Missões para as pessoas de bem, para os bons cidadãos, para os mais abastados, para aqueles que lotam nossos melhores restaurantes nos fins de semana, aqueles que enchem nossos lagos e litorais com seus barcos, iates e jet ski, missões para profissionais, artistas de rádio e televisão, desportistas, etc. está caindo em desuso. Até mesmo certas organizações que outrora exerciam papel preponderante no alcance dessas pessoas, estão hoje em declínio. Jesus não agiu assim. O mesmo Jesus que disse: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar boas novas aos pobres… (Lucas 4.18a), gastou também o tempo necessário com um homem rico, Nicodemos, para colocar os pés dele para dentro do reino de Deus. (João 3.1-21). O que Jesus nos ensina com isso? Ensina que todo aquele que tem seus pés fora do reino de Deus, seja pobre ou rico, “está em situação de risco”…
Missão Integral, ou MI, como a trata Steuenager, inclui os pobres, sim, mas inclui muito mais do que isso. Tem a ver com a estrutura de sociedade em que as pessoas vivem, sejam elas pobres ou ricas. Tem a ver com a história, a cultura e as tradições das pessoas. Tem a ver com corpo, alma e espírito e tem a ver, em ultima análise, com a visão do reino de Deus e não com visões particulares.
Em Xerente, por exemplo, não existe palavra para pobre e rico. O colega que fez a tradução do Novo Testamento para a língua Xerente, Pr. Guenther Carlos Krieger, teve que “fabricar” juntamente com sua equipe de tradutores nativos, expressões descritivas na língua indígena para essas duas palavras: Pobre, ficou: rom kõ tdêkwa ‘aquele que não é dono de nada, e rico, ficou: rom zawre tdêkwa ‘aquele que é dono de muitas coisas’. Mas a sociedade Xerente é igualitária e sua estrutura é essencialmente integrada. Lá não se faz as tradicionais dicotomias que fazemos por aqui, como material versus espiritual, religioso versus profano, animado versus inanimado, corpo versus alma, e assim por diante. Em Xerente, a palavra para alma ‘dahêmba’ é usada também para corpo. Quando se quer fazer a diferença entre uma coisa e outra, tem-se que fazer uma “ginástica” linguística muito grande…
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