quarta-feira, 4 de maio de 2016

Filigranas de Memória 1

Como foram os dias.

      Os dias dos 150.000 quilômetros das viagens de carro Rio-Rio, ou seja, Rio Branco, AC - Rio de Janeiro, RJ. Digo conta inteira, porque os cerca de 4.200 km ida e volta, somam 8.400, oito dias de viagem, porém mais o gozo das férias no Rio, capital (epa, a outra também é capital), somem-se aí mais uns 2.000 km rodando, aproximados 10.000 km: completamos esse trajeto, eu e família, 15 vezes.

       Com os carros, ora, vou saltear, começando pelas certezas: com o Gol 1000 95, três vezes, certamente, em 95, 96 e 97. Com o Parati Prata Track Field 1.6, com ar, em 2004 e 2005. Quebrei a cabeça do fêmur em novembro de 2008, portanto em janeiro de 2009, fomos por avião. De 1998 a 2003, seis vezes com a Parati verde musgo, que seja, adquirida por consórcio ainda em 1997. A Toyota Fielder, que completa aniversário de 10 anos em novembro de 2016 próximo, foi em 2007, 2010, 2011 e 2012.

      Esses dias são, ao mesmo tempo, iguais e diferentes. Iguais, porque a novidade da primeira vez, arrefece na segunda e terceira idas, mas diferentes, porque na rotina de cobrir sempre a mesma distância, cenas e fatos novos ocorrem. As estâncias de pousada, é claro, repetem-se e se confirmam, como se verá, porém com uma e outra variação quando ocorriam intempéries e/ou imprevistos.

       Como da primeiríssima vez, puríssima loucura, coisa que jamais faria com a cabeça que tenho hoje, Regina carregava Isaac de 8 meses no banco traseiro do Gol 1000 quadrado, ano 1995, KQA 7532, placa de numeração de Niterói, RJ, e eu pilotava com assessoria dela, alçada de visão lá do banco de trás.

        Primeiro fato novo foi escapar pelo rajar do vento um papelão improvisado como morcego, apelido daquela vidraça que, nesses modelos, eram um triângulo retângulo envidraçado que ocupava bem ali, o acabamento entre o trilho de deslizamento do vidro da porta, ainda manivelado, lembrem, e a extremidade angular da própria porta.

       Tinha sido quebrado numa tentativa de furto lá no bairro Tancredo Neves, bem defronte da porta da casa do Nelson Rosa, colada ao templo congregacional pioneiro nesse bairro. Fomos salvos por Prince, Laike e Pop, as três que, lideradas por Laike a mais brava, mesmo por detrás do portão, assustaram os meliantes: quebraram o vidro, a espia, mas não levaram o moderníssimo toca-fitas cassete e rádio AM/FM. Graças a Deus (e às três guardiãs). A partir dessa noite, passamos a estacionar alhures, na rua ao lado.

      Fomos a Porto Velho, torcendo para que não chovesse, com vistas a parar na autorizada da WV de lá, bem ali, pouco à frente do trevo que faz entrada para a cidade e apontava, na época, hipotética direção e distância para Manaus, porque estrada não havia. Paramos. Uma fábula, como dizia meu pai, a peça de vidro e a mão de obra para pôr.

      Perguntei por uma outra fórmula. Dissemos que faltavam, ainda, 3500 km. Acho que a visão do casal com filho de menos de 1 ano ao colo sensibilizou o funcionário. A solução que deu foi recorrer ao depósito de carros atrás que tinha carro de mesma marca danificado por outras razões, com peça idêntica inteirinha.
   
        Lembro que, além de colocá-la e não cobrar nem peça e nem mão de obra, apenas deixou com minha consciência dar um qualquer. Como ela ardeu, a consciência, insisti em perguntar se estava bom o preço que, calculado, não mal passava a quarta parte da despesa, literalmente, original. Deu tudo certo, iniciou-se a viagem.

        Lembro do pernoite em Ji-Paraná. Sempre sensibilizávamos quem visse Isaac ao colo, muito bonito e sadio, desculpem a modéstia. A moça do hotel, creio ter sido a dona mesmo, nos colocou num quarto enorme que, salvo engano meu tinha era mesmo cama de casal e outra de solteiro. Cobertos, então, mais de 1000 km, já que até Cacoal são novecentos e tantos e Ji fica, ainda, além de Pimenta Bueno.

    Juntamos, eu e Regina, cama de solteiro e casal: dormi naquela e Regina nesta, com o menino, que acordou mergulhado entre as duas na manhã seguinte.  Conversas e detalhes da Epopeia familiar que empreendíamos, com a dona, à mesa do café da manhã ou ao fecharmos a diária, não lembro, seguimos viagem visando, no planejamento da esposa navegadora, mapa Quatro Rodas 95 em punho, as quebradas de Rondonópolis, uns 1300 km adiante. Para uma estreia, foi notável e arriscadíssimo, mas ainda não sabíamos.

3 comentários:

  1. Que saudade dessa época! É sempre tão bom ouvir essas histórias e relembrar esse tempo :D
    Te amo pai. Bjs, Ana Luisa

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  2. Jornada após jornada, guardados por Deus dos perigos das estradas e carregando sonhos e propósitos de Deus, peregrinos neste mundo. Abração, minha linda. Eu te amo.

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  3. Jornada após jornada, guardados por Deus dos perigos das estradas e carregando sonhos e propósitos de Deus, peregrinos neste mundo. Abração, minha linda. Eu te amo.

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