O que lembro do Tancredo Neves?
De aqui para frente, Tancredo, na intimidade
E haja (muita) intimidade
Era 1995, era não, foi quando chegamos,
Chegou com a mãe semana depois,
No Tancredo, chorou muito
Em sua primeira noite no Acre
O pai o consolava
Na escada da igreja
Sob a luz de rua, até ninar
Pernoites na casa dos pioneiros
Casal Rosa em férias
Casal Oliveira alugando a casa
Limpa cacimba, enche a caixa
Lava a roupa na casa mista
Terminologia nova para o novo casal
Primeira compra no Bosque, mosquiteiro,
Primeira compra no Tancredo, palma
Vexame: despenca a palma pra fazer dúzia
Noites no Tancredo
Mãe, pai e menino dentro do mosquiteiro
Cedo as músicas das rádios populares
E os programas da época
Vida plena em Cristo, com os pastores,
Mundo cão, com Estevão Bimbe,
Aja correto, pode não mudar o mundo,
Mas esteja certo: haverá um canalha a menos
Três guardiãs: Prince, Pop e Laike,
Esta muito braba, não deixava entrar
Quarto de madeira dela, sala pública
Mas à noite, madrugada com ou sem lua
Laike era minha companhia
A ver como ia o Gol 1000
Guardado no terreiro da casa amiga
Na curva da esquina, na parada final
Havia grande castanhola, acreanês,
Castanheira, carioquês, durma-se com esta,
Vá se ver aqui o que é castanha.
Laike ao meu lado, toda noite, vigia fiel
Susto. Latem Pop, Prince e Laike,
Eles correm, não sem antes
Quebrar o vidro do morcego do Gol 1000
Que papelão, este e o que improvisamos
Memórias do Tancredo
Incluem primeiras noites, primeiras chuvas,
Céu plúmbeo, idas e vindas ao centro by bus
Primeiras histórias de seringal com o vô da Bic
Posse em dia carrancudo
Ressaca de viagem solitária em dupla
Choro pela falta de mãe e filho
Deixa que busco no antigo aeroporto.
Começo de jornada,
Sempre providência de Deus,
Amigos de última hora, uma casa onde morar
Mudança adiada, providência renovada
Do Tancredo à Floresta, ironia lá no Rio:
Foram para o Acre, morar na Floresta,
Apenas susto passageiro,
Pois foram pro Acre, morar no (bairro) Floresta
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