terça-feira, 31 de maio de 2016
Especial
Dorcas.
Que caminhos percorres, Dorcas? Por onde te vejo caminhar?
Ha ha, você contou que caminhava pelos alicerces da igreja em Nilópolis, quando teu pai, o vô Tula ajudava na construção.
Ei, Dorcas, você me contou, quando caminhava no chão de folhas, chão macio sobre terra batida, enfeite estranho do dia de barracas na quermesse para fundos das obras do velho templo da Mena Barreto.
Alicerce de igreja, tudo a ver. Você, Dorcas, combina com alicerce de fé. Que caminhos percorres? Acho que sobes e desces, terra batida, o chão do morro da Dr. Rufino, idas e voltas à igreja, desde muito cedo aprendias e ensinavas tudo o que aprendias.
Ei, Dorcas, que caminhos?
Alfabetizavas, em casa, a criançada da vizinhança, na velha mesa ovalada, lembram, primos mais velhos? E depois ajudavas, com mais Merinho e Eber o sustento da casa, Natal de rico, comenta seu noivo, Cid, já em 1949, pelo pouco que sobejou e permitiu mesa farta.
Que caminhos, Dorcas? Retornas em 12 de março de 1956, completavas 26 anos e vinhas do sepultamento de Cid, o primeiro nascido, terceiro parto que vinga após dois abortos espontâneos.
Ora, Dorcas, que caminhos. Voltas dos Servidores, apelido do HSE onde estiveste, fazendo média no plantão lá na enfermaria da ortopedia, 6o andar, onde Cid Mauro esteve, de junho a setembro de 1967, internado, sob risco de perder a perna.
Esse menino que ensinaste a guiar pelos mesmos caminhos, igreja, escola, desde mesmo tenra idade, no ônibus Cascadura-Nilópolis, você pro Nilopolitano, Curso Normal, ele pra o Filgueiras, Jardim de Infância, idos de 1963.
Que caminhos, Dorcas: marido funcionário público, você contratada para Belford Roxo, Eden, Nilópolis, acho que até Queimados e Nova Iguaçu tentou.
O menino vai pegar bronquite, disse o médico. Oração, com Cid e com o menino. Casa alugada em Cascadura, umidade ingrata subindo pela parede. Apareceu, apareceu não, Deus proveu, no Méier - que luxo, na época- uma saída.
Lá vai Dorcas, pernas a fio, mascate de roupas e joias para ajudar a quitar o financiamento pela Caixa. Quantos caminhos. Moisés em Paracambi, Cardoso em Água Santa, sem benzimento, eram os fornecedores.
Caminhos pela Denominação. Ah, Dorcas, sua Denominação: me mostra alguém que a prezasse e amasse e defendesse tanto quanto você, mostra, que eu não acredito.
Caminhos por Nilópolis, caminhos por Cascadura: dobrávamos ali na Ernani Cardoso, saindo da Mendes de Aguiar, cortávamos pela vila, ladeando a horta - ha ha, eu rasgava e degustava nacos de couve - assim fizemos juntos até que, a partir de 1967, já no Meier, vínhamos, dominicalmente, de 667, Meier-Cascadura.
Ultimamente, já uma anciã, os caminhos te levavam às festas, como você é festeira e visitadeira, todas as festas de filhos de primos: não perdeu uma, eu perdi todas.
Ficava sabendo por meio dos teus telefonemas ao Acre, sim, aonde tuas pernas te levaram, pelo menos uma vez por ano, nos 21 anos que lá eu já vivo.
Por que caminhos chegamos juntos ao Cardoso Fontes? Será, Dorcas, que vamos nos separar? Por quanto tempo? Quisera eu pisar mais rente suas pisadas.
Dona Dorcas. Eu estava te chamando assim na enfermaria. Uma das broncas mais recentes, porque está me chamando assim? Reverência, dona Dorcas. Me chama de mãe. Tá bem, dona Dorcas. Você é mesmo minha mãe.
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E esta caminhada segue pela eternidade nos netos e posteridade e assim vai...São atos vivos de que repercutirão nas lembranças, memórias e nos bons exemplos seguidos obra de Deus.
ResponderExcluirAmém. Sementes bem plantadas que esses anciãos nos deixam.
ResponderExcluirLindo texto meu amigo. "Dona Dorcas" é muito querida. Abraço.
ResponderExcluirGrande Paulo: inesquecível igreja de Cascadura, inesquecível família Jardim: Rute, Amaury, cada um de vocês. Quanto amor.
ResponderExcluirLindo!Benção ter uma mãe assim.Abço.
ResponderExcluirBelíssimo, irmão amado. De uma beleza à altura de quem te gerou: a inesquecível dona Dorcas.
ResponderExcluirPr. Cleber Alho
Belíssimo, irmão amado. De uma beleza à altura de quem te gerou: a inesquecível dona Dorcas.
ResponderExcluirPr. Cleber Alho
Gratos, amados irmãos e queridíssima sobrinha. Contraditoriamente, refleti que, ontem, o sepultamento de minha mãe jogou uma nuvem, uma cortina sobre o sofrimento gradual dos últimos dois meses e quinze dias, tornando-se alívio e paz, definitivamente. Porque os testemunhos, depoimentos e impressões revividos ressaltaram a marca de Jesus na vida dela e a certeza de que esses dois, ela e Jesus, juntamente com tantos outros, experimentam a comunhão definitiva no portal da eternidade. Despedida. Até já. Falta uma missão a cumprirmos. Oh, Senhor, dá-nos ainda maior dignidade para que a cumpramos com êxito. A vida de minha mãe nos serve de incentivo a essa oração.
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