".
Saudades do templo. Em minha história de cultos, a infância rachou-se no meio com saudades de duas igrejas: congregacional de Nilópolis, por ali até, mais ou menos, os 7 anos; e congregacional de Cascadura, o restante da infância.
Foi em Nilópolis, certa noite, pregava naquele domingo Ivan Espíndola de Ávila. Retórico, teatral, como sempre, descrevia não sei se o sacrifício de Isaque ou o altar de Elias à espera do fogo celeste.
Ao final, o apelo. Eu, uniformizado, vestido com minha farda, como diz aqui no Acre, camisa de fustão, às vezes sobras das camisas de Cid, meu pai, na luta renhida da vida.
Todo de branco. Ao lado de Dorcas, é claro, como sempre. Eloquente, o pastor Ivan chamava quem, porventura, quisesse atender ao chamado de Jesus.
Eram aqueles bancos mesmo: anatômicos, segundo as curvas do corpo, ripas escuras extensas, acabamento por detrás do encosto para pousar Bíblias e hinários.
Ali, eu e Dorcas, primeiro banco da fila que iniciava a partir da porta lateral esquerda do velho templo. Entendi mensagem e apelo e, olhos vivos, com toda energia e já decidido, ameacei ir à frente, deslizando na ponta do assento, mas consultei Dorcas.
"Isso não é brincadeira", ela sentenciou. Me detive. Mas Ivan insistia e já dizia que não prolongaria muito o apelo. Mediante essa argumentação, virei-me novamente para Dorcas, mas a encontrei de cabeça baixa, olhos fechados, face contrita, estava orando.
Não podia interrompê-la, era óbvio. Olhei mais uma vez Ivan, ele lançou a frase derradeira, anunciando ser a última chance. Olhei Dorcas mais essa vez, mas escorreguei do banco, meus pés ainda não tocavam o chão.
Pequeno salto, caminhei em direção ao Pastor. Dorcas só abriu assustada os olhos, quando o ouviu dizer, por um último chamado, usando minha decisão como argumento: "Olhem, um menino, ainda: mais alguém?"
Ganhei um Diploma, que guardo até hoje, escrito data e a frase: "Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida". Um garrancho assina "Cid Mauro" e a data, se não falha a memória de 60 anos, indica 21 de abril de 1963: 5 anos, por dizer, 6 incompletos, a completar em 6 de maio.
Saudades de cultos. Há aqueles que marcam nossa existência. Há igrejas que não esquecemos nunca mais.
Vida de crente autêntico é uma constante sede de culto. Aliás, a própria Bíblia ensina "apresenteis os vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus".
O nome disso, diz o Livro, é "culto racional". 24h por dia, a cada dia. A gente segue, como dizia meu pai, pela vida em fora, sentindo saudades de cultos.
O rei Ezequias, por exemplo, uma vez avisado, pelo profeta Isaías, de que morreria, virou-se no leito e orou: "mas ora, qual o sinal de que subirei, com a multidão, ao templo".
Saudades do templo. Em minha história de cultos, a infância rachou-se no meio com saudades de duas igrejas: congregacional de Nilópolis, por ali até, mais ou menos, os 7 anos; e congregacional de Cascadura, o restante da infância.
Foi em Nilópolis, certa noite, pregava naquele domingo Ivan Espíndola de Ávila. Retórico, teatral, como sempre, descrevia não sei se o sacrifício de Isaque ou o altar de Elias à espera do fogo celeste.
Ao final, o apelo. Eu, uniformizado, vestido com minha farda, como diz aqui no Acre, camisa de fustão, às vezes sobras das camisas de Cid, meu pai, na luta renhida da vida.
Todo de branco. Ao lado de Dorcas, é claro, como sempre. Eloquente, o pastor Ivan chamava quem, porventura, quisesse atender ao chamado de Jesus.
Eram aqueles bancos mesmo: anatômicos, segundo as curvas do corpo, ripas escuras extensas, acabamento por detrás do encosto para pousar Bíblias e hinários.
Ali, eu e Dorcas, primeiro banco da fila que iniciava a partir da porta lateral esquerda do velho templo. Entendi mensagem e apelo e, olhos vivos, com toda energia e já decidido, ameacei ir à frente, deslizando na ponta do assento, mas consultei Dorcas.
"Isso não é brincadeira", ela sentenciou. Me detive. Mas Ivan insistia e já dizia que não prolongaria muito o apelo. Mediante essa argumentação, virei-me novamente para Dorcas, mas a encontrei de cabeça baixa, olhos fechados, face contrita, estava orando.
Não podia interrompê-la, era óbvio. Olhei mais uma vez Ivan, ele lançou a frase derradeira, anunciando ser a última chance. Olhei Dorcas mais essa vez, mas escorreguei do banco, meus pés ainda não tocavam o chão.
Pequeno salto, caminhei em direção ao Pastor. Dorcas só abriu assustada os olhos, quando o ouviu dizer, por um último chamado, usando minha decisão como argumento: "Olhem, um menino, ainda: mais alguém?"
Ganhei um Diploma, que guardo até hoje, escrito data e a frase: "Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida". Um garrancho assina "Cid Mauro" e a data, se não falha a memória de 60 anos, indica 21 de abril de 1963: 5 anos, por dizer, 6 incompletos, a completar em 6 de maio.
Saudades de cultos. Há aqueles que marcam nossa existência. Há igrejas que não esquecemos nunca mais.
domingo, 12 de novembro de 2017
Mal traçadas linhas 55
Burocratas da fé. (II)
Jesus não era isso. Fariseus sempre reclamaram dos modos dele e de seus discípulos. Quanto a estes, por exemplo, diziam não lavar as mãos antes de comer.
Quanto a Jesus, várias reclamações: curava aos sábados, não escolhia direito seu círculo de amizades, frequentava locais não muito recomendáveis.
Eles, sim, eram burocratas da fé. Para os fariseus, o acesso a Deus estava bloqueado por uma série de fatores. Uma vez preenchida a lista deles, tudo bem.
Para Jesus, o acesso a Deus era franco, ao alcance de um bate-papo à beira do lago, na pradaria da outra margem ou nos pilares do Templo.
Acesso aberto a todos, até àqueles marcados pela crítica farisaica: prostitutas, publicanos e toda a gama de "pecadores".
Jesus ia ao encontro das pessoas. Os fariseus eram assépticos. Praticavam eugenia, quer dizer, tinham na sua lista a relação dos "puros" diante de Deus.
Jesus dizia aos quatro ventos, "vim buscar pecadores", "os sãos não precisam de médicos, e sim os doentes", "o filho do homem veio buscar e salvar o perdido".
No círculo de Jesus, pecadores, doentes e perdidos. No círculo dos fariseus, os puros. Há uma pergunta incomodando.
A igreja de Jesus, hoje, reconhecida por ser seu círculo de discípulos, está mais para um ou para outros? Vai mais ao encontro das pessoas, ou espera que elas venham a seu encontro?
Espera mais que as pessoas se enquadrem em suas regras, ou aceita pecadores, doentes e perdidos em seu meio?
Estamos mais para a informalidade ativa e inteligente de Jesus ou para a burocracia farisaica? Tornamo-nos burocratas da fé?
Socorre-nos, Jesus!
Jesus não era isso. Fariseus sempre reclamaram dos modos dele e de seus discípulos. Quanto a estes, por exemplo, diziam não lavar as mãos antes de comer.
Quanto a Jesus, várias reclamações: curava aos sábados, não escolhia direito seu círculo de amizades, frequentava locais não muito recomendáveis.
Eles, sim, eram burocratas da fé. Para os fariseus, o acesso a Deus estava bloqueado por uma série de fatores. Uma vez preenchida a lista deles, tudo bem.
Para Jesus, o acesso a Deus era franco, ao alcance de um bate-papo à beira do lago, na pradaria da outra margem ou nos pilares do Templo.
Acesso aberto a todos, até àqueles marcados pela crítica farisaica: prostitutas, publicanos e toda a gama de "pecadores".
Jesus ia ao encontro das pessoas. Os fariseus eram assépticos. Praticavam eugenia, quer dizer, tinham na sua lista a relação dos "puros" diante de Deus.
Jesus dizia aos quatro ventos, "vim buscar pecadores", "os sãos não precisam de médicos, e sim os doentes", "o filho do homem veio buscar e salvar o perdido".
No círculo de Jesus, pecadores, doentes e perdidos. No círculo dos fariseus, os puros. Há uma pergunta incomodando.
A igreja de Jesus, hoje, reconhecida por ser seu círculo de discípulos, está mais para um ou para outros? Vai mais ao encontro das pessoas, ou espera que elas venham a seu encontro?
Espera mais que as pessoas se enquadrem em suas regras, ou aceita pecadores, doentes e perdidos em seu meio?
Estamos mais para a informalidade ativa e inteligente de Jesus ou para a burocracia farisaica? Tornamo-nos burocratas da fé?
Socorre-nos, Jesus!
sábado, 11 de novembro de 2017
Mal traçadas linhas 54
Burocratas da fé.
Vá ao Google, sugestão minha, para ver o significado do termo. Há um sentido positivo e necessário para ela, assim como outro negativo.
No Brasil, por exemplo, é tão mal engendrada que, por trás dela, uma horda de burocratas corruptos se encondem.
Jesus agia na mais completa informalidade. Ele entendia, plenamente, a natureza humana. Situava-se onde melhor tivesse acesso a eles.
Não se pode dizer que, o tempo todo, Jesus fosse informal. Dependia do ambiente. Estivesse no Templo ou numa sinagoga, por exemplo, não destoaria do local.
Mas, certa vez, os fariseus o acharam fora do sério, recomendando-o a não queimar o filme. Que deixasse de ser visto conversando com prostitutas, bebendo com pecadores e frequentando casa de publicanos.
Jesus precisava resguardar sua imagem pessoal, diziam. Não devia misturar-se. Até sua própria família o procurou visando dosar sua boemia. Precisava chegar a casa mais cedo ou dar paradeiro de onde se encontrava.
Numa festa de casamento pediu que vasos cerimoniais fossem enchidos com água. Transformou-a em vinho, porque a finalidade do momento era a festa e não o ritual. Temendo senso de ocasião. Como era festeiro esse Jesus.
Tornamo-nos burocratas da fé. Queremos que as pessoas aceitem e amoldem-se à nossa cultura "evangélica". Deixem seu local de origem, seu entorno e contexto de vida, passando a frequentar nossas igrejas, imitando nossos modos e falando nossa língua.
Tornamo-nos assépticos. Queremos uma sociedade limpa, por nossos padrões. Pobres de nós. Definitivamente, isso não é santidade.
Oferecemos nosso produto e queremos que o aceitem, do modo como o apresentamos. Já dá para oferecer Jesus delivery, por whatsapp ou internet. Digamos assim, um "Jesus gospel", escamoteável ao gosto do freguês.
Onde as pessoas estão, como Jesus fazia, não vamos. Somos mesmo, como dizem nossos irmãos de esquerda, burguesia da fé. Assumam nosso jeito e nosso modo, caso tenham mérito para tanto.
Se não aprendermos, como Jesus sempre quis com seus discípulos, a informalidade da oferta do evangelho, seu modo autêntico, natural e desafiador, vamos atrair caricatos.
E esses mesmos que se enquadrarem em nosso modelo, olhando-lhes no rosto, até mesmo duvidaremos quando virmos neles o reflexo de nossa imagem. Tornamo-nos burocratas da fé.
Vá ao Google, sugestão minha, para ver o significado do termo. Há um sentido positivo e necessário para ela, assim como outro negativo.
No Brasil, por exemplo, é tão mal engendrada que, por trás dela, uma horda de burocratas corruptos se encondem.
Jesus agia na mais completa informalidade. Ele entendia, plenamente, a natureza humana. Situava-se onde melhor tivesse acesso a eles.
Não se pode dizer que, o tempo todo, Jesus fosse informal. Dependia do ambiente. Estivesse no Templo ou numa sinagoga, por exemplo, não destoaria do local.
Mas, certa vez, os fariseus o acharam fora do sério, recomendando-o a não queimar o filme. Que deixasse de ser visto conversando com prostitutas, bebendo com pecadores e frequentando casa de publicanos.
Jesus precisava resguardar sua imagem pessoal, diziam. Não devia misturar-se. Até sua própria família o procurou visando dosar sua boemia. Precisava chegar a casa mais cedo ou dar paradeiro de onde se encontrava.
Numa festa de casamento pediu que vasos cerimoniais fossem enchidos com água. Transformou-a em vinho, porque a finalidade do momento era a festa e não o ritual. Temendo senso de ocasião. Como era festeiro esse Jesus.
Tornamo-nos burocratas da fé. Queremos que as pessoas aceitem e amoldem-se à nossa cultura "evangélica". Deixem seu local de origem, seu entorno e contexto de vida, passando a frequentar nossas igrejas, imitando nossos modos e falando nossa língua.
Tornamo-nos assépticos. Queremos uma sociedade limpa, por nossos padrões. Pobres de nós. Definitivamente, isso não é santidade.
Oferecemos nosso produto e queremos que o aceitem, do modo como o apresentamos. Já dá para oferecer Jesus delivery, por whatsapp ou internet. Digamos assim, um "Jesus gospel", escamoteável ao gosto do freguês.
Onde as pessoas estão, como Jesus fazia, não vamos. Somos mesmo, como dizem nossos irmãos de esquerda, burguesia da fé. Assumam nosso jeito e nosso modo, caso tenham mérito para tanto.
Se não aprendermos, como Jesus sempre quis com seus discípulos, a informalidade da oferta do evangelho, seu modo autêntico, natural e desafiador, vamos atrair caricatos.
E esses mesmos que se enquadrarem em nosso modelo, olhando-lhes no rosto, até mesmo duvidaremos quando virmos neles o reflexo de nossa imagem. Tornamo-nos burocratas da fé.
Mal traçadas linhas 54
Burocratas da fé. (I)
Vá ao Google, sugestão minha, para ver o significado do termo. Burocracia: há um sentido positivo e necessário para ela, assim como outro negativo (que até apelidam "burrocracia").
No Brasil, por exemplo, é tão mal engendrada que, por trás dela, uma horda de burocratas corruptos se encondem.
Jesus agia na mais completa informalidade. Ele entendia, plenamente, a natureza humana. Situava-se onde melhor tivesse acesso a eles.
Não se pode dizer que, o tempo todo, Jesus fosse informal. Dependia do ambiente. Estivesse no Templo ou numa sinagoga, por exemplo, não destoaria do local.
Mas, certa vez, os fariseus o acharam fora do sério, recomendando-o a não queimar o filme. Que deixasse de ser visto conversando com prostitutas, bebendo com pecadores e frequentando casa de publicanos.
Jesus precisava resguardar sua imagem pessoal, diziam. Não devia misturar-se. Até sua própria família o procurou visando dosar sua boemia. Precisava chegar a casa mais cedo ou dar paradeiro de onde se encontrava.
Numa festa de casamento pediu que vasos cerimoniais fossem enchidos com água. Transformou-a em vinho, porque a finalidade do momento era a festa e não o ritual. Temendo senso de ocasião. Como era festeiro esse Jesus.
Tornamo-nos burocratas da fé. Queremos que as pessoas aceitem e amoldem-se à nossa cultura "evangélica". Deixem seu local de origem, seu entorno e contexto de vida, passando a frequentar nossas igrejas, imitando nossos modos e falando nossa língua.
Tornamo-nos assépticos. Queremos uma sociedade limpa, por nossos padrões. Pobres de nós. Definitivamente, isso não é santidade.
Oferecemos nosso produto e queremos que o aceitem, do modo como o apresentamos. Já dá para oferecer Jesus delivery, por whatsapp ou internet. Digamos assim, um "Jesus gospel", escamoteável ao gosto do freguês.
Onde as pessoas estão, como Jesus fazia, não vamos. Somos mesmo, como dizem nossos irmãos de esquerda, burguesia da fé. Assumam nosso jeito e nosso modo, caso tenham mérito para tanto.
Se não aprendermos, como Jesus sempre quis com seus discípulos, a informalidade da oferta do evangelho, seu modo autêntico, natural e desafiador, vamos atrair caricatos.
E esses mesmos que se enquadrarem em nosso modelo, olhando-lhes no rosto, até mesmo duvidaremos quando virmos neles o reflexo de nossa imagem. Tornamo-nos burocratas da fé.
Vá ao Google, sugestão minha, para ver o significado do termo. Burocracia: há um sentido positivo e necessário para ela, assim como outro negativo (que até apelidam "burrocracia").
No Brasil, por exemplo, é tão mal engendrada que, por trás dela, uma horda de burocratas corruptos se encondem.
Jesus agia na mais completa informalidade. Ele entendia, plenamente, a natureza humana. Situava-se onde melhor tivesse acesso a eles.
Não se pode dizer que, o tempo todo, Jesus fosse informal. Dependia do ambiente. Estivesse no Templo ou numa sinagoga, por exemplo, não destoaria do local.
Mas, certa vez, os fariseus o acharam fora do sério, recomendando-o a não queimar o filme. Que deixasse de ser visto conversando com prostitutas, bebendo com pecadores e frequentando casa de publicanos.
Jesus precisava resguardar sua imagem pessoal, diziam. Não devia misturar-se. Até sua própria família o procurou visando dosar sua boemia. Precisava chegar a casa mais cedo ou dar paradeiro de onde se encontrava.
Numa festa de casamento pediu que vasos cerimoniais fossem enchidos com água. Transformou-a em vinho, porque a finalidade do momento era a festa e não o ritual. Temendo senso de ocasião. Como era festeiro esse Jesus.
Tornamo-nos burocratas da fé. Queremos que as pessoas aceitem e amoldem-se à nossa cultura "evangélica". Deixem seu local de origem, seu entorno e contexto de vida, passando a frequentar nossas igrejas, imitando nossos modos e falando nossa língua.
Tornamo-nos assépticos. Queremos uma sociedade limpa, por nossos padrões. Pobres de nós. Definitivamente, isso não é santidade.
Oferecemos nosso produto e queremos que o aceitem, do modo como o apresentamos. Já dá para oferecer Jesus delivery, por whatsapp ou internet. Digamos assim, um "Jesus gospel", escamoteável ao gosto do freguês.
Onde as pessoas estão, como Jesus fazia, não vamos. Somos mesmo, como dizem nossos irmãos de esquerda, burguesia da fé. Assumam nosso jeito e nosso modo, caso tenham mérito para tanto.
Se não aprendermos, como Jesus sempre quis com seus discípulos, a informalidade da oferta do evangelho, seu modo autêntico, natural e desafiador, vamos atrair caricatos.
E esses mesmos que se enquadrarem em nosso modelo, olhando-lhes no rosto, até mesmo duvidaremos quando virmos neles o reflexo de nossa imagem. Tornamo-nos burocratas da fé.
quinta-feira, 9 de novembro de 2017
Mal traçadas linhas 54
Caia sobre nós o sangue
René Girard (1923-2015). Este é o cara. Filósofo francês que cismou por reafirmar a violência como fator fundante da sociedade.
A seguir, um alinhavado de seu raciocínio: Para Girard, "o sacrifício é compreendido num duplo aspecto: sagrado e criminoso [...] do questionamento sobre a relação entre sacrifício e violência, definindo o sacrifício como uma espécie de violência alternativa."
René Girard descreve o sacrifício como "canalização da pulsão violenta do homem e pondera que a violência do sacrifício funciona como uma espécie de ludibrio das pulsões destrutivas humanas que ameaçam a ordem social, ou seja, vida sacrifical seria colocada no lugar daquele a quem se direciona o ato violento."
Resumindo, somos violentos em essência e, por natureza, canalizamos para uma vítima nossa sede de sangue. Por esse raciocínio, o sacrifício de Jesus Cristo se torna emblemático.
E o reclame cristão seria, nada mais, nada menos que a tentativa de inocentar-se, uma vez transferido à vítima o gosto de sangue na boca.
Calcadas em cima de Cristo todas as nossas frustrações, a partir dele, cinismos à parte, saímos declarando aos quatro ventos nossa, agora, pureza, santidade e, por que não frisar, inocência.
De um modo ou de outro, levada em conta apenas a personalidade histórica do Cristo, sem fundir nela a pessoa mística, cedo ou tarde ele haveria, mesmo, de acabar se dando mal.
Por mais que espalhasse o "bem", e é difícil encontrar quem se negue a reconhecer(-se) um adepto do "bem", numa hora dessas Jesus esbarraria com a necessidade de contestar os maus.
Ele teria de tirar-lhes ou, pelo menos, denunciar-lhes a máscara. Pronto, a partir daí estaria agendada a gana de sacrificar (como mesmo ressaltaram os saduceus/fariseus) um em lugar de todos os outros.
Intuitivo em nós: "Não veem que é melhor que morra um só homem pelo povo do que toda a nação ser destruída?". João 11,50. Nunca aponte o dedo de crítica aos fariseus.
Você e eu também desejamos que assim fosse. Quisemos e fizemos por onde. A violência subjaz em nós. Se não é contra todos, é porque a direcionamos para Jesus, o "bode expiatório".
Estou no grupo dos que dizem: "caia sobre nós o sangue desse homem". Pilatos quis dizer: "Estou inocente do sangue deste justo". Enganou-se, nunca esteve.
E o povo, em coro, respondeu (a sentença não ouvida no filme de Mel Gibson): "E, respondendo todo o povo, disse: O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos".
Mateus 27,25.
Já caiu. Sobre minha cabeça e a de meus filhos. Sobre tua cabeça e de teus filhos, se tens. Sobre todas as cabeças, fosse ou não invocado por essa mesma sentença.
René Girard (1923-2015). Este é o cara. Filósofo francês que cismou por reafirmar a violência como fator fundante da sociedade.
A seguir, um alinhavado de seu raciocínio: Para Girard, "o sacrifício é compreendido num duplo aspecto: sagrado e criminoso [...] do questionamento sobre a relação entre sacrifício e violência, definindo o sacrifício como uma espécie de violência alternativa."
René Girard descreve o sacrifício como "canalização da pulsão violenta do homem e pondera que a violência do sacrifício funciona como uma espécie de ludibrio das pulsões destrutivas humanas que ameaçam a ordem social, ou seja, vida sacrifical seria colocada no lugar daquele a quem se direciona o ato violento."
Resumindo, somos violentos em essência e, por natureza, canalizamos para uma vítima nossa sede de sangue. Por esse raciocínio, o sacrifício de Jesus Cristo se torna emblemático.
E o reclame cristão seria, nada mais, nada menos que a tentativa de inocentar-se, uma vez transferido à vítima o gosto de sangue na boca.
Calcadas em cima de Cristo todas as nossas frustrações, a partir dele, cinismos à parte, saímos declarando aos quatro ventos nossa, agora, pureza, santidade e, por que não frisar, inocência.
De um modo ou de outro, levada em conta apenas a personalidade histórica do Cristo, sem fundir nela a pessoa mística, cedo ou tarde ele haveria, mesmo, de acabar se dando mal.
Por mais que espalhasse o "bem", e é difícil encontrar quem se negue a reconhecer(-se) um adepto do "bem", numa hora dessas Jesus esbarraria com a necessidade de contestar os maus.
Ele teria de tirar-lhes ou, pelo menos, denunciar-lhes a máscara. Pronto, a partir daí estaria agendada a gana de sacrificar (como mesmo ressaltaram os saduceus/fariseus) um em lugar de todos os outros.
Intuitivo em nós: "Não veem que é melhor que morra um só homem pelo povo do que toda a nação ser destruída?". João 11,50. Nunca aponte o dedo de crítica aos fariseus.
Você e eu também desejamos que assim fosse. Quisemos e fizemos por onde. A violência subjaz em nós. Se não é contra todos, é porque a direcionamos para Jesus, o "bode expiatório".
Estou no grupo dos que dizem: "caia sobre nós o sangue desse homem". Pilatos quis dizer: "Estou inocente do sangue deste justo". Enganou-se, nunca esteve.
E o povo, em coro, respondeu (a sentença não ouvida no filme de Mel Gibson): "E, respondendo todo o povo, disse: O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos".
Mateus 27,25.
Já caiu. Sobre minha cabeça e a de meus filhos. Sobre tua cabeça e de teus filhos, se tens. Sobre todas as cabeças, fosse ou não invocado por essa mesma sentença.
terça-feira, 7 de novembro de 2017
Mal traçadas linhas 53
Lucidez
De volta ao blog. Virou sina. Escrever sobre isso aí, acima, incomodava-me havia dois dias.
Pode esperar tema meio místico. Sina. Vou perguntar o que tem a ver oração com lucidez.
O que tem a ver lucidez com razão. Esta muito útil. Aliás, eu escrevendo em tela touch screen tem tudo a ver com razão.
E lucidez. Já oração, o que tem a ver com lucidez? Supondo Deus, Aquele lúcido, em essência, oração seria, da parte do homem, esboço de raciocínio no diálogo com Ele.
Onde, pois, a lucidez? Seria lúcida a primeira oração? Digo assim daquela que introduz a fé. Se está escrito que "sem fé, é impossível agradar a Deus", a introdução à fé seria por meio de uma oração lúcida.
Seria a primeira legítima? Todas anteriores a essa seriam, por Deus, ignoradas como erráticas. Mas não combina com o Altíssimo ignorar orações.
Lucidez. Seria, no homem, um torpor? Ou haveria como que uma elite lúcida em meio a uma maioria dispersiva? Assim caminha a humanidade.
Paulo Apóstolo admite, no texto da carta aos Romanos: "não sabemos orar como convém. O mesmo Espírito intercede por nós, sobremaneira, com gemidos inexprimíveis".
Deus vem em nosso socorro. Nem quanto à expressividade do Espírito nada sabemos dela. Desconhecemos. São gemidos inexprimíveis.
Onde a lucidez na oração. Há quem apele ao misticismo. Vamos dizer o quê? Que erram, ao orar em línguas? Paulo reclama que, desse jeito, a mente fica infrutífera. Concordo com ele.
Mas onde a lucidez?
De volta ao blog. Virou sina. Escrever sobre isso aí, acima, incomodava-me havia dois dias.
Pode esperar tema meio místico. Sina. Vou perguntar o que tem a ver oração com lucidez.
O que tem a ver lucidez com razão. Esta muito útil. Aliás, eu escrevendo em tela touch screen tem tudo a ver com razão.
E lucidez. Já oração, o que tem a ver com lucidez? Supondo Deus, Aquele lúcido, em essência, oração seria, da parte do homem, esboço de raciocínio no diálogo com Ele.
Onde, pois, a lucidez? Seria lúcida a primeira oração? Digo assim daquela que introduz a fé. Se está escrito que "sem fé, é impossível agradar a Deus", a introdução à fé seria por meio de uma oração lúcida.
Seria a primeira legítima? Todas anteriores a essa seriam, por Deus, ignoradas como erráticas. Mas não combina com o Altíssimo ignorar orações.
Lucidez. Seria, no homem, um torpor? Ou haveria como que uma elite lúcida em meio a uma maioria dispersiva? Assim caminha a humanidade.
Paulo Apóstolo admite, no texto da carta aos Romanos: "não sabemos orar como convém. O mesmo Espírito intercede por nós, sobremaneira, com gemidos inexprimíveis".
Deus vem em nosso socorro. Nem quanto à expressividade do Espírito nada sabemos dela. Desconhecemos. São gemidos inexprimíveis.
Onde a lucidez na oração. Há quem apele ao misticismo. Vamos dizer o quê? Que erram, ao orar em línguas? Paulo reclama que, desse jeito, a mente fica infrutífera. Concordo com ele.
Mas onde a lucidez?
quarta-feira, 25 de outubro de 2017
Mal traçadas linhas 52
Diálogo sobre o nu e a perda da inocência.
Ei, patrulhadores de plantão: este texto é dedicado a vocês. Meu nome é Cid Mauro Araujo de Oliveira, 60 anos, professor e pastor protestante.
Tenho treinado e vou continuar assim, tentando não nutrir preconceitos e procurando respeitar o diverso, o diferente, o outro (ou a outra), quem quer que sejam.
Mas não abro mão do meu direito de discordar, de achar de mau gosto, de achar estúpido e mesmo estranho, antinatural e fora dos padrões que uma grande parcela conservadora da sociedade aceita e tem o direto de defender.
Profetas e donos da mídia, pelotão de plantão dos bonitos, sarados e bonitas, que despejam TVs afora sua opinião, parabéns por defendê-la de forma tão renhida e bem articulada. Mas não passa da opinião de vocês. Respeitem a nossa.
Quem inventou o nu foi Deus. E quem, definitivamente, perdeu a inocência do nu fomos nós. Talvez uma criança ainda seja o símbolo da inocência. Mas se não houver cuidado com ela, seja que adulto for, ainda que pai ou mãe, ocorrerá perda precoce de sua inocência.
Vocês têm preconceito contra a Bíblia. Isso porque não sabem como lê-la. Ela reflete, em suas páginas, posturas certas e posturas erradas da humanidade. Escolher somente os trechos que expõem essa visão distorcida, muitas vezes até nela enfatizada, não é honesto.
A mensagem principal do Livro é sobre amor e preservação da inocência. Nu, na Bíblia, significa que assim nos vê Deus. E que a roupa com que nos veste não é fantasia ou maquiagem. Mas poucos tem coragem para estar nus diante dEle.
Os covardes não comparecem nus diante de Deus. Aliás, é preciso chegar nu à Sua presença, crendo que Ele existe e que dialoga: estamos, definitivamente, nus e fora do paraíso. Mas Deus nos aceita como estamos. Não nos aceita como somos, porque perdemos a inocência.
Pura pretensão de vocês (ou nossa) pensar que somos donos da inocência. Aliás, falando em crianças, Jesus disse que se não nos tornarmos como elas, nem enxergar enxergamos o Reino de Deus.
Se existe um Deus ou se existe um espaço onde Ele reina, Jesus confirmou que esse espaço existe e está dentro de nós. Quanto a crianças, até mães e pais precisam aprender com elas, do modo como Jesus disse que importa aprender.
O diálogo do nu está no Gênesis. Foram criados homem e mulher, macho e fêmea, nus, à imagem e semelhança de Deus. Primeiro sintoma da perda da inocência é a fuga de Deus. É esconder-se de Deus.
Deus procura o casal. Estavam escondidos porque, definitivamente, haviam perdido a inocência. A desculpa dada por estar escondidos foi sua nudez, vista com malícia. Não existe nudez neutra ou sem malícia.
Depois que a malícia entrou na vida do ser humano, nenhuma nudez é inocente. Não mais existe neutralidade. Mas caso se queira recuperar inocência, compareça diante de Deus.
Este é o permanente convite e proposta da Bíblia. E, como disse Jesus, se não nos tornarmos como crianças, nem ver veremos o lugar do Reino, que é onde e quando Deus habita dentro de nós.
Pretensão sua supor inocência. No diálogo da nudez, todos nós estamos nus e fora do paraíso. Perdeu-se a inocência. Nem pai, nem mãe tem inocência. A não ser que compareçam diante de Deus.
Mas isso não é para covardes. Não é para quem se desnuda, pensando que assim fazendo, tornou-se inocente. Pretensão sua. Pretensão nossa.
Ei, patrulhadores de plantão: este texto é dedicado a vocês. Meu nome é Cid Mauro Araujo de Oliveira, 60 anos, professor e pastor protestante.
Tenho treinado e vou continuar assim, tentando não nutrir preconceitos e procurando respeitar o diverso, o diferente, o outro (ou a outra), quem quer que sejam.
Mas não abro mão do meu direito de discordar, de achar de mau gosto, de achar estúpido e mesmo estranho, antinatural e fora dos padrões que uma grande parcela conservadora da sociedade aceita e tem o direto de defender.
Profetas e donos da mídia, pelotão de plantão dos bonitos, sarados e bonitas, que despejam TVs afora sua opinião, parabéns por defendê-la de forma tão renhida e bem articulada. Mas não passa da opinião de vocês. Respeitem a nossa.
Quem inventou o nu foi Deus. E quem, definitivamente, perdeu a inocência do nu fomos nós. Talvez uma criança ainda seja o símbolo da inocência. Mas se não houver cuidado com ela, seja que adulto for, ainda que pai ou mãe, ocorrerá perda precoce de sua inocência.
Vocês têm preconceito contra a Bíblia. Isso porque não sabem como lê-la. Ela reflete, em suas páginas, posturas certas e posturas erradas da humanidade. Escolher somente os trechos que expõem essa visão distorcida, muitas vezes até nela enfatizada, não é honesto.
A mensagem principal do Livro é sobre amor e preservação da inocência. Nu, na Bíblia, significa que assim nos vê Deus. E que a roupa com que nos veste não é fantasia ou maquiagem. Mas poucos tem coragem para estar nus diante dEle.
Os covardes não comparecem nus diante de Deus. Aliás, é preciso chegar nu à Sua presença, crendo que Ele existe e que dialoga: estamos, definitivamente, nus e fora do paraíso. Mas Deus nos aceita como estamos. Não nos aceita como somos, porque perdemos a inocência.
Pura pretensão de vocês (ou nossa) pensar que somos donos da inocência. Aliás, falando em crianças, Jesus disse que se não nos tornarmos como elas, nem enxergar enxergamos o Reino de Deus.
Se existe um Deus ou se existe um espaço onde Ele reina, Jesus confirmou que esse espaço existe e está dentro de nós. Quanto a crianças, até mães e pais precisam aprender com elas, do modo como Jesus disse que importa aprender.
O diálogo do nu está no Gênesis. Foram criados homem e mulher, macho e fêmea, nus, à imagem e semelhança de Deus. Primeiro sintoma da perda da inocência é a fuga de Deus. É esconder-se de Deus.
Deus procura o casal. Estavam escondidos porque, definitivamente, haviam perdido a inocência. A desculpa dada por estar escondidos foi sua nudez, vista com malícia. Não existe nudez neutra ou sem malícia.
Depois que a malícia entrou na vida do ser humano, nenhuma nudez é inocente. Não mais existe neutralidade. Mas caso se queira recuperar inocência, compareça diante de Deus.
Este é o permanente convite e proposta da Bíblia. E, como disse Jesus, se não nos tornarmos como crianças, nem ver veremos o lugar do Reino, que é onde e quando Deus habita dentro de nós.
Pretensão sua supor inocência. No diálogo da nudez, todos nós estamos nus e fora do paraíso. Perdeu-se a inocência. Nem pai, nem mãe tem inocência. A não ser que compareçam diante de Deus.
Mas isso não é para covardes. Não é para quem se desnuda, pensando que assim fazendo, tornou-se inocente. Pretensão sua. Pretensão nossa.
terça-feira, 3 de outubro de 2017
LEITURAS BÍBLICAS - Apologia 4
Não adianta remediar: no que se refere à Bíblia, a narrativa do milagre lhe é comum. Pode-se argumentar, bem, mas ela não é toda milagres. Pode-se retirá-los do foco, e ler com proveito o que restar.
Equívoco. O essencial da Bíblia é miraculoso. É dizer que Deus assumiu forma humana em seu Filho Jesus, morreu e ressuscitou, trazendo consigo dentre os mortos todos os que nEle creem.
Ainda se pode argumentar: mas é possível ler a Bíblia com proveito, desconsiderando seu essencial. Certo. Mas o principal da condição humana, que é a vida, se perde.
Porque o efeito não é esse de marketing da fé, como muito hoje se pratica. Não atinar com o essencial, na Bíblia, é não atinar com o milagre, esse, principal, que é a vida, a própria existência humana.
Jesus afirma "eu vim para que tenham vida, vida plena". A biológica todos, até animais e flores a tem. Mas "vida plena", só encarando de frente o milagre, o essencial do Livro: Deus que se fez homem, para ganhar-nos de volta à vida.
Qualquer outro milagre entre aqueles narrados nas Escrituras é secundário. Aliás, a própria narrativa deles aponta para o milagre. Esse maior e definitivo, a favor do homem.
A Bíblia é um livro a favor da vida e a favor do homem, ser humano: homem e mulher. Qualquer outra leitura é equívoco. Aliás, em suas páginas, quando são encontradas narrativas contra a vida, pode creditá-las na conta do homem.
O Livro também nos mostra em todas as nossas contradições, como quando, de modo suicida, colocamo-nos contra Deus, contra o outro e contra a natureza. Típico do ser humano. Infelizmente.
Portanto, a partir de então, entenda o inusitado da Bíblia: o Deus que começa, em suas páginas, como criador e doador da vida, não abandona o homem à sua própria sorte.
Deu-se em amor, fez-se homem, deixou-se morrer, exatamente para desmoralizar a morte. Esta não o pode segurar em seu seio. O que não significa, apenas, uma remota ressurreição.
No diálogo com a irmã de Lázaro, que disse acreditar, um dia, nessa remota ressurreição, a ela Jesus disse: eu sou a ressurreição e a vida. Desde agora, no seu momento de fé, quem crê ressuscita.
Jesus disse: vim para que tenham vida e vida plena. E perguntou Jesus, ao cego recém curado: "Crês nisto?".
Equívoco. O essencial da Bíblia é miraculoso. É dizer que Deus assumiu forma humana em seu Filho Jesus, morreu e ressuscitou, trazendo consigo dentre os mortos todos os que nEle creem.
Ainda se pode argumentar: mas é possível ler a Bíblia com proveito, desconsiderando seu essencial. Certo. Mas o principal da condição humana, que é a vida, se perde.
Porque o efeito não é esse de marketing da fé, como muito hoje se pratica. Não atinar com o essencial, na Bíblia, é não atinar com o milagre, esse, principal, que é a vida, a própria existência humana.
Jesus afirma "eu vim para que tenham vida, vida plena". A biológica todos, até animais e flores a tem. Mas "vida plena", só encarando de frente o milagre, o essencial do Livro: Deus que se fez homem, para ganhar-nos de volta à vida.
Qualquer outro milagre entre aqueles narrados nas Escrituras é secundário. Aliás, a própria narrativa deles aponta para o milagre. Esse maior e definitivo, a favor do homem.
A Bíblia é um livro a favor da vida e a favor do homem, ser humano: homem e mulher. Qualquer outra leitura é equívoco. Aliás, em suas páginas, quando são encontradas narrativas contra a vida, pode creditá-las na conta do homem.
O Livro também nos mostra em todas as nossas contradições, como quando, de modo suicida, colocamo-nos contra Deus, contra o outro e contra a natureza. Típico do ser humano. Infelizmente.
Portanto, a partir de então, entenda o inusitado da Bíblia: o Deus que começa, em suas páginas, como criador e doador da vida, não abandona o homem à sua própria sorte.
Deu-se em amor, fez-se homem, deixou-se morrer, exatamente para desmoralizar a morte. Esta não o pode segurar em seu seio. O que não significa, apenas, uma remota ressurreição.
No diálogo com a irmã de Lázaro, que disse acreditar, um dia, nessa remota ressurreição, a ela Jesus disse: eu sou a ressurreição e a vida. Desde agora, no seu momento de fé, quem crê ressuscita.
Jesus disse: vim para que tenham vida e vida plena. E perguntou Jesus, ao cego recém curado: "Crês nisto?".
segunda-feira, 2 de outubro de 2017
LEITURAS BÍBLICAS - Apologia 3
O Apocalipse conquistou espaço, transformando-se quase que numa marca, que muitas vezes significa algo bem diferente do que o plano original da obra sugere.
Por causa de sua típica linguagem e imagens fortes, o termo "apocalipse" que, mais estritamente está relacionado ao conteúdo do livro, significando "revelação", passou a ser associado a calamidades que prenunciam o "fim do mundo".
Um mergulho nas descrições detalhadas dessas imagens apocalípticas, longe de nos colocar num contexto fantástico ou mítico, acaba nos jogando de encontro à realidade louca das épocas vividas pela existência humana.
Caminhando de hoje para o passado, destaque-se quando o apocalipse fala de contaminação das águas, rios e oceanos, ou da capacidade que bolas de fogo têm de queimar a terça parte do mar ou da terra.
Impossível não associar aos modernos e devastadores efeitos da poluição ambiental e da capacidade humana de explodir o mundo com armas nucleares.
Caminhando em direção ao passado, vamos nos deter no ambiente da chamada Grande Guerra, a primeira, em que, proporcionalmente, a capacidade humana de matar em massa apareceu, em seu début, na idade moderna.
O volume de tropas, com as máscaras antigases horríveis, a inauguração das metralhadoras contra as formações de cavalaria e as condições desumanas dos extensos labirintos de trincheiras tipificam as descrições de bandos de gafanhotos em guerra no texto apocalíptico.
E com relação às imagens mais aterradoras ou, desejando-se assim indicar, as mais loucas do livro, associadas a bestas com várias cabeças e chifres, dragões e seres mistos fantásticos que emergem do mar, essas cenas não se situam assim tão distantes da realidade.
Isso porque simbolizam a urdida maldade humana, para a qual qualquer representação horrenda corresponde a menos da realidade. E o figurino dessas cenas em pouco, muito pouco difere dos "ismos" que, já há cem anos, invadiram as artes e tornaram corriqueiras imagens não menos esquisitas.
Impressionismo, Expressionismo, Cubismo, Abstracionismo, enfim, ondas que se misturam à tendência humana de experimentar estados mentais de diferentes estágios, em função da ingestão de alucinógenos, tão frequentes já no século XIX, turbinados no século XX e servidos delivery neste século.
Definitivamente, o Apocalipse não se situa assim tão distante da realidade. Na verdade constitui-se, em atualíssima linguagem, num retrato que foca, transparece e bem delineia o louco contexto no qual o homem moderno, aliás, ao longo da sofrida história da humanidade, inscreveu-se a si próprio.
Por causa de sua típica linguagem e imagens fortes, o termo "apocalipse" que, mais estritamente está relacionado ao conteúdo do livro, significando "revelação", passou a ser associado a calamidades que prenunciam o "fim do mundo".
Um mergulho nas descrições detalhadas dessas imagens apocalípticas, longe de nos colocar num contexto fantástico ou mítico, acaba nos jogando de encontro à realidade louca das épocas vividas pela existência humana.
Caminhando de hoje para o passado, destaque-se quando o apocalipse fala de contaminação das águas, rios e oceanos, ou da capacidade que bolas de fogo têm de queimar a terça parte do mar ou da terra.
Impossível não associar aos modernos e devastadores efeitos da poluição ambiental e da capacidade humana de explodir o mundo com armas nucleares.
Caminhando em direção ao passado, vamos nos deter no ambiente da chamada Grande Guerra, a primeira, em que, proporcionalmente, a capacidade humana de matar em massa apareceu, em seu début, na idade moderna.
O volume de tropas, com as máscaras antigases horríveis, a inauguração das metralhadoras contra as formações de cavalaria e as condições desumanas dos extensos labirintos de trincheiras tipificam as descrições de bandos de gafanhotos em guerra no texto apocalíptico.
E com relação às imagens mais aterradoras ou, desejando-se assim indicar, as mais loucas do livro, associadas a bestas com várias cabeças e chifres, dragões e seres mistos fantásticos que emergem do mar, essas cenas não se situam assim tão distantes da realidade.
Isso porque simbolizam a urdida maldade humana, para a qual qualquer representação horrenda corresponde a menos da realidade. E o figurino dessas cenas em pouco, muito pouco difere dos "ismos" que, já há cem anos, invadiram as artes e tornaram corriqueiras imagens não menos esquisitas.
Impressionismo, Expressionismo, Cubismo, Abstracionismo, enfim, ondas que se misturam à tendência humana de experimentar estados mentais de diferentes estágios, em função da ingestão de alucinógenos, tão frequentes já no século XIX, turbinados no século XX e servidos delivery neste século.
Definitivamente, o Apocalipse não se situa assim tão distante da realidade. Na verdade constitui-se, em atualíssima linguagem, num retrato que foca, transparece e bem delineia o louco contexto no qual o homem moderno, aliás, ao longo da sofrida história da humanidade, inscreveu-se a si próprio.
LEITURAS BÍBLICAS - Apologia 2
O livrinho de Ester reserva um mosaico de informações detalhadas sobre variadas rotinas no contexto do Império Persa que, muito provavelmente, nenhum documento antigo oferece.
Só que se configura um problema: numa análise geral de sua moldura, comentaristas avaliam que não são todas essas informações que podem, indistintamente, ser tomadas como literais.
Evidentemente que não fica claro quais delas são confiáveis. Na verdade, sempre se procura buscar fora da Bíblia fontes que confirmem o que está escrito nela.
Mas, e se ocorrer o contrário, ou seja, o texto bíblico apresentar fatos que, simplesmente, não poderão ser nunca comprovados fora dele, porque somente são mencionados no Livro?
Entre a gama de dados fornecidos em Ester, um deles, essencial como principal fio condutor de toda a trama narrada, que foi o levante contra os judeus, sobre ele já li não ser possível comprová-lo, pois não há nenhum resgistro dele nos anais do Império Persa.
Neste caso, a realidade se impõe. Os críticos assinalam que, numa época obscura da antiguidade seria improvável que um governante caprichoso intentasse pôr fim a uma dada etnia achada entre outras diversas no contexto do Império que governava.
E em pleno século XX uma ordem politico-social se instala para, sistemática e calculadamente promover o extermínio dessa mesma etnia, em escala mundial, por cima e com desprezo dos supostos avanços civilizatórios que separam esses dois períodos da história.
Trata-se do império do nazismo, movimento alemão de ultradireita, esboçado a partir de 1933, liderado por Adolf Hitler, causa geopolítica da Segunda Guerra Mundial, que se estendeu de 1939-1945. Embutido e camuflado nesse contexto, a planejada implantação da chamada Endlösung der Judenfragen, a Solução Final, o plano de extermínio total da etnia judaica.
Supor, portanto, que toda a armação de Hamã, o agagita, no livro de Ester, para exterminar os judeus, por não constar em outros registros seja uma construção puramente literária, sem respaldo na realidade, no mínimo é, de modo gratuito, uma tentativa frustrada de menosprezar o texto como fonte histórica fidedigna.
Só que se configura um problema: numa análise geral de sua moldura, comentaristas avaliam que não são todas essas informações que podem, indistintamente, ser tomadas como literais.
Evidentemente que não fica claro quais delas são confiáveis. Na verdade, sempre se procura buscar fora da Bíblia fontes que confirmem o que está escrito nela.
Mas, e se ocorrer o contrário, ou seja, o texto bíblico apresentar fatos que, simplesmente, não poderão ser nunca comprovados fora dele, porque somente são mencionados no Livro?
Entre a gama de dados fornecidos em Ester, um deles, essencial como principal fio condutor de toda a trama narrada, que foi o levante contra os judeus, sobre ele já li não ser possível comprová-lo, pois não há nenhum resgistro dele nos anais do Império Persa.
Neste caso, a realidade se impõe. Os críticos assinalam que, numa época obscura da antiguidade seria improvável que um governante caprichoso intentasse pôr fim a uma dada etnia achada entre outras diversas no contexto do Império que governava.
E em pleno século XX uma ordem politico-social se instala para, sistemática e calculadamente promover o extermínio dessa mesma etnia, em escala mundial, por cima e com desprezo dos supostos avanços civilizatórios que separam esses dois períodos da história.
Trata-se do império do nazismo, movimento alemão de ultradireita, esboçado a partir de 1933, liderado por Adolf Hitler, causa geopolítica da Segunda Guerra Mundial, que se estendeu de 1939-1945. Embutido e camuflado nesse contexto, a planejada implantação da chamada Endlösung der Judenfragen, a Solução Final, o plano de extermínio total da etnia judaica.
Supor, portanto, que toda a armação de Hamã, o agagita, no livro de Ester, para exterminar os judeus, por não constar em outros registros seja uma construção puramente literária, sem respaldo na realidade, no mínimo é, de modo gratuito, uma tentativa frustrada de menosprezar o texto como fonte histórica fidedigna.
domingo, 1 de outubro de 2017
ESCOLA DE TEOLOGIA
Os tempos modernos têm colocado a liderança evangélica diante de desafios constantes, devido à rápida revolução de costumes e de conceitos. É necessária uma preparação para defesa dos pontos de vistas específicos da visão bíblica de mundo, que não é preconceituosa e excludente, como se vem declarando, apenas diferente da postura mais comumente divulgada.
OFERECEMOS DISCILINAS POR MÓDULOS BEM DEFINIDOS EM AULAS SEMANAIS. O CURSO BÁSICO SERÁ OFERECIDO EM 1 ANO, COM A GRADE INICIAL DE 10 DISCIPLINAS:
INICIANDO COM: Introdução ao Estudo da Bíblia - Temas Polêmicos da Atualidade - Noções Jurídicas Básicas - Dinâmica de Leitura Produtiva
(Esboço de embrião para um Instituto que a gente poderia implantar, com outras igrejas e ou pastores. De repente, a fagulha produz um incêndio)
sábado, 30 de setembro de 2017
Para o meu filho.
Bom dia, meu filho.
Resolvi falar assim com você, por ser mais fácil do que pelo zap, porque devo falar muito.
Começando por esta demora incômoda aqui no Rio. Embora o plano fosse logo operar, esta solução que acabou ocorrendo, foi uma possibilidade que havia vislumbrado ainda aí, antes de vir.
A cirurgia feita foi metade, só retirada das pedras da bexiga, sem a ressecção, ou seja, raspagem interna da próstata. Eu achava que remédio resolveria, mas nenhum médico receitava, a não ser este que me operou.
É conhecido do Helio Henrique. Eu havia pensado nessa solução. Depois de uma grande curva, que passou pela desistência do primeiro médico, eu acabei fazendo o que julgava, por mim, preferível. E até acho que posso dizer, confirmado por Deus.
E essa demora, meu amado filho, foi uma escola, uma classe dos 60 anos, acho que devo estar entrando na página 2 da cartilha de minha vida (aqui entra o emoji de espanto). Ha ha ha.
Estou no Meier, onde cheguei em 1967, ano em que a mãe nasceu. Estive em Sepetiba, três noites, terreno que vô Cid comprou antes desse ano aí atrás. Estive na PUC, onde entrei aos 20 anos, sonhando ser Engenheiro Elétrico, de onde saí frustrado, mas para saber, às duras penas, que Deus me queria professor de português e pastor.
Ser pastor me levou ao Acre e ser professor ajudou na parceria com sua mãe para sustentar a família e também como inserção social e ajuda no testemunho ministerial.
Nestes dias aqui, meu filho, o filme de minha vida passou em cenas. Por um lado, pode-se dizer, foi muita coisa contingencial. Mas você e sua irmã que acompanham metade de nossa vida, eu e sua mãe, sabem que nossa família é uma rica experiência e que nós dois, Regina e eu, não casamos só por contingências.
A mão de Deus está conosco. Lembrei muito a agradeci muito a Deus por vô Cid e vó Dorcas: eu, assim como o casamento, você e sua irmã são fruto do ministério e da oração deles.
Então, essa parada e esse retorno meu ao meu chão, com a imersão nesses cenários, a angústia da distância e saudade de vocês, a vontade de melhorar muito em qualidade de vida neste tempo que ainda me resta, tudo isso junto me faz pensar num novo começo.
Só não é loucura, porque a promessa do evangelho é renovação permanente, renovação sempre. Por isso, até eu e você, tão jovem como você é, podemos recomeçar juntos. Deus renova a tua vida, ainda tão tenra, mais repleta de dons e promessas, assim como a minha, já desgastada, necessitada de restauração em algumas áreas, mas com a marca das experiências positivas.
Deus renova sua irmã, sua mãe, nosso lar, nossa igreja, enfim. Deus sempre renova, refaz, cria novo, molda o barro maleável em Suas mãos. Quero chegar aí com essa proposta. Estou relendo a Bíblia, tentando aquela proposta que coloquei, que começa hoje, 13 capítulos/dia até 31/12/2017.
É um bom começo. Já li alguns livros pequenos. Estou na metade de Romanos, Apocalipse e já comecei 1 Crônicas ontem. Ler a Bíblia sempre é bom. Caso você se engaje nessa jornada, teremos mais alguns assuntos a discutir sobre o Livro. E muito mais desta minha experiência aqui desejo falar.
Todas as coisas cooperaram aqui para o bem. Aí também, incluído o susto e livramento que Deus nos deu, especificamente a você, mais esta vez. Ele sempre vai agir assim conosco. Vamos entender que lições podemos aprender. Você, pessoalmente, com sua inteligência e percepção, mas também com a sabedoria, esta como dom de Deus.
Como diz Paulo, Cristo se nos torna, da parte de Deus, sabedoria, 1 Co 1,30-31. Vamos continuar juntos, como família, na repartição dos dons que Deus nos concedeu, individualmente, assim como na bênção dessa comunhão que temos, para além da simples genética.
Que visões Deus nos quer mostrar? Quais os avisos do Altíssimo? Ele conhece mais do que nós tempos e épocas. E nos deu esse contexto gostoso de convivência e comunhão, não só para sermos entre nós, somente, mas para, como estamos tentando, ser bênção aos que estão em redor.
Abração e quero chegar logo aí. Continue tendo todo o cuidado e se preservando. Abração a você, sua irmã e mãe.
Resolvi falar assim com você, por ser mais fácil do que pelo zap, porque devo falar muito.
Começando por esta demora incômoda aqui no Rio. Embora o plano fosse logo operar, esta solução que acabou ocorrendo, foi uma possibilidade que havia vislumbrado ainda aí, antes de vir.
A cirurgia feita foi metade, só retirada das pedras da bexiga, sem a ressecção, ou seja, raspagem interna da próstata. Eu achava que remédio resolveria, mas nenhum médico receitava, a não ser este que me operou.
É conhecido do Helio Henrique. Eu havia pensado nessa solução. Depois de uma grande curva, que passou pela desistência do primeiro médico, eu acabei fazendo o que julgava, por mim, preferível. E até acho que posso dizer, confirmado por Deus.
E essa demora, meu amado filho, foi uma escola, uma classe dos 60 anos, acho que devo estar entrando na página 2 da cartilha de minha vida (aqui entra o emoji de espanto). Ha ha ha.
Estou no Meier, onde cheguei em 1967, ano em que a mãe nasceu. Estive em Sepetiba, três noites, terreno que vô Cid comprou antes desse ano aí atrás. Estive na PUC, onde entrei aos 20 anos, sonhando ser Engenheiro Elétrico, de onde saí frustrado, mas para saber, às duras penas, que Deus me queria professor de português e pastor.
Ser pastor me levou ao Acre e ser professor ajudou na parceria com sua mãe para sustentar a família e também como inserção social e ajuda no testemunho ministerial.
Nestes dias aqui, meu filho, o filme de minha vida passou em cenas. Por um lado, pode-se dizer, foi muita coisa contingencial. Mas você e sua irmã que acompanham metade de nossa vida, eu e sua mãe, sabem que nossa família é uma rica experiência e que nós dois, Regina e eu, não casamos só por contingências.
A mão de Deus está conosco. Lembrei muito a agradeci muito a Deus por vô Cid e vó Dorcas: eu, assim como o casamento, você e sua irmã são fruto do ministério e da oração deles.
Então, essa parada e esse retorno meu ao meu chão, com a imersão nesses cenários, a angústia da distância e saudade de vocês, a vontade de melhorar muito em qualidade de vida neste tempo que ainda me resta, tudo isso junto me faz pensar num novo começo.
Só não é loucura, porque a promessa do evangelho é renovação permanente, renovação sempre. Por isso, até eu e você, tão jovem como você é, podemos recomeçar juntos. Deus renova a tua vida, ainda tão tenra, mais repleta de dons e promessas, assim como a minha, já desgastada, necessitada de restauração em algumas áreas, mas com a marca das experiências positivas.
Deus renova sua irmã, sua mãe, nosso lar, nossa igreja, enfim. Deus sempre renova, refaz, cria novo, molda o barro maleável em Suas mãos. Quero chegar aí com essa proposta. Estou relendo a Bíblia, tentando aquela proposta que coloquei, que começa hoje, 13 capítulos/dia até 31/12/2017.
É um bom começo. Já li alguns livros pequenos. Estou na metade de Romanos, Apocalipse e já comecei 1 Crônicas ontem. Ler a Bíblia sempre é bom. Caso você se engaje nessa jornada, teremos mais alguns assuntos a discutir sobre o Livro. E muito mais desta minha experiência aqui desejo falar.
Todas as coisas cooperaram aqui para o bem. Aí também, incluído o susto e livramento que Deus nos deu, especificamente a você, mais esta vez. Ele sempre vai agir assim conosco. Vamos entender que lições podemos aprender. Você, pessoalmente, com sua inteligência e percepção, mas também com a sabedoria, esta como dom de Deus.
Como diz Paulo, Cristo se nos torna, da parte de Deus, sabedoria, 1 Co 1,30-31. Vamos continuar juntos, como família, na repartição dos dons que Deus nos concedeu, individualmente, assim como na bênção dessa comunhão que temos, para além da simples genética.
Que visões Deus nos quer mostrar? Quais os avisos do Altíssimo? Ele conhece mais do que nós tempos e épocas. E nos deu esse contexto gostoso de convivência e comunhão, não só para sermos entre nós, somente, mas para, como estamos tentando, ser bênção aos que estão em redor.
Abração e quero chegar logo aí. Continue tendo todo o cuidado e se preservando. Abração a você, sua irmã e mãe.
terça-feira, 26 de setembro de 2017
LEITURAS BÍBLICAS - Apologia 1
A epístola de Judas, penúltimo livrinho do Novo Testamento, colado ao famoso Apocalipse, em função de sua linguagem, é "prato feito" para polêmica.
Isso porque costuma-se acusar Deus, principalmente por causa do Antigo Testamento, como tipicamente iracundo. E a temática do livrinho detalha aspectos dessa ira.
Judas cita (1) minorias, (2) cidades e (3) anjos contra quem o próprio Deus se manifesta. São elas Sodoma e Gomorra, são eles os revoltosos contra Moisés no deserto e anjos são os que, cita o autor, "abandonaram domicílio e estado original".
Polemistas de plantão folgam em acusar a linguagem do livro absolutamente descontextualizada do tempo atual, assim como típico exemplo de como a Bíblia se apresenta disfuncional em sua pseudo retórica.
Vamos tirar Deus de cena. Assim, satisfazemos logo quem divulga que Ele nem existe. Saindo fora, Sua ira seria, então, lenda pura e não, como dizem, desvio de personalidade.
Agora vejamos se (1) destruir cidades, (2) eliminar minorias e (3) pôr a culpa da maldade em anjos maus se isso não é tipicamente humano.
A segunda Grande Guerra, 1939-1945, inaugurou destruição sistemática de cidades, à esquerda e à direita. Culminou com Hiroshima e Nagasaki, primeiras bombas atômicas detonadas, ironicamente, por uma "nação cristã".
Destruição sistemática de cidades é coisa de homens. Não culpem Deus por isso.
No mesmo teatro, minorias foram perseguidas e quase que totalmente eliminadas: ciganos, homossexuais e minorias étnicas. E nem foi algo inédito na história.
Discriminação, perseguição e eliminação de minorias ou grupos não é prática divina: é rotina histórica tipicamente humana.
Resta discutir a prisão de anjos que aguardam o "juízo final", comentada por Judas e o juízo de Deus contra eles.
Aqui, sim, é matéria tipicamente bíblica. O Livro conta a história dos anjos: ministros de Deus, com corpo imaterial, nome e personalidade própria que, esporadicamente, manifestam-se aos homens.
Da mesma forma que nós, que temos corpo material, nome e personalidade própria, anjos também escolhem ser maus ou bons. E não têm sobre quem jogar a responsabilidade de sua escolha.
Cessa a polêmica. Destruir cidades, perseguir minorias e culpar demônios pela maldade própria não tem nada a ver com Deus.
A linguagem de Judas se atualiza, se invertemos a ênfase e indicamos como maldade tipicamente humana o que polemistas desavisados apontam como ira de Deus, vício divino de Sua personalidade.
Trazendo Deus de volta à cena, para os que creem nEle, trata-se de uma postura típica de Quem se envolve com a condição humana, a ponto de se ter feito homem em Cristo.
Trata-se da reposta daquele que, segundo o Salmo 23, "guia pelas veredas da justiça, por amor do seu nome".
Isso porque costuma-se acusar Deus, principalmente por causa do Antigo Testamento, como tipicamente iracundo. E a temática do livrinho detalha aspectos dessa ira.
Judas cita (1) minorias, (2) cidades e (3) anjos contra quem o próprio Deus se manifesta. São elas Sodoma e Gomorra, são eles os revoltosos contra Moisés no deserto e anjos são os que, cita o autor, "abandonaram domicílio e estado original".
Polemistas de plantão folgam em acusar a linguagem do livro absolutamente descontextualizada do tempo atual, assim como típico exemplo de como a Bíblia se apresenta disfuncional em sua pseudo retórica.
Vamos tirar Deus de cena. Assim, satisfazemos logo quem divulga que Ele nem existe. Saindo fora, Sua ira seria, então, lenda pura e não, como dizem, desvio de personalidade.
Agora vejamos se (1) destruir cidades, (2) eliminar minorias e (3) pôr a culpa da maldade em anjos maus se isso não é tipicamente humano.
A segunda Grande Guerra, 1939-1945, inaugurou destruição sistemática de cidades, à esquerda e à direita. Culminou com Hiroshima e Nagasaki, primeiras bombas atômicas detonadas, ironicamente, por uma "nação cristã".
Destruição sistemática de cidades é coisa de homens. Não culpem Deus por isso.
No mesmo teatro, minorias foram perseguidas e quase que totalmente eliminadas: ciganos, homossexuais e minorias étnicas. E nem foi algo inédito na história.
Discriminação, perseguição e eliminação de minorias ou grupos não é prática divina: é rotina histórica tipicamente humana.
Resta discutir a prisão de anjos que aguardam o "juízo final", comentada por Judas e o juízo de Deus contra eles.
Aqui, sim, é matéria tipicamente bíblica. O Livro conta a história dos anjos: ministros de Deus, com corpo imaterial, nome e personalidade própria que, esporadicamente, manifestam-se aos homens.
Da mesma forma que nós, que temos corpo material, nome e personalidade própria, anjos também escolhem ser maus ou bons. E não têm sobre quem jogar a responsabilidade de sua escolha.
Cessa a polêmica. Destruir cidades, perseguir minorias e culpar demônios pela maldade própria não tem nada a ver com Deus.
A linguagem de Judas se atualiza, se invertemos a ênfase e indicamos como maldade tipicamente humana o que polemistas desavisados apontam como ira de Deus, vício divino de Sua personalidade.
Trazendo Deus de volta à cena, para os que creem nEle, trata-se de uma postura típica de Quem se envolve com a condição humana, a ponto de se ter feito homem em Cristo.
Trata-se da reposta daquele que, segundo o Salmo 23, "guia pelas veredas da justiça, por amor do seu nome".
segunda-feira, 25 de setembro de 2017
DESAFIO
A Bíblia possui 1.189 capítulos. Proponho a você um desafio, ontem compartilhado a mim pelo Pr. Purim Jr.
LER A BÍBLIA TODA ATÉ O FINAL DESTE ANO.
Vamos contar a partir de Outubro/Novembro/Dezembro, considerando 90 dias.
Essa conta, 1.189/90 = 13. Se lermos 13 capítulos ao dia, vamos conseguir.
Lembre-se que capítulos como II e III João são curtos. Há Salmos também muito curtos.
Subdivida o Salmo 119 em capitulos de 16 ou 24 versículos, lendo 2 ou 3 conjuntos de 8 versículos.
E também Obadias, Judas, Naum, Jonas entre outros são curtinhos. Mas não é só essa estratégia que é importante.
O importante é seu interesse. Mergulhe no texto. O interesse será avançar na leitura.
Largue a novela. Abandone o zap-zap. Deixe de lado a telinha touch screen. A recompensa será compartilhar da intimidade de Deus.
segunda-feira, 11 de setembro de 2017
Por falar em amor 4
Caminhos de quem ama. Como no olho de um furacão. Estão em moda. Tudo à volta gira com ventos a 300 por hora. Amor é furacão grau 5. No último.
Só existe amor se for nesse grau. Não existe amor sem risco. O máximo que pode ocorrer, é que o olho da coisa se estreite tanto, mas tanto, que parece somente sobrar espaço para quem ama não sossobrar.
Estreito. Tudo à volta a 300 por hora. Essa é a sensação. A realidade é mais intensa. Caminhos de quem ama incluiu labirintos onde somente há gente à volta.
Amam-se amigos, amam-se filhos, ama-se cônjuge. Ama-se qualquer um (ou uma). Amam-se todos e cada qual, sempre um a um, sempre individualmente.
Esses caminhos conduzem a todo o lugar. Quando se afasta do previsível, em direção, como a Bíblia arrisca dizer, de amar o inimigo, aí que vem a prova, na verdade, de que se ama.
Amar a quem não ama, a quem nunca ama, como Deus pratica, somente se, como Deus, estiver verdadeiramente dentro de nós. Não o amor dentro de nós. Somente se Deus estiver dentro de nós.
No olho do furacão. Seguindo para em que direção ele for. Estreito e seguro, bem no olho. Menina dos olhos do olho do furacão. Deus dentro de nós, todo o risco, em toda e qualquer direção. O amor.
"O perfeito amor lança fora o medo. Aquele que teme, não é aperfeiçoado no amor". João Apóstolo.
Só existe amor se for nesse grau. Não existe amor sem risco. O máximo que pode ocorrer, é que o olho da coisa se estreite tanto, mas tanto, que parece somente sobrar espaço para quem ama não sossobrar.
Estreito. Tudo à volta a 300 por hora. Essa é a sensação. A realidade é mais intensa. Caminhos de quem ama incluiu labirintos onde somente há gente à volta.
Amam-se amigos, amam-se filhos, ama-se cônjuge. Ama-se qualquer um (ou uma). Amam-se todos e cada qual, sempre um a um, sempre individualmente.
Esses caminhos conduzem a todo o lugar. Quando se afasta do previsível, em direção, como a Bíblia arrisca dizer, de amar o inimigo, aí que vem a prova, na verdade, de que se ama.
Amar a quem não ama, a quem nunca ama, como Deus pratica, somente se, como Deus, estiver verdadeiramente dentro de nós. Não o amor dentro de nós. Somente se Deus estiver dentro de nós.
No olho do furacão. Seguindo para em que direção ele for. Estreito e seguro, bem no olho. Menina dos olhos do olho do furacão. Deus dentro de nós, todo o risco, em toda e qualquer direção. O amor.
"O perfeito amor lança fora o medo. Aquele que teme, não é aperfeiçoado no amor". João Apóstolo.
Por falar em amor 3
Radical. No sentido de raiz, tanto quanto no sentido absoluto. Pode parecer estranho, mas não há democracia na escolha do amor.
"O amor de Cristo nos constrange", disse Paulo Apóstolo. Ama-se todos. Não há como optar a quem amar: ama-se todos e qualquer um ou não se trata de amor.
Ama-se com igual intensidade. Se não, de novo, não é amor. Amor é único: o mesmo e igual sentimento a todos e em igual intensidade.
Cumplicidade pode não ser amor. Mas sempre amor implica cumplicidade. Muitas vezes amor implica dizer não. Caim e Abel foram cúmplices em apresentar culto a Deus.
Deus amou igual aos dois, dizendo sim a Abel e não a Caim. Os ladrões ao lado de Cristo foram cúmplices em toda a vida. Pelo menos um deles, por amor, deveria ter dito não ao outro.
Talvez tenha sido esse que, uma vez crucificado, resolveu receber, em si, o amor de Jesus. Amar às vezes implica dizer sim, outras vezes implica dizer não.
Seja sim, sim; não, não. Negue, por amor; reafirme, por amor. Muitas vezes, na vida prática, inverte-se o sim pelo não, perdendo-se a oportunidade do amor.
Nem todos que são cúmplices o são ou devem ser por amor. Nem todos os iguais o são ou deveriam ser por amor. Às vezes, a diferença é fundamental no amor.
Às vezes, discordar é mais amar do que concordar sempre. Pode haver cumplicidade e concordância no erro. Uma quadrilha é cúmplice, tem concordância, estão articulados, mas não compõem uma comunidade de amor.
Às vezes até pode-se rejeitar o outro, em nome do amor. Namorados ensaiam amor. Unilateralmente, em nome do amor, um pode, eventualmente, rejeitar o outro: experimentarão amor em amizade, nunca em vida a dois, como cônjuges.
Facetas do único, permanente e autêntico amor. Uma vez por todas dado aos homens (e mulheres). Nunca suficiente, nunca totalmente habilitado e aprendido, porém permanentemente ensaiado como prática desafiadora.
"O amor de Cristo nos constrange", disse Paulo Apóstolo. Ama-se todos. Não há como optar a quem amar: ama-se todos e qualquer um ou não se trata de amor.
Ama-se com igual intensidade. Se não, de novo, não é amor. Amor é único: o mesmo e igual sentimento a todos e em igual intensidade.
Cumplicidade pode não ser amor. Mas sempre amor implica cumplicidade. Muitas vezes amor implica dizer não. Caim e Abel foram cúmplices em apresentar culto a Deus.
Deus amou igual aos dois, dizendo sim a Abel e não a Caim. Os ladrões ao lado de Cristo foram cúmplices em toda a vida. Pelo menos um deles, por amor, deveria ter dito não ao outro.
Talvez tenha sido esse que, uma vez crucificado, resolveu receber, em si, o amor de Jesus. Amar às vezes implica dizer sim, outras vezes implica dizer não.
Seja sim, sim; não, não. Negue, por amor; reafirme, por amor. Muitas vezes, na vida prática, inverte-se o sim pelo não, perdendo-se a oportunidade do amor.
Nem todos que são cúmplices o são ou devem ser por amor. Nem todos os iguais o são ou deveriam ser por amor. Às vezes, a diferença é fundamental no amor.
Às vezes, discordar é mais amar do que concordar sempre. Pode haver cumplicidade e concordância no erro. Uma quadrilha é cúmplice, tem concordância, estão articulados, mas não compõem uma comunidade de amor.
Às vezes até pode-se rejeitar o outro, em nome do amor. Namorados ensaiam amor. Unilateralmente, em nome do amor, um pode, eventualmente, rejeitar o outro: experimentarão amor em amizade, nunca em vida a dois, como cônjuges.
Facetas do único, permanente e autêntico amor. Uma vez por todas dado aos homens (e mulheres). Nunca suficiente, nunca totalmente habilitado e aprendido, porém permanentemente ensaiado como prática desafiadora.
domingo, 10 de setembro de 2017
Sermão 2
Texto: Jeremias 22,15-19
Objetivos:
1. Indicar o efeito do oráculo de um profeta no contexto em que foi pronunciado;
2. Uma vez eternizado nas Escrituras, demonstrar como seu efeito se torna referência permanente;
3. Compreender o modo como as Escrituras, ainda hoje, reatualizam-se em seu cumprimento.
Argumentação:
Os livros proféticos apresentam uma variedade de textos, todos eles inseridos no contexto geral da profecia. No caso de Jeremias destacam-se, pelo menos, três tipos: palavras de viva voz, biografia e sermões do profeta. É possivel, então, compreender com que urgência as Escrituras se estão formando e de que modo, até nossos dias, é possível que se atualizem.
Tópicos:
1. Para Israel, no contexto da vontade de Deus, reinar era praticar justiça;
2. A figura humana de Josias, o rei avivalista, tornou-se modelo em seu tempo, dentro de sua geração e nas Escrituras;
3. A profecia de Jeremias se atualizava em Escritura e, na medida em que se formava, era assimilada e se cumpria.
Textos:
Para o Tópico 1: a) o acúmulo de riquezas, na contabilidade de Deus, não representava justiça: Jr 22,15a; b) muito próximo estava, ao alcance, um modelo de justiça: Jr 22,15b; c) a prática da justiça sempre foi a verdadeira vocação para os reis de Israel: Jr 22,15c-16; Sl 72,1-5;
Para o Tópico 2: a) a figura humana de Josias se constitui em exemplo de justiça: Jr 22,16; b) apegado às Escrituras: 2 Cr 34,19-21; c) não meramente um reformador, buscou com sinceridade o Senhor: 2 Cr 34,1-3; 2 Cr 34,10-13.30-31;
Para o Topico 3: a) a máxima da justiça como prioridade cristaliza-se na profecia de Jeremias: Jr 21,12 // Jr 22,3 // Jr 22,16; b) caráter e atuação política negativa reprovam o caráter do rei: Jr 22,17; c) comparado ao pai, mui lamentado, alvo de um poema de Jeremias, não será lembrado como modelo: Jr 22,18-19; 2 Cr 35,25-27.
Conclusão:
As Escrituras indicam homens e mulheres de Deus apontados como padrão. Desde os antecedentes de sua infância e em toda a sua trajetória, Josias se impõe como exemplo de justiça: verdadeiramente buscava o Senhor, priorizava as Escrituras para as cumprir, convocava o povo ao compromisso com Deus e todo o tempo praticava, de modo imparcial, a justiça. Exemplo pessoal e coletivo de um governante segundo o coração de Deus.
Objetivos:
1. Indicar o efeito do oráculo de um profeta no contexto em que foi pronunciado;
2. Uma vez eternizado nas Escrituras, demonstrar como seu efeito se torna referência permanente;
3. Compreender o modo como as Escrituras, ainda hoje, reatualizam-se em seu cumprimento.
Argumentação:
Os livros proféticos apresentam uma variedade de textos, todos eles inseridos no contexto geral da profecia. No caso de Jeremias destacam-se, pelo menos, três tipos: palavras de viva voz, biografia e sermões do profeta. É possivel, então, compreender com que urgência as Escrituras se estão formando e de que modo, até nossos dias, é possível que se atualizem.
Tópicos:
1. Para Israel, no contexto da vontade de Deus, reinar era praticar justiça;
2. A figura humana de Josias, o rei avivalista, tornou-se modelo em seu tempo, dentro de sua geração e nas Escrituras;
3. A profecia de Jeremias se atualizava em Escritura e, na medida em que se formava, era assimilada e se cumpria.
Textos:
Para o Tópico 1: a) o acúmulo de riquezas, na contabilidade de Deus, não representava justiça: Jr 22,15a; b) muito próximo estava, ao alcance, um modelo de justiça: Jr 22,15b; c) a prática da justiça sempre foi a verdadeira vocação para os reis de Israel: Jr 22,15c-16; Sl 72,1-5;
Para o Tópico 2: a) a figura humana de Josias se constitui em exemplo de justiça: Jr 22,16; b) apegado às Escrituras: 2 Cr 34,19-21; c) não meramente um reformador, buscou com sinceridade o Senhor: 2 Cr 34,1-3; 2 Cr 34,10-13.30-31;
Para o Topico 3: a) a máxima da justiça como prioridade cristaliza-se na profecia de Jeremias: Jr 21,12 // Jr 22,3 // Jr 22,16; b) caráter e atuação política negativa reprovam o caráter do rei: Jr 22,17; c) comparado ao pai, mui lamentado, alvo de um poema de Jeremias, não será lembrado como modelo: Jr 22,18-19; 2 Cr 35,25-27.
Conclusão:
As Escrituras indicam homens e mulheres de Deus apontados como padrão. Desde os antecedentes de sua infância e em toda a sua trajetória, Josias se impõe como exemplo de justiça: verdadeiramente buscava o Senhor, priorizava as Escrituras para as cumprir, convocava o povo ao compromisso com Deus e todo o tempo praticava, de modo imparcial, a justiça. Exemplo pessoal e coletivo de um governante segundo o coração de Deus.
Sermão 1
Texto Lucas 1,1-4
Objetivos:
1. Compreender o zelo e preocupação de Lucas em confirmar Teófilo na fé;
2. Confiar que o texto que Lucas envia, seja o Evangelho, assim como a continuação em Atos, são capazes de cumprir essa finalidade;
3. Entender que, também para nós, esses textos, agora recebidos como Escritura, podem cumprir esse mesmo objetivo.
Argumentação:
Lucas reconheceu, a distância, que Teófilo havia sido alcançado pelas verdades do evangelho. Estimulado, tanto por essa boa notícia, quanto reconhecendo a necessidade de confirmar seu amigo e agora irmão na fé, resolve seguir, dentro de sua metodologia muito especial, o exemplo de outros que narraram as verdades referentes a Jesus.
Tópicos:
1. Há nos registros de Lucas indicações fidedignas do conteúdo do evangelho: por meio delas é possível crer e ter confirmada a fé;
2. Tais registros, as Escrituras, são referência permanente para os que, através dos séculos, creem: caso sejam desprezadas, estará comprometida a identidade da igreja;
3. A influência da igreja no mundo, o principal, sua imitação de Cristo, somente serão definidas pelo exercício da fé baseada no seguimento das Escrituras.
Textos:
Para o Tópico 1: a) efeito da primeira pregação do evangelho, falando direto ao coração: At 2,27-28; b) a exclusividade da salvação em Jesus, defendida contra qualquer reação: At 4,11-14; c) a capacidade necessária à igreja para encher a cidade com a doutrina e bênção do evangelho: At 5,28.
Para o Tópico 2: a) Paulo utiliza a Bíblia de seu tempo para convencer a respeito da fé: At 17,2-4; b) não há salvação à parte da palavra de Deus, como registrada nas Escrituras: At 8,30-35; c) a ação de Deus na história da salvação, entre os homens, é confirmada pelas Escrituras: At 2,15-21.
Para o Tópico 3: a imitação de Jesus é seguir sua identificação com todos e todas: Lc 7,44-47; b) a revelação de Jesus, imperceptível aos olhos, confirma-se no testemunho da verdadeira fé: Lc 19,7-10; por meio de Jesus, os olhos de qualquer um são abertos, pelo testemunho das Estruturas: Lc 24,44-49.
Conclusão
É necessário redescobrir o prazer pela leitura das Escrituras. Além do fato de ser vital à igreja, ao testemunho e ao crescimento daquele que crê, por meio dela será resgatada a dimensão profética da igreja, no anúncio do próprio evangelho, assim como no enfrentamento e denúncia do que, no mundo, está fora do padrão de Deus.
Objetivos:
1. Compreender o zelo e preocupação de Lucas em confirmar Teófilo na fé;
2. Confiar que o texto que Lucas envia, seja o Evangelho, assim como a continuação em Atos, são capazes de cumprir essa finalidade;
3. Entender que, também para nós, esses textos, agora recebidos como Escritura, podem cumprir esse mesmo objetivo.
Argumentação:
Lucas reconheceu, a distância, que Teófilo havia sido alcançado pelas verdades do evangelho. Estimulado, tanto por essa boa notícia, quanto reconhecendo a necessidade de confirmar seu amigo e agora irmão na fé, resolve seguir, dentro de sua metodologia muito especial, o exemplo de outros que narraram as verdades referentes a Jesus.
Tópicos:
1. Há nos registros de Lucas indicações fidedignas do conteúdo do evangelho: por meio delas é possível crer e ter confirmada a fé;
2. Tais registros, as Escrituras, são referência permanente para os que, através dos séculos, creem: caso sejam desprezadas, estará comprometida a identidade da igreja;
3. A influência da igreja no mundo, o principal, sua imitação de Cristo, somente serão definidas pelo exercício da fé baseada no seguimento das Escrituras.
Textos:
Para o Tópico 1: a) efeito da primeira pregação do evangelho, falando direto ao coração: At 2,27-28; b) a exclusividade da salvação em Jesus, defendida contra qualquer reação: At 4,11-14; c) a capacidade necessária à igreja para encher a cidade com a doutrina e bênção do evangelho: At 5,28.
Para o Tópico 2: a) Paulo utiliza a Bíblia de seu tempo para convencer a respeito da fé: At 17,2-4; b) não há salvação à parte da palavra de Deus, como registrada nas Escrituras: At 8,30-35; c) a ação de Deus na história da salvação, entre os homens, é confirmada pelas Escrituras: At 2,15-21.
Para o Tópico 3: a imitação de Jesus é seguir sua identificação com todos e todas: Lc 7,44-47; b) a revelação de Jesus, imperceptível aos olhos, confirma-se no testemunho da verdadeira fé: Lc 19,7-10; por meio de Jesus, os olhos de qualquer um são abertos, pelo testemunho das Estruturas: Lc 24,44-49.
Conclusão
É necessário redescobrir o prazer pela leitura das Escrituras. Além do fato de ser vital à igreja, ao testemunho e ao crescimento daquele que crê, por meio dela será resgatada a dimensão profética da igreja, no anúncio do próprio evangelho, assim como no enfrentamento e denúncia do que, no mundo, está fora do padrão de Deus.
sexta-feira, 8 de setembro de 2017
Por falar em amor 2
Pecado e amor
Pecado é o não-amor. Pecado é não amar. Não quer dizer que, quem ama, não peca. Aliás, o que é pecado? Palavrinha atormentadora.
Não existe pecado do lado de baixo do Equador. Abaixo dessa latitude, já se gaba o poeta, não há tormenta. Ora, chame do que quiser: maldade, entropia, desajuste, não evolução.
A definição bíblica é dramática mesmo. Nesse caso, de novo, ela não é pessimista, porém realista. Caso a opção seja amar, esse é o antídoto para o pecado.
Quando ele se manifestar, se houver amor, será por pura impotência. Ninguém está isento dele. E logo virá o (pedido de) perdão: não há amor sem perdão, não há perdão sem amor.
Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem. Não existe amor sem o bem, não existe o bem sem amor. Pecado sempre é contra quem dele é portador, contra quem está próximo (e sempre há quem) e contra Deus: não, necessariamente, nessa ordem.
Mas é tríade sempre presente na condição humana: contra si mesmo, contra o outro e contra Deus. Por isso e para isso, conta o Livro, Deus se fez homem: por amor, por amar homens e mulheres. Fez-se por amor, para amar e para tornar possível o amor em nós. O amor é antídoto contra o pecado.
Pecado é o não-amor. Pecado é não amar. Não quer dizer que, quem ama, não peca. Aliás, o que é pecado? Palavrinha atormentadora.
Não existe pecado do lado de baixo do Equador. Abaixo dessa latitude, já se gaba o poeta, não há tormenta. Ora, chame do que quiser: maldade, entropia, desajuste, não evolução.
A definição bíblica é dramática mesmo. Nesse caso, de novo, ela não é pessimista, porém realista. Caso a opção seja amar, esse é o antídoto para o pecado.
Quando ele se manifestar, se houver amor, será por pura impotência. Ninguém está isento dele. E logo virá o (pedido de) perdão: não há amor sem perdão, não há perdão sem amor.
Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem. Não existe amor sem o bem, não existe o bem sem amor. Pecado sempre é contra quem dele é portador, contra quem está próximo (e sempre há quem) e contra Deus: não, necessariamente, nessa ordem.
Mas é tríade sempre presente na condição humana: contra si mesmo, contra o outro e contra Deus. Por isso e para isso, conta o Livro, Deus se fez homem: por amor, por amar homens e mulheres. Fez-se por amor, para amar e para tornar possível o amor em nós. O amor é antídoto contra o pecado.
quarta-feira, 6 de setembro de 2017
Por falar em amor 1
Amor
É uma coisa de que se tem de falar. Mesmo que não saia o que valha a pena dizer ou ouvir. Porque é no exercício, como se diz, nessa dialética de refletir, dizer e tentar atinar, que reside essa possibilidade. Mas amor, definitivamente, é dado aos homens (e mulheres).
E, essencialmente, pelo menos, há um consenso: é coisa de se praticar. Falar que ama sem uma prática convincente, no mínimo, soa falso.
Uma vez dado aos homens (e mulheres) para compreensão e prática, uma primeira questão: há amores, ou seja, diferentes tipos e espécies, ou será único, havendo somente um e único tipo: amor e pronto, tudo ou nada?
Partimos do dado bíblico, supondo aqui, como axioma, que esteja correto: Deus é amor. Então, é único. Só existe um tipo e é atributo divino. O que não resolve nada, porque, contadas as opiniões a respeito de Deus, tantas serão, em sua diversidade, as definições de amor.
Para logo se dizer: sim, se é assim, ateus não amam? Óbvio que a possibilidade do amor é para todos, incluídos ateus, os com ou sem religião, não interessa que religião. A plausibilidade do amor é para todos e todas, para qualquer um.
Ora, mais por que não ser, em termos de amor, democrático? Para e por que ser absoluto? Ora, mais uma vez, amor é, a um só tempo, radical e absoluto. Como exemplo, vou usar o bíblico, não é por nada não, mas porque o Livro baseia-se, exclusivamente, no amor.
E amor de Deus. Afirma que Deus é amor. E que ele radicalizou geral: para amar o homem (e as mulheres), fez-Se a si mesmo homem. De outra forma, seria impossível que amasse.
E é o mesmo Livro que também afirma: o perfeito amor lança fora o medo. Ora, quem tem medo, não ama. Deus amou todos (e todas, como está na moda dizer). Radicalizou.
Para amar, não pode existir medo. Quem tem medo, não ama todos e qualquer um. E quem não ama, indistinta e indiscriminadamente qualquer um (ou qualquer uma), verdadeiramente não ama. A coisa é radical.
É uma coisa de que se tem de falar. Mesmo que não saia o que valha a pena dizer ou ouvir. Porque é no exercício, como se diz, nessa dialética de refletir, dizer e tentar atinar, que reside essa possibilidade. Mas amor, definitivamente, é dado aos homens (e mulheres).
E, essencialmente, pelo menos, há um consenso: é coisa de se praticar. Falar que ama sem uma prática convincente, no mínimo, soa falso.
Uma vez dado aos homens (e mulheres) para compreensão e prática, uma primeira questão: há amores, ou seja, diferentes tipos e espécies, ou será único, havendo somente um e único tipo: amor e pronto, tudo ou nada?
Partimos do dado bíblico, supondo aqui, como axioma, que esteja correto: Deus é amor. Então, é único. Só existe um tipo e é atributo divino. O que não resolve nada, porque, contadas as opiniões a respeito de Deus, tantas serão, em sua diversidade, as definições de amor.
Para logo se dizer: sim, se é assim, ateus não amam? Óbvio que a possibilidade do amor é para todos, incluídos ateus, os com ou sem religião, não interessa que religião. A plausibilidade do amor é para todos e todas, para qualquer um.
Ora, mais por que não ser, em termos de amor, democrático? Para e por que ser absoluto? Ora, mais uma vez, amor é, a um só tempo, radical e absoluto. Como exemplo, vou usar o bíblico, não é por nada não, mas porque o Livro baseia-se, exclusivamente, no amor.
E amor de Deus. Afirma que Deus é amor. E que ele radicalizou geral: para amar o homem (e as mulheres), fez-Se a si mesmo homem. De outra forma, seria impossível que amasse.
E é o mesmo Livro que também afirma: o perfeito amor lança fora o medo. Ora, quem tem medo, não ama. Deus amou todos (e todas, como está na moda dizer). Radicalizou.
Para amar, não pode existir medo. Quem tem medo, não ama todos e qualquer um. E quem não ama, indistinta e indiscriminadamente qualquer um (ou qualquer uma), verdadeiramente não ama. A coisa é radical.
terça-feira, 5 de setembro de 2017
Reflexões sobre Jeremias 5
Foco
Todo profeta tem um foco. Mesmo em meio à diversidade de textos, representada na estrutura costumeira de seus livros, em menor ou maior escala, é possível depreender um foco.
Nesse sentido, o profeta, com um olhar específico para a época, prisioneiro do contexto específico, opera uma interpretação sobre si mesmo, sobre a realidade em redor e sobre Deus.
Jeremias é o profeta onde essa complexidade mais se reflete. A começar pelo fato de seer aquele sobre quem, em meio aos textos de seu livro, há uma visão biográfica sobre sua personalidade e circunstâncias de sua ação.
Além dos oráculos específicos a ele atribuídos, a ipsissima verba, confissões, que são orações pessoais, refletindo perplexidade, há um terceiro tipo de material, que são os sermões atribuídos a redatores deuteronimistas, baseados em material original anteriormente recolhido.
Foco. Não se trabalha sem uma visão de vocação, de chamado específico e individual de Deus para si mesmo. A vocação de Deus é o ser humano. E quem vivencia isso, interpreta Deus para o outro, em seu próprio contexto, tempo e época.
Foque o foco em Jeremias. Como qualquer outro, quando se trata de vocação verdadeira, assustou-se e tentou fugir ao chamado de Deus.
Em meio ao caos que se esperava, dispersão pela mesma rota seguida pelos israelitas do Norte, um êxodo ao inverso, o profeta julgou a si mesmo ludibriado por Deus, quando incapaz de contribuir, de alguma forma, para evitar a calamidade que era esperada.
E sozinho contra tudo e todos: de linhagem sacerdotal, rejeitado por seus iguais de Anatote, deslocado como profeta, os de mesma classe desautorizavam sua palavra e versão dos fatos.
Quanto aos demais, príncipes, juízes, anciãos que fossem, colocou-se contra todos eles. Foco. Contra tudo e contra todos. Jeremias mais parecia uma ave de mau agouro.
segunda-feira, 4 de setembro de 2017
Reflexões sobre Jeremias 4
Jeremias e suas dimensões
Diante da dimensão do caos que Jeremias anuncia, tornava-se difícil assumir, assim como proceder segundo o profeta sugeria: submeter-se ao poder opressor, sem nenhuma reação.
A situação seria um êxodo ao inverso. Como dizer que a história se repetiria, mas como inversão de si mesma: retorno ao cativeiro, perda da terra, do templo e do trono. Enfim, perda da identidade.
Os judaítas já haviam assistido ao revés dos efraimitas do norte, as dez tribos dispersas e perdidas no cativeiro assírio, cerca de 120 anos atrás. Sabiam do que se tratava ser invadidos por uma potência militar estrangeira.
O rei herói, Josias, havia sido morto exatamente tentando impedir que as potências do norte revigorassem seu poder. Jogo de peças do xadrez geopolítico já haviam demonstrado o poder dos babilônios: derrotaram a coligação egípcio-assíria.
Nessa ocasião, foi posto Jeoacaz no trono, retirado à força, três meses depois, pelo próprio Faraó, que põe no trono Jeoaquim, filho de Josias, a quem acabara de matar.
11 anos depois, havendo Jeoaquim, contra a palavra de Jeremias, ameaçado rebelar-se, porém morrendo antes que pudesse fazê-lo, vem Nabucodonosor retirar, após outros três meses, Joaquim, para pôr no trono Ezequias, outro filho de Josias.
Este será o último rei a ocupar o trono em Jerusalém. Definitivamente, a promessa feita a Davi de uma dinastia eterna não dizia respeito a um rei político permanentemente assentado no trono. O sentido era outro.
Que sentido, para o povo, voltar ao cativeiro? Que missão, no plano de Deus, esse povo escolhido haveria, agora, de cumprir? Que levava consigo como marca a espalhar entre as nações?
O tamanho dessa perplexidade cabe na dimensão do ministério de Jeremias.
Diante da dimensão do caos que Jeremias anuncia, tornava-se difícil assumir, assim como proceder segundo o profeta sugeria: submeter-se ao poder opressor, sem nenhuma reação.
A situação seria um êxodo ao inverso. Como dizer que a história se repetiria, mas como inversão de si mesma: retorno ao cativeiro, perda da terra, do templo e do trono. Enfim, perda da identidade.
Os judaítas já haviam assistido ao revés dos efraimitas do norte, as dez tribos dispersas e perdidas no cativeiro assírio, cerca de 120 anos atrás. Sabiam do que se tratava ser invadidos por uma potência militar estrangeira.
O rei herói, Josias, havia sido morto exatamente tentando impedir que as potências do norte revigorassem seu poder. Jogo de peças do xadrez geopolítico já haviam demonstrado o poder dos babilônios: derrotaram a coligação egípcio-assíria.
Nessa ocasião, foi posto Jeoacaz no trono, retirado à força, três meses depois, pelo próprio Faraó, que põe no trono Jeoaquim, filho de Josias, a quem acabara de matar.
11 anos depois, havendo Jeoaquim, contra a palavra de Jeremias, ameaçado rebelar-se, porém morrendo antes que pudesse fazê-lo, vem Nabucodonosor retirar, após outros três meses, Joaquim, para pôr no trono Ezequias, outro filho de Josias.
Este será o último rei a ocupar o trono em Jerusalém. Definitivamente, a promessa feita a Davi de uma dinastia eterna não dizia respeito a um rei político permanentemente assentado no trono. O sentido era outro.
Que sentido, para o povo, voltar ao cativeiro? Que missão, no plano de Deus, esse povo escolhido haveria, agora, de cumprir? Que levava consigo como marca a espalhar entre as nações?
O tamanho dessa perplexidade cabe na dimensão do ministério de Jeremias.
Mal traçadas linhas 51
Em nome de Jesus
Frase fácil. Dizer. Deus intencionou fazer-se homem. Não como fim em Si mesmo. Fez-se homem para ensinar ao homem ser homem.
E para convidar à comunhão com Deus. Não há como ser sem reconciliação com Deus. O máximo para Deus foi quando, um dia, fazer-se homem.
E o máximo, para o homem, não é fazer-se deus. Mas sim ser, em nome de Jesus. Não como autoridade chula. Não somente dizer por dizer. Mas ser.
Em nome de Jesus, anunciar Jesus. Entre os homens, imitar Jesus. Enfim, ser igreja, que significa ser comunhão de Jesus, em Jesus. Não precisa nem dizer "em nome de Jesus".
Basta ser em nome de Jesus. Ninguém acende uma lâmpada, para pô-la debaixo de uma mesa. Não dá para esconder uma cidade situada sobre o monte.
Não dá para esconder a igreja. A não ser que ela se despersonalize. A não ser que se confunda, perca-se, camuflada, escondida, metamorfozeada, sal insoso, pisada pelos homens, camaleonicamente misturada ao mundo.
Ela está, mas não é mundo. Mundana. Seduzida pelo que, entre os homens, Deus condena. Definitivamente, não é para que a igreja experimente o que, no homem, Deus rejeita.
Deus se fez homem. Habitou em tendas, peregrinando entre nós. O próprio filho do homem não tem onde reclinar a cabeça. Identificou-se com os marginais, homens e mulheres os mais rejeitados.
Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. Não vim buscar justos, mas pecadores ao arrependimento. O filho do homem veio buscar e salvar o que se há perdido.
Em nome de Jesus. Quem encontra, melhor, aqueles a quem Jesus encontra são em nome de Jesus. Sem retoques. Sem forçação de barra. Apenas são. Em nome de Jesus. Igreja.
Frase fácil. Dizer. Deus intencionou fazer-se homem. Não como fim em Si mesmo. Fez-se homem para ensinar ao homem ser homem.
E para convidar à comunhão com Deus. Não há como ser sem reconciliação com Deus. O máximo para Deus foi quando, um dia, fazer-se homem.
E o máximo, para o homem, não é fazer-se deus. Mas sim ser, em nome de Jesus. Não como autoridade chula. Não somente dizer por dizer. Mas ser.
Em nome de Jesus, anunciar Jesus. Entre os homens, imitar Jesus. Enfim, ser igreja, que significa ser comunhão de Jesus, em Jesus. Não precisa nem dizer "em nome de Jesus".
Basta ser em nome de Jesus. Ninguém acende uma lâmpada, para pô-la debaixo de uma mesa. Não dá para esconder uma cidade situada sobre o monte.
Não dá para esconder a igreja. A não ser que ela se despersonalize. A não ser que se confunda, perca-se, camuflada, escondida, metamorfozeada, sal insoso, pisada pelos homens, camaleonicamente misturada ao mundo.
Ela está, mas não é mundo. Mundana. Seduzida pelo que, entre os homens, Deus condena. Definitivamente, não é para que a igreja experimente o que, no homem, Deus rejeita.
Deus se fez homem. Habitou em tendas, peregrinando entre nós. O próprio filho do homem não tem onde reclinar a cabeça. Identificou-se com os marginais, homens e mulheres os mais rejeitados.
Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. Não vim buscar justos, mas pecadores ao arrependimento. O filho do homem veio buscar e salvar o que se há perdido.
Em nome de Jesus. Quem encontra, melhor, aqueles a quem Jesus encontra são em nome de Jesus. Sem retoques. Sem forçação de barra. Apenas são. Em nome de Jesus. Igreja.
quarta-feira, 30 de agosto de 2017
Reflexões sobre Jeremias 3
Prostituta
Vai, prostituta. Jeremias aponta Judá como irmã prostituta de Efraim. A tribo do Sul seguindo a mesma trilha de infidelidade da tribo do Norte. "Carta de divórcio" a Efraim, em Oséias; "carta de divórcio" a Judá, em Jeremias.
Ele mencioma, em sua pregação, que a irmã prostituta do Norte foi despedida e dispersa na Assíria por causa de sua traição. A irmã do Sul assistiu a tudo. Mas de nada adiantou. Será despedida e dispersa na Babilônia. Idêntica geografia.
Também seguiu após outros deuses. Era pedir demais que assim não fosse? Então o profeta cita as experiências fundantes do Êxodo. De novo, menciona Oseias e o falar de Deus ao coração.
Deus fala ao coração. Saídos do Egito, perambularam pelo deserto, outra ironia que se, em Números, reflete ser tempo de rebeldia, Oseias denomina tempo de namoro.
Jeremias anota que, internacionalmente, pelo que ele conhece entre as nações, os povos tinham mais reverência e respeito por seus deuses e ídolos do que Israel por seu Deus vivo. Prostituta.
Daí a simpatia (e empatia) de Jesus por elas. Prostitutas tipificam a condição humana. Não joguem pedra na Geni.
Muito provavelmente estamos diante de textos autênticos do poeta profeta. Tão veemente acusação não seria qualquer um que asumiria. Bendita coragem tradição corajosa, muito provavelmente do copista Baruque em escrever e retocar o rolo dessas profecias.
Aliás, durante todo o período desse ministério, ambos correram risco constante de morte. O rei perseguia o profeta. Em Anatote, sua vila de origem, pertinho da capital Jerusalém, desterrado: seus conterrâneos não o queriam por lá.
Vai-te, ó profeta. Agora e aqui ele se identifica com Amós, cerca de 150 anos antes dele. A irmã prostituta do Sul viu a traição da irmã prostituta do Norte. Ao invés de escandalizar-se e não agir igual, imitou-a.
Deus desposou a irmã do Norte, que Oséias indica como aquela que o Altíssimo atrai para Si com "cordas de amor" para, uma vez traído, tentar de novo com a irmã do Sul. Jeremias denuncia mais esta traição.
Então, aqui Deus se identifica com os polígamos. Só que, no caso, foi traído duas vezes.
Será que podemos dizer que Israel é a irmã do Norte, prostituta dispersa entre as nações, arrastando consigo a vergonha de sua nudez?
E que a igreja seria a segunda irmã, a noiva de Cristo, também chamada a experimentar com Deus a relação que Israel ainda não experimentou. Mas Deus nos livre, a igreja não é prostituta. Sim e não. Santa e pecadora.
Vai, prostituta. Jeremias aponta Judá como irmã prostituta de Efraim. A tribo do Sul seguindo a mesma trilha de infidelidade da tribo do Norte. "Carta de divórcio" a Efraim, em Oséias; "carta de divórcio" a Judá, em Jeremias.
Ele mencioma, em sua pregação, que a irmã prostituta do Norte foi despedida e dispersa na Assíria por causa de sua traição. A irmã do Sul assistiu a tudo. Mas de nada adiantou. Será despedida e dispersa na Babilônia. Idêntica geografia.
Também seguiu após outros deuses. Era pedir demais que assim não fosse? Então o profeta cita as experiências fundantes do Êxodo. De novo, menciona Oseias e o falar de Deus ao coração.
Deus fala ao coração. Saídos do Egito, perambularam pelo deserto, outra ironia que se, em Números, reflete ser tempo de rebeldia, Oseias denomina tempo de namoro.
Jeremias anota que, internacionalmente, pelo que ele conhece entre as nações, os povos tinham mais reverência e respeito por seus deuses e ídolos do que Israel por seu Deus vivo. Prostituta.
Daí a simpatia (e empatia) de Jesus por elas. Prostitutas tipificam a condição humana. Não joguem pedra na Geni.
Muito provavelmente estamos diante de textos autênticos do poeta profeta. Tão veemente acusação não seria qualquer um que asumiria. Bendita coragem tradição corajosa, muito provavelmente do copista Baruque em escrever e retocar o rolo dessas profecias.
Aliás, durante todo o período desse ministério, ambos correram risco constante de morte. O rei perseguia o profeta. Em Anatote, sua vila de origem, pertinho da capital Jerusalém, desterrado: seus conterrâneos não o queriam por lá.
Vai-te, ó profeta. Agora e aqui ele se identifica com Amós, cerca de 150 anos antes dele. A irmã prostituta do Sul viu a traição da irmã prostituta do Norte. Ao invés de escandalizar-se e não agir igual, imitou-a.
Deus desposou a irmã do Norte, que Oséias indica como aquela que o Altíssimo atrai para Si com "cordas de amor" para, uma vez traído, tentar de novo com a irmã do Sul. Jeremias denuncia mais esta traição.
Então, aqui Deus se identifica com os polígamos. Só que, no caso, foi traído duas vezes.
Será que podemos dizer que Israel é a irmã do Norte, prostituta dispersa entre as nações, arrastando consigo a vergonha de sua nudez?
E que a igreja seria a segunda irmã, a noiva de Cristo, também chamada a experimentar com Deus a relação que Israel ainda não experimentou. Mas Deus nos livre, a igreja não é prostituta. Sim e não. Santa e pecadora.
Reflexões sobre Jeremias 2
O homem, sua época e o texto: ecos de Jeremias hoje.
Jeremias e Deus. Ou seria Jeremias X Deus. Jeremias e aquele que se revela e se vela a Si mesmo. Velado, escondido, o drama de Deus, revelar-se ou esconder-se.
O drama de Deus: até que ponto identiicar-se com Seu povo, até que ponto revelar-se ao homem, até que ponto ser traído pelo homem, por Seu próprio povo.
Jeremias é intérprete dessa traição. Muito provavelmente debruçou-se sobre Oséias, o marido traído, a fim de entender o modo como e por que Deus se sentiu traído. Entender no que e o modo como Deus se sente traído.
Jeremias é o homem que se senta à mesa de um bar para compartilhar com Deus o sentido de uma traição. Jeremias se identifica com Jesus em Sua boemia e, como mais um entre os modelos típicos do Antigo Testamento, interpreta Deus para o povo.
Se a revelação de Deus consiste e inclui, no próprio desfecho da história da salvação, a história de um risco, precipuamente de Deus se fazer homem, há uma suma ou súmula e uma necessidade: compreender no que consiste a traição.
O chamado de Jeremias consiste em não ser. Jeremias de autointitula na'ar, termo indefinido que significa, entre outras coisas, tenro, mancebo, criança. Deus rejeita Jeremias: solene, temor e tremor, afirma que não.
Não diga sou na'ar. Para começar com Deus é necessário ser, de início, não. Renunciar-se significa rejeitar-se a si mesmo. Começar sendo não com Deus. Começar com Deus sendo não.
Interessante que o pecado primordial foi ser não. No Genesis está escrito "é certo que morrerás". A serpente inverte dizendo "é certo que não morrerás". Por ironia, com Deus somente se começa não sendo, somente se começa por morte.
Jeremias é um homem que, em seu tempo e época, começa com Deus sendo não Jeremias. Para interpretar Deus para o povo, tem de se tornar confidente do Altíssimo, a fim de entender uma traição.
Jeremias e Deus. Ou seria Jeremias X Deus. Jeremias e aquele que se revela e se vela a Si mesmo. Velado, escondido, o drama de Deus, revelar-se ou esconder-se.
O drama de Deus: até que ponto identiicar-se com Seu povo, até que ponto revelar-se ao homem, até que ponto ser traído pelo homem, por Seu próprio povo.
Jeremias é intérprete dessa traição. Muito provavelmente debruçou-se sobre Oséias, o marido traído, a fim de entender o modo como e por que Deus se sentiu traído. Entender no que e o modo como Deus se sente traído.
Jeremias é o homem que se senta à mesa de um bar para compartilhar com Deus o sentido de uma traição. Jeremias se identifica com Jesus em Sua boemia e, como mais um entre os modelos típicos do Antigo Testamento, interpreta Deus para o povo.
Se a revelação de Deus consiste e inclui, no próprio desfecho da história da salvação, a história de um risco, precipuamente de Deus se fazer homem, há uma suma ou súmula e uma necessidade: compreender no que consiste a traição.
O chamado de Jeremias consiste em não ser. Jeremias de autointitula na'ar, termo indefinido que significa, entre outras coisas, tenro, mancebo, criança. Deus rejeita Jeremias: solene, temor e tremor, afirma que não.
Não diga sou na'ar. Para começar com Deus é necessário ser, de início, não. Renunciar-se significa rejeitar-se a si mesmo. Começar sendo não com Deus. Começar com Deus sendo não.
Interessante que o pecado primordial foi ser não. No Genesis está escrito "é certo que morrerás". A serpente inverte dizendo "é certo que não morrerás". Por ironia, com Deus somente se começa não sendo, somente se começa por morte.
Jeremias é um homem que, em seu tempo e época, começa com Deus sendo não Jeremias. Para interpretar Deus para o povo, tem de se tornar confidente do Altíssimo, a fim de entender uma traição.
terça-feira, 29 de agosto de 2017
Reflexões sobre Jeremias 1
Jeremias: o homem, seu tempo e o texto.
Três vertentes para que seja definida uma visão de Deus. Na possibilidade em que se confirmem textos de incontestável autoria do profeta, qual a impressão de Deus que transparece?
Todo o conjunto do livro a ele atribuído reserva pelo menos outros dois tipos de textos: biográficos, representado pela pessoa de seu escriba Baruque.
Assim como sermões, muitas vezes baseados em oráculos considerados autêntica fala do profeta, que têm como referência a escola deuteronomista de redatores.
E a época, reconhecida como emblemática. O caos total da perda da terra, a queda da monarquia e a destruição da cidade, incluído o Templo, configurava-se como um "êxodo ao inverso": retorno ao exílio e cativeiro.
Jeremias confirmava esse caos e, por isso, era considerado colaboracionista com os imperialistas babilônicos. Daí sua rejeição total. Os próprios conterrâneos de Anatote não o queriam ali refugiado.
Até um dos reis do período, em pessoa, desejava matá-lo. Somente contava com a simpatia de egressos do antigo "povo da terra", partido político-econômico que havia garantido a posse de Josias no trono, rei modelo de justiça na tradição do livro.
A época, o texto e o homem profeta que emerge desse contexto, nessa ótica que se pretende contextualizar a visão de Deus. E que função teria, hoje, esse conjunto de textos, tais circunstâncias históricas e como, ainda, configura-se um modelo de relação com Deus.
Esse exercício hermenêutico pressupõe uma chance de se contextualizar a mensagem de Jeremias para os dias atuais. Deus e o homem de hoje, no contexto dos dias atuais e que relação com o texto tradicionado se torna compatível com esta época.
Três vertentes para que seja definida uma visão de Deus. Na possibilidade em que se confirmem textos de incontestável autoria do profeta, qual a impressão de Deus que transparece?
Todo o conjunto do livro a ele atribuído reserva pelo menos outros dois tipos de textos: biográficos, representado pela pessoa de seu escriba Baruque.
Assim como sermões, muitas vezes baseados em oráculos considerados autêntica fala do profeta, que têm como referência a escola deuteronomista de redatores.
E a época, reconhecida como emblemática. O caos total da perda da terra, a queda da monarquia e a destruição da cidade, incluído o Templo, configurava-se como um "êxodo ao inverso": retorno ao exílio e cativeiro.
Jeremias confirmava esse caos e, por isso, era considerado colaboracionista com os imperialistas babilônicos. Daí sua rejeição total. Os próprios conterrâneos de Anatote não o queriam ali refugiado.
Até um dos reis do período, em pessoa, desejava matá-lo. Somente contava com a simpatia de egressos do antigo "povo da terra", partido político-econômico que havia garantido a posse de Josias no trono, rei modelo de justiça na tradição do livro.
A época, o texto e o homem profeta que emerge desse contexto, nessa ótica que se pretende contextualizar a visão de Deus. E que função teria, hoje, esse conjunto de textos, tais circunstâncias históricas e como, ainda, configura-se um modelo de relação com Deus.
Esse exercício hermenêutico pressupõe uma chance de se contextualizar a mensagem de Jeremias para os dias atuais. Deus e o homem de hoje, no contexto dos dias atuais e que relação com o texto tradicionado se torna compatível com esta época.
terça-feira, 15 de agosto de 2017
Artigos soltos 26
Novo
A promessa do evangelho é de renovação. Aliás, este termo ficou desgastado. Como, assim, novo? Tudo envelhece. O tempo é implacável. Algo sempre novo não existe.
Vai ver que se trata de um "falso novo". Salomão, rei sábio da Bíblia, ele mesmo confirmou, certa vez: "nada de novo debaixo do sol". Aparenta ser novo, é aceito como novo mas, na verdade, não apresenta nenhuma novidade.
Como o rock, por exemplo. Nada contra. Mas já está na estrada há quase um século. Onde, a novidade? A junção dos três, por exemplo, sexo-drogas-rock'n'roll está na rua desde os tempos dos (bis)avós.
Então, deve ser o velho com roupa de novo. Mas então, continua a ser falso novo. Ou é totalmente novo ou trata-se do falso. Jesus mesmo falou que uma das características do novo é implodir o velho.
Advertiu: não ponham vinho novo em odres velhos. Não ponham remendo de tecido novo em roupa velha. Em que sentido, então, o evangelho renova?
Novo por imitação. Aí, parece aquela experiência ridícula do sujeito que não sabe envelhecer. Tenta empatar o tempo. Veste-se, fala-se e pinta-se como novo e vira-se um arremedo. Ridículo.
O novo é original. Não reveste o que se desgastou, para apresentar disfarçado de novo. E outra coisa, o novo é selfmade: autorrenovável, faz-se a si mesmo e, por isso mesmo, impõe-se.
Na verdade, há coisas antigas que, por virtude intrínseca, se mantém, enquanto que outras, de novas, só a fama: têm prazo (curto) de validade.
O evangelho, em si mesmo, traz nova ótica, a qual permite filtrar o que, mesmo antigo, conserva seu valor, daquilo que, exibido como novo, vale menos, pouco ou nada.
De si mesmo renovador e ainda dado, em sua mentalidade, como um filtro de qualidade, o evangelho entra renovando a vida daquele que o incorpora, de quem o aceita, acolhe, abraça e divulga.
Pela ótica e método do evangelho, brota espontâneo um controle de qualidade para despir-se do velho, que se desfaz, e incorporar o novo que, permanentemente, se refaz.
A promessa do evangelho é de renovação. Aliás, este termo ficou desgastado. Como, assim, novo? Tudo envelhece. O tempo é implacável. Algo sempre novo não existe.
Vai ver que se trata de um "falso novo". Salomão, rei sábio da Bíblia, ele mesmo confirmou, certa vez: "nada de novo debaixo do sol". Aparenta ser novo, é aceito como novo mas, na verdade, não apresenta nenhuma novidade.
Como o rock, por exemplo. Nada contra. Mas já está na estrada há quase um século. Onde, a novidade? A junção dos três, por exemplo, sexo-drogas-rock'n'roll está na rua desde os tempos dos (bis)avós.
Então, deve ser o velho com roupa de novo. Mas então, continua a ser falso novo. Ou é totalmente novo ou trata-se do falso. Jesus mesmo falou que uma das características do novo é implodir o velho.
Advertiu: não ponham vinho novo em odres velhos. Não ponham remendo de tecido novo em roupa velha. Em que sentido, então, o evangelho renova?
Novo por imitação. Aí, parece aquela experiência ridícula do sujeito que não sabe envelhecer. Tenta empatar o tempo. Veste-se, fala-se e pinta-se como novo e vira-se um arremedo. Ridículo.
O novo é original. Não reveste o que se desgastou, para apresentar disfarçado de novo. E outra coisa, o novo é selfmade: autorrenovável, faz-se a si mesmo e, por isso mesmo, impõe-se.
Na verdade, há coisas antigas que, por virtude intrínseca, se mantém, enquanto que outras, de novas, só a fama: têm prazo (curto) de validade.
O evangelho, em si mesmo, traz nova ótica, a qual permite filtrar o que, mesmo antigo, conserva seu valor, daquilo que, exibido como novo, vale menos, pouco ou nada.
De si mesmo renovador e ainda dado, em sua mentalidade, como um filtro de qualidade, o evangelho entra renovando a vida daquele que o incorpora, de quem o aceita, acolhe, abraça e divulga.
Pela ótica e método do evangelho, brota espontâneo um controle de qualidade para despir-se do velho, que se desfaz, e incorporar o novo que, permanentemente, se refaz.
segunda-feira, 14 de agosto de 2017
Sermão quase pregado V
A igreja é quem, no mundo, imita Cristo. Paulo Apóstolo afirma "sede meus imitadores como eu sou de Cristo". E, noutra carta, "sede imitadores de Deus, como filhos amados, andando em amor do mesmo modo que Cristo".
Definitivamente, a igreja, no mundo, vive Cristo. Aponta Cristo por si mesma, conduzindo outros à fé. Portanto, de que maneira pode a igreja compreender e levar a efeito sua imitação de Cristo, senão pelas Escrituras?
No crente o Espírito habita e opera, como esclareceu Jesus, conduzindo à verdade. Fazendo lembrar tudo o que Jesus fez e ensinou. Somente pelo suporte concedido pelo Espírito, a igreja será igreja.
Nas Escrituras consta o modelo de conduta e ministério da igreja. Em sua primeira obra, Lucas previne que vai expor a pessoa do Mestre. E sempre o indica dando prioridade às pessoas. O primeiro erro da igreja será não dar prioridade às pessoas.
Deus dá prioridade às pessoas. Maria pergunta, no início da história que Lucas conta, como se achará grávida, se não contraiu núpcias com homem algum. O anjo responde como a virtude de Deus, pelo Espírito, vai envolvê-la, a ponto do ente nela gerado ser, autêntica e verdadeiramente, o filho de Deus.
A vocação de Deus foi tornar-se homem. A prioridade de Deus é amar pessoas. Se há na missão da igreja uma prioridade é amar pessoas. A pergunta urgente é se a igreja tem, no mundo, vivido essa prioridade única.
Definitivamente, a igreja, no mundo, vive Cristo. Aponta Cristo por si mesma, conduzindo outros à fé. Portanto, de que maneira pode a igreja compreender e levar a efeito sua imitação de Cristo, senão pelas Escrituras?
No crente o Espírito habita e opera, como esclareceu Jesus, conduzindo à verdade. Fazendo lembrar tudo o que Jesus fez e ensinou. Somente pelo suporte concedido pelo Espírito, a igreja será igreja.
Nas Escrituras consta o modelo de conduta e ministério da igreja. Em sua primeira obra, Lucas previne que vai expor a pessoa do Mestre. E sempre o indica dando prioridade às pessoas. O primeiro erro da igreja será não dar prioridade às pessoas.
Deus dá prioridade às pessoas. Maria pergunta, no início da história que Lucas conta, como se achará grávida, se não contraiu núpcias com homem algum. O anjo responde como a virtude de Deus, pelo Espírito, vai envolvê-la, a ponto do ente nela gerado ser, autêntica e verdadeiramente, o filho de Deus.
A vocação de Deus foi tornar-se homem. A prioridade de Deus é amar pessoas. Se há na missão da igreja uma prioridade é amar pessoas. A pergunta urgente é se a igreja tem, no mundo, vivido essa prioridade única.
Sermão quase pregado IV
Atos dos Apóstolos, igreja em ação, plena do Espírito, seguindo e segundo instrução de Jesus: não arredar pé, "até que do alto revestida de poder".
Pentecoste ao inverso. Não confundir "poder" com poder. Presos os apóstolos, em função de sua autenticidade. Que obstáculos hoje a igreja enfrenta por insistir em manter sua identidade?
Para Paulo Apóstolo, quem quiser viver piedosamente ligado a Cristo Jesus, será perseguido. Em Atos, capítulos adiante, foram acusados de "encher Jerusalém", encher a cidade com a sua doutrina, deles, dos apóstolos, no caso, de Cristo.
Que pensamento hoje enche a ciadade? O que a igreja está anunciando? Do que ela enche a cidade? Que doutrina a igreja segue hoje, refletindo-a no dia a dia?
Em Atos era penoso pregar, viver e defender o evangelho. Alguém duvida da autenticidade desses registros? Há dúvida se, em suas páginas, o registro do evangelho corresponde ao teor único do verdadeiro evangelho?
Há dúvida se a igreja daqueles dias pregava-vivia-pregava o evangelho? Há dúvida se a igreja de hoje prega-vive-prega o evangelho?
Pentecoste ao inverso. Não confundir "poder" com poder. Presos os apóstolos, em função de sua autenticidade. Que obstáculos hoje a igreja enfrenta por insistir em manter sua identidade?
Para Paulo Apóstolo, quem quiser viver piedosamente ligado a Cristo Jesus, será perseguido. Em Atos, capítulos adiante, foram acusados de "encher Jerusalém", encher a cidade com a sua doutrina, deles, dos apóstolos, no caso, de Cristo.
Que pensamento hoje enche a ciadade? O que a igreja está anunciando? Do que ela enche a cidade? Que doutrina a igreja segue hoje, refletindo-a no dia a dia?
Em Atos era penoso pregar, viver e defender o evangelho. Alguém duvida da autenticidade desses registros? Há dúvida se, em suas páginas, o registro do evangelho corresponde ao teor único do verdadeiro evangelho?
Há dúvida se a igreja daqueles dias pregava-vivia-pregava o evangelho? Há dúvida se a igreja de hoje prega-vive-prega o evangelho?
Sermão quase pregado III
Em Atos deparamos o Pentecoste. Mais que milagre, foi anúncio de Cristo. E Pedro tomou das Escrituras. E, fazendo assim, começava a igreja, como o próprio Jesus havia instruído, a não arredar pé enquanto não fosse cheia do Espírito.
Chequem aqui os três tópicos: (1) anúncio do evangelho; (2) referencial das Escrituras; (3) presença da igreja no mundo.
Quer-se hoje o milagre. Até mesmo como fonte de mídia e renda. Nada do anúncio de Jesus. Pouco, talvez. Tímida a igreja, com certeza.
Que resultado foi desse primeiro anúncio do evangelho? Foi a primeira vez, após a ressurreição de Jesus, que atreveu-se a igreja a pregar. Eles perguntaram "que faremos, irmãos?".
Arrepender- se, crer, obter remissão do pecado e receber o Espírito como dom. Plenamente atingido o alvo do primeiro sermão assim pregado.
Comprovada (1) a autenticidade do evangelho, (2) usada a Escritura como referência e (3) checada como profícua a presença da igreja no mundo.
Chequem aqui os três tópicos: (1) anúncio do evangelho; (2) referencial das Escrituras; (3) presença da igreja no mundo.
Quer-se hoje o milagre. Até mesmo como fonte de mídia e renda. Nada do anúncio de Jesus. Pouco, talvez. Tímida a igreja, com certeza.
Que resultado foi desse primeiro anúncio do evangelho? Foi a primeira vez, após a ressurreição de Jesus, que atreveu-se a igreja a pregar. Eles perguntaram "que faremos, irmãos?".
Arrepender- se, crer, obter remissão do pecado e receber o Espírito como dom. Plenamente atingido o alvo do primeiro sermão assim pregado.
Comprovada (1) a autenticidade do evangelho, (2) usada a Escritura como referência e (3) checada como profícua a presença da igreja no mundo.
Sermão quase pregado II
Partindo de Atos dos Apóstolos, ora, por que o livro 2 de Lucas e não o primeiro? Porque já defrontamos, em Atos, o evangelho em exposição e defesa.
Portanto, desse modo mais próximos da realidade presente, faz-se a seguinte pergunta: como auferir se a igreja de hoje prega, mais que isso, vive a autenticidade do evangelho?
Ora, a resposta passa pelo uso das Escrituras, para que se saiba tanto da autenticidade do evangelho, quanto da identidade da própria igreja. Isso acaba por antecipar a questão do tipo de igreja que aparece no mundo.
Então, embolam-se os três possíveis tópicos do sermão quase pregado: (1) o evangelho conteúdo da "plena verdade em que somos instruídos"
(2) registra-se nas Escrituras que, ao mesmo tempo que apresentada como referência permanente, avalia até que ponto
(3) pregamos-vivemos-pregamos esse evangelho, sendo igreja no mundo.
Sermão quase pregado I
O que se preze, começa por uma Introdução. No caso deste, baseou-se, coincidentemente, na Introdução do Evangelho de Lucas.
A ideia é boa: destacar o procedimento ali indicado como aplicável a todos os demais livros e escritores da Bíblia.
Quanto ao método indicado, dizer que todos eles, como Lucas, foram meticulosos e criteriosos no que escreveram.
Quanto ao conteúdo, dizer que Lucas, com seu procedimento, entregava a Teófilo um referencial pronto para a fé em que ele foi instruído.
Ora, dizer que, pelo menos, na tentativa de datar o texto, lá se vão quase 2.000 anos desde que foi escrito é, no mínimo, emocionante tê-lo preservado, e mais, servir-se dele como referência.
Juntando o Evangelho de Lucas com seu livro histórico Atos dos Apóstolos, podemos instigar três coisas: (1) uma referência dada para, veja bem, de uma vez por todas, "ter plena certeza da verdade em que (Teófilo e nós) fomos instruídos".
(2) de uma vez por todas, fixa-se um referencial que, como os demais livros das Escrituras, cumprem seu papel, qual seja, obviamente, como Escritura, tornar-se referencial permanente.
(3) uma vez Lucas desejando confirmar, com "plena certeza", a Teófilo e, por extensão, a cada um de nós, "nas verdades em que fomos instruídos", que tipo de pessoa ter como resultado?
A proposta seria tríplice: refletir (1) que poder tem esse evangelho, assim registrado e, por isso, autêntico para, (2) por meio das Escrituras promover, na vida de Teófilo assim como na nossa, o (3) efeito que nos torna, no mundo, imitadores de Cristo.
Primeira etapa do sermão não pregado.
domingo, 6 de agosto de 2017
Artigos soltos 25
A adúltera
Publicamente exposta. O grupo arremeteu contra ela. Mas a ideia foi, certamente, de alguns: propositalmente confrontar Jesus com a cena para avaliar sua reação.
Tinham-na previamente definida: caso ele afirme que se cumpra a lei de Moisés, será contraditório falar em amor; caso ele, por amor, segundo prega, bloqueie o apedrejamento, vamos denunciá-lo por não cumprir a lei.
Não entendiam que não há, entre lei e amor, contradição: este é mais do que aquela, porém não a contradiz. Jesus escrevia na areia. Eles davam vazão ao tumulto, hipocritamente clamando por justiça.
Até que mencionaram pelo nome: o que fazer, Mestre? Jesus responde: para apedrejar, apanhem pedras os que não têm pecado. O efeito desse argumento bloqueou-lhes toda a ação.
Muito provavelmente Jesus deve ter voltado ao que, talvez até, displicentemente, fazia. Um a um foram-se, retirando-se. Sobrou a mulher agora exposta sozinha diante de Jesus.
É necessário sobrar sozinhos expostos diante de Jesus. Ele se dirigiu a ela, irônico. Muito provavelmente com ar de riso de amor nos olhos, embora traço de tristeza pela dureza da turba.
"Onde os teus acusadores?". Ela disse não sei. Nem eu te condeno. Jesus não condena, somente salva. Recomendou à mulher que fosse, mas optasse por uma nova vida.
Diante de Jesus sempre há opção por uma vida que se renova. Dali em diante aquela mulher entendeu isso.
Publicamente exposta. O grupo arremeteu contra ela. Mas a ideia foi, certamente, de alguns: propositalmente confrontar Jesus com a cena para avaliar sua reação.
Tinham-na previamente definida: caso ele afirme que se cumpra a lei de Moisés, será contraditório falar em amor; caso ele, por amor, segundo prega, bloqueie o apedrejamento, vamos denunciá-lo por não cumprir a lei.
Não entendiam que não há, entre lei e amor, contradição: este é mais do que aquela, porém não a contradiz. Jesus escrevia na areia. Eles davam vazão ao tumulto, hipocritamente clamando por justiça.
Até que mencionaram pelo nome: o que fazer, Mestre? Jesus responde: para apedrejar, apanhem pedras os que não têm pecado. O efeito desse argumento bloqueou-lhes toda a ação.
Muito provavelmente Jesus deve ter voltado ao que, talvez até, displicentemente, fazia. Um a um foram-se, retirando-se. Sobrou a mulher agora exposta sozinha diante de Jesus.
É necessário sobrar sozinhos expostos diante de Jesus. Ele se dirigiu a ela, irônico. Muito provavelmente com ar de riso de amor nos olhos, embora traço de tristeza pela dureza da turba.
"Onde os teus acusadores?". Ela disse não sei. Nem eu te condeno. Jesus não condena, somente salva. Recomendou à mulher que fosse, mas optasse por uma nova vida.
Diante de Jesus sempre há opção por uma vida que se renova. Dali em diante aquela mulher entendeu isso.
sábado, 5 de agosto de 2017
Artigos soltos 24
A mulher do bálsamo derramado.
Atrevidíssima. Não era seu espaço. Sua entrada aguçou a percepção do grupo. Muito provavelmente o fariseu anfitrião entrou em alerta.
Deve ter fixado olhar na direção dela e notou que procurava por alguém. Jesus. Quando os olhares se encontraram, o fariseu exergou a chance desejada, de expor o Mestre ao ridículo.
Foi gradual. A mulher ganha a direção do Mestre. Carregava um pote de bálsamo. Aproxima-se, ajoelha, toma nas mãos os pés de Jesus, lava-os no perfume, enxuga-os com seus cabelos, beija-os.
Também foi gradual, no ânimo doentio do fariseu, perceber a chance que queria para envolver Jesus com a mulher que ele sabia prostituta. Aliás, gritou em sua mente a dedução fruto de mesquinhez.
"Se fosse profeta, haveria de reconhecê-la prostituta". Jesus sabia. E estava com ela mais envolvido do que supunha o fariseu. Aliás, era amor: o nome do envolvimento com Jesus se chama amor.
O que quebrou o silêncio, de súbito, substituindo o ruído dos beijos, foi a voz estridente de Jesus. A pronúncia do nome Simão, relativo ao fariseu, quebrou sua sequência lógica doentia. Estremeceu.
"Simão, quem ama mais: quem tem perdão de dívida maior ou dívida menor?". Maior, respondeu o dono da casa e da festa. Por isso, Simão: essa mulher que você diminui, ama-me mais do que você, que julga dever menos.
Jesus enumerou, no fariseu, os sintomas: "Sem óleo para asseio do rosto e cabelos, sem ósculo fraternal, sem alívio para os pés de andarilho, calosos e empoeirados." Quanto à mulher, não cessa: unge, alivia, enxuga e beija os pés.
Quem mais ama, pergunta Jesus? Aquele a quem mais se perdoa, responde Simão. Por isso, responde Jesus. Na verdade, é igual a proporção do perdão. Também a proporção do amor. Porém, liberta estava a mulher. Prisioneiro de si mesmo era ainda o fariseu.
Atrevidíssima. Não era seu espaço. Sua entrada aguçou a percepção do grupo. Muito provavelmente o fariseu anfitrião entrou em alerta.
Deve ter fixado olhar na direção dela e notou que procurava por alguém. Jesus. Quando os olhares se encontraram, o fariseu exergou a chance desejada, de expor o Mestre ao ridículo.
Foi gradual. A mulher ganha a direção do Mestre. Carregava um pote de bálsamo. Aproxima-se, ajoelha, toma nas mãos os pés de Jesus, lava-os no perfume, enxuga-os com seus cabelos, beija-os.
Também foi gradual, no ânimo doentio do fariseu, perceber a chance que queria para envolver Jesus com a mulher que ele sabia prostituta. Aliás, gritou em sua mente a dedução fruto de mesquinhez.
"Se fosse profeta, haveria de reconhecê-la prostituta". Jesus sabia. E estava com ela mais envolvido do que supunha o fariseu. Aliás, era amor: o nome do envolvimento com Jesus se chama amor.
O que quebrou o silêncio, de súbito, substituindo o ruído dos beijos, foi a voz estridente de Jesus. A pronúncia do nome Simão, relativo ao fariseu, quebrou sua sequência lógica doentia. Estremeceu.
"Simão, quem ama mais: quem tem perdão de dívida maior ou dívida menor?". Maior, respondeu o dono da casa e da festa. Por isso, Simão: essa mulher que você diminui, ama-me mais do que você, que julga dever menos.
Jesus enumerou, no fariseu, os sintomas: "Sem óleo para asseio do rosto e cabelos, sem ósculo fraternal, sem alívio para os pés de andarilho, calosos e empoeirados." Quanto à mulher, não cessa: unge, alivia, enxuga e beija os pés.
Quem mais ama, pergunta Jesus? Aquele a quem mais se perdoa, responde Simão. Por isso, responde Jesus. Na verdade, é igual a proporção do perdão. Também a proporção do amor. Porém, liberta estava a mulher. Prisioneiro de si mesmo era ainda o fariseu.
sexta-feira, 4 de agosto de 2017
Artigos soltos 23
A samaritana
O que a mulher trazia, com o cântaro, à fonte, somente Jesus sabia. A sede era, nele, verdadeira e, na mulher, angustiante.
A pergunta intencional do Mestre teve endereço e circunstância precisa: "dá-me de beber." Soou estridente para ela. "Como!?".
Soou dúplice para ela. Como? Esse israelita ousa invadir meu dilema íntimo. Ao mesmo tempo indignada, ao mesmo tempo admirada.
Sou mulher. Nem só isso, por si, desprezível e muito menor. Também sou samaritana. E ainda acrescentaria: sem marido fixo.
A franqueza da mulher cativava Jesus. Provocou: há duas sedes, a sua e a minha. Se souberas, pedirias e eu te daria da água da vida.
Jesus sempre surpreende. Como!? De novo a mulher perguntou. Vá buscar seu marido. A verdade na mulher cativou Jesus.
Vejo que tu és profeta. E todas as dúvidas dela foram se dissipando. Franqueza, verdade no íntimo e sede são elementos constitutivos de adoração.
Mulher, chegou tua hora. Eu, eu que falo contigo. Os verdadeiros adoradores são encontrados pelo Pai. Importa que Deus seja adorado em espírito e em verdade.
De súbito, chegaram os apóstolos. Sutis, em seu tumulto. Achavam que Jesus não tinha que falar com aquele tipo de mulher. Mas, a essa altura, esquecido o cântaro à beira da fonte, ela encontrara seu manancial.
De dentro dos que creem, fluem rios de água viva. Isso Jesus falou com respeito ao Espírito que haveriam de receber todos os que nEle cressem.
Deixa-se à beira da fonte até o que, nesta vida, é essencial. Há sede maior: de vida plena. Alargamento de todas as angústias. Ela chegou diferente à vila: "vinde e vede o homem: será, porventura, o Messias?". Ela os provocava.
A mulher encontrou o Messias.
O que a mulher trazia, com o cântaro, à fonte, somente Jesus sabia. A sede era, nele, verdadeira e, na mulher, angustiante.
A pergunta intencional do Mestre teve endereço e circunstância precisa: "dá-me de beber." Soou estridente para ela. "Como!?".
Soou dúplice para ela. Como? Esse israelita ousa invadir meu dilema íntimo. Ao mesmo tempo indignada, ao mesmo tempo admirada.
Sou mulher. Nem só isso, por si, desprezível e muito menor. Também sou samaritana. E ainda acrescentaria: sem marido fixo.
A franqueza da mulher cativava Jesus. Provocou: há duas sedes, a sua e a minha. Se souberas, pedirias e eu te daria da água da vida.
Jesus sempre surpreende. Como!? De novo a mulher perguntou. Vá buscar seu marido. A verdade na mulher cativou Jesus.
Vejo que tu és profeta. E todas as dúvidas dela foram se dissipando. Franqueza, verdade no íntimo e sede são elementos constitutivos de adoração.
Mulher, chegou tua hora. Eu, eu que falo contigo. Os verdadeiros adoradores são encontrados pelo Pai. Importa que Deus seja adorado em espírito e em verdade.
De súbito, chegaram os apóstolos. Sutis, em seu tumulto. Achavam que Jesus não tinha que falar com aquele tipo de mulher. Mas, a essa altura, esquecido o cântaro à beira da fonte, ela encontrara seu manancial.
De dentro dos que creem, fluem rios de água viva. Isso Jesus falou com respeito ao Espírito que haveriam de receber todos os que nEle cressem.
Deixa-se à beira da fonte até o que, nesta vida, é essencial. Há sede maior: de vida plena. Alargamento de todas as angústias. Ela chegou diferente à vila: "vinde e vede o homem: será, porventura, o Messias?". Ela os provocava.
A mulher encontrou o Messias.
quinta-feira, 3 de agosto de 2017
Artigos soltos 22
Mulheres
Muito interessante a relação, em Lucas, de mulheres que atendiam Jesus: Maria Madalena, Joana e Suzana.
Imaginem Joana, esposa do procurador de Herodes. Consciência de serviço da parte de alguém de nível social elevado.
Ali está escrito que, além dos apóstolos, elas acompanhavam o grupo de cidade a cidade. Também consta que uma de suas tarefas era "servir com fazendas", ou seja, suprir o Mestre por meio de dinheiro.
Mais interessante é a menção de que muitas outras mulheres procediam do mesmo modo. Por essa ótica podemos enxergar outras situações de valorização da mulher nos outros evangelhos.
A conversa com a samaritana provocou estranheza nos apóstolos. Além de ser dentre os vizinhos rejeitados, considerados mestiços, falsos judeus, era mulher e, certamente, tinha mesmo aparência de uma esposa de cinco "maridos".
Ela própria não escondeu isso de Jesus. Outra que também se atreveu, foi a meretriz que invadiu a cena do banquete na casa do fariseu, para ungir com bálsamo, enxugar com os cabelos, acariciar e beijar os pés de Jesus.
Muito sensual, segundo a opinião do anfitrião. Jesus denunciou-lhe o preconceito e demonstrou que, mesmo pelo raciocínio torto do dono da casa, quanto mais pecado, mais razão para amar e ser amado por Jesus.
E a defesa feita, com relação àquela adúltera, humilhada publicamente. Inexistia qualquer senso de justiça: era tudo a pretexto de desmoralizar
Jesus. Mais sincero foi o amante, propositadamente deixado de lado, do que os fariseus, dela servindo-se dissimuladamente.
Por fim, o anúncio feito à Maria Madalena na ressurreição. O tom de voz com que a ela se dirigiu. Com que voz? As mulheres devem mesmo ouvir Jesus de um modo bem diferente daquele que os homens ouvem.
Com que seriedade mulheres verdadeiramente cristãs prestam atenção em ouvir Jesus. Como aquela outra Maria, em casa de Lázaro. Nada vai distraí-las de ouvir. Na opinião de Jesus, escolheram uma melhor parte que não lhes será tirada.
Muito interessante a relação, em Lucas, de mulheres que atendiam Jesus: Maria Madalena, Joana e Suzana.
Imaginem Joana, esposa do procurador de Herodes. Consciência de serviço da parte de alguém de nível social elevado.
Ali está escrito que, além dos apóstolos, elas acompanhavam o grupo de cidade a cidade. Também consta que uma de suas tarefas era "servir com fazendas", ou seja, suprir o Mestre por meio de dinheiro.
Mais interessante é a menção de que muitas outras mulheres procediam do mesmo modo. Por essa ótica podemos enxergar outras situações de valorização da mulher nos outros evangelhos.
A conversa com a samaritana provocou estranheza nos apóstolos. Além de ser dentre os vizinhos rejeitados, considerados mestiços, falsos judeus, era mulher e, certamente, tinha mesmo aparência de uma esposa de cinco "maridos".
Ela própria não escondeu isso de Jesus. Outra que também se atreveu, foi a meretriz que invadiu a cena do banquete na casa do fariseu, para ungir com bálsamo, enxugar com os cabelos, acariciar e beijar os pés de Jesus.
Muito sensual, segundo a opinião do anfitrião. Jesus denunciou-lhe o preconceito e demonstrou que, mesmo pelo raciocínio torto do dono da casa, quanto mais pecado, mais razão para amar e ser amado por Jesus.
E a defesa feita, com relação àquela adúltera, humilhada publicamente. Inexistia qualquer senso de justiça: era tudo a pretexto de desmoralizar
Jesus. Mais sincero foi o amante, propositadamente deixado de lado, do que os fariseus, dela servindo-se dissimuladamente.
Por fim, o anúncio feito à Maria Madalena na ressurreição. O tom de voz com que a ela se dirigiu. Com que voz? As mulheres devem mesmo ouvir Jesus de um modo bem diferente daquele que os homens ouvem.
Com que seriedade mulheres verdadeiramente cristãs prestam atenção em ouvir Jesus. Como aquela outra Maria, em casa de Lázaro. Nada vai distraí-las de ouvir. Na opinião de Jesus, escolheram uma melhor parte que não lhes será tirada.
quarta-feira, 2 de agosto de 2017
Artigos soltos 21
Galileia
Prioridade. Sem dúvida, Jesus tinha, estabelecidas para si, prioridades. "Uma comida tenho para comer. Minha comida consiste em fazer a vontade do Pai". Enfim.
Uma delas foi o plano de reunir colaboradores. Era, muito provavelmente, uma radiante manhã de sol no lago da Galileia, uma mar de tão grande.
Jesus perambulava por suas margens. Nunca sem um propósito bem definido. A urgência de sua missão requeria. Deu com os pescadores por ali. Era seu mister. Se queria encontrá-los, garantido que seria ali.
Marcos aponta-os como estando a recolher redes. Pelo menos quatro dentre eles pertenciam a dois grupos distintos: remediados financeiramente, Tiago e João, os filhos de Zebedeu, ao ouvir o chamado de Jesus, deixaram com os empregados suas redes.
Os irmãos André e Pedro recolheram suas próprias redes, certamente por não dispor de quem por eles fizesse: donos, apenas, de suas redes, provavelmente até usassem os barcos da empresa de pesca de Zebedeu.
Galileia dos gentios, apelido dado pelos judeus. Ambiente das prioridades de Jesus. Inverteu a prioridade dos pescadores a quem chamava: "vos farei pescadores de homens". Cumpriu o prometido.
Galileia dos gentios: "o povo que andava em trevas, viu grande luz; sobre os que habitavam na terra da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz". Jesus não escolhia ricos ou pobres. Ele escolhia ricos e pobres.
As prioridades de Jesus vão demonstrar que, em meio a todos, sem se esconder de ninguém, circunscreveu na Galileia seu ministério: "graças te dou, ó Pai, pois encondestes de sábios e cultos essas verdades".
A prioridade de Jesus é circunscrever seu ministério a menos favorecidos. Talvez porque os mais favorecidos têm com que se ocupar, não têm muito com que se preocupar e, por isso, dão-se por satisfeitos.
Ocupando-se somente consigo próprios, nunca serão pescadores de homens. Nunca inverterão suas prioridades. Nunca terão as prioridades de Jesus. Nunca terão as prioridades da igreja.
Prioridade. Sem dúvida, Jesus tinha, estabelecidas para si, prioridades. "Uma comida tenho para comer. Minha comida consiste em fazer a vontade do Pai". Enfim.
Uma delas foi o plano de reunir colaboradores. Era, muito provavelmente, uma radiante manhã de sol no lago da Galileia, uma mar de tão grande.
Jesus perambulava por suas margens. Nunca sem um propósito bem definido. A urgência de sua missão requeria. Deu com os pescadores por ali. Era seu mister. Se queria encontrá-los, garantido que seria ali.
Marcos aponta-os como estando a recolher redes. Pelo menos quatro dentre eles pertenciam a dois grupos distintos: remediados financeiramente, Tiago e João, os filhos de Zebedeu, ao ouvir o chamado de Jesus, deixaram com os empregados suas redes.
Os irmãos André e Pedro recolheram suas próprias redes, certamente por não dispor de quem por eles fizesse: donos, apenas, de suas redes, provavelmente até usassem os barcos da empresa de pesca de Zebedeu.
Galileia dos gentios, apelido dado pelos judeus. Ambiente das prioridades de Jesus. Inverteu a prioridade dos pescadores a quem chamava: "vos farei pescadores de homens". Cumpriu o prometido.
Galileia dos gentios: "o povo que andava em trevas, viu grande luz; sobre os que habitavam na terra da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz". Jesus não escolhia ricos ou pobres. Ele escolhia ricos e pobres.
As prioridades de Jesus vão demonstrar que, em meio a todos, sem se esconder de ninguém, circunscreveu na Galileia seu ministério: "graças te dou, ó Pai, pois encondestes de sábios e cultos essas verdades".
A prioridade de Jesus é circunscrever seu ministério a menos favorecidos. Talvez porque os mais favorecidos têm com que se ocupar, não têm muito com que se preocupar e, por isso, dão-se por satisfeitos.
Ocupando-se somente consigo próprios, nunca serão pescadores de homens. Nunca inverterão suas prioridades. Nunca terão as prioridades de Jesus. Nunca terão as prioridades da igreja.
domingo, 30 de julho de 2017
Mal traçadas linhas 50
Pacificadores
Ora, pacificadores. No grego, é literal: "fazedor da paz". Pacificador, como tradução, encaixa-se perfeitamente.
Coisa de raiz. Na Bíblia, começa pela paz com Deus. O Livro indica que somos inimigos de Deus, no entendimento. E em nossa vida manifestam-se, em nosso fazer, os resultados dessa condição.
Não dá para ser "fazedor da paz", no plano horizontal, se não houver como Deus, de cima para baixo, a pacificação. Portanto, paz começa na ação de Deus a nosso favor. Ele, por excelência, é o pacificador.
Paulo Apóstolo refere-se a Cristo, de modo tríplice, na Carta aos Efésios, dizendo ser Ele a paz, ter feito a paz e anunciar a paz. Jesus anuncia a paz como opção à humanidade.
Anseia tanto por ela que Lucas anota ter Jesus, diante de Jerusalém, na semana anterior a sua morte, ter chorado, assim expressando-se em relação à cidade: "ah, se por ti mesma conhecesses o que é devido à paz".
Jesus ansiava por paz. Comunhão com Deus e com os homens significa paz. Paulo Apóstolo afirma paz como decorrência de justiça: "justificados pela fé, temos paz com Deus". Tiago também, quando diz "ora, é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que são pacificadores".
Paz, fé, justiça e comunhão entrelaçam-se. Pacificador alcança sê-lo por fé. E satisfaz-se o fruto de justiça por paz, que enseja comunhão. Paz significa pagamento da dívida com Deus.
Jesus é a nossa paz, fez a paz e anuncia a paz: ah, se conhecesses, por ti mesmo, agora, o que é devido à paz."
Ora, pacificadores. No grego, é literal: "fazedor da paz". Pacificador, como tradução, encaixa-se perfeitamente.
Coisa de raiz. Na Bíblia, começa pela paz com Deus. O Livro indica que somos inimigos de Deus, no entendimento. E em nossa vida manifestam-se, em nosso fazer, os resultados dessa condição.
Não dá para ser "fazedor da paz", no plano horizontal, se não houver como Deus, de cima para baixo, a pacificação. Portanto, paz começa na ação de Deus a nosso favor. Ele, por excelência, é o pacificador.
Paulo Apóstolo refere-se a Cristo, de modo tríplice, na Carta aos Efésios, dizendo ser Ele a paz, ter feito a paz e anunciar a paz. Jesus anuncia a paz como opção à humanidade.
Anseia tanto por ela que Lucas anota ter Jesus, diante de Jerusalém, na semana anterior a sua morte, ter chorado, assim expressando-se em relação à cidade: "ah, se por ti mesma conhecesses o que é devido à paz".
Jesus ansiava por paz. Comunhão com Deus e com os homens significa paz. Paulo Apóstolo afirma paz como decorrência de justiça: "justificados pela fé, temos paz com Deus". Tiago também, quando diz "ora, é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que são pacificadores".
Paz, fé, justiça e comunhão entrelaçam-se. Pacificador alcança sê-lo por fé. E satisfaz-se o fruto de justiça por paz, que enseja comunhão. Paz significa pagamento da dívida com Deus.
Jesus é a nossa paz, fez a paz e anuncia a paz: ah, se conhecesses, por ti mesmo, agora, o que é devido à paz."
sexta-feira, 28 de julho de 2017
Mal traçadas linhas 49
Os limpos de coração verão a Deus.
Supondo-se ver Deus, só para limpos de coração. Porém, antes mesmo de discutir essa possibilidade, quem limpo de coração?
A própria Bíblia, num de seus Salmos, denuncia que Deus olhou do céu e não viu nem um justo sequer. Portanto, supondo seja possível ver Deus, não há esse.
Seria, então, um blefe? Sentido figurado, então. Em que sentido, pois? Ver, no sentido bíblico, não admite meios termos e é muito, incomparavelmente mais e maior do que o "ver" humano.
Há quem reclame de fé, admitida, nesse caso, como algo muito vago. Mas é garantido que extrapola o simples ver. Sentidos enganam. Imagem, muitas vezes, senão sempre, é distorcida.
Não há limpos de coração, no sentido absoluto. E os que Deus purifica e santifica também não se pode dizer deles que, definitivamente, o sejam.
Estamos, portanto, diante da seguinte situação: ver Deus não é blefe e também não se reduz a enxergar com olhos humanos. Para isso existe a fé.
Deus, em essência, mostra-se, revela-se e anseia pelo cara a cara. Como limpos de coração, para vê-Lo, Ele mesmo se encarrega de os purificar.
Faz com extrema e suficiente competência. Por isso deseja, em pura amizade de amor, vê-los, assim como deseja, expondo a Si mesmo, ser visto.
Como requereu Felipe, "mosta-nos o Pai, isso basta" e replicando-lhe, Jesus afirmou: "quem me vê a mim, vê o Pai". Limpos de coração, vede Deus.
Supondo-se ver Deus, só para limpos de coração. Porém, antes mesmo de discutir essa possibilidade, quem limpo de coração?
A própria Bíblia, num de seus Salmos, denuncia que Deus olhou do céu e não viu nem um justo sequer. Portanto, supondo seja possível ver Deus, não há esse.
Seria, então, um blefe? Sentido figurado, então. Em que sentido, pois? Ver, no sentido bíblico, não admite meios termos e é muito, incomparavelmente mais e maior do que o "ver" humano.
Há quem reclame de fé, admitida, nesse caso, como algo muito vago. Mas é garantido que extrapola o simples ver. Sentidos enganam. Imagem, muitas vezes, senão sempre, é distorcida.
Não há limpos de coração, no sentido absoluto. E os que Deus purifica e santifica também não se pode dizer deles que, definitivamente, o sejam.
Estamos, portanto, diante da seguinte situação: ver Deus não é blefe e também não se reduz a enxergar com olhos humanos. Para isso existe a fé.
Deus, em essência, mostra-se, revela-se e anseia pelo cara a cara. Como limpos de coração, para vê-Lo, Ele mesmo se encarrega de os purificar.
Faz com extrema e suficiente competência. Por isso deseja, em pura amizade de amor, vê-los, assim como deseja, expondo a Si mesmo, ser visto.
Como requereu Felipe, "mosta-nos o Pai, isso basta" e replicando-lhe, Jesus afirmou: "quem me vê a mim, vê o Pai". Limpos de coração, vede Deus.
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