sábado, 12 de setembro de 2020

1978 - Parte dois

 1978 

    Mas foram nos corredores da PUC, bem demarcados, eu imerso em meus escuros labirintos internos, que a decisão de ir para o seminário brotou. 
    Esse foi o lado do conflito inferior, na trincheira carne versus Espírito, onde os dois são opostos entre si, como dizem as Escrituras. 
    O lado racional, por assim dizer, delineou-se ainda lá pelos lados da Estância quando, porque pernoitávamos nas instalações do Instituto Bíblico Palavra da Vida  - IBPV, havia a consulta hipotética de cursar aquele seminário.
     Logo descartada por mim. Eu tinha um conflito, mais esse, em curso, na área acadêmica, assunto não resolvido, e achava que abandonar essa frente de luta era alienar-se. Não queria isso para mim.
     De volta ao Rio tive uma conversa com o pr Amaury Jardim, que me acompanhava desde os dias de minha infância, em Cascadura, amigo dos filhos dele, quando argumentei que, entre me isolar num seminário interno e cursar outro externo, optaria por este, para não me ausentar da luta nua e crua.
     No meu caso específico, era a melhor opção. E comecei no Betel, ali no Rocha, RJ, época em que esse mesmo pastor era Diretor Interno. Eu queria como que homenagear meu pai que, na década de 40, ainda no tempo do pr José de Miranda Pinto, fundador dessa casa, ali estudara.
     Nas perambulações pelos corredores da PUC e nos desvãos de meus calabouços íntimos uma luta acadêmica, vocacional e moral se travava. Esta última, porque Deus me mandava ficar nu, também retirando a máscara, não esta dos anos de pandemia, mas outra da hipocrisia, por si só mais carnavalesca.
     Outra espécie de linearidade caía por terra, a de que era um tremendo gente boa, filho de pastor, crente desde garotinho, pela mão de Dorcas, pelas EBFs e EBDs da vida. Foi nos corredores da PUC, ambiente propício ao torvelinho existencial daqueles anos, que me descobri pecador, na amplitude do que isso realmente significava.
    Um esboço de gente começava a se delinear.
     
   

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