sábado, 30 de junho de 2018

BÍBLIA 15

        Apedrejar filho que desobedece pai e mãe, idólatras ou homossexuais são prescrições bíblicas que perguntam se foi ordem divina direta ou homens presumiram que fosse.

        Israel tentou montar uma teocracia. Reflexo dessa tentativa vã foi um código de leis que pretende ser, todo ele, ordem expressa de Deus, em Pessoa.

       O chamado Decálogo já é mais consensual que fosse inteiramente emanado do Altíssimo, 5 + 5 mandamentos, os cinco primeiros referentes à relação Deus-homem e os cinco últimos à relação homem-homem.

        É necessário ler a Bíblia entendendo que nasce no contexto desses povos antigos que, por exemplo, praticavam o genocídio: eliminavam todos os inimigos, às vezes poupando só mulheres virgens, para serem concubinas e/ou escravas.

       A revelação progressiva de Deus leva em conta o homem no estágio de sua história. Deus se revela um Deus de amor, mas jamais obriga o homem a entender isso.

        E não somos marcianos, somos terrestres. Não somos extraterrestres evoluidíssimos, que já chegamos prontos ao planeta. Aliás, quem pressupõe a figura ridícula do uga-uga, homem/mulher das cavernas, nem é a Bíblia: aparecem nas animações digitais "científicas".

        Portanto, sem preconceitos. A maldade não é privilégio, ao inverso, de nenhuma civilização em especial, ao oriente ou ao ocidente: essa praga afetou a humanidade inteira.

     Então, quando o texto bíblico mostra, sem nenhuma censura, chacina, estupro planejado, estupro coletivo, linchamento, preconceito, discriminação, pena de morte etc, não me venha responsabilizar Deus.

       Todas essas desgraças são resultado de ação humana. Quem pratica o mal contra o próximo é o homem e a mulher também. Quando a Bíblia estipula "olho por olho, dente por dente", possa parecer estupidez.

        Mas não foi. Era porque vasava-se o olho numa agressão e ficava por isso mesmo. Quebrava-se o dente no mesmo gesto e ficava por isso mesmo. Então se resolveu punir, no mesmo preço, quem assim se acostumou a agredir: furou o olho do outro, o seu será furado também.

      Foi evolução naquela sociedade arcaica, sim, em relação ao nosso tempo. Mas a maldade daqueles dias é, exatamente, a mesma de hoje. E quando mandavam apedrejar o filho que ofendesse pai ou mãe, outra evolução.

     Era porque virara rotina filhos que não estavam nem aí para os pais anciãos. Sim, porque enquanto jovens, esses pais se defendiam. Uma vez idosos, eram oprimidos pelos próprios filhos.

       Pois é falta de critério, ignorância nossa, quando acusamos o texto bíblico, misturando maldade humana com preceito legal daquela época. A lei rigorosa era uma tentativa de pôr ordem ao caos.

        E quando condenava e ordenava apedrejamentos, nas relações sexuais transversais, homem com homem, mulher com mulher ou variações a três e/ou grupais, além de sexo bestial, quer dizer, com animais - quanta variedade no reino humano, não é mesmo?! -, ora, era reflexo da sociedade daqueles ermos tempos.
     
      Deus não ordena apedrejamento e nem pena de morte. São ordenamentos estabelecidos por grupos presumidamente teocráticos que, agindo assim, julgavam fazê-lo em nome de Deus. Ora, pena de morte existe hoje, em nome do homem mesmo.

         Muito embora, já de início, a Bíblia entenda morte como sepultura para o pecado: "condenou Deus, na carne, o pecado" (Paulo Apóstolo). Quer dizer, homem/mulher condenados a morrer, para dar fim definitivo a sua sina de pecadores. É assim que a Bíblia explica o porquê da morte.

       E também a Bíbla é heterossexual em sua cosmovisão. E tem esse direito, assim como os outros grupos têm os seus. Casamento, para a Bíblia, é heterossexual, monogâmico e indissolúvel. Se o homem estabeleceu variações para isso, a responsabilidade é dele.

        É necessário distinguir fala de Deus/fala do homem. Deus revela seu caráter nas Escrituras. O homem também revela o seu. A Bíblia propõe que andem juntos, Deus e o homem, em comunhão.

       Com diz Isaías, o profeta, Deus convida o homem: "Vinde e arrazoemos", ou seja, diante de Deus, que o homem exponha suas razões. E continua Deus: "ainda que o seu pecado seja mancha escarlate ou mancha carmesim, vai se tornar, pelo poder de Deus, branco como a neve ou como alva lã". Deus, somente Deus tem o antídoto para a maldade humana.


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