terça-feira, 9 de maio de 2023

Éfeso - 2

    

      Muitas vezes confundimos circo com o que é essencial. Enumeramos uma terminologia gasta de simulação de resgate de "experiências": renovação, avivamento, vocação, quebrantamento, etc, etc, etc. Pura cantilena. A experiência fundante, única, irrepetida é com a cruz.

    "Pois o amor de Cristo nos constrange, porque estamos convencidos de que um morreu por todos; logo, todos morreram. E ele morreu por todos para que aqueles que vivem já não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou." 2 Co 5,4-5.

   Agora, revisar o que a cruz significa, ressignificá-la, reavivar sua dimensão e compreensão, como diz Oseias, é "conhecer e continuar conhecendo" o Senhor, Os 6,3. Essencial no ser igreja. Éfeso havia abandonado essa experiência vital, fundante, identitária da igreja que é, pelo amor de Cristo, reconhecer de que não mais nos pertencemos.

   Por vaidade, talvez. Como dizia Salomão, tudo é vaidade, e até ele mesmo foi vítima dela. Satanás também. Fomos chamados da vaidade do mundo, como diz Paulo em Ef 4,17-18 (ora, na carta aos Efésios), para a humildade e dependência total de e em Cristo:

   "Isto, portando, digo e no Senhor testifico, que não  mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos, obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus, por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração".

    Ficou mais claro o problema de Éfeso e as implicações dele. Como diz Tiago, o pecado tem suas conexões, nesse encadeamento que Paulo indica. Mas o ponto sensível, em Éfeso, é sua prepotência, cuja definição é "acreditar possuir o conhecimento, a consciência e o controle que, na verdade, não tem".

   Uma igreja que avaliava que, a si, se bastava. Talvez tenha-lhe subido, enaltecido, ensoberbecido a ela mesma a autoavaliação que fazia de si mesma. Cilada essa tão corriqueira hoje na vida de tantas igrejas e sua liderança.

    Jesus ama cada igreja. Mas sua advertência a Éfeso é dura, porque ela está perdendo sua identidade. O amor é serviço. Éfeso passou a servir a si mesma. Empinou seu nariz, como deveriam ser seus membros. Lembram do povo de Éfeso gritando, até a exaustão, "grande é Diana dos efésios"?

   A igreja downloudou, importou para dentro esse orgulho de ser efésio, de ser "a igreja". Jesus prometeu abalar essa autoconfiança, no mínimo humana, no máximo vaidade diabólica. Mover o candeeiro, que simboliza igreja, refere-se a pulverizar essa ilusória autoconfiança, se não fosse indicar a eles que, continuar no erro de rejeitar o amor, seria prenúncio de falência total.

   Jesus sempre termina com uma promessa. Sempre há um remédio e chance real de soerguimento. Não sabemos direito quem eram os nicolaítas, somente que, pelo nome, seguiam uma heresia de um tal Nicolau, mas foi notável a capacidade de Éfeso em identificar mais esse erro.

   Jesus chama de vencedores os que o atendem e revertem qualquer situação de erro. Parceiros de Jesus nessa vitória, sempre têm uma promessa de grau muito elevado, no caso aqui ser servido pelo próprio Jesus do fruto da árvore da vida, o que deveria ter sido o mais desejado no Éden.

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