sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Jornada Teológica de Ano Novo - Três axiomas

       Este texto, pretensiosamente, pretende discutir, afinal de contas, se o Deus possível tem mesmo alguma chance de existir, com possibilidade de ser acreditado por gente de certo nível e não somente o vulgo. 

    Para isso, a priori (gostei do termo), vamos estabelecer, pelo menos, três axiomas (outro termo interessante) sem os quais a gente não avança nesse terreno, qual seja, suposições a respeito de Deus. 

     O primeiro seria sobre a quantidade de deuses. Este será, em minha opinião, empiricamente falando, o de mais fácil abordagem e fixação, visto que, caramba, se está cada vez mais difícil confirmar a existência de um Deus, imagina dúzias deles. 

     Portanto, respeitando a mitologia alheia, vamos fixar nossa tentativa na confirmação de um Deus único. Para caminhar adiante, vamos então firmar as bases do segundo axioma desta nossa humilde, ainda que pretensiosa, argumentação. 

     Para segundo axioma, vamos admitir que, havendo Deus, haverá de se comunicar com o ser humano. Porque, ainda empiricamente falando, um Deus que exista mas, com todo o respeito, que não esteja nem aí para o ser humano, então nem precisa existir. 

     E tem mais: se o suposto Altíssimo existe, mantendo-se a Si mesmo afastado de conceder, pelo menos, uma pista científica de sua existência, uma única que fosse, que, pelo menos, desse para estabelecer um teoremazinho, se ainda por cima, decide existir e não falar nada com e para ninguém, seria, mantido aqui todo o respeito, inútil.

     Avançamos, portanto, para o terceiro axioma, mas não sem antes revisar aqui os dois anteriores: 1. Há um Deus possível, pelo menos, porque seria inviável para caramba tentar demostrar a existência de um montão deles; 2. Havendo um Deus, exige-se (em tese) que se comunique, porque não dá pra pagode um Deus que exista, mas que fique na dEle.

      Antes do terceiro axioma, preparando sua discussão, vamos estabelecer aqui certos fundamentos pelos quais, de modo plausível, para usar este termo, dar-se-ia (desculpe a mesóclise) essa comunicação. Sim, porque se já está difícil provar que existe um Deus, sair por aí dizendo "falei com ele agorinha" seria uma piada. 

      Portanto, quem sai por aí dizendo que falou com o Altíssimo cara a cara, não vai angariar muita, talvez nenhuma credibilidade. Então, malandragem, falar com Deus não é algo assim tão simples e direto, como bater um papo, jogar uma conversa fora na roda de bar.

     Mesmo assim, vejamos, ainda que não seja assim tão informal essa comunicação, caso se torne muito intrincada, ainda mais nesse tempo de smartphone, vamos cair naquela de que está difícil e improvável a comunicação, logo, anota aí: Ele não existe.

      Para axioma três, então, vamos estabelecer que há representantes devidamente autorizados, para falar em nome de Deus, para evitar, exatamente, o mico de sair por aí dizendo "falei com ele agorinha". Portanto, há um protocolo mínimo de acesso, vamos dizer assim, que inclui intermediários.

      Vejam bem, para a economia deste texto, não vamos aqui detalhar ou especificar o modo como esses "intermediários" entre o Altíssimo e a raça humana, previamente, habilitaram-se. Como foram, como acima indicado, "devidamente autorizados", é claro, porque aqui, autenticidade na comunicação é fundamental. Sem ela, esparrela, quer dizer, vai se tornar inviável prosseguir, em qualquer tentativa que não seja meramente crédula de se provar alguma coisa. 

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