"Seja o que quiser ser". Esta é a abertura do "Viva a diferença", título do programa Malhação, uma série da TV que, desta vez, defende o que significa ser plural, incluídas as diversas formas de relação.
Por que "seja o que quiser ser" vai de encontro ao que Bíblia ensina? Aliás, com relação ao título dessa etapa da série, não acho que viver a diferença seja, em si, uma expressão errada. Há, sim, necessidade de se viver a diferença em muitos sentidos.
Só discordo da associação e do contexto em que essas duas frases são veiculadas, na mensagem em conjunto divulgada. Vamos começar pela primeira.
A Bíblia afirma que o ser humano não consegue "ser" "humano". Por isso que se seguir a doutrina expressa na primeira sentença, "ser o que quiser ser", cada vez mais vai se afastar de "ser humano".
Ser o que quiser vai desagregar no "ser" "humano" tudo o que perfaz a sua identidade. Para começar, a Bíblia não concebe vida ou se desejar, mais especificamente, não concebe ser, a não ser em comunhão com Deus.
Porque a Bíblia concebe ser humano a partir da declaração de Deus: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança". E, nesse mesmo versículo, de Gênesis 1,27, está escrito "homem e mulher os criou".
Portanto, já com relação às duas frases aqui indicadas, "seja o que quiser ser" em conformidade com a imagem e semelhança de Deus.
E com relação a Viver a diferença, aquela básica indicada no texto bíblico fundamental do Gênenis, a Bíblia afirma "homem e mulher os criou".
Esta é a cosmovisão bíblica. Ninguém é obrigado a concordar com ela. Nem, ao menos, viver em conformidade com ela. Não há nada que a Bíblia obrigue alguém a fazer.
E é absoluta e absurdamente o inverso que alguém queira obrigar o que a Bíblia não obriga. Assim como será absurdo que, quem não queira ser o que a Bíblia designa ser, que é "ser a imagem e semelhança de Deus", seja acusado por sua escolha.
"Seja o que quiser ser", mas nunca acuse quem não queira se governar por essa afirmação. Seja o que Deus espera que você seja, mas nunca acuse quem não tem essa escolha como sua opção.
Quanto a "Viver a diferença", ora, é justo aplicar o mesmo método. Quem acha que viver a diferença é viver homem e mulher, como Deus criou, pelo prisma e visão da Bíblia, a escolha é opcional, nunca imposta. Viva. Mas quem acha que "viver a diferença" abriga, em si, outras escolhas, outras vivências, duas observações: 1. Assuma sua escolha, sem a impor a outros; 2. Não vá à Bíblia tentar remendar o que nela está escrito.
Seja o que quiser ser, sem obrigar que ninguém seja como você ou que todos a sua volta aceitem seu modo de ser.
Seja o que você supõe que Deus quer que você seja, sem impor, desmerecer ou discriminar quem quer que seja, concordando ou não, vivendo ou não segundo o modelo que você adota.
Se para você, viver a diferença é experimentar ser homem e mulher, viva plenamente, sem forçar que outros queiram viver segundo esse modelo, como se fosse uma imposição.
E se, para você, viver a diferença inclui outras modalidades de escolha, assuma, mas não queira impor sua escolha, modelo de vida e cosmovisão a outros. Assim como assuma a diversidade e o contraditório do modelo que não seja o seu próprio.
Não há como concordar o tempo todo com a Bíblia. Nenhum ser humano, pode-se dizer de outra forma, qualquer ser humano, ou ainda todos os seres humanos, aos olhos de Deus, perderam sua imagem e semelhança.
Deus não faz acepção de pessoas. Mas, ao retornar a Deus, ele se reserva o direito de estabelecer o padrão de comunhão com Ele. Isso não é religião. Isso é o cara a cara com Deus.
E não há cara a cara com Deus sem crise. Sem perda total. Sem morte e ressureição em Jesus Cristo. A relação com Deus, no seu conjunto, estabelece essa condição. Alguém pode viver fora da conformidade com essa condição. Ou viver em conformidade com essa condição.
Seja o que quiser ser. Ou seja, em Cristo, o que quiser ser. Paulo Apóstolo expressa essa experiência por muitas maneiras. Uma delas é dizendo: "Não sou mais eu quem vive, mas Cristo vive em mim".
Faça a sua escolha. Assuma a sua opção. Nunca imponha a outros. Nada há na Bíblia que seja imposto. Em ambos os casos é necessária muita coragem: para escolher ou não o que a Bíblia expressa.
Nos dois casos, pode ser que exista quem vá te chamar de covarde, pela escolha feita, seja qual for. Deixa chamar. Mas que não seja você a chamar ninguém covarde, seja qual for a escolha feita.
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