O trato e toda a metodologia de pesquisa dos elementos componentes do texto do AT também são aplicados ao texto do Novo Testamento.
Tratados como obras literárias da antiguidade, a própria menção dos nomes de seus autores, atribuídos por cuidadosa tradição é, frequentemente, questionada.
Assim que enumerar os nomes, Mateus, Marcos, Lucas e João, como atribuir a Paulo as 13 epístolas, exceto Hebreus, ou confirmar duas cartas de Pedro, três de João ou referir os demais autores como epígrafe dos livros escritos, não é unanimemente aceito pela crítica desses exegetas, predominantemente alemães.
Tanto no AT, quanto no NT, cada livro da Bíblia é tratado documento antigo, ao qual serão aplicadas as técnicas de crítica literária, como a qualquer outro tipo de texto, independentemente de sua época de composição.
Muitas vezes não haverá como confirmar ou não essa autoria, devido à antiguidade dos documentos, sem que haja qualquer outra pista que não a própria tradição.
Os livros proféticos do AT, por exemplo, possuem um núcleo mais antigo, geralmente atribuído ao profeta em questão, bem como adições posteriores, feitas por discípulos ou pela escola de profetas.
Com relação às cartas de Paulo, também há autores que defendem, na maioria delas, a ocorrência de material acrescentado por discípulos desse apóstolo. E no caso das cartas pastorais, são inteiramente atribuídas a esses mesmos autores secundários, porém com algum material paulino.
Destaque-se que esse critério, denominado "alta crítica", é particular a esse grupo restrito de exegetas. A consequência direta é certa fragmentação do texto bíblico, assim compreendido.
É necessário conhecer a variedade das conclusões desses autores, com relação aos textos do AT e do NT, de modo a preservar, por argumentos, a intenção específica e única do texto como veículo de revelação.
Há tendência, muitas vezes inconsciente, de desacreditar a Bíblia, devido à fragmentação mencionada. Por exemplo, dizer que a única Carta aos Coríntios autenticamente paulina é a primeira, sendo a segunda uma reunião de outras duas ou três.
Que as cartas pastorais são de outro(s) autor(es), que não o Apóstolo, mas que seguiram sua linha de pensamento. E que, entre outros, o Apocalipse é de um João anônimo, se é que é de qualquer "João" desses.
Pouco lida até pelos crentes, como vem sendo, e enfocada por essa ótica, a Bíblia segue pouco entendida e depreciada. E tais teorias, desconhe-
cidas por líderes mal preparados, ainda são mal apresentadas ao público leitor.
Revistas de banca de jornal, como Galileu, Superinteressante, Mundo Estranho e seus links na net, espalham a quatro ventos essas hipóteses. Não que depreciemos aqui, sejam as revistas ou as teorias, mas é que tal assunto requer critério de pesquisa e orientação especializada.
Prevalece, nesse caso, a cuidadosa leitura, na busca do conteúdo exclusivo do Livro: de que modo "homens falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo". Em sua época, em sua língua, imersos em sua cultura.
Isso posto, já foi dito: os estudos desses gêneros literários diversos, bem como da tradição de manuscritos assim produzidos e sua transmissão, com ou sem retoques, confirmados por méto-
dos criteriosos, todo esse conjunto compõe as Escrituras, uma vez por todas dada à humanidade. E cremos que Deus fala por meio dela.
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