À igreja de Pérgamo, Jesus se refere como aquele de quem, por sua boca, sai uma espada de dois gumes. Símbolo da palavra, como expresso em Hb 4,12:
"Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e as intenções do coração."
Na primeira visão de João, de Jesus glorificado, em Ap 1,9-20, o modo pictórico descrito apresenta todas as características que definem quem envia as cartas, a cada igreja, assim quem a elas dedica todo o Apocalipse, que é o próprio Jesus
As cartas são como que uma preparação das igrejas para que recebam todas as revelações. E o traço específico de Jesus como Verbo de Deus, aquele que, em toda a sua inteireza e integralidade tem consigo a palavra de Deus, está descrito em Ap 1,16: "...e da sua boca saía uma espada afiada de dois gumes".
Necessária essa apresentação pois, na cidade, do modo indicado logo no início da carta, está o "trono de Satanás", essa a qualificação do culto ao imperador romano, a religião oficial do império. Pérgamo queria rivalizar com Éfeso em tamanho e grau de importância.
É mencionado o martírio de Antipas, certamente por não renunciar à sua fé, diante da pressão dos demais citadinos. Mesmo assim, os irmãos não se deixaram intimidar. Jesus lhes ressalta a fidelidade, pois não renunciaram a sua fé, diante de toda e qualquer ameaça.
Mas há ressalvas apontadas por Jesus. Reprovável para alguns as concessões feitas a quem, como no caso do suborno proposto a Balaão, convence pessoas da igreja a participar de rituais com comidas sacrificadas a ídolos, assim como a praticar desvios na conduta sexual.
E o sucesso que os hereges nicolaítas não obtiveram em Éfeso, chegou a Pérgamo e, entre os irmãos da igreja, houve quem se apegasse aos ensinamentos deles. Ora, nessa suposta rivalidade entre as duas cidades, por status, a igreja desta cidade perdeu pontos em relação à de Éfeso.
Jesus exorta a que se corrijam. Porque acolher o ensino de heresias, aceitar imoralidades sexuais e participar de rituais idólatras requer uma confrontação contra o erro, a qual a igreja deve realizar por si, porém na autoridade de Jesus. Pois a palavra de Deus é plena, na boca de Jesus Cristo, assim como discerne o erro, seja como tenha se tentado camuflar.
A carta à igreja de Pérgamo destaca a importância vital da palavra de Jesus. Em Atos 2,42, está anotada, no início de sua atividade, a perseverança da igreja na doutrina dos apóstolos. O principal recurso da igreja são as Escrituras, do Antigo e Novo testamento. Por elas, estará habilitada a enfrentar, com discernimento, o que for engano, seja na vida moral, seja quanto a ideias de falsa doutrina ou quanto aos elementos do falso culto.
A pedrinha branca é um traço de distinção, fosse nos tribunais, indicando a absolvição do réu, fosse na recepção numa requintada festa, garantindo o legítimo acesso. Assim como o novo nome é símbolo de uma personalidade íntegra e de uma identidade restaurada e preservada.
Jesus é o único, por meio do qual, a igreja pode reconhecer, por meio de Sua palavra, a verdade, discernindo todo o erro, assim como, pela palavra, ser continuamente santificada. E pela palavra, proclamar o evangelho, advertindo o mundo da última chance que tem para aceitar a salvação, do modo como o próprio Jesus começou pregando:
"Depois que João foi preso, Jesus foi para a Galileia, proclamando o evangelho de Deus.' O tempo está cumprido', dizia ele, 'o Reino de Deus está próximo: arrependam-se e creiam no evangelho!", Mc 1,14-15. Urgente proclamar esse evangelho. Para isso, e somente para isso, a igreja recebe poder e autoridade:
"Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra". At 1,8. Pela palavra de Jesus, preservada a autoridade, identidade e ministério da igreja.
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