sexta-feira, 3 de maio de 2019



Flores como presságio 

       Estou chegando aos 62. A gente prevê presentes, quando aniversaria. Já ganhamos todos. Morando a 4100 km do Rio de Janeiro, cidade natal, inúmeras vezes precisei voltar, exatamente visando visitar a família.

       Família é o maior presente.  Faz 50 anos que convivo com Di e Gi. Recém casados, estava eu lá por Nilópolis, aos meus 12 anos de idade. Façam as contas. Pois 50 anos depois eles me acolheram de novo. 

       Como a vida é caprichosa! Deve ser pelo heroísmo de mulheres como a vó Bernardina e a vó Eunice. Porque as marcas que essas mulheres deixaram, permite acolhimento. 

      O que ensinaram e a vivência que transmitiram, para quem presta toda a atenção, traz consigo o dom de hospedar e acolher. Há 50 anos atrás, Dirley tirava as dúvidas de língua portuguesa. 

     Nem ele e nem eu sabíamos, ainda, que ser professor de português, como ele sempre foi, seria a mesma ocupação que me permitiria, em parceria com Regina, criar Isaac e Ana Luísa. 

     Está aí o dom do acolhimento. Está aí a escola de Bernardina e Eunice. O capricho da vida. A providência de Deus, no caso de minha teologia. Gente do interior. O que tem de melhor nessa história toda.

      Conversamos muito sobre Aqueles Meninos. Assisti à acolhida de Emanuel e Vando, este o caçula. Ouvimos as canções daquele. Apreciamos os quadros do mais velho, dr Carlos. Mergulhamos na troca de cartas entre ele e o profeta Jailton.

      Voltamos no tempo. Às margens do Paraíba do Sul. Ao burburinho da festa de São Pedro, na praça. Aos hinos da igreja e às lições da escola dominical. Ao barulho do trem chegando à estação. 

     Eu sempre tenho medo de cirurgia. Sou meio alarmista. Por isso que a Dama da Noite floriu, na primeira noite de minha chegada. Para quem acredita em presságio, pode ser. Eu nem acredito.  Mas acredito em amor e em acolhimento. 

      Faz mais de 50 anos que ganhamos presentes de gente do interior. Faz mais de 50 anos que ganhamos gente boa como presente.  Na minha teologia, providência (e vivência) de Deus. Maestria da sabedoria e do exemplo de vida de  Bernardina e Eunice.


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