quarta-feira, 10 de julho de 2019

A Bíblia na folha de jornal - Marcos Evangelista 6

      Boa tarde. Uma tremenda chance de entrevistar o Evangelista Marcos, companheiro do Apóstolo Pedro. Muitos detalhes a conhecer, em função dessa proximidade. 

1. Mais uma vez, muito grato por sua disposição em nos dar mais está entrevista. Esperamos aproveitá-la ao máximo. Queremos explorar sua proximidade com o Apóstolo Pedro. Como vocês se conheceram?

Marcos: Sempre um prazer e grande alegria contribuir. Essa iniciativa de vocês, em reunir depoimentos sobre os participantes da expansão do evangelho, nos dias iniciais, é fantástica. No meu caso, minha família foi evangelizada pelo Apóstolo Pedro. Certa vez, eles saíram em duplas. A recomendação do Mestre era que pousassem na casa que os acolhesse. Foi assim com nossa família.  Inesquecível a noite em que foram falando, pregando sobre Jesus, quem ele era e o que representava. Abriram-se os nossos olhos e, praticamente no mesmo dia, mais exatamente naquela noite, toda a família se entregou a Jesus. Passamos a crer no Messias de Israel. 

2. Foi exatamente nessa casa onde vocês se reuniram, naquela noite em que Pedro estava preso?

Marcos: sim, exatamente. A igreja, representada pelo grupo dos irmãos reuniu -se lá. Estávamos alarmados. Lembro que o Salmo lido falava das razões sem nenhum sentido da perseguição aos que proclamavam Jesus. Depois, tornou-se muito gozado. A criada, Rode, interrompeu nossa oração (risos), ela desfez toda a concentração dizendo que Pedro batia ao portão. Ninguém entendeu nada. Ele está preso, mulher, estamos orando por isso. Mas ele chamou,  está no portão. Era madrugada, alguém até mencinou fantasmas (risos), até que ouvimos uma voz de homem chamando. Cachorros latiam, uma confusão (risos) e alguém foi conferir. Ouvimos, então,  um "sou eu" familiar.  Abrimos.  Era Pedro. Rapaz, a gente estava orando, mas não esperava aquele milagre. Glória a Deus! Nos abraçamos, choramos de alegria, foi aquela bênção, aquela confraternização. Ninguém mais dormiu, amanhecemos cantando, compartilhando o poder de Deus, o sol raiou, lá pelo meio da manhã é que fomos dormir. Aí,  vieram buscar Pedro, de novo, e nos assustamos, fomos orar de novo, mas Pedro nos tranquilizou. 

3. Ufa! Muita emoção. O que você nos diz do perfil de Pedro?

Marcos: sempre foi atirado. Homem de rompantes. Não digo que fosse covarde, ao contrário, mas sempre que se mostrava atirado, as vezes criava problemas. Como naquela vez que cortou a orelha de Malco. Caramba! Poderia até ter morrido ou ter sido preso. O milagre de Jesus consertou tudo.  

4. Mas o Pedro depois do Pentecostes era bem diferente...

Marcos: sim, sim... Sem dúvida! Mais equilibrado, mais controlado pelo Espírito. De certa forma, a liderança dele aflorou, mas de forma natural. Se bem que Jesus o denominou pastor: "Apascenta as minhas ovelhas". Quando você vê, como vimos lá em casa, Pedro relembrando essas experiências, a gente se emociona. Choramos com ele.

5. Como foram aqueles sermões iniciais?

Marcos: ora, gente, o primeiro foi fantástico. Ninguém esquece o modo como, calmamente, ele esclareceu tudo pela Bíblia. Os patrícios, rapaz, era gente de tudo que era lugar, ficaram em silêncio, ouvindo cada palavra dele. E o sermão do Templo, quando Deus operou a cura do paralítico Joás. Novamente Pedro foi magistral. Sempre corajoso, nunca deixava de destacar a culpa pelo pecado, não somente aquele individual, mas de todo o povo, reforçado na culpa pela morte violenta e covarde de Jesus, entregue aos romanos pelos próprios patrícios. Magistral chamar Jesus de Autor da vida. Ele cunhou um trocadilho: "Vocês mataram o Autor da vida".

6. Por causa dessa pregação, ele foi, pela primeira vez, chamado a depor. Ele compartilhou com você como ficava o emocional dele?

Marcos: nenhum temor. Nenhum. Ele dizia, não sei de onde me vem coragem e ousadia. Pedro me lembra o profeta Jeremias, na porta do Templo, no Antigo Testamento. Só que Pedro falou dentro, denunciando o pecado de todo o povo e, quando foi chamado,  no cara a cara com as autoridades, com o pessoal do sumo-sacerdote e do sinédrio, perguntou se o seu crime foi ter feito um bem ao paralítico. Ele aprendeu com Jesus. Em meu Evangelho destaco a cura do portador de hanseníase, num sábado, na sinagoga de Nazaré, quando o Mestre também  perguntou se poderia ou não fazer o bem no sábado. 

7. Qual foi o argumento principal de Pedro?

Marcos: um refinamento. Meu irmão, pura ação do Espírito. Pedro usa a argumentação deles contra eles mesmos. Ele evolui de lógica em lógica. Foi realizado um bem. Por ele sou interrogado? Esse bem foi feito por Jesus, a quem vocês crucificaram. E se dizem "construtores" em Israel. Pois não edificam sobre a pedra, que é Jesus. Olhem bem, Pedro, que tem o apelido "pedra", dizendo que Jesus é a pedra de toque, a pedra de esquina, angular. E então disse que nessa pedra rejeitada eles tropeçaram. Rapaz, a nata do sumo-sacerdote estava reunida. Quanta coragem! Que poder do Espírito, concedido a Pedro!

8. E, dessa vez, Pedro foi solto?

Marcos: sim, não o detiveram. Eles queriam proibir Pedro de pregar, em nome de Jesus. Outra vez ele foi corajoso. Diante de Deus, ele disse, avaliem: vamos obedecer a Deus ou a vocês? Vamos anunciar a salvação. Não há salvação em nenhum outro nome. Não há nenhum outro nome, debaixo do céu, em nome de quem somos salvos. Não entendiam o que significava salvação. Mas não podiam fazer nada contra Pedro. Só na porta do Templo, Joás estava havia mais de 20 anos. Tinha mais de quarenta e, nesse tempo todo, era reconhecidamente paralítico. Estavam, como se diz, de mãos e pernas amarradas: não havia nenhuma prova contra os apóstolos Pedro e João. Pagariam grande mico, caso prendessem os apóstolos.

9. E qual era o papel de João nisso tudo?

Marcos: caladíssimo (risos). João representa o pêndulo ao contrário. Ele representa o equilíbrio. Muito unidos e muito chegados, antes mesmo que conhecessem Jesus. A família de João era proprietária de uma empresa de pesca em Tiberíades. Pedro e seu irmão André trabalhavam para eles. Os quatro, Pedro, André,  Tiago  e João muito amigos. Infelizmente, Tiago foi martirizado. Muito triste. Um herói da fé,  como foi Estêvão. João era conhecido dos maiorais do staff do sacerdote. O pai deles, Zebedeu, também era reconhecido pelas doações que fazia ao templo. 

10. João, podemos dizer, punha freio em Pedro, por causa de seu temperamento?

Marcos: muito pouco. A presença conselheira de João era mais ligada a temas doutrinários. Quanto ao temperamento, o Espírito fazia sua obra na vida de Pedro. João, embora mais novo, sempre foi equilibrado. Tinha uma postura mais intelectual. Nessa prisão,  bem, nem prisão foi, nesse interrogatório eles se admiraram da argumentação de Pedro. Parecia um advogado, estilo apóstolo Paulo (risos). Não.  O arrojo para  pregação pertencia a Pedro, João não recebeu esse dom. Mas, em seu silêncio, era tremendamente reflexivo. Quase que sempre se comunicavam pelo olhar. Por isso que, de uma mente tão reflexiva  e observadora, nasceu um poderoso Evangelho. A arte do Espírito em unir servos de Jesus tão próximos, para que o resultado final fosse magistral. Aleluia!

    Agradecemos ao irmão Marcos. É uma segunda oportunidade muito enriquecedora. Graças a Deus por essa memória tão abençoada. Deus o fortaleça em seu ministério. E esperamos contar sempre com o irmão (risos).

    Amém! Eu é que agradeço. Foi uma bênção. Sempre  à disposição dos irmãos.

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