segunda-feira, 18 de junho de 2018

BÍBLIA 3

      A Bíblia do ponto de vista do mal. O mal reside no homem. Bem está, é possível até supor a inexistência de Deus. Porém nenhum sensato há de supor a inexistência do mal.

     Empiricamente falando, também, o mal não está, necessariamente, associado somente a fatores sociais. A célebre máxima de que "o mal é produto do meio". Frágil argumento.

     Nascemos bons, mas o meio nos corrompe. Será? E quanto ao fato do progresso da história da humanidade, o mal estaria condicionado à idade primitiva dessa história. Calamidades recentes, de mesma natureza daquelas promovidas na antiguidade, assolações, guerras e crimes contra a humanidade, comprovam nenhuma evolução nesse sentido.

      Intelectuais do colarinho branco são, apenas, mais contumazes e abrangentes na maldade que praticam. Diferentes na competência para o mal, porém em essência idênticos aos de classe social inferior.

      A Bíblia é espelho dessa maldade. Nela você encontra chacina, genocídio, estupro individual estudado, assim como coletivo. Crimes de reis, profetas, juízes e religiosos.

     O enigma do mal. A sedução do mal. Existe. No homem (e na mulher). Há cumplicidade. A Bíblia é espelho desse mal, porque não o esconde. Se há heróis em suas páginas, não estão ocultas suas falhas.

     Contraditoriamente falando, por exemplo, Jesus filho de Davi, orgulho e dinastia, se for o caso, tem seu nome associado a um rei enaltecido, sim, politicamente falando. Mas questionável, em termos de caráter.

     Mas a marca desse rei também é exemplo, no Livro, de sua principal possibilidade: o enfrentamento do mal. A Bíblia tem, a um só tempo, uma ideia de identificação, segregação e supressão do mal.

      O mal reside no ser humano. A Bíblia diz que a morte é o fim do mal. Mortos não são nem bons e nem maus: são mortos. Mas a supressão do mal reside na relação com Deus, assim explicitada na Bíblia.

       A maldade do rei acima mencionado revelou-se numa armação que proveu, na tentativa de encobrir um seu caso amoroso com a esposa de um de seus mais fiéis guerreiros e oficial de seu exército.

       Mandou chamá-lo da frente de batalha porque já havia engravidado a esposa dele. Disse ser urgente, procurou saber das escaramuças e encaminhou-o a passar a noite com a esposa.

      Mas ele disse que só estava ali a chamado do rei e que nenhum de seus homens passava a noite com suas respectivas esposas naquela fase. Ele não o faria. O rei embebedou-o, na tentativa. Nem assim.

     Mandou-o, então, ser portador do próprio recado de sua eliminação, na frente de batalha, muma situação simulada, mensagem essa entregue ao comandante fiel ao rei na corrupção de caráter de ambos.

       Esse rei assim procedeu, descansou nessa injúria, mas foi interpelado por um profeta, que o denunciou cara a cara, e quedou-se arrependido.

     Para a Bíblia, a neutralização do mal não se dá na eliminação dos maus sobre a face da terra. Porque, segundo ela, toda a humanidade teria de ser extinta. A Bíblia afirma que todos são maus.

     Nascem maus, como escreveu esse rei em seu salmo de arrependimento. Salmo 51. A Bíblia afirma que a neutralização do mal está no arrependimento e confissão, diante de Deus, do mal.

      Onde houver mal, há mão do homem. Onde, na Bíblia, houver mal, é espelho de quem nela se mira. Mas na Bíblia está escrito como se neutraliza o mal. Reside no bem de Deus.

     

 

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