Vamos dar alguns exemplos: Imaginemos três moças, todas elas com a profissão de professora em escolas públicas, todas com aptidão para trabalhar com crianças e todas da mesma igreja. Vamos dizer que uma delas decida trabalhar com as crianças da igreja nos horários convencionais, e faça isso sempre, com muito amor e carinho e com muita dedicação, mantendo, contudo, sem alteração, sua função de professora pública, seu estilo de vida, etc. etc. Essa irmã estará certamente cumprindo a sua vocação geral, usando o seu dom no contexto da igreja e é, indubitavelmente, uma obreira do Senhor.
Mas, não seria próprio chamá-la de missionária, necessariamente, não obstante à sua dedicação ao que faz.
A outra, entretanto, percebe logo os problemas enfrentados pelas crianças nas varias escolas públicas da cidade e decide formar uma associação para ajudar essas crianças. Vê que o trabalho irá exigir seu tempo integral, de modo que se demite da sua função de professora pública para se dedicar exclusivamente à associação. Incontinente, sua igreja decide adotá-la, dando a ela um sustento correspondente ao seu salário de professora pública (que, por sinal, aqui entre nós, não seria muita coisa…). Essa irmã não pode ser considerada simplesmente como uma pessoa crente que usa os seus dons e talentos no contexto de sua igreja. É evidente que ela está fazendo e iniciando muitas coisas novas: Primeiro, ela está iniciando um novo movimento fora das fronteiras de sua igreja, está colocando novos fundamentos na Educação, em termos de Comunidade, em termos de Município, e está sendo uma pioneira naquela iniciativa cristã. Segundo, ela passa a ser uma espécie de embaixatriz de sua igreja, na comunidade. Esta é uma missionária em todos os sentidos da palavra.
A terceira tem a sua classificação mais fácil ainda de se definir, porque irá receber o chamado de Deus para trabalhar com crianças num Lar de Crianças no interior do Brasil, a qual será também, certamente, adotada pela igreja.
Outro exemplo: A igreja tem um missionário que trabalha num certo país, fora do Brasil. De vez em quando ela manda uma equipe formada pelos membros da igreja para colaborarem, de alguma maneira, no trabalho do missionário. Ficam lá uma semana, duas, um mês, e depois voltam, cada um para o seu lugar e para a sua função anterior. Daí, eles passam a chamar todos os membros da equipe de “nossos missionários” e passam a dizer que a igreja está fazendo missões, através deles. Bem, que eles estiveram num campo missionário por um tempo e deram cada um a sua colaboração, de alguma maneira, é verdade; que eles viram e experimentaram as coisas que existem por lá, também é verdade; que eles fizeram seu papel de crentes dedicados, não há dúvida, mas chamá-los de missionários, não seria apropriado.
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