Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor. Os 6,3.
Certos textos
dos profetas menores já conquistaram um determinado status, em função de ser
mais conhecidos ou de já ser consagrados pela leitura ou mesmo pela mensagem
mais direta que transmitem. Este, acima citado, é um deles.
Portanto, são associados mais especificamente ao profeta em questão, no caso
Oseias, e começamos aqui por analisá-los, mesmo porque sua atualização nos dias
de hoje e presença na memória coletiva estimula essa apreciação.
Conhecer, verbo hebraico yadha,
na mentalidade do Antigo Testamento não tem o mesmo significado que conhecer, ginoskw, no grego. O conhecer
da filosofia grega é mais abstrato, enquanto que o conhecer do hebraico é mais
prático e experimental.
Conhecer do grego, em geral, envolve abstração mental, mais próximo do conhecer
teórico de nossa época, ou seja, formar uma imagem mental, enquanto que o
conhecer do hebraico envolve experiência sensível. Não confundir, numa
aproximação desses significados mais corriqueira, com determinados usos dos
sentidos que mais enganam do que definem experiências com Deus.
No sentido grego, Deus não cabe em nossa compreensão. No sentido
hebraico, conhecer ao Senhor seria algo cuidadoso e cauteloso, pelo temor que
inspirava aos judeus a santidade e a transcendência divinas. Para nós hoje, no
estágio da revelação em que nos situamos, tanto é possível conhecer Deus, no
sentido grego, revelação cabível a nosso entendimento, assim como ter com Deus
comunhão, relação prática e vivencial com Ele.
Podemos nos expressar relatando aspectos da pessoa de Deus, de sua
natureza e ação, informação e discernimento ao alcance de qualquer pessoa,
assim como é possível descrever, experimentar e demonstrar aspectos concretos
da relação com Ele, comprováveis e verificáveis como indícios dessa relação. A
Bíblia, em seus textos, especifica essas duas tendências.
Um primeiro exemplo de texto em Romanos 1:19: "Porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, por meio das coisas que foram criadas."
Numa linguagem esquemática, enxergamos neste texto: (1) Deus manifesta ao homem o que se pode conhecer dele mesmo, que são (2) seus atributos invisíveis, (3) seu eterno poder e (4) sua própria divindade, e isso (5) pode ser reconhecido, de modo claro, (6) desde que o homem existe no mundo, (7) por meio das obras da criação.
Numa linguagem esquemática, enxergamos neste texto: (1) Deus manifesta ao homem o que se pode conhecer dele mesmo, que são (2) seus atributos invisíveis, (3) seu eterno poder e (4) sua própria divindade, e isso (5) pode ser reconhecido, de modo claro, (6) desde que o homem existe no mundo, (7) por meio das obras da criação.
E vejam que não chegamos, ainda, ao texto dessa revelação, que é reconhecido como o texto da Bíblia. Todo esse conhecimento está ao alcance do homem nas duas maneiras aqui expressas, seja na modalidade grega do conhecimento, teórica, mental e abstratamente, capaz de ser apreendida e explicada pelo homem, assim como na modalidade hebraica, pela qual é possível perceber, sentir e experimentar, de modo prático e sensível, a segurança dessa revelação, ou seja, ter e experimentar comunhão com Deus.
No texto a seguir Paulo, agora aos Efésios 2:11, indica elementos mais claros dessa relação com Deus: "Naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo". Reparem que podemos inferir 5 situações pelas quais se identifica, de modo perceptível e claro, quem não se inclui entre aqueles alcançados pela graça de Deus e, portanto, que não privam dessa comunhão à qual a Bíblia se refere.
Trata-se dos seguintes aspectos práticos indicadores: (1) estar sem Cristo, (2) estar separado de uma comunidade, que significa, num sentido objetivo, estar afastado ou fora da igreja de Cristo, (3) ser estranho às alianças da promessa significa ignorar, textualmente desconhecer ou estar alienado em relação à Bíblia, (4) não ter esperança, significa vivenciar existencialmente o desespero e (5) sem Deus significa estar presente no mundo, criação de Deus, mas não perceber-se, ou não sentir-se ou não ter consciência de pertencer a Deus.
No sentido prático, conhecer a Deus, seja pela ideia do vocábulo yadha, do Antigo Testamento, ou no sentido teórico do vocábulo ginoskw, do Novo Testamento, os dois conceitos são necessários e complementares, segundo a divisa do texto de Oseias e seus desdobramentos aqui verificados, expressos por outras unidades da Bíblia, com as quais o texto original foi comparado. Exercício ao seu alcance e início de caminhada pelos textos dos profetas menores.
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