Histórias da Bíblia. Há quem menospreze o Livro por pura implicância com elas. Salvo não seja por pura má intenção. As histórias da chamada proto-história.
São o conjunto de narrativas antes da menção de Abrão, a partir do qual há mais exata localização no tempo. Este se situa na Mesopotâmia, aliás foi a própria Bíblia que forneceu a pista para localizar Ur dos caldeus, sua cidade natal.
Narrativas como Adão e Eva, Dilúvio e Torre de Babel são as preferidas em termos de desqualificação. As principais reclamações dizem respeito à historicidade, à contrariedade de leis científicas e a aspectos metafóricos.
Por exemplo, serpentes nunca falaram ou teriam pernas, antes de sua condenação a rastejar. Problemas, na história do Dilúvio, de combinação de DNA, a partir dos três casais que, entre si, repovoam a terra. E ainda os fundamentos das diferenças linguísticas meramente atribuídos a um trauma psicológico provocado pelo Altíssimo, quando da Torre de Babel.
Para a economia bíblica, ou seja, conferir fundamento a partir do qual a Bíblia constrói suas argumentações, essas histórias são essenciais. A primeira, que atualmente desperta a fúria dos ativistas, é aquela de Adão e Eva.
Ela segue a lógica filosófica ou da própria natureza quando afirma ter sido macho e fêmea a criação do divino. Fossem macho x macho ou fêmea x fêmea, não haveria reprodução e nem humanidade.
Portanto, por mais pueril que seja encarar como lendária ou despropositada essa história, segue uma lógica insofismável. Desse modo, não vale dizer que atribuir à heterossexualidade prevalência sobre a homossexualidade significa implicância com esta última.
Como também dizer que houve inversão, que associar sexo e gênero, masculino ao sexo homem e feminino ao sexo mulher seria forçação de barra, por quê? Lógica e natureza, para que família original fosse homem + mulher + filhos assim gerados.
O que parte de nova concepção e vem ao encontro do pré-estabelecido é dizer que família pode ser homem + homem e filhos, gerados por que acordo? Ou mulher + mulher e filhos, gerados por qual acordo?
Não se trata de homofobia. Mas da livre escolha e prática de duas cosmovisões distintas, uma que considera família a relação heterossexual, com os filhos gerados nesse contexto, e aquela homoafetiva, cujos filhos provém de acordo extraconjugal.
O entendimento virá da não tentativa de imposição de parte a parte: ativistas acusam evangélicos da tentativa de impor sua insistente heterossexualidade. E o inverso também é verdadeiro: eles desejam impor como natural aceitar a não associação entre gênero e sexualidade.
As diferenças devem ser mutuamente aceitas. Não se deve apregoar a virtude de aceitá-las, porém não aceitando-as no outro. E as cosmovisões, visões diferentes de mundo, têm o mesmo valor, por representarem parcelas distintas da sociedade. Ambas têm o direito de aceitar, praticar e proclamar seus respectivos modelos, sem impô-los a outrem.
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