sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Artigos soltos 23

A samaritana

        O que a mulher trazia, com o cântaro, à fonte, somente Jesus sabia. A sede era, nele, verdadeira e, na mulher, angustiante.

       A pergunta intencional do Mestre teve endereço e circunstância precisa: "dá-me de beber." Soou estridente para ela. "Como!?".

       Soou dúplice para ela. Como? Esse israelita ousa invadir meu dilema íntimo. Ao mesmo tempo indignada, ao mesmo tempo admirada.

       Sou mulher. Nem só isso, por si, desprezível e muito menor. Também sou samaritana. E ainda acrescentaria: sem marido fixo.

       A franqueza da mulher cativava Jesus. Provocou: há duas sedes, a sua e a minha. Se souberas, pedirias e eu te daria da água da vida.

      Jesus sempre surpreende. Como!? De novo a mulher perguntou. Vá buscar seu marido. A verdade na mulher cativou Jesus.

       Vejo que tu és profeta. E todas as dúvidas dela foram se dissipando. Franqueza, verdade no íntimo e sede são elementos constitutivos de adoração.

       Mulher, chegou tua hora. Eu, eu que falo contigo. Os verdadeiros adoradores são encontrados pelo Pai. Importa que Deus seja adorado em espírito e em verdade.

       De súbito, chegaram os apóstolos. Sutis, em seu tumulto. Achavam que Jesus não tinha que falar com aquele tipo de mulher. Mas, a essa altura, esquecido o cântaro à beira da fonte, ela encontrara seu manancial.

      De dentro dos que creem, fluem rios de água viva. Isso Jesus falou com respeito ao Espírito que haveriam de receber todos os que nEle cressem.

      Deixa-se à beira da fonte até o que, nesta vida, é essencial. Há sede maior: de vida plena. Alargamento de todas as angústias. Ela chegou diferente à vila: "vinde e vede o homem: será, porventura, o Messias?". Ela os provocava.

      A mulher encontrou o Messias.

Um comentário:

  1. "Franqueza, verdade no íntimo e sede são elementos constitutivos de adoração".
    Muito bom!

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