sábado, 29 de junho de 2024

Caçula, você desfalcou o time

   E que time. Lindo. Os cinco sorrisos mais lindos de que se conhece. Em meio a essa família linda, que time vocês formam! Puro carinho, afeição, amizade, para resumir, de uma vez, puro amor.

  Falar. Há horas que não se tem o que dizer. A gente só chora. A gente se expressa chorando. Mas parece que dizer alguma coisa, alenta. Mantém junto quem se foi.

   O que dizer de meu primo Erlon? Estou tão longe e há tanto tempo. Mas bastava estar no Rio, beira mar, onde estivemos há uns 3 anos atrás, para ser recebido com todo o carinho.

  Hospitaleiro conosco. Tanto assim, que eu prometi voltar, para demorar mais. E fazia propaganda de gente que perguntava aonde ir, caso estivesse pelo Rio.

  Eu falava de meu primo. Falando dele, fala-se de todos. São tão apegados, que não dá para imaginar um desgarrado de todos os outros.

   Isso é amor. Cada um tem um jeito de mostrar. Aposto o quanto quiser, nessa história de amor, não somos perfeitos. Mas somos autênticos. Por isso não mentimos.

   Falta, ainda amar mais. Sempre falta amar mais. Mas vocês, Campello de Araujo, vocês dão show. Eu sei que estamos no meio de uma família puro grude.

   Que herdamos isso de nossos pais, que também não foram perfeitos, mas também foram autênticos. Prefiro assim, porque não se trata de bajulação.

   Trata-se de constatação. Vocês, é claro, conheciam o caçula muito mais do que eu. Frente e verso. Ora, verso me lembrou Onésimo, que também já se foi.

   E nessa hora que nos reunimos, todos juntos, para formar força, choro e consolo, a gente lembra de todos que já foram antes.

   Jamais se esperava que o caçula nos passasse a frente. E deixa sua herança. Do que se conviveu com ele, tudo o que ele representa. E tudo o que herdamos também.

  Porque, independente da religião que cada um tem (ou não tem), das idas à igreja pela mão de vó Eunice, dos hinos tocados ao violão pelo Dirley, cantados por Eber, com seu vozeirão, e até pelo Marcelo, em sua linguagem mesclada.

   Sim, não depende desse tempo igrejado, mas depende de uma fé íntima e individual. E disso essa família entende. Porque viu isso nos que foram. E repito aqui: se você optou por essa fé, veja bem, ela é tão imperfeita em nós, quanto foi neles.

   E espalhamos isso para os nossos filhos. E a eles ensinamos que honrassem a herança que receberam. E, pelo menos, dessas duas singelas e essenciais virtudes recebidas, a fé e o amor, para eles, procuramos ser exemplo.

   E o modo como nossos pais nos ensinaram a amar, gerou em nós essa força de agora. Então, sem máscara, mesmo porque o sofrimento nos desnuda, podemos dizer, sem hipocrisia:

   Caçula, meu camarada, você foi cedo para caramba. Mas te amamos intensamente. E usufruímos, intensamente, o teu amor. Esse amor fica.

   Assim como o vazio de sua ausência. Mas a gente carrega você conosco. Nessa vida, como foi o meu caso, a gente ficou longe. Mas teu sorriso me alcançou.

   Cada qual do time, Bela, a Bela, Elaine, a Nanica, Eliana, nem lembro o apelido, Binho e você, só sorrisos lindos, expressão de vida, oferta de alegria, desafio a esse mundo, muitas vezes, tão mau.

   Cada um de vocês um segredo. Eu acho que Erlon, que eu achava o mais calado, levou com ele o dele. Eu não consegui decifrar. Mas que era algo de fé, misturado ao amor, eu desconfio.

sexta-feira, 21 de junho de 2024

Os fundamentos éticos kantianos

 O presente artigo tem por objetivo apresentar a ética do filósofo alemão Immanuel Kant que, imbuído pelos valores e reflexões do século das luzes (séc. XVIII), representa um marco na era filosófica moderna, ao reconhecer que a ordem moral não é decorrente de estímulos empíricos, inclinações políticas ou fundamentos divinos. Segundo Kant, o homem é o responsável por criar sua própria lei moral e suas ações refletem representações dessas leis subjetivas.

O dever é o conceito de máxima apreciação do valor intrínseco de uma benevolência, executado pelo indivíduo através de ações desprovidas de inclinações pessoais ou motivadas por tendências egoístas. Ao contrário, a verdadeira realização do dever reside em reconhecer que, mesmo agindo contra sua vontade individual e ciente de que tal ação irá prejudicar seus ganhos pessoais, o indivíduo age de qualquer maneira.

Uma ação realizada por dever possui um valor moral genuinamente estabelecido, pois respeita plenamente a máxima que a determina. Desse modo, o valor moral reside não no objeto da ação, mas no princípio da vontade que reflete os desejos e conduz à prática apropriada. A filósofa Michèle Crampe-Casnabet alude sobre o formalismo de Kant na formulação de sua ética ao considerar que “o formalismo implica que nenhum fim da ação deve ser levado em consideração na determinação do ato moral. Só a forma da lei pode garantir a moralidade do agir”[1].

Esta prática decorre do indivíduo por meio da lei moral universal que está inerente em sua razão, a vontade, uma vez desprovida de qualquer inclinação ou estímulo, fica obrigada a seguir estritamente uma lei universal das ações e servir a sua máxima, tornando-se assim, autônoma. Essas diretrizes morais são compreendidas por Kant como imperativos categóricos, isto é, comandos ou leis morais que não estão condicionados nem têm relação com a matéria da ação e seus resultados, mas sim ligadas ao princípio e à boa essência que a ação possui independente de suas consequências.

Ainda na compreensão do imperativo categórico, o filósofo Gleison Rosa Sena demonstra estes referidos significados ao considerar que o dever moral é a representação da lei, pois todo ser racional tem a ideia de uma lei e o que ela é, ele reflete que o motivo disto está, a saber, que a mente humana possui uma natureza legisladora e se impõe a realidade[2]. Neste aspecto, ele salienta que esta lei universal é necessária, pois no próprio conceito de lei existe a sua necessidade e universalidade e isto fica conforme a definição de Kant de que moral é tudo aquilo que pode ser universal[3].

Na continuidade desta relação, Sena afirma que a lei moral tem a forma de um imperativo categórico que por ser um mandado absoluto e inerente a razão, este propriamente confirma a exigência de universalidade que media a lei e a vontade finita. Desse modo, o dever pode provir da vontade, em mandado da lei, isto é, agir moralmente[4].

Outro conceito que é um marco da ética de Kant é a liberdade. Para ele, liberdade é entendida como autonomia, ou seja, a capacidade que os indivíduos têm de orientar a sua própria consciência. Sobre este específico conceito, o pensador alemão trata na Fundamentação a importância da liberdade e razão: “Ora é impossível pensar que uma razão que com a sua própria consciência recebesse de qualquer outra parte uma direcção a respeito dos seus juízos, pois que então o sujeito atribuiria a determinação da faculdade de julgar, não à sua razão, mas a um impulso. Ela tem de considerar-se a si mesma como autora dos seus princípios, independentemente de influências estranhas; por conseguinte, como razão prática ou como vontade de um ser racional, tem de considerar-se a si mesma como livre; isto é, a vontade desse ser só pode ser uma vontade própria sob a ideia de liberdade, e, portanto, é preciso atribuir, em sentido prático, uma tal vontade a todos os seres racionais.”[5]

No estudo sobre as formas do imperativo categórico, Kant elabora a relação do agir moral com a lei universal ao direcionar: “age como se a máxima da tua ação se devesse tornar, pela tua vontade, em lei universal da natureza”[6].  Em outro ponto, ele destaca a humanidade como fim em si mesma, como princípio que move a boa vontade, o respeito a si mesmo e ao outro, o filósofo alemão, sobre este debate acende: “Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio”[7].

Por conseguinte, ele disserta sobre a autonomia da vontade que consiste na concepção de que o ser racional é o ser capaz de agir de acordo com uma lei que se dá a si mesmo pela perspectiva racional, assim alude Kant: “Age de tal maneira que tua vontade possa encarar a si mesma, ao mesmo tempo, como um legislador universal através de suas máximas”[8].

Assim, a ética de Immanuel Kant demonstra que a excelência da moral é o cumprimento do dever e deve conduzir a autonomia e em tom de ordem, na crítica prática, o pensador alemão afirma: “Age de tal modo que a máxima da tua vontade possa valer sempre ao mesmo tempo como princípio de uma legislação universal”[9]. Tudo isto guia, na ética kantiana, a construção correta da própria vida seguindo os valores provenientes do imperativo categórico.

Portanto, dissertar sobre a ética de Immanuel Kant é um esforço que contempla o interior do ser humano e o coloca no dever de reflexão sobre as atitudes e seus fins. O agir livre, a saber, o agir racional em obediência ao imperativo categórico dispõe ao homem a plena realização do bem moral e conhecimento de si, do seu processo humano e das circunstâncias e necessidades que no percorrer da vida é desafiado a agir e se aperfeiçoar.

Autor: Pedro Igor Farias Rodrigues, estudante do 2º ano do Curso de Filosofia da FASBAM.

REFERÊNCIAS

CRAMPE-CASNABET, Michèle. Kant: Uma Revolução Filosófica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.

SENA, Gleison Rosa. Ética. Curitiba: FASBAMPRESS, 2021.

KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. São Paulo: Abril Cultural, 1984.

KANT, Immanuel. Crítica da Razão Prática. Lisboa: Edições 70, 1986.

[1] CRAMPE-CASNABET, Michèle. Kant: Uma Revolução Filosófica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. p. 67.

[2] SENA, Gleison Rosa. Ética. Curitiba: FASBAMPRESS, 2021. p. 103.

[3] Ibid. p. 103.

[4] Ibid. p. 103.

[5] KANT (1986), p. 96.

[6] KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. São Paulo: Abril Cultural, 1984. p. 130.

[7] ibid. p. 135.

[8] Ibid. p. 138.

[9] KANT, Immanuel. Crítica da Razão Prática. Lisboa: Edições 70, 1986. p.24.

Ver no link:

https://fasbam.edu.br/2023/08/08/os-fundamentos-eticos-kantianos/

terça-feira, 18 de junho de 2024

Crônica do Viver Baiano Seiscentista A Nossa Sé da Bahia de Gregório de Matos

 A NOSSA SÉ DA BAHIA

 

com ser um mapa de festas é um presépio de bestas.

E se nisto maldigo ou me engano,

eu me submeto à Santa Madre Igreja.

 

Se virdes um Dom Abade sobre o púlpito cioso,

não Ihe chameis Religioso chamai-lhe embora de Frade

Jesus, nome de Jesus!

 

AOS CAPITULARES DO SEU TEMPO.

 

A nossa Sé da Bahia,

com ser um mapa de festas,

é um presépio de bestas,

se não for estrebaria:

várias bestas cada dia

vemos, que o sino congrega,

Caveira mula galega,

o Deão burrinha parda,

Pereira besta de albarda,

 tudo para a Sé se agrega.


PONDERA ESTANDO HOMIZIADO NO CARMO QUAM GLORIOSA HE A PAZ DA RELIGIÃO.

 

Quem da religiosa vida não se namora, e agrada,

já tem a alma danada,

e a graça de Deus perdida:

uma vida tão medida

pela vontade dos Céus,

que humildes ganham troféus,

e tal glória se desfruta,

que na mesa a Deus se escuta,

no Coro se louva a Deus.

 

Esta vida religiosa

tão sossegada, e segura

a toda a boa alma apura,

afugenta a alma viciosa:

 há cousa mais deliciosa,

que achar o jantar, e almoço

sem cuidado, e sem sobrosso

tendo no bom, e mau ano

sempre o pão quotidiano,

e escusar o Padre nosso!

 

Há cousa como escutar

o silêncio, que a garrida

toca depois da comida

pare cozer o jantar!

há cousa como calar,

e estar só na minha cela

considerando a panela,

que cheirava, e recendia

no gosto de malvasia

na grandeza da tigela!

 

 Há cousa como estar vendo

 uma só Mãe religião

sustentar a tanto Irmão

mais, ou menos Reverendo!

há maior gosto, ao que entendo,

que agradar ao meu Prelado,

para ser dele estimado,

se ao obedecer-lhe me animo,

e depois de tanto mimo

ganhar o Céu de contado!

 

Dirão réprobos, e réus,

que a sujeição é fastio,

pois para que é o alvedrio,

senão para o dar a Deus:

quem mais o sujeita aos céus,

esse mais livre se vê,

que Deus (como ensina a fé)

 nos deixou livre a vontade,

e o mais é mor falsidade,

que os montes de Gelboé.

 

Oh quem, meu Jesus amante,

do Frade mais descontente

me fizera tão parente,

que fora eu seu semelhante!

Quem me vira neste instante

tão solteiro, qual eu era,

que na Ordem mas austera

comera o vosso maná!

Mas nunca direi, que lá

virá a fresca Primavera

domingo, 16 de junho de 2024

Apocalipse nosso de cada dia - todos os links

 1. Apocalipse nosso de casa dia: manual e guia da última viagem 

https://cidmauro.blogspot.com/2020/09/o-apocalipse-de-cada-um.html

2. O Apocalipse começa

https://cidmauro.blogspot.com/2020/10/o-apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-2.html

3. Jesus: o primeiro a pregar o evangelho de Deus

https://cidmauro.blogspot.com/2020/10/o-apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-3.html

4. João, o revelador

https://cidmauro.blogspot.com/2020/10/o-apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-4.html

5. João e a visão de Jesus

https://cidmauro.blogspot.com/2020/10/o-apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-5.html

6. As sete cartas de Jesus e sua estrutura

https://cidmauro.blogspot.com/2020/10/o-apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-6.html

7. As sete igrejas: palavras de reprovação

https://cidmauro.blogspot.com/2020/10/o-apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-7.html

8. Cartas às igrejas: Éfeso, Esmirna e Pérgamo

https://cidmauro.blogspot.com/2020/10/o-apocalipse-nosso-de-cada-dia-cartas.html

9. Cartas às igrejas: Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia

https://cidmauro.blogspot.com/2020/10/o-apocalipse-nosso-de-cada-dia-cartas_4.html

10. A descrição do cenário do teatro do fim

https://cidmauro.blogspot.com/2020/10/o-apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-7_4.html

11. A cena angustiante do Livro

https://cidmauro.blogspot.com/2020/10/o-apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-11.html

12. O trono do céu: cenário de toda a ação

https://cidmauro.blogspot.com/2020/10/o-apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-12.html

13. O Cordeiro abre os quatro primeiros selos

https://cidmauro.blogspot.com/2020/10/o-apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-13.html

14. O Cordeiro abre o 5⁰ selo

https://cidmauro.blogspot.com/2020/10/o-apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-13_7.html

15. Pausa: comentários sobre os sete selos

https://cidmauro.blogspot.com/2020/10/o-apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-14.html

16. Suspense: revelam-se os 144.000

https://cidmauro.blogspot.com/2024/01/apocalipse-nosso-de-cada-dia-15.html

17. O Cordeiro abre o 7º selo

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18. Tocam-se as 7 trombetas

https://cidmauro.blogspot.com/2024/01/apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-18.html

19. Toca-se a 5ª trombeta: ensejam-se os três ais

https://cidmauro.blogspot.com/2024/01/apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-18_29.html

20. Toca-se a 6ª trombeta

https://cidmauro.blogspot.com/2024/01/apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-20.html

21. Intervalo entre a 6ª e a 7ª trombeta

https://cidmauro.blogspot.com/2024/01/apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-21.html

22. Ainda o intervalo

https://cidmauro.blogspot.com/2024/01/apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-22.html

23. Pausa: comentário sobre as trombetas

https://cidmauro.blogspot.com/2024/01/apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-23.html

24. O reino do mundo é do Cordeiro

https://cidmauro.blogspot.com/2024/02/apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-24.html

25. O dragão atenta contra a mulher

https://cidmauro.blogspot.com/2024/02/apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-25.html

26. Revela-se o Cordeiro contra o dragão

https://cidmauro.blogspot.com/2024/02/apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-26.html

27. A parceria do dragão com a besta

https://cidmauro.blogspot.com/2024/05/apocalipse-nosso-de-cada-dia.html

28. O enfrentamento do dragão é sua besta: as três vozes

https://cidmauro.blogspot.com/2024/05/apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-27.html

29. Anunciam-se os sete flagelos do juízo de Deus

https://cidmauro.blogspot.com/2024/05/apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-29.html

30. As sete taças dos sete flagelos

https://cidmauro.blogspot.com/2024/06/apocalipse-nosso-de-cada-dia-parte-30.html


sábado, 15 de junho de 2024

Apocalipse nosso de cada dia - A queda da (ex)suprema Babilônia - Parte 32

  Em sequência e também como comsequência do que se tem configurado, uma anjo desce do céu, com grands autoridade, cuja resplandecênciq de sua glória enche toda a terra, para exclamar com grande voz:

² "Caiu! Caiu a grande Babilônia e se tornou morada de demônios, covil de toda espécie de espírito imundo e esconderijo de todo gênero de ave imunda e detestável, ³ pois todas as nações têm bebido do vinho do furor da sua prostituição. Com ela se prostituíram os reis da terra. Também os mercadores da terra se enriqueceram à custa da sua luxúria." Ap 18.

  E João ouve outra vez do céu advertindo que o povo de Deus dela se retire, para qua não seja cúmplice de seus pecados, recebendo como paga os mesmos flagelos, como se fossem resgatados, como nos tempos da gêmeas Sodoma e Gomorra.

   Do mesmo modo, os pecados de Babilônia se acumularam até os céus, para Deus, lembrado dessa herança maldita, dar-lhe retribuição e lhe pagar em dobro, segundo suas obras, do cálice da mistura vil que oferecia, seja duplicado para que ela mesma sorva.

   Também de luxúria, que era sua glória ao inverso, tormento e pranto sejam o retorno em medida justa de juízo. Pois dizia:

⁷ "Estou sentada como rainha. Viúva, não sou. Pranto, nunca hei de ver!" Ap 18.

   Pois então agora receba em troco:

⁸  "Por isso, em um só dia, sobrevirão os seus flagelos: morte, pranto e fome; e será consumida no fogo, porque poderoso é o Senhor Deus, que a julgou." Ap 18.

    O texto prossegue descrevendo o grau de lamento que todos os reis da terra, que com ela, como cúmplices, prostituíam-se em luxúria, agora veem a fumaça desse portentoso incêndio.

  E prossegue a descrição dos ais de como, repentinamente, lhe sobrevem o juízo de Deus:

¹⁰ "Ai! Ai! Tu, grande cidade, Babilônia, tu, poderosa cidade! Pois, em uma só hora, chegou o teu juízo." Ap 18.

  E se enfileiram em lamento todos que dela dependiam para sobreviver, como os mercadores de ouro, prata, pedrarias e pérolas; de linho finíssimo, púrpura, seda e escarlata; de madeira odorífera, móveis preciosíssimos, e marfim, assim como broze, ferro e mármore.

  E mais especiarias de sua fama, sua canela de cheiro, unguentos, bálsamos, vinhos e azeites, e farináceos, como trigo e flor de farinha, mais gado e ovelhas, cavalos e seus carros, escravos e almas humanas de todo tipo de cativeiro.

   E prosseguem as palavras de juízo, agora mencionando a aura de influência que a Grande Babilônia retinha consigo e abarcava todo o mundo:

¹⁴ "O fruto sazonado, que a tua alma tanto apeteceu, se apartou de ti, e para ti se extinguiu tudo o que é delicado e esplêndido, e nunca jamais serão achados. ¹⁵ Os mercadores destas coisas, que, por meio dela, se enriqueceram, conservar-se-ão de longe, pelo medo do seu tormento, chorando e pranteando." Ap 18.

E dizem, nos ais de seus lamentos:

¹⁶ Ai! Ai da grande cidade, que estava vestida de linho finíssimo, de púrpura, e de escarlata, adornada de ouro, e de pedras preciosas, e de pérolas, ¹⁷ porque, em uma só hora, ficou devastada tamanha riqueza! E todo piloto, e todo aquele que navega livremente, e marinheiros, e quantos labutam no mar conservaram-se de longe." Ap 18.

   E mais uma vez vendo a intensidade da fumaça pela grandeza de seu incêndio, pasmavam: ¹⁸ "Que cidade se compara à grande cidade?" Ap 18. E lançaram pó sobre sua cabeça, na típica demonstração oriental de lamento e pranto alteado:

¹⁹ "Ai! Ai da grande cidade, na qual se enriqueceram todos os que possuíam navios no mar, à custa da sua opulência, porque, em uma só hora, foi devastada!" Ap 18.

  Por outro lado, os que esperavam ver cumprir-se o juízo, exclamam: ²⁰ "Exultai sobre ela, ó céus, e vós, santos, apóstolos e profetas, porque Deus contra ela julgou a vossa causa." Ap 18.

  Foi quando, ainda, um anjo muito forte levantou e arrojou no mar uma gigantesca pedra de moinho, dizendo ser essa a metáfora visível da queda dessa outrora grande cidade:

²¹ "Assim, com ímpeto, será arrojada Babilônia, a grande cidade, e nunca jamais será achada. ²² E voz de harpistas, de músicos, de tocadores de flautas e de clarins jamais em ti se ouvirá, nem artífice algum de qualquer arte jamais em ti se achará, e nunca jamais em ti se ouvirá o ruído de pedra de moinho. ²³ Também jamais em ti brilhará luz de candeia; nem voz de noivo ou de noiva jamais em ti se ouvirá, pois os teus mercadores foram os grandes da terra, porque todas as nações foram seduzidas pela tua feitiçaria. ²⁴ E nela se achou sangue de profetas, de santos e de todos os que foram mortos sobre a terra." Ap 18.

terça-feira, 11 de junho de 2024

Apocalipse nosso de cada dia - Preâmbulo do julgamento da Grande Meretriz - Parte 31

 A ação, neste mesmo contexto do juízo de Deus, prossegue sendo João convocado, por um desses mesmos anjos dos flagelos e das taças, a ver de perto o passo seguinte da ação de Deus.

¹ "Vem, mostrar-te-ei o julgamento da grande meretriz que se acha sentada sobre muitas águas, ² com quem se prostituíram os reis da terra; e, com o vinho de sua devassidão, foi que se embebedaram os que habitam na terra." Ap 17.

   Esse mesmo anjo transporta João ao deserto, onde ele contempla e descreve a visão da grande meretriz. Trata-se de uma mulher montada numa besta escarlate, esta repleta de nomes de blasfêmia, com sete cabeças e dez chifres.

   Agora, João passa à descrição específica da mulher, luxuosamente vestida de púrpura e escarlate (para combinar com a besta, nelas tudo tem de combinar), como não podem faltar as joias, adornada então de ouro, pedras preciosas e pérolas.

   Na mão, como um troféu, ela traz um cálice de ouro, que transborda com o que lhe é típico, todas as abominações de suas imundícias e prostituição. E traz na fronte, desafiadora, sua legenda, que é Babilônia, a Grande, a Mãe das Meretrizes e das Abominações da Terra.

   E João a vê embriagada, muito admirado, com grande espanto, em perceber que o que a estonteia é a bebida do sangue dos santos e das testemunhas de Jesus.

   Nesse momento, o anjo, que nota a admiração de João, esclarece, pergunta o porquê de tanta admiração, e passa a revelar a João o sentido dessa visão, de que mistério trata toda essa cena.

   Explica o anjo, por partes: a besta era e não é, emerge do abismo e caminha para a destruição. Os que habitam sobre a terra e não têm o seu nome, desde a fundação do mundo, escrito no Livro da Vida, vão também muito se admirar, da mesma forma, vendo a besta que era e não é, mas que aparecerá.

   Advertindo o anjo, mais uma vez, para o sentido da visão, que deve ser compreendida com sabedoria, as setes cabeças são sete montes, sobre os quais a mulher está sentada, e também sete reis.

   E o anjo ainda detalha que, desses sete reis, cinco já caíram, um ainda reina, e o último virá, mas para reinar pouco tempo. E esclarece que a besta, que era e não é, é o oitavo rei, que procede dos sete e caminha para a descrição.

  E os dez chifres também são dez reis, ainda não reinando, mas que receberão, da besta, autoridade para reinar, porém num curto espaço de 1 hora. Esses reis são concordes num único pensamento, dedicam de si à besta todo o poder e autoridade que possuem.

   Mas contra eles quem peleja e os vence é o Cordeiro, com todos que com ele congregam, os chamados, eleitos e fiéis, juntos vencerão, porque o Cordeiro é o Senhor dos senhores e o Rei do todos os reis.

   O anjo ainda detalha a João que as águas que são vistas, acima das quais paira a presença da Grande Meretriz, são povos, multidões, nações e línguas. Porém entre eles haverá dissensão, porque os dez chifres e a própria besta odiarão a Meretriz.

   Com isso, ela, por seus próprios antigos aliados, será devastada, despojada, terá devorada as suas carnes, definitivamente consumida pelo fogo. Porque essa discórdia é Deus que incutiu no coração deles, para que realizem, contra si mesmos, o pensamento que nutrem entre si.

   Por isso esses reis darão à besta o reino que possuem, enquanto se aguarda o cumprimento da extemporânea palavra de Deus. O anjo termina, advertindo, como num resumo, de que essa mulher é a grande cidade que domina sobre os reis da terra, uma síntese sobre as aspirações de todo reino e poder humano.

quinta-feira, 6 de junho de 2024

Os "poréns" da vida

 

Os ‘poréns’ da Vida

Vivemos numa sociedade socialmente desajustada. Mas não devemos julgar as pessoas. Há quem diga que elas caem nessa vida porque não querem lutar, querem vida fácil. E quem disse que isso é vida fácil? Olhe a situação de milhões de ucranianos que sofrem por causa de uma guerra por uma invasão de território. Olhe a situação de Gaza e em tantos outros lugares onde a possibilidade de conflito bélico aumenta a cada dia. A situação das guerras africanas, a situação das mulheres no Afeganistão dos Talibãs e no Irã dos Aiatolás. O êxodo venezuelano para o norte do Brasil e outros países. São pessoas que se deslocam a fim de trabalhar; andam em busca de oportunidades; querem uma vida digna e dão de cara com os oportunistas da vez, com gente maligna que lhes fazem propostas indecentes. Essas pessoas são submetidas ao desprezo, e, por isso, tornam-se descrentes da vida, da bondade humana e passam a duvidar até da existência de Deus. São pessoas deserdadas de sua pátria, de suas famílias, de sua honra. Gente que não sabe mais o que é sorrir e que não acreditam na possibilidade de ser feliz.

            Não sei se vocês já leram David Copperfield, obra de Charles Dickens (1812-1870), escritor britânico do século XIX. Pode-se dizer que o texto é uma autobiografia. Copperfield é Dickens. Ele conta como foi sua infância. Seu pai morreu quando sua mãe estava no sexto mês de gravidez. A mãe era uma adolescente pobre que se casara com um homem rico. Uma tia veio para o dia do nascimento. Disse que se fosse uma menina, ela teria tudo o que quisesse. Seria sua herdeira. Mas quando o médico deu a notícia que nascera um menino, a tia desapareceu e nunca mais voltou. O menino fora rejeitado pela família rica do pai morto.

Houve um homem na Bíblia, chamado Jefté, que se sentia exatamente assim. O livro de Juízes começa dizendo quem era Jefté: “... era um soldado valente, porém, filho de uma prostituta...” (Juízes 11,1). Essa é a primeira apresentação que se faz a respeito desse homem. Os grandes problemas da vida são esses “mas”. Você conhece essas expressões que são abundantes em nosso meio: “ele é muito bom, mas...”. São os "porém" que estragam tudo. No entanto, Deus quer reescrever a nossa história.  A longa noite de choro há de passar e um novo amanhã vai chegar com a nova vida que Deus nos proporciona.

 Manoel Bernardino de Santana Filho

sábado, 1 de junho de 2024

Apocalipse nosso de cada dia - As sete taças dos sete flagelos - Parte 30

    Do mesmo santuário celeste, de onde, no cenário anterior, procederam os anjos que, consigo, empunham as 7 taças da definitiva cólera de Deus, provém as vozes de comando para que, definitivamente, derramem suas taças.

¹ "Ide e derramai pela terra as sete taças da cólera de Deus." Ap 16.

   Pois o primeiro anjo derramou pela terra a sua taça e, imediatamente, sobrevieram perniciosas e malignas úlceras aos que traziam consigo a marca da besta, seus contumazes adoradores de sua imagem.

   O segundo anjo derrama no mar a segunda taça, e logo suas águas se tornam em sangue como de morto, e morreram todos os seres viventes que nele havia.

   O alvo do terceiro anjo serão os rios e demais fontes de água doce, as quais, do mesmo modo que o mar, tornaram-se sangue, ele mesmo proferindo palavra que dirige a Deus:

⁵ "Tu és justo, tu que és e que eras, o Santo, pois julgaste estas coisas; ⁶ porquanto derramaram sangue de santos e de profetas, também sangue lhes tens dado a beber; são dignos disso." Ap 16.

   E, como resposta, João afirma ter ouvido, provindo do altar nos céus: ⁷ "Certamente, ó Senhor Deus, Todo-Poderoso, verdadeiros e justos são os teus juízos". Ap 16.

   O quarto anjo derramou sua taça sobre o sol, daí o astro então fustigar os homens com intensas queimaduras, o que resultou que blasfemassem o nome de Deus, ainda que admitissem provir dEle esses flagelos.

  Terminando, então, por nem se arrependerem, nem dar a Deus glória. Prosseguem os flagelos, agora com  a taça do quinto anjo, que afeta diretamente o reino da besta, tornando-o trevas, ao derramá-la por sobre o trono dela.

  Como consequência, sobre os homens dela adoradores, eles remordem de dores suas línguas, não cessam de blasfemar contra Deus, remoídos de dores por úlceras, porém nem assim, ao menos, arrependem-se.

   O sexto flagelo, então correspondente à taça do sexto anjo, que a derrama sobre o rio Eufrates, notável na antiguidade, um dos braços dos quatro rios que vertiam do Éden.

   As águas dele secam, para que haja uma estrada que traga os reis que vêm do oridente, ou seja, de onde nasce o sol. Nesse momento, saem da boca da "trindade do mal", do dragão, da besta e do falso profeta, três espíritos imundos.

   Maléficos, semelhantes a rãs, são espíritos demoníacos operadores de sinais da mentira, e se destinam aos reis do mundo todo, com um objetivo específico: reuni-los para a peleja do Grande Dia e contra o Deus Todo-Poderoso.

   É lembrada uma solene advertência, ao mesmo tempo que se anuncia que a batalha será no lugar conhecido como Har, montanha, Magedom, de Meguido: Armagedom:

¹⁵ " (Eis que venho como vem o ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se veja a sua vergonha.)", Ap 16, tratando-se da suprema proximidade da 2ª vinda de Jesus Cristo.

   Por fim, o sétimo anjo derrama a sua taça pelo ar, e foi quando uma voz, procedente do santuário no céu, proferiu: "Feito está". Então, relâmpagos, vozes, trovões e terremoto, cuja magnitude nunca antes se viu, tiveram lugar.

  A grande cidade se dividiu em três partes, as quais ruíram, todas as cidades do mundo se abalaram e Deus, em seu juízo, lembrou-se de Babilônia, para lhe dar "o cálice do furor do vinho de sua ira". E continuou a cadeia de acontecimentos.

  Todas as ilhas fugiram, todos os montes sumiram, saraiva, dos céus, desabou sobre os homens, com pedras de 50 kg, mesmo assim, com todos e mais este flagelo, sobremodo grande, não cessou, sobre a terra, a blasfêmia dos homens.