Algumas
situações nos apanham desprevenidos, ou seja, não esperávamos, mas elas revelam
traços de nossa personalidade que gostaríamos de manter ocultos ou nem
percebemos que não são recomendáveis a quem professa temer a Deus.
Neste trecho
de seu pequeno livro, aliás, o menor do Antigo Testamento, o profeta Obadias
acusa exatamente uma situação dessas, quando os edomitas, descendentes de Esaú,
revelam alegria quando presenciam os efeitos do juízo de Deus na vida de seus irmãos,
descendentes de Jacó.
Revela-se o ódio reprimido que nutriam por
seus vizinhos do outro lado do Rio Jordão e, ao constatarem a invasão dos
babilônios, no início do séc. VI a. C., respiraram aliviados a ainda se aliaram
aos invasores. Não devemos nos alegrar e nem nos sentir vingados quando um
desafeto nosso é alcançado por qualquer calamidade que, muitas vezes,
identificamos até equivocadamente como um juízo de Deus em sua vida. Aliás, crente tem desafetos?
Há
textos bíblicos que nos revelam aspectos fundamentais de nossa condição como
verdadeiros crentes que jamais poderiam coincidir com um sentimento desses, de
recalques que se revelam, transformados em prazer quando se vê na vida de outrem
qualquer calamidade. Romanos 2:4 é um desses textos:
“Ou desprezas a riqueza de sua bondade, e tolerância,
e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao
arrependimento.” Este texto ensina que não existe ‘gente boa’. Há bondade
em Deus e é ela que nos move ao arrependimento. E só após o arrependimento,
quando ocorre a nossa conversão, é que começamos a aprender a bondade de Deus,
tê-la em nós e demonstrá-la em nossas atitudes.
Se não
permitirmos que o Espírito, em nós, ensine e nos aperfeiçoe na bondade de Deus,
em certas situações pode se revelar o nosso velho homem, que, entre outros
vícios, demonstra uma alegria disfarçada quando vê um desafeto afetado por uma
calamidade qualquer. Outro texto, ainda em Romanos 12:14:
“Abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis". Este texto ensina que nenhuma situação na vida de qualquer
outra pessoa pode nos estimular a desejar, para ela, qualquer maldade. Há quem,
nos dias de hoje, interpretando errado o Antigo Testamento, julgue que tem
autoridade para amaldiçoar quem quer que seja. Pois desconhece esta norma de
amor do Novo Testamento.
Plenos da
bondade de Deus que só nele existe, em seu estado puro e verdadeiro, a nós
concedida e aperfeiçoada pelo Espírito Santo, que em nós habita, não devemos
alimentar, em nosso coração, mágoas ou ressentimentos que podem se revelar, de
maneira súbita, num momento em que vemos, na vida de alguém, qualquer situação
desagradável experimentada.
Devemos
olhar com temor, principalmente se for consequência de pecado, como no caso do
juízo de Deus sobre o povo de Israel, na época de Obadias. Como diz o salmista,
Salmo 40:14-15, não devemos ter prazer com o mal revelado na vida de ninguém ou
dizer ‘bem-feito, bem-feito’.
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