domingo, 28 de agosto de 2022

Jeremais 8

 Rib, no hebraico, é um pleito. Na literatura profética, usualmente, aparece essa linguagem, indicada como demanda jurídica entre Deus e o povo.

   Bem ilustrada no livro de Rute, Boaz convoca uma assembleia à porta da cidade para decidir, em litígio, seus direitos como resgatador da moabita.

   Abraão convoca os notáveis da terra onde peregrinava para decidir a compra, por um meio legal, do local, nos carvalhais de Manre, onde sepulta sua morta, Sara, sua esposa.

   Deus invoca um pleito pelo qual vai confrontar Israel do Sul por acusações que tem contra ele. O profeta passa a enumerar.

   Que terra estrangeira foi menos fiel e seus ídolos, do que Israel tem sido para com o Deus vivo? Israel é escravo nascido em casa ou filho? Por que, então, vai perder sua herança, tornando-se presa dos impérios vizinhos?

    Perambula procurado acordos, mas ora ao norte, no Eufrates, ora ao sul, beirando o Nilo, esses reinos lhes saquearão o que tem.

    Pois qual a razão dessa perda política de sua autonomia, segundo a avaliação do proefeta? Ele menciona a malícia e infidelidade do povo, mais sua falta do temor devido unicamente ao nome do Senhor.

   E passa a discorrer a história, de como, para Israel, na identidade tanto de Deus, como libertador, quanto do povo, como escolhido, foi seu jugo quebrado, no Egito, sendo transplantado para ser plantado como vide frutífera entre as nações.

   Pois não poderá amenizar sua falta, como a dizer, de si mesmo, nada a ver, uma vez que insista com sua devoção aos ídolos. E, como postura assumida, indicando, com isso, que não esteja nem aí para o Deus vivo.

   O teu rastro de infidelidade aparece a ti mesma e a quem com ti convive, oh dromedária nova e no cio pelo pecado. Não há ritual de purificação com que representes, como pantomima, falso arrependimento. Tua concupiscência não tem freio, teu cio pelos ídolos é declarado, não aceitas exortação.

    Definitivamente, não aceitas o padrão do Deus vivo, para ti constróis teus ídolos ou compartilhas com teus vizinhos. Reis, príncipes, sacerdotes e até profetas são como ladrões pegos em flagrante delito.

    Pois agora que o inimigo potente baterá à tua porta, procura os deuses, a quem denominastes meus (teus) pais, para que te livrem do poder deles. Tens tantos deuses quantas são as vossas cidades. Certamente, então, quem sabe, poderão livrar-te da espada do inimigo.

sábado, 13 de agosto de 2022

Jeremias 7

   Onde estás? É a primeira palavra de Deus ao homem após a queda. Nem saber onde está o homem consegue. Jeremias começa seus oráculos denunciando onde está o, assim identificado, povo de Deus.

   "Assim diz o Senhor : Que injustiça acharam vossos pais em mim, para de mim se afastarem, indo após a nulidade dos ídolos e se tornando nulos eles mesmos", e sem perguntarem: Onde está o Senhor, que nos fez subir da terra do Egito?", Jeremias 2:5-6a.
 
   Impossível outra fala introdutória, quando Deus se dirige ao ser humano, homem ou mulher, ainda no jardim do Éden, que não sabem onde estão. Na verdade, não sabiam em que condição a queda os havia deixado. Sempre a primeira fala de Deus com qualquer que seja, terá pecado como tema.

    Logo em seguida Jeremias vai dizer, como argumento, que encontra mais firmeza e convicção na confissão nula da crença nos ídolos, entre outras nações diversas, do que, da parte do próprio povo, a confiança no Deus vivo. O profeta, estupefato, confronta o povo com esse seu argumento.

  Pelo menos, três indicadores há nessa primeira interpelação do proefeta ao povo: 1. Que injustiça acharam em Deus?; 2. Porque dEle se afastaram; 3. Como, seguindo após nulidades, tornando-se nulos em si mesmos?

    Supondo Deus, que injustiça nEle? Então, por que dEle se afastar? Fora de Deus, então, nulidade de deuses, tornando-se a si mesmos nulos. Configurada, nesse início, a fala do profeta, passa a descrever com detalhes o que encontra na realidade e contexto do povo.

     Onde está o Senhor? O profeta cobra do povo que tivesse feito essa pergunta. Os pais, a quem se dirige Jeremias, inquirindo deles, assim como dos sacerdotes, que lhes deveriam servir como referencial.

     Sem dúvida a pergunta de Deus pelo: "Onde estás?" Poderia e deveria ser respondida por um onde estás desta vez dirigido a Deus: "Onde está o Senhor?".

    Somente Deus pode dizer onde o homem está. Para então pôr no coração dele o sentido de perguntar a si mesmo por Deus. Deus sempre sai ao encontro do homem ou mulher que dEle fogem.

    Homem e mulher sempre em fuga. Deus sai ao seu encontro para lhes fazer ver onde estão. Pondo no seu coração a pergunta por Deus. Para que, sem Deus, não se tornem nulos em si mesmos.

     A conclusão de Jeremias sintetiza a perícope: "Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas", Jeremias 2:13.

    Abandonar o Senhor significa cavar cisterna sem finalidade. Uma tarefa vital para o que é vital e a nada redunda.