terça-feira, 6 de outubro de 2020

O Apocalipse nosso de cada dia - Parte 13

     Os chamados "Cavaleiros do Apocalipse" correspondem à abertura dos quatro primeiros selos. Não devem ser compreendidos fora de seu contexto, para que não sejam transformados em símbolos, ícones ou propaganda de outras realidades fabricadas. 

    João retira essa imagem a partir de Zacarias 1,7-11, com estes 4 cavaleiros do Apocalipse também saindo a percorrer a terra, cada um deles correspondendo a uma função específica. E cada um deles segue o mesmo padrão de convocação. 

    O Cordeiro descola o selo, imediatamente ouve-se a voz de cada ser vivente, cada um por si chamando cada um dos quatro cavalos: o branco, o vermelho, o preto e o amarelo. Cada um deles sai com missão definida.

     Quem lê o Apocalipse, deve proceder a certas pausas, para fora do texto, a fim de imaginar o cenário descrito. Eram essas visões, num tempo em que não existiam telas e tecnologia digital ou imagens virtuais, impactantes aos leitores que, instantaneamente, desenhavam com sua própria imaginação o cenário e assimilavam, prontamente, o recado, a lição e revelação transmitida por João. 

      Aqui vemos o Cordeiro abrir selo a selo os quatro primeiros e, a cada um, a voz de cada ser vivente dizendo "Vem" e cada cavaleiro sair com ordem expressa, para valer sua identidade específica. 

      Cavaleiro do cavalo branco, sai com arco, coroa e vencendo e para vencer. O do cavalo vermelho, com uma grande espada, para tirar a paz da terra e que os homens se matassem entre si. Aquele do cavalo preto, com uma balança na mão, ouve uma voz, também a partir dos seres viventes, recomendando praticar comércio inflacionado de trigo e cevada, assim como medir porções e conservar  estocados e valorizados o azeite e o vinho.

      O último, do cavalo amarelo,  traz assolação, seguido da Morte e do Inferno, afeta a quarta parte da população do planeta, provocando morte pela espada, pela fome e por meio de feras da terra.

     Como entender esse quadro? Sempre avalio que, na interpretação do Apocalipse, deve-se partir do geral e do garantido, como líquido e certo, para o específico e mais propriamente simbólico. Assim, vamos entender o que é literal, histórico e factual, assim como o representativo.

      Passo a passo: 1. os cavaleiros saem por toda a terra, portanto, são portadores de ações que afetam toda a humanidade; 2. avaliados em conjunto ou, individualmente, o que carregam consigo como ação representa sempre o que a própria humanidade já apresenta de si mesma; 3. cavalo branco: guerras de conquista; vermelho: guerras de extermínio; preto: carestia e exploração econômica; amarelo: as mais e frequentes variedades de morte.

      Antes, portanto que, de modo específico, o efeito do que está escrito no livro, sendo aberto pelo Cordeiro, ocorra, a simples abertura dos selos desencadeia a ação dos quatro cavaleiros.

     Eles representam ações que, por si, a humanidade já concede fluxo, porque todos os tipos de guerras, justas ou injustas, desde sempre ocorrem, como a exploração econômica, a carestia e inflação, que gera a fome, assim como as mais variadas formas de morte, pela fome, outros tipos de mortandade e por feras selvagens, típico de época, são apanágios típicos da condição humana e inerentes a ela. 

     Não podem ser responsabilizados por essas ocorrências os céus e nem poderes de fora da própria humanidade porque, independentememte da ação de Deus ou não, são factuais.

      Mas no Apocalipse, estarem simbolizados por cavaleiros que, a um sinal, saem com essa específica missão, revela que, além da responsabilidade humana por sua autoria, Deus em sua soberania preside essas ações, que não são, absolutamente, ações de sua vontade e decisão, e que serão cobradas e creditadas na conta da própria humanidade.    

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