quinta-feira, 2 de maio de 2019

Momento zero 4 - hosheq

     v'hosheq 'al-p'nei tihom: "E trevas por sobre a face do abismo. Muito interessante essa parte. Porque, evidentemente, era intuitivo, novamente, o homem da época, deslumbrado com a beleza do céu noturno, avaliar que as trevas tinham função diversa e imensa na composição do cosmos. 

      Essa mesma intuição haverá com relação às águas. Vai imaginar que elas preenchem os oceanos, mas que também sobem por detrás do firmamento, para despencar, quando são abertas as comportas dos céus. Porque, de que outra madeira água poderia cair, a partir do firmamento?

       Mesmo primitivas, pode-se dizer, dessas deduções, a expressão de que havia "matéria escura" e só ela antes de que, como por uma brecha, fosse desencadeada, no sistema, a energia que abriu a fenda atual, dentro da qual o próprio universo se expande. A ciência estabelece numa proporção de 95% a quantidade de hosheq, "trevas por sobre a face do abismo".

            Em Gênesis 1.4 lemos: vayareh elohim 'et-ha'or ky-tov vayabdel elohim beyn ha'or ubeyn hahosheq: E vamos nos acostumando com o hebraico. Aqui está escrito que Deus "fez separação entre luz e trevas", mais especificamente estabeleceu os limites entre luz e trevas. Por isso dizemos que foi aberta uma brecha, uma fenda de 5% de matéria que forma todo o universo em 95% de matéria escura, ambas em contínuo balanceamento. Vivemos no coração de um big-bang em curso.

    Trata-de do ACDM ou "Modelo Cosmológico Padrão", o mais aceito e que tem obtido grande sucesso na descrição da formação  da estrutura em grande escala do universo. Vejam que se trata de um modelo científico de compreensão que, até agora, melhor explica o modo como, na estrutura do universo, numa proporção de 95,1 X 4,9 % , equilibram-se matéria escura e o restante visível no conjunto total de massa-energia do universo.

       Que se diga não há nada a ver entre matéria escura, dado científico, e a hosheq bíblica, as "trevas por sobre a face do abismo". Mas absurdo não se poderá dizer. Diametralmente oposto, jamais. Total coincidência ou equivalência, que não se diga. Mas a imagem de um universo infinito, em constante expansão, como deduz a ciência, escuro, trevas como substrato da energia, com partículas de matéria e matéria escura em constante equilíbrio: inegável a semelhança entre as duas descrições.  

      Imagem precisa. Mito, diz a definição, é "narrativa imagética". Dizer que "havia trevas por sobre a face do abismo", assim como dizer, para a base axiomática das partículas, o "haja luz", visto que, antes do antes, são as partículas, caramba, repito: inegável semelhança. Que mito porreta esse. "Narrativa imagética" porreta! Haja luz!

      Moisés, debaixo das "trevas de por sobre o abismo", no contrabalanço do gingado da matéria escura, em constante equilíbrio no ACDM, ciência esperta, entendendo tudo, chegando à reboque.

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