Portanto, caso Deus não exista mesmo, resolvida a questão: não existe Deus e não existe inferno. Somos top de linha da evolução (apenas com esse defeito - que nem os irracionais apresentam - da maldade inata) e nosso destino é, como eles e os vegetais, apodrecer no solo e, como exalação, entrar no ciclo do hidrogênio.
Mas, supondo Deus existir, prevalece o problema. E acreditar no inferno, diríamos nós, seria uma primitiva forma de separar bons e maus, acalentada na antiguidade e sepultada na Idade Média, com o advento do Iluminismo. Bem-vinda a era das luzes, para nos livrar das trevas da ignorância.
Embora prevaleça a maldade, ainda como hipótese de trabalho, e mal definida. Porque uns dizem (1) nascemos bons, porém o meio nos corrompe; outros dizem (2) o mal é mazela social: consideraremos o progresso social, isolaremos, diminuiremos, anularemos o mal; ou ainda (3) ainda faltam alguns milhões de anos, mas chegaremos lá, a evolução resolve isso: afinal, ainda estamos no meio do caminho e, com aperfeiçoamento, ficaremos bonzinhos.
Mas a Bíblia trabalha com outra lógica, contando outra história. Deus nos criou a Sua imagem e semelhança. Deu-nos opção de fazer escolha. Até aqui, qualquer ativista dos Direitos Humanos vai absolver o Criador, porque (1) liberdade e (2) livre arbítrio são duas colunas irremovíveis. Aliás, a todo o momento, francamente reivindicadas.
Aí, deu ruim: o homem escolheu ser mal. Fez a escolha errada. Pronto, a partir dessa parte da história, supondo vir acompanhando o raciocínio, ou seja, supondo que Deus exista, começa-se a culpá-lo.
Mas olha só que absurdo: culpar Deus de ter criado o homem? Culpar Deus de dar ao homem total liberdade? Culpá-Lo de que o homem tenha feito a escolha errada?
Parados aqui. Independente-
mente da história, com/sem Deus, a maldade no homem (1) não é logica ou racional; (2) nada tem a ver com o nível social, visto que em Brasília ou na sarjeta mais periférica a escola do mal é a mesma; (3) e nada tem com "defeito de fábrica" na evolução, porque tanto na antiguidade, quanto na modernidade ou pós a maldade da humanidade mantém seus requintes.
Jesus disse, certa vez, antecipando sua morte - por sinal, covarde e injusta - que "na casa do Pai há muitas moradas: vou preparar-vos lugar". Supondo que Jesus estivesse falando a verdade, há lugar (de sobra) na "casa do Pai". Siga o raciocínio: Jesus fala aqui da ressurreição, penúltimo capítulo da história da humanidade.
Nao esqueça: estamos supondo. Bem, então, quem vai para a casa do pai? Quem você recebe em sua casa? Deus, na casa dele, recebe quem deixou a maldade para fora de si mesmo. Esqueci de dizer aqui, mas todos, diante de Deus, somos iguais.
Deus deseja acesso ao nosso interior para, pelo Seu poder, mudar a nossa índole. A maldade do homem só pode ser mudada pelo poder de Deus. Isso diz a Bíblia. Essa é a lógica das Escrituras.
Mas o homem continua (1) livre e de posse do (2) livre arbítrio. Deus nunca vai forçar ninguém a se tornar bom. Deus nunca vai invadir o íntimo de ninguém. Mas também não vai permitir acesso, em Sua casa, a quem quiser entrar trazendo consigo sua maldade.
Os maus ficarão fora da casa. Inferno é o lugar fora da casa. Não tem a cara de Deus. É o lugar onde os maus resolveram ficar com sua maldade. O problema é uma "visão romântica" da maldade, tentando dizer que, no fundo, no fundo não passa de uma "pirracinha" de seres "involuídos".
Para a história da Bíblia, maldade tem rosto humano. É somente o amor de Deus implantado por Deus na vida do homem, de fora para dentro, que pode salvá-lo de sua própria maldade.
E a Bíblia ainda afirma que a morte física não é o fim da humanidade. Assim como Jesus ressuscitou, bons e maus ressuscitarão. Quem optou por Deus, para que, em Jesus fosse, por Deus, transformado, terá acesso à casa do Pai. Quem nunca permitiu que Deus agisse em sua vida, para ferir de morte o mal, fica fora da casa. Fora da casa é o inferno.
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