O livro Desbravadores do sertão: a saga de gringos e nordestinos na evangelização do interior do Nordeste do Brasil, encruzilhada de 4 estados, desperta em nós um sentimento de arrojo, urgência para conhecer sua história, depois por imitar.
Como se fosse uma inveja santa. Porque desejamos que fosse conosco, pois ainda mais perto nos vemos, dentro mesmo de cada acontecimento, em função dos depoimentos, cuidadosamente coligidos, a partir das "testemunhas oculares".
Usamos propositalmente o termo de Lucas, visto que a narrativa nos desperta para uma história em tudo intensa e idêntica a de Atos dos Apóstolos, por sua vivacidade e pela parcela de realismo com que nos é apresentada.
Estamos sendo conduzidos à geração seguinte ao ministério de Kalley, aliás, somos apresentados a heróis de fé que conviveram com ele, na origem da igreja Pernambucana. E ainda a um grupo de missionários estrangeiros que aqui chegaram por influência de d. Sara Kalley e da agência missionária Help for Brasil, por ela mesma fundada, e sua continuadora UESA, que envia um grupo posterior.
Vão se familiarizando com nomes como os Kingston, chegados ao Brasil ainda no final do séc XIX. E outros seus companheiros que darão sequência a essa história, enfrentando resistências que punham em risco suas próprias vidas.
Fizeram o percurso inverso do colonialismo, porque sua vocação era autêntica e a parceria com os sertanejos, a quem vieram falar de Jesus, tornou-se pioneira na pregação do evangelho naquelas paragens.
Patrícios com os quais vamos com eles também nos identificando, nome a nome, enquanto conhecemos a saga dos Forsyth, e seus conterrâneos anglo-saxões, que enfrentaram perigos de morte, em nome do evangelho.
Vamos percorrer, por depoimentos deles mesmos, entrevistas pormenorizadas, cartas com eles posteriormente trocadas, relatos detalhados por esses homens e mulheres escritos, caminhos que nos fazem conhecer a Igreja que foi invadida e depredada, o patrício que se impôs entre o golpe fatal que o matou, mas era destinado ao gringo, o industrial alemão que mandou prender os panfleteiros do evangelho.
Como percorrer, num carro modelo 1930 estradas inexistentes, em meio ao agreste nordestino. Como descansar, com o patrício nordestino e esposa, no lombo das montarias, mesmo dentro de um alagado.
E o mais relevante, como pregar o evangelho cara a cara. Como sair de casa para garantir o almoço, mas a secretária do lar sair hora depois, para encontrar o patrão inglês absorto, no meio de um círculo de gente, na feira, falando de Jesus.
De que modo uma igreja, neste ano centenária, foi fundada, e como enviou missionários para recuperar pontos onde houvera perseguição implacável contra os crentes. Pastor Bernardino provém desse cenário. Percorreu, no sentido inverso, com guias desse mesmo sertão, os lugares onde toda essa notável história aconteceu.
Pôde sentar na mesma pedra onde o desbravador descansava. Entrevistou descendentes desses heróis de fé. Correspondeu-se com d. Brenda Forsyth do outro lado do Atlântico. Sua narrativa é um diálogo com eles, nos colocando dentro desse mesmo diálogo, fazendo-nos trilhar os mesmos meandros e anelar imitar essa mesma história.
O resultado é um relato pormenorizado de uma época que se inicia ainda na virada de século, percorre as décadas iniciais do século XX e nos contextualiza em relação ao momento atual de cada um dos pontos desse roteiro.
As notas são uma coletânea à parte de rica informação, indicando o modo como lideranças políticas da época, entre outros dados essenciais à contextualização da narrativa, entrecruzam-se com os fatos descritos.
A leitura de Desbravadores, certamente, terá um efeito colateral, sinceramente esperado. Por relatar uma história viva, de um evangelho sempre atual e renovador, é certo que vai despertar novas vocações. Porque o Senhor de todos esses caminhos e da obra a ser realizada carece de vocacionados.
E pede que participemos orando pedindo obreiros. Mas também que vamos, trilhando esses mesmos caminhos.
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