terça-feira, 9 de maio de 2023

Éfeso - 1

   

    A primeira palavra de Jesus, em todas as cartas, são suas credenciais. Muito importante anotar isso. Porque ele é o Senhor da igreja. Se há algo inconcebível, para o ser humano, é igreja.

   O único possível de conceber o que é igreja é Deus. Cabe a nós somente a vivência. Cristo edifica e o Espírito Santo gerencia. Igreja é obra da Trindade, quer queiramos ou não.

   É objeto de fé, desde a concepção à execução. Lembram do autor de Hebreus: "Jesus é o autor e consumador da fé"? Que fique bem entendido que igreja aqui se menciona.

   Igreja, prédio ou tenda fixa, localizada por GPS, é uma das menções. Igreja registro cartorial, com Estatutos definidos e qualificados, é outra coisa. Agora, Igreja corpo de Cristo, como diz Paulo, supridas na articulação de todas as juntas, edificada sobre Cristo, recebendo suprimento do céu, esta é a bíblica e autêntica.

   Essa distinção inicial é fundamental. E a apresentação de Jesus, a cada igreja, agrega uma característica dEle especial ao trato específico a cada uma. A Éfeso ele reafirma seu senhorio e soberania porque, como aqui vamos ver, essa igreja corria o risco, o mais comum e frequente que todas correm, que é ficar, totalmente, no controle dos membros, usurpada para fora do controle de Jesus Cristo.

    Ele se apresenta como o que tem nas mãos estrelas e candeeiros, geralmente entendido que significa ter a liderança e a própria igreja, por direito, sob seu pastoreio. A não ser que, por rebeldia nossa, se lhe tenha sido usurpado esse direito.

    Conheço as tuas obras. Evidentemente que a autoavaliação da igreja cabe a nós. Não somos (ou não deveríamos ser) crianças. Cabe a nós essa maturidade. Mas com toda a cautela, entendendo que quem conhece a igreja é Cristo, em sua onisciência, e temos de exercer nossa humildade em reconhecer isso e depender dEle nessa avaliação.

    E a igreja de Éfeso é reconhecida por uma lista de desempenho invejável. Aliás, a correlação entre as cartas esclarece isso, que tanto os aspectos positivos, quanto os pontos de atenção devem ser compartilhados, de igreja para igreja, de modo a uma aplicabilidade geral e consensual.

    Talvez o problema principal de Éfeso, ora, uma igreja proporcional ao renome da própria cidade, tenha sido que começou a bastar a si mesma. Como que profissionalizou-se, institucionalizou-se, de tal maneira, que o sopro de humanização do Espírito deixou de existir.

    Jesus começa listando as virtudes: labor, perseverança, resistência ao que é falso, testagem e denúncia do erro, suporte de provações, por causa do nome de Jesus, e manutenção da coragem.

   Tudo isso será sempre necessário a qualquer igreja e sempre acompanhará o perfil do cristão. Mas há uma falha crucial. E Jesus logo, como vai acontecer em todos os modelos das cartas, numa estrutura estudada, vai passar às repreensões. E, de tão graves, Jesus as qualifica de algo contra a igreja e, consequentemente, contra Ele, desqualificante para a igreja e fatal para a identidade dela.

   O abandono do primeiro amor. Aqui não é o numeral ordinal, porque não existe primeiro, segundo o terceiro amor. Nem amor antigo ou moderno, mas primeiro em grau de importância. Primeiro e único. Amor define a relação com Deus. A igreja de Éfeso o havia abandonado.

   A linguagem de Jesus parece lembrar o processo da conversão, queda e arrependimento: "Lembra-te de onde caíste, arrepende-te e volta". Nossa vida de igreja começa na cruz. A ela sempre se retorna.  >segue>

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