1982
Tornou-se um ano decisivo por duas razões: definiu carreira e vocação. A princípio, eu não sabia. Mas as decisões se revelaram acertadas a posteriori, como se diz.
Quem havia feito vestibulares unificados para engenharia, teria pontos de sobra para outro na área de letras. Não que esteja diminuindo o valor desta área que, afinal, foi a que, conscientemente, escolhi e com a qual contribuí para o sustento de minha família.
Ressalto a realidade. Por isso, sem mérito, faturei o 1o lugar em Português-Hebraico para iniciar, nesse ano, na UERJ. O amigo Paulo Leite continuaria a ser colega de turma.
No outro canto do ring, na igreja, o pastor Maurilo, que me batizou, pediu que eu ajudasse o grupo de 11 irmãos que haviam sido deslocados da igreja-mãe, congregacional de Cacasdura, para a Congregação de Parque Curicica, num loteamento na Estrada do Guerenguê, no bairro de mesmo nome.
O que me fez optar pelo curso, na UERJ, foi o fato de, acabado o seminário, recém-formadíssimo, pedirem que eu e Paulo Leite déssemos aula de língua hebraica. Argumentei que um bacharel não poderia dar aulas a bacharéis.
O contra-argumento era que d. Beth Bacon se aposentaria, escolhendo residir em Guarapari, onde a visitei em 2007 e de onde ela saiu para o céu, em 2019, e que éramos alunos de 8, 9 ou 10 na disciplina, sendo difícil encontrar, com facilidade, professor nessa área.
Na outra parte, achei que o fato de conhecer os irmãos da Congregação e ter intimidade com todos facilitaria o trabalho naquele campo, faria o que já havia feito, uma pregação aqui, outra ali, escola dominical, estudo bíblico, um aconselhamento ou outro, entre os mesmos, porém pastorado, jamais.
Passaria incógnito, poderia ajudá-los enquanto e o quanto quisessem, e ficaria tudo por tudo. Mas não contava que queriam se emancipar para ser igreja e, portanto, convidaram-me para ser o pastor. Claro que eu iria despistar. E já comecei com aquela história "vou orar", "preciso conhecer a Congregação", essas coisas, ora, conhecer? O que havia lá que eu já não conhecesse de sobra?
Fui lá. Preguei. Perguntaram sobre a decisão. Marquei semana seguinte como prazo. Nem dei sinal. Foi quando, no primeiro dia da semana seguinte, mais exatamente num domingo à noite, sentado de frente para a assistência, porque o coro se posicionava atrás do pastor, vi entrarem pelo portão Gerson, o diácono, e Valdemir, um dos colunas numa Congregação onde todos eram colunas.
Esboçou-se a armadilha. Encurralei-me. A mim mesmo disse que seria paliativo, seria só encaminhar a emancipação, tchau e bênção. Seria um pastor com prazo de validade. Fiz de conta que não era comigo. Os dois se acercaram.
Queriam saber de minha decisão. Ouviram um sim. Devem ter notado o meu constrangimento. Estava selado.
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