domingo, 28 de julho de 2019

Respostas ao texto sobre a Doutrina do Dízimo, escrito por Tulio César Costa Leite.

   "O dízimo tradicionalmente praticado pelos evangélicos é bíblico? Se não for não pode ser legitimamente exigido de nenhum membro. Já se afirmou que se o dízimo for extinto a igreja perderá o seu sustento. Ora, este não é um argumento bíblico. Respondemos que a doutrina bíblica nunca prejudicará a vida da igreja e que a verdade jamais será perniciosa; pelo contrário, se tivermos a determinação de ensinar que os membros são livres para dar ou não dar, que não há patamar mínimo exigido, que Deus ama a quem dá com alegria, que devemos ser generosos, guardar-nos da avareza, ser prontos em repartir, acumular tesouros no céu... Deus responderá derramando sobre a Sua igreja bênçãos sem medida".

      Para esta conclusão do autor, respondo à primeira parte: sim, o dízimo tradicionalmente praticado pelos evangélicos é bíblico.
      Os evangélicos escolheram praticá-lo do modo como praticam até hoje e, para isso, têm liberdade para fazer e não devem se sentir constrangidos por isso.
      Quanto à parte final, a partir do trecho acima que diz "Deus ama a quem dá com alegria", concordo plenamente: ninguém deve se sentir obrigado a contribuir, nem com o dízimo e nem com ou por qualquer quantia. 
      Tudo na Bíblia sempre foi e sempre será voluntário. Até fé e obediência serão voluntários. E quando a Bíblia diz que o amor nos constrange, não é também que sejamos obrigados a amar. Mas que, uma vez aceitando-o voluntariamente,  por meio  da salvação em Jesus, estaremos constrangidos por aceitar tudo o que com ele vem e o que ele oferece. 
      Abaixo algumas posturas sobre o texto e sobre a questão do dízimo:

1. Qualquer doutrina das Escrituras não é uma imposição. Por uma razão muito simples: ninguém é capaz de, por si mesmo, cumprir qualquer proposta da Bíblia. Por isso, todas são voluntárias e dependem da ação de Deus na vida do homem ou mulher para que possam ser aceitas e cumpridas;
2. Portanto, o articulista tem razão ao dizer que a doutrina do dízimo pode ter sido compreendida e proposta como bíblica, independentemente de ser ou não correta. Mas a regra geral para tudo o que está na Bíblia, até o mais importante, que é a salvação, é o fato de ser voluntário;
3. Para mim, a aceitação do dízimo como forma de oferta voluntária pelos evangélicos está correta. Seja com respaldo no Antigo, tanto quanto no Novo Testamento. Não se constitui num costume ou prática anti-bíblica, mesmo aplicado ao salário, como se faz, e não a produtos da terra, como se fazia na Bíblia;
4. Mas é voluntário. Ninguém é obrigado a dizimar. Como falou o próprio articulista, pode dar terça, quarta, quinta parte, metade ou tudo, basta querer. Mas a décima parte, como sugerido, é legítima e biblicamente extraído do costume vetero-testamentário, não se constituindo em erro mas, repito, é voluntário;
5. Realmente o "dar" na Bíblia não pode se restringir somente ao conceito do dízimo. Porque dar, na Bíblia, significa pertencer inteiro a Deus, que deu o seu Filho, para que não mais pertencêssemos ao pecado. Portanto,  não são nossos bens ou o que temos que pertence a Deus: somos nós que a ele pertencemos;
6. Consequentemente, não pertencemos a nós mesmos e nada do que temos, não temos sem que não tenha sido dádiva de Deus.  E a obra que nos concedeu realizar, como igreja, está sob nossa responsabilidade e às nossas mãos para a sustentarmos. Então, o articulista está correto em dizer que podemos e devemos sustentá-la do modo como escolhermos, com sabedoria, e segundo os nossos recursos;
7. Desse modo, tem razão em dizer que está errado apresentar o dízimo como ameaça, como obrigatório, como canal de bênção (ou de maldição, para quem não "devolver"). Mas está também errado em apontar como doutrina não bíblica para os dias de hoje. Pode, sim, ser apresentando como um dos meios e, como é tradicional fazer, um meio regular, mensal de contribuição, porém voluntária.
      Abraão deu o dízimo e eu também dou. Não me condeno por isso, não condeno quem não faz isso. Mas fui educado pelos meus pais nessa tradição que acho sadia. Evangélicos não precisam cessar de utilizá-la. Só não devem apresentá-la como obrigatória. Nem teimar ou se cansar em prová-la (ou não provar), de modo restrito e incansável pela Bíblia, para justificar sua obrigatoriedade. Porque, como tudo na Bíblia, sempre será gracioso e voluntário.

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