quarta-feira, 28 de setembro de 2016



                    
                  Zacarias, companheiro de Ageu.
               
               Leitor atento deste livro, você vai perceber que Zacarias reúne três gêneros literários: visões, nos cap. 1-8; oráculos em meio à narrativas proféticas sobre o final dos tempos, nos cap. 9-14; e profecias especificamente messiânicas. A seguir, exemplos de cada um desses tipos de textos. Ainda vale destacar que há profecias que se apresentam como literatura apocalíptica. Ela surge nesse período de cativeiro babilônico. É necessário compreendê-la como reação à maior calamidade enfrentada pelo povo e Deus, reino do Sul em Judá, em 587 a.C., que foi sua ida para o exílio, como se fosse o “Êxodo ao contrário”.
             
           Lembrar que o reino do Norte de Israel já havia sido levado cativo pelos assírios, em 722 a.C., e disperso, para somente reunir-se fragmentariamente, gerando os samaritanos do tempo de Jesus. Quanto aos judaítas, agora perderam terra, Templo e rei e, no tempo desses profetas e dos líderes Zorobabel, Esdras e Neemias, formam a comunidade de retorno, em Jerusalém. A eles se dirigem esses dois profetas contemporâneos.
              
          Profecias de restauração, como em Zc 2:10-12, ao lado de descrições fantásticas e assustadoras, como a visão dos cavaleiros, em Zc 1:7-17 (Ap 6:1-8), ou a mulher sentada num efa, em Zc 5:5-11 (Ap 12:1-6) fazem parte do gênero misto do livro. É chamada literatura apocalíptica exatamente por causa da semelhança com o Apocalipse, único livro profético do Novo Testamento, escrito por João que, certamente, baseou-se em várias profecias do Antigo Testamento e praticou seu estilo.
             
       Profecias messiânicas, como “farei vir o meu servo, o Renovo [...] e tirarei a iniquidade desta terra num só dia”, Zc 3:8c9c, sobre a morte de Jesus na cruz; “trará a pedra angular sob aclamações. Graça, graça a ela”, Zc 4:7, sobre Jesus como a pedra angular; “eis o homem cujo nome é Renovo; ele brotará do seu lugar, e edificará o templo do Senhor [...] levará a glória, assentar-se-á no trono, dominará, será sacerdote, haverá paz e unirá ambos os ofícios”, Zc 6:12-13, de como Jesus cumpriu todos esses atributos exclusivos dEle. Uma das mais notáveis e conhecidas profecias: “Mas, sobre a casa de Davi, e sobre os habitantes de Jerusalém, derramarei o meu Espírito de graça e de súplicas; e olharão para mim, a quem traspassaram; e prantearão sobre ele, como quem pranteia sobre o filho unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora amargamente pelo primogênito”, Zc 12:10. O Espírito foi derramado em Pentecostes, At 2:1-13, mas resta uma conversão nacional dos judeus, prevista como sinal da segunda vinda de Cristo. 

           Finalmente, vamos indicar um modelo de oráculo, pequeno recado profético para a época do profeta: “Quem despreza o dia dos humildes começos, alegrar-se-á, vendo o prumo na mão de Zorobabel”, Zc 4:10. Três foram os grandes líderes das três levas de exilados que retornaram, no tempo dessa dupla profética: Zorobabel, Esdras e Neemias, respectivamente 536, 457 e 445 a.C. Enfrentaram reação contrária à construção do Templo, sob Esdras, Ed 4:4-24, assim como do muro, sob Neemias, Ne 4:1-23. Porém, foram vencedores. Como diz Paulo a Timóteo, basta querer viver piedosamente em Cristo, para ser perseguido, 2 Tm 3;12. Também o autor de Hebreus, em 12:12-13, recomenda a restabelecer joelhos trôpegos, e o lema das uniões femininas a ser firmes e constantes, em 1 Co 15:58.
             
          Com Deus, todo começo é humilde. Seja no tamanho da fé, Mt 17:20; quanto à importância do evangelho, Mt 11:25; quanto ao valor da mensagem da cruz, 1 Co 1:18; e quanto à marca do sentimento que devemos ter em nós, distintivo do que é ser igreja, Fp 2:5. Com Deus, todo começo é humilde porém, depender dEle e caminhar firme em Sua providência é garantia de vitória, ainda que surjam obstáculos. Foi assim na época de Ageu e Zacarias como, certamente, será hoje.

Nenhum comentário:

Postar um comentário