domingo, 21 de maio de 2023

Encontro de casais


1. Antes do  casamento:
A essência: é no namoro que atina-se com o que o casamento verdadeiramente sigjfica
Gn 2,24;
2. O casamento
A missão: há três ênfase definidas por Deus no casamento: 2.1. A relação a dois; 2.2. O nascimento e a criação de filhos; 2.3. A célula social. Gn 1,27-28
3. Anos Iniciais:
O que realmente importa: o ensaio do que o namoro programou e a projeção para todos os anos seguintes. Ef 5,18-28.
4. Convivência
Acordando com o pior dos pecadores: a relação conjugal é um milagre de Deus, maturidade e equilíbrio do casal. 1 Tm 1,15.
5. Maturidade:
O perdão: o exercício da convivência, primeiro estudada, no namoro, vivenciada, nos anos iniciais, prorociona o aprendizado, ao longo dos anos, com erros e acertos. Cl 3,13.
6. Terceira idade:
A misericórdia triunfa sobre o juízo: o aprendizado ao longo dos anos é laboratório que projeta para o futuro, incluída a terceira idade. Tg 2,12-13.
7. Plenitide:
Graça resoluta: toda a convivência de um casal é pensada por Deus para que haja plenitude. Devem chegar à velhice contando as bênçãos de toda uma vida. Os 2,19-20.

terça-feira, 16 de maio de 2023

Laodiceia

 

    Há uma tendência em se avaliar Laodiceia como a pior entre as sete igrejas do Apocalipse. Isso devido à dura linguagem a ela associada. Aquele trecho que menciona frio ou quente, se for morno vomita-se, é o responsável por essa avaliação precipitada.

   Então ninguém deseja ser a igreja de Laodiceia, ao contrário de sua vizinha, Filadélfia, com a qual todos desejam se identificar. Mas é precipitada essa leitura. Porque, como já dissemos, Jesus ama todas por igual e, de modo meticuloso, provê restauração.

   E Laodiceia recebe uma promessa, dessas registradas ao final da carta, para quem supera suas dificuldades, aceita o diagnóstico de Jesus e avança para a sua própria cura, talvez, comparativamente, a mais elevada.

   No Apocalipse, logo após a introdução, com a primeira fantástica visão de Jesus Glorificado e essa dedicatória das cartas, João é convocado aos céus, onde divisa um trono, no qual quem senta é guarnecido pelos quatro seres viventes, que não cessam de advertir Santo, Santo, Santo.

   Pois nesse trono somente o Cordeiro pode tomar assento, porque está claro ser o trono de Deus. Aliás, essa superposição das duas pessoas, Pai e Filho, nesse mesmo lugar, é, no Apocalipse, uma indicação da identidade dos dois sendo um só, como no Evangelho de João.

    Pois confira que, na promessa de Jesus aos crentes vitoriosos, em Laodiceia, consta sentar-se, juntamente com o Cordeiro, nesse exato trono. Daí a constatação de que, essas promessas da conclusão das cartas, às sete igrejas, além de sempre pressupor restauração completa, eleva com um convite de se privar da glória de Deus.

   E para a igreja de Laodiceia, Jesus afirma o que podemos chamar de paradoxo, que é quando um arroubo ou um exagero de linguagem está posto. Uma contradição. Mas tratando-se de uma palavra de Jesus, é real, segura e fiel. E uma vez aplicada a Laodiceia, coloca-a no mesmo nível de restauração de todas as outras.

   O modo como Jesus se apresenta à igreja, semelhante à primeira e dura palavra a Sardes, igreja com nome de que vive, Laodiceia com identidade morna. Por isso ele afirma ser testemunha fiel e verdadeira e princípio da  criação de Deus. Desse modo, reafirma referenciais dos quais a igreja em Laodiceia havia se afastado.

   Chamar-se "princípio da criação" não significa ter sido o pirmeiro a ser criado, mas fonte da criação. E logo a palavra de Jesus evoca, da igreja, uma decisão por resgate de sua identidade: frio ou quente, porque ser morna, provoca náuseas ou ânsia por ser vomitada.

   Essa postura da igreja lembra a exortação de Elias ao Israel do século nono antes da era cristã, quando ele interpela o povo, "até quando coxeareis entre Deus e Baal". A igreja pressupõe ser rica, enxergar e ter sua santidade preservada.

   Jesus revela sua postura real, estar miserável, pobre, cega e nua. Embora seja uma linguagem figurada, sua aplicação pode ser literal, no sentido, por exemplo, da crítica que Tiago fez aos ricos da comunidade a quem escreveu sua epístola. E ao indevido trato de requinte recebido por eles, enquanto os demais irmãos se sentiam menores. Isso poderia estar ocorrendo nesta igreja.

    Muito comum, às vezes imperceptivelmente mas, o que é muito mais triste, noutras vezes assumido como um direito social, quando, realmente, encontramos "igrejas de elite" ou que assim jujgam a si mesmas, sendo verdadeiras símiles, ao inverso, são como arremedo de Laodiceia.

   Abrigam dentro de si muitos que precisam, na verdade, ser classificados por Jesus como cegos, como se fossem incrédulos, pobres, por não privar da riqueza eterna, miseráveis, por não refletirem a necessidade que têm da misericórdia de Deus e nus, fora do paraíso e sem as vestes brancas de santidade, pelo sangue de Jesus.

    Jesus afirma pôr-se à porta. Ele convida que seja aceito. Jesus não invade a vida de ninguém. O que oferece, por sua graça, é riqueza das virtudes de Deus, ouro refinado, vestes brancas, sempre símbolo de cobertura que esconde nudez, como símbolo negativo de postura pecaminosa, diante de Deus, e colírio que faz enxergar, com lucidez e discernimento, a vontade de Deus, sempre "boa, agradável e perfeita", Rm 12,2b.

    Por mais inversa e avessa que seja a condição dos crentes daquela igreja, somatório das situações que os mergulharam nessa posição dúbia, de perda de identidade, Jesus tem capacidade de tudo reverter e faz um convite voluntário para isso.

   A menção de vestes, como num requinte de uma nova moda, asseio e elegância, um bálsamo para os olhos, que lhes permite cura, brilho e resgate da visão, bem como a riqueza, não no sentido humano, símbolo invertido de importância e depreciação social, mas dos valores que se projetam para a eternidade, a beleza dessa restauração enche de esperança e garante o resgate da identidade de toda a igreja.

     "Ao vencedor darei o direito de sentar-se comigo em meu trono, assim como eu também venci e sentei-me com meu Pai em seu trono." Esta promessa e a declaração de amor, em Ap 3,19, "Repreendo e disciplino aqueles que eu amo. Por isso, seja diligente e arrependa-se.", colocam Jesus perto, à mesa, ceando em intimidade com os que o acolhem.

    Para cada e todas as igreja há uma mensagem de esperança. Nunca deixam de ser igreja. Jesus é sempre seu Pastor e Bispo. Ele as têm na mão, bem como a seus pastores e liderança. Ouvir sua palavra, como se recomenda, pelo Espírito, é certeza de cumprimento completo da vocação que, em Cristo, receberam.

Filadélfia

  

     Todos nós queremos ser Filadélfia, para ouvir de Jesus o que ele diz nessa breve epístola. As igrejas do circuito da Ásia Menor, essa vitrine do Mediterrâneo, bem caracterizam o que são todas as demais, em todas as épocas. E agregados e impregnado nelas o que somos. E Jesus tem o antídoto.

    A carta de Jesus à igreja de Filadélfia bem tipifica a economia do Mestre. Não há necessidade de falar muito. O que mais vale, tanto é simples alcançar, quanto descrever. Esta a principal característica da palavra de Jesus, vital para todas as igrejas.

   Sem dúvida, Jesus realiza a vontade do Pai com toda a dedicação e prazer. E essa é a mesma missão da igreja. Ambos assumem essa missão, com a cruz no meio do caminho.

   Por isso a descrição em Apocalipse 5,6 não omite ou esconde, mas transparece a marca fundamental de Seu ministério, quando o apresenta como "um Cordeiro, como tendo sido morto".

   Pois ainda que haja uma cruz, para Jesus, e Sua inevitável morte seja o ponto central de toda as Escrituras, a alegria no Senhor é o traço dominante pelo resultado de Sua vitória. E Filadélfia é a igreja que bem o tipifica.

   É patente a satisfação de Jesus com a igreja de Filadélfia, quando a menciona em seu diálogo. Não significa que, com as outras, não tenha a mesma alegria. Mas diante desta, há uma porta aberta que jamais vai se fechar. Ela cumpre totalmente sua missão como igreja.

  Em seu mistério terreno e no seu pastoreio, assim definido por Pedro, quando o nomeia "Pastor e Bispo de nossas almas", 1 Pe 2,25, Jesus sempre o exerce com total dedicação, desvelo e prazer.

   Ainda que o vejamos chorando, ou quando falava duro, como quando repreendeu as cidades incrédulas, ou interpelou escribas, fariseus, saduceus e demais autoridades judaicas, ou ainda nas exortações cirúrgicas a estas igrejas deste circuito, Jesus nunca se tornou amargo ou perdeu a dimensão de sua misericórdia, bondade e amor, idêntico ao do Pai.

    Mas vê-lo apresentar-se à igreja de Filadélfia, como quem escancara, diante dela, por Sua autoridade, uma porta que ninguém nunca fechará, nisso compreendemos o labor daqueles irmãos e nos enchemos de vontade de alegrar Jesus nessa mesma disposição.

    Essa carta curta amplia o conceito de igreja, destacando os costumeiros contrastes das Escrituras. Para Jesus, ter pouca força é a melhor característica e reconhecimento de onde vem a força e o poder de qualquer igreja.

   A verdadeira igreja de Jesus é totalmente dependente de Seu poder. Ele afirmou, justo na sua ascensão, quando os apóstolos estavam preocupados com as definições do reino dos homens, Jesus os adverte que compreendam o que significa "receber poder de Deus, ao descer o Espírito Santo, para ser testemunha de Jesus".

    Assim como Paulo, que define ser o evangelho "o poder de Deus, para a salvação de todo aquele que crer", Rm 1,6. Pois a dependência do poder humano, na igreja, é zero. E o empenho dela é sinalizar o reino de Deus, e não, por atender a interesses dispersivos, ser súdita do reino dos homens.

   Guardar, cumprir e proclamar a palavra de Deus é a principal vocação da igreja. E esta a principal característica da congregação de Filadélfia. Não negaram o nome de Jesus, nem sob perseguição, algo tão frequente nos dias de hoje, sem que haja pressão nenhuma. Vivemos dias de despersonalização da igreja.

    Como em Esmirna, judeus perturbavam a segurança dos irmãos. Jesus menciona o erro fundamental desses judaizantes, em não reconhecer que o amor de Jesus tanto é, da parte dEle, a motivação fundamental de sua vida, quanto aceitar isso representa ser salvo, pela mediação do sacrifico de Jesus na cruz. Ninguém é salvo por DNA, mas pelo nascer de Deus, como explicou Jesus ao fariseu Nicodemos.

   Guardar, cumprir e anunciar a palavra de Jesus, resguarda e confere identidade à igreja, diante do que vai enfrentar, quanto mais próxima estiver a vinda de Jesus Cristo. Prometido está ao vencedor estar, como coluna, próximo a Jesus, como ressalta o autor de Hebreus:

   "Portanto, irmãos, temos intrepidez para entrar no Lugar Santíssimo, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, por meio do véu, isto é, do seu corpo, temos, pois, um grande sacerdote sobre a casa de Deus."

   As colunas do Templo de Jerusalém são trazidas à memória para que sejam entendidas com uma profecia da igreja, para todos quantos serão, sim, coluna, mas não num "templo construído por mãos humanas", mas no verdadeiro, real e eterno santuário de Deus.

    A identidade deles, já concedida por Deus, "que não se envergonha de ser seu Deus", Hb 11,16, será mudada, para definitiva plenitide, pelo próprio Deus, como verdadeiros cidadãos da cidade, segundo a qual, aqui no Apocalipse e em Ezequiel 48,35, está indicado como aquela no meio da qual Deus habita.

   Todas as igrejas precisam de um modelo assim, singelo, mas firme, de identidade assegurada, na dependência total de Jesus, quando ter pouca força indica admitir a fragilidade pessoal, mas acudir-se em Cristo, na sua palavra e no seu poder.

    Para o povo de Deus, sua maior benção é ser reconhecido pelo nome de Deus. Como menciona João, "somos filhos, sem que ainda se tenha manifestado o que havemos de ser". Nossa identidade nos é atribuída pelo nome de Deus.
   

segunda-feira, 15 de maio de 2023

Sardes

 

    As cartas de Jesus focam, ao mesmo tempo, uma feição genérica das igrejas, assim como penetram numa radiografia detalhada.

   É interessante assim enxergar-se, porque a igreja que, na verdade, é reflexo e somatório de nossas vidas, aparece, em todo tempo, ao mundo. E, não adianta tentar fugir disso, a opinião deles sobre nós conta muito.

   Aliás, isso consta em Atos 2,47, onde Lucas anota que a igreja seguia "contando com a simpatia de todo o povo". Ou na avaliação de Paulo, em 1 Co 14,24-25, quando afirma que um incrédulo ou indouto, sobre a igreja, pode atestar um testemunho positivo.

   Por isso, é sempre melhor, para a igreja, uma autoanálise constante, por meio da sabedoria concedida pelo próprio Jesus, do que espernear-se, tentando afastar, com pano roto e carcomido, a má fama granjeada.

   Pois Sardes recebe de Jesus, de cara, por assim dizer, uma definição geral nada positiva: "Tens nome de que vives e estás morto". Veja bem: Jesus se refere à 2ª pessoa, ou seja, não ao coletivo, do grupo, mas ao individual, de cada membro do corpo.
 
    Dizer "estar morto", significa ser falsa igreja, no caso, um grupo de maioria ou falsos convertidos ou tanto longe das características distintivas de um verdadeiro cristão, tão carnais, que já irreconhecíveis. 

   Ele já se apresentou quem é quem, para dizer, "Aquele que tem os sete espíritos e as sete estrelas". No Apocalipse, candeeiros são as igrejas e estrelas são os líderes delas. Jesus é o Senhor das igrejas e de seus pastores. Portanto, dizer "sete espíritos" não significa, provavelmente, uma alusão ao Espírito Santo, mas à capacidade de Jesus de sondar, em cada um, o real problema que aflige toda a igreja.

    A Ele, elas darão conta, assim como os líderes e os pastores. Lembremos Tiago 3,1, quando afirma, por outras palavras, que é melhor, diante de Deus, não aspirar a um lugar de destaque, pois o juízo sobre quem ascende, na liderança, será muito mais rigoroso. É melhor aguardar, de Deus, a vocação.

   Voltando a Sardes, era, então, uma igreja que vivia de aparência. Enquanto Éfeso tendia a perder sua identidade pela falta de exercer o essencial, que é o amor, esta foi exortada a consolidar um restante fiel diminuto em seu seio. Porque o restante vivia de aparência, um simulacro de igreja, algo tão tristemente comum hoje em dia.

   A mesma recomendação de Éfeso, lembrar do original recebido e ouvido, guardar e arrepender-se denota o risco de perda total para esse igreja. Seriam surpreendidas, na volta de Cristo, como o foram as 5 virgens, da parábola, que não vigiaram quanto à chegada no Noivo.

   Havia poucos que mantiveram sua identidade, mencionadas as vestes brancas talares do sacerdócio, que simbolizam santidade e consequente autoridade. Na visão de Zacarias 3, o sumo sacerdote Josué aparece com essas vestes manchadas.

   Mas Deus, em sua autoridade, ordena a purificação, mediante Seu reconhecimento de verdadeiro arrependimento. Assim são os membros de Sardes que, vencedores com e como Jesus, reinarão com Ele, andarão com Ele, seus nomes estão confirmados no Livro da Vida e, diante de Deus, estão abonados, pelo sangue de Jesus.

   Promessas tipicamente características da Bíblia. É usual aplicar-se a elas uma interpretação alegórica. Cuide-se, então. Mas eu as leio como literais. Há uma promessa geral bíblica de ressurreição e vida eterna com Jesus Cristo. Literal.

    Bem, a partir daqui, podem alegorizar o que quiserem: vestes brancas são santidade e pureza, diante de Deus, nome no Livro seria registro em cartório do céu, como até mesmo Vinicius de Moraes menciona e ter, por Jesus, confessado o (novo) nome, diante de Deus, é o que de, literal e íntimo, existe na relação entre Pai e Filho. Como diz João, em seu evangelho, somos, por parte de Jesus, as ovelhas que Deus lHe deu, Jo 10,27-29.

   Gradiloquente é toda promessa de Jesus no final de suas cartas. Sempre aponta para uma saída, revertendo o problema sempre por nós criado. Figurativamente literal esse livro, o Apocalipse. Por meio de tanta arte literária também se fixam verdades eternas.

sábado, 13 de maio de 2023

Tancredo, na intimidade

O que lembro do Tancredo Neves?
De aqui para frente, Tancredo, na intimidade
E haja (muita) intimidade
Era 1995, era não, foi quando chegamos,

Isaac de colo, 8 meses,
Chegou com a mãe semana depois,
No Tancredo, chorou muito
Em sua primeira noite no Acre

O pai o consolava
Na escada da igreja
Sob a luz de rua, até ninar
Pernoites na casa dos pioneiros

Casal Rosa em férias
Casal Oliveira alugando a casa
Limpa cacimba, enche a caixa
Lava a roupa na casa mista

Terminologia nova para o novo casal
Primeira compra no Bosque, mosquiteiro,
Primeira compra no Tancredo, palma
Vexame: despenca a palma pra fazer dúzia

Noites no Tancredo
Mãe, pai e menino dentro do mosquiteiro
Cedo as músicas das rádios populares
E os programas da época

Vida plena em Cristo, com os pastores,
Mundo cão, com Estevão Bimbe,
Aja correto, pode não mudar o mundo,
Mas esteja certo: haverá um canalha a menos

Três guardiãs: Prince, Pop e Laike,
Esta muito braba, não deixava entrar
Quarto de madeira dela, sala pública
Mas à noite, madrugada com ou sem lua

Laike era minha companhia
A ver como ia o Gol 1000
Guardado no terreiro da casa amiga
Na curva da esquina, na parada final

Havia grande castanhola, acreanês,
Castanheira, carioquês, durma-se com esta,
Vá se ver aqui o que é castanha.
Laike ao meu lado, toda noite, vigia fiel

Susto. Latem Pop, Prince e Laike,
Eles correm, não sem antes
Quebrar o vidro do morcego do Gol 1000
Que papelão, este e o que improvisamos

Memórias do Tancredo
Incluem primeiras noites, primeiras chuvas,
Céu plúmbeo, idas e vindas ao centro by bus
Primeiras histórias de seringal com o vô da Bic

Posse em dia carrancudo
Ressaca de viagem solitária em dupla
Choro pela falta de mãe e filho
Deixa que busco no antigo aeroporto.

Começo de jornada,
Sempre providência de Deus,
Amigos de última hora, uma casa onde morar
Mudança adiada, providência renovada

Do Tancredo à Floresta, ironia lá no Rio:
Foram para o Acre, morar na Floresta,
Apenas susto passageiro,
Pois foram pro Acre, morar no (bairro) Floresta

Outono no Acre

Brisa suave manhã de sol
Na Estação Experimental no hoje bairro
Antes estação experimental, literal,
Projeto inacabado
Espaço invadido e ocupado

Vislumbre existencial
Numa pirmeira tarde-noite, outubro, 1993
Após caminhada rente à cerca do BEC, hoje,
Campo agrícola, ontem
Onde o ancião, pai de minha ovelha, hoje,

Arava e acolhia, de frio, a avezinha,
Que punha sob as axilas
Até que, livre e refeita, voasse
Muitas histórias da Estação

Comércio farto e forte
Banco, lojinhas, lanches, farmácias,
Ferragens, Americanas, papelaria,
Diversos, enfim,
Saudades das Estivas em geral

Detran, Barral e Barral, antes,
Iteracre, hoje, velho açude
Da antiga fazenda, muito antes
Da estação experimental
Vislumbre na primeira tarde-noite

Eu, a esposa e o menino
Ainda no ventre,
Nós três e o missionário Nelson,
Pioneiro no Acre
Ontem, estação, hoje,
Velha Estação.

Referencial de minha memória
Lado e outro da rua,
Velhos sobrados,
A primeira farmácia, talvez,
Minha xará no sobrenome,
Oliveira

Busca das afinidades,
Luzes turvas, amareladas,
Lâmpadas diesel antigas
Acolhida
Cultos na duas casas de Adgines
E Maurício.

Compras no velho Araujo,
Também meu sobrenome
Comecei na Estação,
Hoje estamos na Nova Estação,
Ampliação da antiga.

Leve brisa nas árvores da Estação
Sol ameno de manhã outonal
Que susto! Um quase atropelo,
Scort em fuga, furto furtivo
Lá embaixo, na cidade

Choque frontal, distraído no orelhão
Defronte ao antigo Correio, na Estação
Vi subir menina arremessada,
Vi rodopiar e cair menina ilesa
Saltei por puro instinto

Ali, na mesma rua onde, um dia,
Assutei diante do comércio falido
Do agora dono do carro que vendi
Assustei com a casa trancada
Agora na Nova Estação

Só os chinelos diziam haver gente
Assustei correndo à Casa de Carne,
Agora beira rio,
Defronte ao Mercado dos Colonos,
Ao telefone, no tempo ainda sem celular

O cunhado do agora dono,
Dizia, quem, sim, está bem, interrompeu
E perguntou: você é o pastor?
Para alguns, respondi

Está aqui, ele disse ao aparelho
Negro, como se chamava ainda.
Troquei o cheque do falido Banacre
Por dinheiro, com o dono
Da Casa de Carne.

Está salva a Estação
Brisa breve e suave
Em dia de sol outonal 🍁
Vislumbre,
Terde-noite de outono no Acre.

sexta-feira, 12 de maio de 2023

Dedicado ao primo (ou às mães que se foram)

Saudade
Muito já se diz de ti
Muito há a dizer de teu sentido
A data te aguça

Por aí, lembranças da mãe
Nos retratos, como se dizia no tempo dela
No burburinho do comércio
Na apelação das lágrimas da TV

Vem sobre nós sua presença
Imensa
Sobre nós o seu cheiro
Intenso

Somos um pedaço seu
Não, somos inteiros ela
Numa fórmula do seu amor
Na plenitude de sua dedicação

No caminho da vida
Sinais de sua sabedoria
Marcas em nós de seu cuidado
Cicatrizes no rosto de seus beijos

Apertos, no corpo, de seus abraços
Vista no sorriso dos netos
Guardada no coração,
Sede e sede de seu amor

Grato, mãe, fui gerado em tuas entranhas
Posto na vida por tuas dores
Feito adulto por teu cuidado
Envelhecido agarrado as tuas memórias.

quarta-feira, 10 de maio de 2023

Tiatira

 

    A  A igreja em Tiatira, pelo que se reflete, a partir do texto da carta, tinha uma liderança compartilhada. Era um misto complexo de influências. Jesus a ela se apresenta, a partir dos itens de sua descrição, na primeira visão do livro, mencionando o seus olhos como chama de fogo e os pés semelhantes a bronze polido.

  Certamente, os problemas que a igreja apresentava requereriam, do Senhor delas, tal apresentação, devido à necessidade de se sondar, com olhos de quem se revela onisciente, assim como postar-se com a firmeza de pés de bronze, numa postura de Senhor da igreja, pronto a exercer sua autoridade.

   Diferentemente de Éfeso, deficiente na falta de amor, Tiatira, a cidade de Lídia, a vendedora de púrpura que foi, com Paulo, crente fundadora da igreja de Filipos, na Macedônia bíblica, essa igreja, pela avaliação positiva de Jesus, reunia obras, numa progressão notável, amor, fé, exemplo de serviço e perseverança.

   Mas havia, entre os irmãos, uma poderosa influência negativa operante. Às vezes, na igreja, insinua-se uma liderança distorcida, seja por razões de camaradagem, ingerência de sobrenome ou nível social, para lembrar Tiago, que rechaça a influência econômica como valor distintivo, dentro da igreja. Em Tiatira, o apelativo era um simulacro espiritual, uma falsa profetiza que granjeava, entre os irmãos, cartaz para si mesma, de modo egocêntrico.

    Jezabel, mais um título, relativo à rainha fenícia idólatra do Antigo Testamento, esposa do rei Acabe, praticava as mesmas ciladas de Pérgamo, que eram a associação com ela em rituais idólatras e uma dissimulação apelativa à imoralidade sexual. E exercia um fascínio cativante, ao qual denominava "conhecimento das coisas profundas de Satanás". Trata-se de um blefe, visto ser um embuste de doutrina vazia, à qual Jesus rechaça, contrapondo aos seguidores da falsa profetiza a sabedoria dos demais irmãos.

   Essa mulher era uma mestra do engano, e Jesus promete enfrentá-la pessoalmente, uma vez que, diante de oportunidade concedida, não se arrependeu. Uma calamidade promete ocorrer, agora por meio de profecia do próprio Jesus, quando seus cúmplices, junto com ela, seriam prostrados enfermos, experimentando grande tribulação, chegando à morte.

   Sempre há chance de se reverter, no arrependimento, essa promessa do próprio Jesus, mas senão, todas as demais igrejas deverão enxergar, nesse exemplo de tribulação que acomete Tiatira, a seriedade de se ouvir Jesus, andar, diante dele, em santidade, obedecendo a sua liderança incontestável.

   Muito interessante a observação de Jesus, com respeito aos membros da igreja que não compactuavam com a liderança da falsa profetiza. Havia um grupo fiel, que sofria ao constatar os desvios dos partidários da mulher, sobre os quais não haveria uma carga tão dura de exortação. Bastava conservarem sua postura de santidade e aversão aos desmandos dos demais.

     Essa observação dá a entender que o pecado, por si, já representa uma tremenda carga, que Jesus veio retirar. Lembrar o clássico texto de Mt 11,28-30: "Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu darei descanso a vocês. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve".

   Jesus deseja aliviar o fardo. A carga do pecado já é, por si mesma, por demais pesada. Ele aguarda, de Tiatira, que se arrependam. Que a tribulação produza fruto, como afirma Paulo, em Rm 5,3-5: "Não só isso, mas também nos gloriamos nas tribulações, porque sabemos que a tribulação produz perseverança; a perseverança, um caráter aprovado; e o caráter aprovado, esperança. E a esperança não nos decepciona, porque Deus derramou seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo que ele nos concedeu."

    A esperança é que se tenha cumprido, em Tiatira, ou sempre se cumpra, no contexto de qualquer igreja, uma vez alvo desse tipo de exortação, o convite ao arrependimento, feito da parte de Jesus.

   A promessa de Jesus, aos que se conservaram firmes na fé, é de parceria com ele no Reino, quando se cumprir, em sua vinda, o governo sobre as nações. Satanás, o enganador, que na tentação a Cristo supôs ter um reinado entre as nações, assistirá ao reinado da igreja, ao lado de Jesus, seguido do desmantelamento e pulverização da soberba das nações.

    Sempre ao final das cartas, junto com a solene advertência que seja ouvido o apelo do Espírito, há uma promessa de enaltecimento aos servos de Jesus, sua Igreja, comprada por seu sangue. Nesta carta, consta um diferencial pela posse da estrela da manhã, certamente indicativo da glória com que a igreja sempre foi destacada, na posição adquirida perante Jesus:

    "E todos nós, que com a face descoberta contemplamos a glória do Senhor, segundo a sua imagem estamos sendo transformados com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor, que é o Espírito", 2 Co 3,18. E ainda: "a fim de que o nome de nosso Senhor Jesus será glorificado em vocês, e vocês nele, segundo a graça de nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo", 2 Ts 1,12.

Pérgamo

    

    À igreja de Pérgamo, Jesus se refere como aquele de quem, por sua boca, sai uma espada de dois gumes. Símbolo da palavra, como expresso em Hb 4,12:

    "Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e as intenções do coração."

    Na primeira visão de João, de Jesus glorificado, em Ap 1,9-20, o modo pictórico descrito apresenta todas as características que definem quem envia as cartas, a cada igreja, assim quem a elas dedica todo o Apocalipse, que é o próprio Jesus

     As cartas são como que uma preparação das igrejas para que recebam todas as revelações. E o traço específico de Jesus como Verbo de Deus, aquele que, em toda a sua inteireza e integralidade tem consigo a palavra de Deus, está descrito em Ap 1,16: "...e da sua boca saía uma espada afiada de dois gumes".

   Necessária essa apresentação pois, na cidade, do modo indicado logo no início da carta, está o "trono de Satanás", essa a qualificação do culto ao imperador romano, a religião oficial do império. Pérgamo queria rivalizar com Éfeso em tamanho e grau de importância.

   É mencionado o martírio de Antipas, certamente por não renunciar à sua fé, diante da pressão dos demais citadinos. Mesmo assim, os irmãos não se deixaram intimidar. Jesus lhes ressalta a fidelidade, pois não renunciaram a sua fé, diante de toda e qualquer ameaça.

   Mas há ressalvas apontadas por Jesus. Reprovável para alguns as concessões feitas a quem, como no caso do suborno proposto a Balaão, convence pessoas da igreja a participar de rituais com comidas sacrificadas a ídolos, assim como a praticar desvios na conduta sexual.

    E o sucesso que os hereges nicolaítas não obtiveram em Éfeso, chegou a Pérgamo e, entre os irmãos da igreja, houve quem se apegasse aos ensinamentos deles. Ora, nessa suposta rivalidade entre as duas cidades, por status, a igreja desta cidade perdeu pontos em relação à de Éfeso.

    Jesus exorta a que se corrijam. Porque acolher o ensino de heresias, aceitar imoralidades sexuais e participar de rituais idólatras requer uma confrontação contra o erro, a qual a igreja deve realizar por si, porém na autoridade de Jesus. Pois a palavra de Deus é plena, na boca de Jesus Cristo, assim como discerne o erro, seja como tenha se tentado camuflar.

    A carta à igreja de Pérgamo destaca a importância vital da palavra de Jesus. Em Atos 2,42, está anotada, no início de sua atividade, a perseverança da igreja na doutrina dos apóstolos. O principal recurso da igreja são as Escrituras, do Antigo e Novo testamento. Por elas, estará habilitada a enfrentar, com discernimento, o que for engano, seja na vida moral, seja quanto a ideias de falsa doutrina ou quanto aos elementos do falso culto.

    A pedrinha branca é um traço de distinção, fosse nos tribunais, indicando a absolvição do réu, fosse na recepção numa requintada festa, garantindo o legítimo acesso.  Assim como o novo nome é símbolo de uma personalidade íntegra e de uma identidade restaurada e preservada.

    Jesus é o único, por meio do qual, a igreja pode reconhecer, por meio de Sua palavra, a verdade, discernindo todo o erro, assim como, pela palavra, ser continuamente santificada. E pela palavra, proclamar o evangelho, advertindo o mundo da última chance que tem para aceitar a salvação, do modo como o próprio Jesus começou pregando:

    "Depois que João foi preso, Jesus foi para a Galileia, proclamando o evangelho de Deus.' O tempo está cumprido', dizia ele, 'o Reino de Deus está próximo: arrependam-se e creiam no evangelho!", Mc 1,14-15. Urgente proclamar esse evangelho. Para isso, e somente para isso, a igreja recebe poder e autoridade:

    "Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra". At 1,8. Pela palavra de Jesus, preservada a autoridade, identidade e ministério da igreja.

terça-feira, 9 de maio de 2023

Esmirna - 2

      

    É uma carta breve. Esmirna não tinha espaço para distrações nem com o terrorismo dos judaizantes, porque as preocupações com a sua tribulação era a prioridade de sua agenda. Seriam presos, como outrora Paulo fez com muitos dentre eles, e 10 dias pode ser literal ou, como mais provavelmente ocorre no Apocalipse, uma contagem simbólica.

    Lendo o livro de Atos, observamos ocasiões em que se configuram situações de perseguição à igreja. Paulo recém-convertido foi alvo de hostilidades. Quando chegou a Filipos, colônia romana, onde, por isso, era proibido erguer sinagoga, ele se retirou a um lugar de oração, beira rio, onde iniciou sua atividade de evangelização.

    Nessa cidade foi preso, por uma intriga relacionada a uma mulher, recém-convertida, que não mais se deixou usar como adivinha. Em Éfeso mesmo, houve tumulto, após um discurso de Demétrio, em praça pública, pois a pregação de Paulo tanto sucesso alcançou, que esse artesão e seus companheiros sentiram-se prejudicados no lucro da venda de nichos da deusa Diana.

    Por todo império romano, as religiões populares eram diversas, havia a propaganda do culto ao imperador, a religião oficial, assim como, vez por outra, os próprios judeus hostilizavam os convertidos. Já destacamos aqui, não eram todas as sinagogas que eram hostis às palavras de Paulo. E ele as procurava, numa inteligente estratégia, porque nelas havia um exemplar das Escrituras, que serviam como referência fixa para a sua pregação.

    Em Éfeso, novamente, rota pertencente ao circuito dessas igrejas, Paulo havia iniciado na sinagoga. Em At 19,8-9 está anotado por Lucas que o apóstolo ali ficou 3 meses, "falando ousadamente, dissertando e persuadindo sobre o reino de Deus", mas passou a haver propaganda dos próprios patrícios judeus, difamando o Caminho: "alguns deles se mostravam empedernidos e descrentes, falando mal do caminho diante da multidão".
  
   Essa era a natureza da perseguição contra os cristãos na época do Novo Testamento. Hoje há modalidades mais sutis de intolerância e indiferença, nas democracias ocidentais, hostilidade em graus variados, em teocracias muçulmanas e (in)tolerância dissimulada, em países ditatoriais, principalmente herdeiros da ideologia comunista.

    O maior perigo nos países onde o cristianismo não sofre repressão é quanto a ação do secularismo. A mentalidade pós-moderna exige que a leitura da Bíblia atenda às suas exigências. Por exemplo, quanto ao miraculoso, o argumento é que a ciência não o comprova. Quanto a determinados posicionamentos de costumes ou valores morais, que haja uma flexibilidade de posturas, apenas levado em conta o respeito ao outro.

   A carta lacônica a Esmirna predispõe a igreja para que, de uma vez, previna-se de que sua mensagem, por mais tolerada que seja, uma vez aprofundada, vai enfrentar rejeição. Em diferentes graus, haverá tribulação, sofrimento e até injúria de perseguição e aprisionamento.

   Mas a vitória que Jesus garante nem é livrar da morte física, que foi, como para Jesus, o destino de tantos, inclusive Paulo. Mas não haverá o dano da segunda morte, esta eterna e irredutível. Portanto, junto com a permanente advertência de que seja ouvida a voz do Espírito, vem expressa a legenda da igreja de Esmirna e, por que não dizer, de todas as demais:

    "Sê fiel até a morte, e eu lhe darei a coroa da vida.", Ap 2,10. Mesmo que haja morte no limite, a fidelidade deve perdurar. De modo algum haverá o dano da segunda morte. Sirva de permanente consolo. Essa é a realidade da igreja.

Esmirna - 1

    

    Percorrer, atualmente, as 7 cidades das igrejas mencionadas no Apocalipse, todas situadas na Turquia, região conhecida, na época de Paulo, como Ásia Menor, implica um roteiro de cerca de 370 km.

   Em Atos 19, lemos do impacto da chegada de Paulo à essa região, como lá se demorou por dois anos, sendo plenas as suas atividades, proporcionando que "todos os habitantes da Ásia ouvissem a palavra do Senhor", v  10, segundo avalia Lucas.

  Sem dúvida, foi nessa época que as atividades de formação dessas igrejas, nesse circuito, floresceu. Vale observar como a situação se alterou. Hoje, ao mesmo tempo em que a Turquia, país de predominância muçulmana, tem poucos convertidos, apresenta um dos maiores índices de apostasia, ou seja, abandono da fé.

   A Esmirna Jesus se apresenta como o Alfa e Ômega, quem venceu a morte. Porque a igreja enfrenta perseguição. Por isso, ele se refere ao conhecimento que tem de sua tribulação. Confronta a realidade de pobreza dos irmãos com o contraste de toda a riqueza de sua fé.

   Outro problema desta igreja contra o qual Paulo, em seu ministério, se colocou frontalmente era a influência abusiva dos judeus, denominados judaizantes, que desejavam subverter a firmeza dos crentes. Lembrar que não havia, na época, à mão, como temos hoje, uma cópia das Escrituras, que no caso era o Antigo Testamento.

   E não era como hoje, sutil, a perseguição contra os servos de Jesus. Aliás, uma bem-aventurança qualifica e indica que as perseguições por causa de Jesus serão uma permanente característica da igreja. Ser cristão, naquela época, era correr riscos todos os dias.

   Aos judeus que desejavam assimilar a igreja como um apêndice da sinagoga, Jesus os classifica, radicalmente, como sinagoga de Satanás. A palavra "sinagoga" também representa "assembleia, ajuntamento". Mas, neste caso, seu efeito é danoso e o inverso da assembleia dos santos.

   Evidente seja que Jesus não está reprovando a instituição sinagoga e nem os judeus, como um todo, mas a intenção de um grupo ativo, predador e hostil à igreja da cidade, somente comparável ao de mesma índole que, com os romanos, associaram-se no seu assassinato.
<segue<

Éfeso - 2

    

      Muitas vezes confundimos circo com o que é essencial. Enumeramos uma terminologia gasta de simulação de resgate de "experiências": renovação, avivamento, vocação, quebrantamento, etc, etc, etc. Pura cantilena. A experiência fundante, única, irrepetida é com a cruz.

    "Pois o amor de Cristo nos constrange, porque estamos convencidos de que um morreu por todos; logo, todos morreram. E ele morreu por todos para que aqueles que vivem já não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou." 2 Co 5,4-5.

   Agora, revisar o que a cruz significa, ressignificá-la, reavivar sua dimensão e compreensão, como diz Oseias, é "conhecer e continuar conhecendo" o Senhor, Os 6,3. Essencial no ser igreja. Éfeso havia abandonado essa experiência vital, fundante, identitária da igreja que é, pelo amor de Cristo, reconhecer de que não mais nos pertencemos.

   Por vaidade, talvez. Como dizia Salomão, tudo é vaidade, e até ele mesmo foi vítima dela. Satanás também. Fomos chamados da vaidade do mundo, como diz Paulo em Ef 4,17-18 (ora, na carta aos Efésios), para a humildade e dependência total de e em Cristo:

   "Isto, portando, digo e no Senhor testifico, que não  mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos, obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus, por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração".

    Ficou mais claro o problema de Éfeso e as implicações dele. Como diz Tiago, o pecado tem suas conexões, nesse encadeamento que Paulo indica. Mas o ponto sensível, em Éfeso, é sua prepotência, cuja definição é "acreditar possuir o conhecimento, a consciência e o controle que, na verdade, não tem".

   Uma igreja que avaliava que, a si, se bastava. Talvez tenha-lhe subido, enaltecido, ensoberbecido a ela mesma a autoavaliação que fazia de si mesma. Cilada essa tão corriqueira hoje na vida de tantas igrejas e sua liderança.

    Jesus ama cada igreja. Mas sua advertência a Éfeso é dura, porque ela está perdendo sua identidade. O amor é serviço. Éfeso passou a servir a si mesma. Empinou seu nariz, como deveriam ser seus membros. Lembram do povo de Éfeso gritando, até a exaustão, "grande é Diana dos efésios"?

   A igreja downloudou, importou para dentro esse orgulho de ser efésio, de ser "a igreja". Jesus prometeu abalar essa autoconfiança, no mínimo humana, no máximo vaidade diabólica. Mover o candeeiro, que simboliza igreja, refere-se a pulverizar essa ilusória autoconfiança, se não fosse indicar a eles que, continuar no erro de rejeitar o amor, seria prenúncio de falência total.

   Jesus sempre termina com uma promessa. Sempre há um remédio e chance real de soerguimento. Não sabemos direito quem eram os nicolaítas, somente que, pelo nome, seguiam uma heresia de um tal Nicolau, mas foi notável a capacidade de Éfeso em identificar mais esse erro.

   Jesus chama de vencedores os que o atendem e revertem qualquer situação de erro. Parceiros de Jesus nessa vitória, sempre têm uma promessa de grau muito elevado, no caso aqui ser servido pelo próprio Jesus do fruto da árvore da vida, o que deveria ter sido o mais desejado no Éden.

Éfeso - 1

   

    A primeira palavra de Jesus, em todas as cartas, são suas credenciais. Muito importante anotar isso. Porque ele é o Senhor da igreja. Se há algo inconcebível, para o ser humano, é igreja.

   O único possível de conceber o que é igreja é Deus. Cabe a nós somente a vivência. Cristo edifica e o Espírito Santo gerencia. Igreja é obra da Trindade, quer queiramos ou não.

   É objeto de fé, desde a concepção à execução. Lembram do autor de Hebreus: "Jesus é o autor e consumador da fé"? Que fique bem entendido que igreja aqui se menciona.

   Igreja, prédio ou tenda fixa, localizada por GPS, é uma das menções. Igreja registro cartorial, com Estatutos definidos e qualificados, é outra coisa. Agora, Igreja corpo de Cristo, como diz Paulo, supridas na articulação de todas as juntas, edificada sobre Cristo, recebendo suprimento do céu, esta é a bíblica e autêntica.

   Essa distinção inicial é fundamental. E a apresentação de Jesus, a cada igreja, agrega uma característica dEle especial ao trato específico a cada uma. A Éfeso ele reafirma seu senhorio e soberania porque, como aqui vamos ver, essa igreja corria o risco, o mais comum e frequente que todas correm, que é ficar, totalmente, no controle dos membros, usurpada para fora do controle de Jesus Cristo.

    Ele se apresenta como o que tem nas mãos estrelas e candeeiros, geralmente entendido que significa ter a liderança e a própria igreja, por direito, sob seu pastoreio. A não ser que, por rebeldia nossa, se lhe tenha sido usurpado esse direito.

    Conheço as tuas obras. Evidentemente que a autoavaliação da igreja cabe a nós. Não somos (ou não deveríamos ser) crianças. Cabe a nós essa maturidade. Mas com toda a cautela, entendendo que quem conhece a igreja é Cristo, em sua onisciência, e temos de exercer nossa humildade em reconhecer isso e depender dEle nessa avaliação.

    E a igreja de Éfeso é reconhecida por uma lista de desempenho invejável. Aliás, a correlação entre as cartas esclarece isso, que tanto os aspectos positivos, quanto os pontos de atenção devem ser compartilhados, de igreja para igreja, de modo a uma aplicabilidade geral e consensual.

    Talvez o problema principal de Éfeso, ora, uma igreja proporcional ao renome da própria cidade, tenha sido que começou a bastar a si mesma. Como que profissionalizou-se, institucionalizou-se, de tal maneira, que o sopro de humanização do Espírito deixou de existir.

    Jesus começa listando as virtudes: labor, perseverança, resistência ao que é falso, testagem e denúncia do erro, suporte de provações, por causa do nome de Jesus, e manutenção da coragem.

   Tudo isso será sempre necessário a qualquer igreja e sempre acompanhará o perfil do cristão. Mas há uma falha crucial. E Jesus logo, como vai acontecer em todos os modelos das cartas, numa estrutura estudada, vai passar às repreensões. E, de tão graves, Jesus as qualifica de algo contra a igreja e, consequentemente, contra Ele, desqualificante para a igreja e fatal para a identidade dela.

   O abandono do primeiro amor. Aqui não é o numeral ordinal, porque não existe primeiro, segundo o terceiro amor. Nem amor antigo ou moderno, mas primeiro em grau de importância. Primeiro e único. Amor define a relação com Deus. A igreja de Éfeso o havia abandonado.

   A linguagem de Jesus parece lembrar o processo da conversão, queda e arrependimento: "Lembra-te de onde caíste, arrepende-te e volta". Nossa vida de igreja começa na cruz. A ela sempre se retorna.  <segue<

Cartas de Jesus

   

 No texto do Novo Testamento há, entre os livros da coleção, o gênero epístola. São as cartas da época, escritas com os recursos ao alcance, recopiadas e recopiadas ao longo dos séculos.

   Paulo é o campeão, em quantidade, é claro, dependendo do crítico em questão, com outras de Pedro, João, entre outras tantas enviadas, na antiguidade, mas não incluídas, pelo critério rígido de regra, no cânon.

   Jesus mesmo não escreveu nenhuma. Se alguma vez escreveu, como o fazia, no chão, no caso do quase apedrejamento da "mulher adúltera", nada que escreveu foi traditado.

   Mas há 7 cartas no Apocalipse atribuídas, diretamente, a Jesus. Ora, se João, autor do livro, escreve em nome do Mestre, seguindo o gênero da literatura apocalíptica, ou se, literalmente, são de Jesus, por ora não importa.

   São as 7 cartas de Jesus. E sua aplicação fornece um modelo muito importante, aliás, vital, imprescindível de avaliação da igreja. Falo aqui genericamente. Avaliação de todas e de cada igreja.

   Ainda bem que temos essa receita, esse manual. Lendo as cartas de Jesus podemos deduzir princípios de todo muito úteis para o efeito desse processo, contínuo e necessário de manter igrejas no padrão.

   Cabe a nós avaliar. Essa tarefa é nossa, dos membros, sob supervisão do Espírito, tão mencionado nas cartas: "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas".

   A seguir, vamos surfar nessa onda, revisitando, com Jesus, sua avaliação das 7 igrejas do Apocalipse. Certamente, ouvindo o Mestre, há muito o que aprender do modo como, continuamente, devemos nos avaliar.

    É só clicar, abaixo, na setinha à esquerda.
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Haikai existencial - 3

 Bebê morre no Acre projetado da rede

 Pelo vento. Menina em Campo Grande, MS,

 Molestada pelo padrasto. Lembrei de Jó:

 Mais feliz foi o menino. 

  

Menino:

https://www.otempo.com.br/brasil/bebe-morre-apos-ser-arremessado-a-25-metros-de-distancia-durante-forte-vendaval-1.2746517

Menina:

https://www1.folha.uol.com.br/seminariosfolha/2023/05/pai-de-menina-estuprada-e-morta-no-ms-pediu-7-vezes-ajuda-a-rede-de-protecao-a-crianca.shtml