segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Reflexões sobre Jeremias 4

Jeremias e suas dimensões

      Diante da dimensão do caos que Jeremias anuncia, tornava-se difícil assumir, assim como proceder segundo o profeta sugeria: submeter-se ao poder opressor, sem nenhuma reação.

       A situação seria um êxodo ao inverso. Como dizer que a história se repetiria, mas como inversão de si mesma: retorno ao cativeiro, perda da terra, do templo e do trono. Enfim, perda da identidade.

      Os judaítas já haviam assistido ao revés dos efraimitas do norte, as dez tribos dispersas e perdidas no cativeiro assírio, cerca de 120 anos atrás. Sabiam do que se tratava ser invadidos por uma potência militar estrangeira.

     O rei herói, Josias, havia sido morto exatamente tentando impedir que as potências do norte revigorassem seu poder. Jogo de peças do xadrez geopolítico já haviam demonstrado o poder dos babilônios: derrotaram a coligação egípcio-assíria.

       Nessa ocasião, foi posto Jeoacaz no trono, retirado à força, três meses depois, pelo próprio Faraó, que põe no trono Jeoaquim, filho de Josias, a quem acabara de matar.

      11 anos depois, havendo Jeoaquim, contra a palavra de Jeremias, ameaçado rebelar-se, porém morrendo antes que pudesse fazê-lo, vem Nabucodonosor retirar, após outros três meses, Joaquim, para pôr no trono Ezequias, outro filho de Josias.

     Este será o último rei a ocupar o trono em Jerusalém. Definitivamente, a promessa feita a Davi de uma dinastia eterna não dizia respeito a um rei político permanentemente assentado no trono. O sentido era outro.

      Que sentido, para o povo, voltar ao cativeiro? Que missão, no plano de Deus, esse povo escolhido haveria, agora, de cumprir? Que levava consigo como marca a espalhar entre as nações?

      O tamanho dessa perplexidade cabe na dimensão do ministério de Jeremias.
     

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