1 O Senhor é o meu pastor; nada me faltará . 2 Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso ; 3 refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome. 4 Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam . 5 Preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários, unges-me a cabeça com óleo; o meu cálice transborda. 6 Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre. Salmo 23
Um salmo comum, por assim dizer. Costumamos assim classificar, por acharmos ter sido muito lido, decorado, até, na infância e, de certo modo, gasto. Mas não, isso é um erro, por causa de seu conteúdo. O texto trata uma postura que deve ser permanente e diária. Levar em conta que Deus é pastor e, se assim for, nada faltará.
Este primeiro versículo é a síntese do salmo. Os restantes, a relação de tudo que o salmista aborda, aliás, o rei-pastor Davi, sobre essa assitência divina. Mas eu desejo retornar à palavra comum, para lembrar um outro autor bíblico, Pedro, Apóstolo, quando se refere à vida em família:
7 "Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, porque sois, juntamente, herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam as vossas orações. 1 Pe 3.
Comum, aqui, não significa banal. E sim, autêntico. Simplicidade, na Bíblia, rivaliza com vaidade. Aliás, vaidade é um perigo. Porque foi o apelo diabólico feito a Eva, "você vai ser como Deus". Então, nascemos com ela. Ser convertido, significa ser resgatado, pelo poder de Jesus, da "vaidade de nosos próprios pensamentos".
17 "Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos". Ef 4.
Então, casamento nunca será ostentação. Mas sim, vocação. Foi obediência essa opção. Foi sábia a escolha. Desde o Gênesis, quando Deus abençoou o primeiro casal, e disse que fossem fecundos, instituiu o casamento. Deus é o autor dessa ideia. Assim como quem sustenta. Por isso, a escolha não pode ser diletante. Aleatória. Fútil. Despropositada.
Cuidado com a ostentação. Os casas que assim cumprem, em suas vidas, os propósitos divinos para o casamento não são, entre si, melhores. São apenas diferentes. E devem viver uma vida comum. E se trata de uma construção a dois. Cada um, por si, mantendo o compromisso assumido, trazendo consigo, da personalidade para dentro desse compartilhamento, o que já haviam aprendido com Deus.
Citamos o Salmo 23, porque traz consigo uma relação do que é comum e que Deus, nosso Pastor, faz rotineiramente. Já fazia antes do casal se casar e continuou fazendo. Agora, na parceria dos dois. Meu pai chamava a casa dele, onde fui criado, ao lado de minha mãe, de céu. Para ele, foi um céu na terra. Alguem duvida que foi por causa do compromisso deles dois com Deus?
Casais de quase mesma geração, um pouco mais novos, os respectivos pais do casal também mantiveram esse padrão. Casais assim não são melhores ou piores erntre si, mas apenas diferentes. E foi pelo evagelho que entrou em suas vidas. Em tempos diferentes, histórias diferentes, mas foi por causa do evangelho.
Triste será, muito triste será se a geração que agora vem, dos filhos desses casais, não preservarem essa vida comum. Não conservarem para si, como a própria Escritura diz, esses "marcos antigos". Há, no casamento, marcos antogos que precisam ser preservados. Caso sejam violados, muito provavelmente, quase certamente, não vai prosperar.
Desejo destacar do salmo três citações. O que não faltou e o que ainda falta. A unção com óleo, em todo o seu amplo sentido. E a bondade e a misericórdia, por todos os dias da vida. Sim, porque repouso, águas de descanso, refrigério para a alma, veredas de justiça, uma bordoada aqui, outra ali, pela mão do Pai, tudo isso nesses 25 anos foi experimentado.
6 "...porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe.
7 É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige? 8 Mas, se estais sem correção, de que todos se têm tornado participantes, logo, sois bastardos e não filhos. Hb 12
Claro, incluído andar pelo vale da sombra da morte. Com Deus, morte é apenas sombra. Mas foquem no que ainda falta. Nada faltará vai prosseguir. Mas faltam os anos por vir e os desafios, que são as metas da perfeição. Sejam perfeitos, porque Paulo diz ser isso possível. Mas continuem a despojar-se do velho homem e do pecado que, tenazmente, assedia.
Foram ungidos com óleo, para o serviço na igreja. Diácono é quem serve. Não a si mesmo, bem entendido, mas à igreja de Cristo. Às vezes, esquecemos que a igreja é de Cristo. E tornamos o grupo um espaço de vaidade pessoal. Vamos lembrar atrás: vaidade dos próprios pensamentos foi de onde Jesus nos libertou. É mundanismo e diabólico.
Não siga tanto exemplo infeliz de velhacaria nesses circuitos de oficiais de igreja. Eu mesmo fui vítima disso. Afinal, que pastor não foi? Aliás, você tem exemplos na família, de teu próprio pai e de teu avô materno. Sempre avalie esses modelos e siga os bons exemplos.
13 "Pois os que desempenharem bem o diaconato alcançam para si mesmos justa preeminência e muita intrepidez na fé em Cristo Jesus." 1 Tm 3.
Temos ministério de música, da parte da esposa, o que é uma arte, sua especialidade. Mas cuidado, porque o palco da igreja não é teatro, para fama e projeção do ego. Ao contrário, Jesus estabeleceu a igreja para tratamento e cura do ego, subvertido desde o Éden. A exortação que Paulo afirma provir de Cristo, indica que tudo na igreja é serviço e todos têm, por igual, a mesma magnitude e relevância:
2 "...completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. 3 Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. 4 Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros." Fp 2.
Estou afirmando que tais tentações nos são familiares e comuns. São uma casal exposto no ministério da igreja. Então, serão sempre modelo. De Cristo e da obra que permitem que Deus neles complete ou modelos de si mesmos. Neste caso, Cristo não assina embaixo.
E os filhos também mirem-se nesse exemplo. Todos os filhos conhecem mais dos pais do que qualquer outra pessoa. Porque, além de ser seu retrato, no fenótipo e no genótipo, convivem, veem, conhecem e experimentam vícios e virtudes. Eu mesmo queria ser muito melhor do que meus pais o foram na fé. Não consegui.
Mas sou grato a Deus, porque os meus filhos tem sido muito superiores a mim. E o mérito não é nem deles e nem dos pais deles, mas de Cristo. Cristo assina embaixo. Houve obediência? Então há resultado benéfico. E obediência, até Jesus aprendeu e é doloroso aprender. Porque obediência, para nós, significa dizer não a nós mesmos. Defintivamente, não é fácil.
Para encerrar, o salmo diz que bondade e misericódia nos seguirão todos os dias de nossa vida. Sim, tem seguido. Mas bondade e misericódia são atributois exclusivos de Deus. Ressoa em nossa memória o diálogo de Jesus com o jovem rico: "Por que me chamas bom?". Não somos bons, nem de origem e nem por nós mesmos.
No Antigo Testamento, misericórdia equivale a amor. Então, Deus incorpora à nossa vida de Sua bondade e de Seu amor. Sem dúvida, somente por plenitude do Espírito. Somente, fruto de nossa fé viva e ativa, resultado de nossa obediência ao Pai, na proporção da renúncia de nós mesmos.
Essa a marca de um casamento que resiste ao tempo, avança pelos anos, abençoa seus filhos, torna-se modelo para fora de si. Transborda em amor, transborda em bondade. Honra a unção que recebeu, para ministério na igreja e na sociedade. Nada falta. Mas, para o que falta, em relação aos anos por vir, as bênçãos por vir, haverá suprimento e sempre haverá aumento.
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