quarta-feira, 7 de outubro de 2020

O Apocalipse nosso de cada dia - Parte 14

     Quando é aberto o quinto selo, há uma pausa na ação, em relação aos anteriores, para que, pela segunda vez no livro, sejam mencionadas as orações dos crentes. 

     Desta vez são os mártires, identificados como "almas dos que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e do testemunho que sustentavam". 

     Clamam por vingança de seu sangue derramado, como mártires do evangelho, exatamente os que morriam sob a perseguição que, ainda na época em que o Apocalipse é escrito, estava em curso. 

    Lembrar que o sentido de "vingança" na Bíblia não é aquele do senso comum. Em Rm 12,17-21, está claro que a vindicação de justiça é exclusiva de Deus. Portanto, a resposta imediata às orações que fazem os mártires, é um gesto simbólico de espera: recebem vestiduras brancas e são exortados a esperar. 

     E até soa irônico, diante de um clamor, dizer que outros conservos ainda morrerão, do mesmo modo que eles. Uma afirmação realista, que indica a soberania assim como a vontade permissiva de Deus em relação aos que são perseguidos por causa de Jesus, como está escrito em Mt 5,10-12.

      A abertura do sexto selo afeta os fenômenos naturais, ocorrendo terremotos, afetados o sol e a lua, assim como o conjunto das estrelas, e todo o céu se enrola, como num pergaminho.

     Avaliam-se tais fenômenos celestes e seu reflexo na terra. Evidentemente, pelos exageros anotados, não são literais porque, por exemplo, gravitacionalmente falando, estrelas não caem no chão, sobre a terra. 

     Mas quando são medidos os efeitos, na terra, pelo que ocorre, nos céus, indicado está que as ações no céu, dentro do enredo do cumprimento dos tempos, tem implicações diretas na terra.

     Ilhas e montes são movidos de lugar, reis, ricos, comandantes e poderosos, e ainda escravos e livres se escondem em cavernas, nos penhascos dos montes. Astros nos céus e toda a população na terra, sem diferenciação social, reconhecem tardiamente que o dia do Senhor, como consta na literatura dos profetas menores, irrompeu.

      Todos na terra, em vão, tentam se esconder e demonstram desespero, dizendo: "Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro, porque chegou o grande Dia da ira deles; e quem é que pode suster-se?", Ap 6,16-17.

      Assinalada está a marca de começo dos acontecimentos decisivos dos fins dos tempos, e de um modo que é impossível negar, porque os astros assinalam, como em Gn 1,14, luzeiros como sinais, e os próprios habitantes da terra, em sua diversidade admitem, com medo, e numa tentativa absurda de fuga.

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