v'ruah elohim mirahephet 'al-p'nei hamayim: vayomer elohim ihi 'or vayihi-'or: Last, but not least. Este texto será o último nesta sequência. Procuramos indicar semelhanças flagrantes entre a narrativa bíblica da criação e as narrativas científicas.
Basicamente, partimos da ideia de que a ciência conseguiu chegar às partículas como unidade mínima na formação do universo, sem que tenha, para elas, uma definição precisa e sem que possa indicar como surgiram.
Daí vermos similitude entre esse impasse e a narrativa bíblica, quando diz que Deus disse: "Haja luz". Luz é fóton, fóton é partícula. Portanto, a narrativa bíblica se coloca na gênese do universo, onde a ciência não tem uma descrição precisa do que ocorreu.
Portanto, não vejo incompatibilidade, ao contrário, vejo afinidades entre as duas linguagens. Também analisamos o trecho da narrativa do Gênesis, quando diz que "havia trevas sobre a face do abismo". Neste caso, mesmo reconhecendo ser essa descrição uma intuição compatível com a cosmovisão do homem antigo, opera-se outra notável semelhança.
A ciência confirma que, numa proporção de 95,1 X 4,9 %, há no universo matéria escura em permanente interação com a matéria em si mesma, essa que compõe tudo o que existe. O big-bang, que se acredita ter sido provocado pelo choque de partículas, ocorreu em meio a essa massa de matéria/trevas, permitindo que, como numa fenda em meio à escuridão surgisse, a partir desse choque partícula/partícula de luz, a matéria que constitui o universo.
Este último texto é especificamente escriturístico. Assim como entendemos as Escrituras como profecia de Deus aos homens, escrita, como disse o apóstolo Pedro, por "homens que falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo", a narrativa científica é de homens para homens.
A ciência não tem nenhuma obrigação e não é seu método "descobrir Deus" ou provar sua existência. Quem tenta supor esse problema, não é científico. Afirmar que Deus existe, atua e se comunica é função da teologia. Do mesmo modo que as Escrituras não têm e não apresenta discurso científico.
Mas assim como podemos utilizar, no estudo da Teologia, que é uma ciência, o método científico, podemos avaliar afirmações das Escrituras e suas indicações históricas, por exemplo, por métodos científicos. Desse modo, afirmamos que Deus disse "Haja luz" e, dessa forma, desencadeou o processo que, literalmente, deu luz, deu existência ao universo.
E também afirmamos que cabe à ciência investigar isso, detalhar como foi, até onde puder ir, por meio de seus métodos. E investigar e descobrir como ocorreu, não significa dizer que Deus não existe. A frase hebraica que inicia este texto costumeiramente se traduz por dizer que "o Espírito de Deus pairava por sobre a face das águas".
As Escrituras estão afirmando que o Espírito Santo presidia a criação por sobre o oceano primordial. Podemos imaginar etapas na criação, aliás, indicadas na própria narrativa caracterizada pelos 6 + 1 dia de descanso. O próprio planeta já formado, segundo os cânones da geologia nos revelam, à espera do acabamento final, que incluía as condições para que, nele, pudesse brotar vida biológica.
As Escrituras afirmam que a vida do homem/mulher não é somente biológica. Assim como o Espírito de Deus, para Deus, é seu alter ego, para o homem, o seu próprio espírito também o é. Assim como o Espírito de Deus presidia a criação, vagando por sobre a face das águas, assim também é chamado por sabedoria de Deus e perscrutador de Deus.
Assim como é aquele que validou como legitimo o sacrifício do filho, Jesus Cristo, perante o próprio Pai, em favor do homem/mulher e de toda a criação. Esta matéria, aqui no sentido de assunto, é específica da Escritura. Dizer que a origem do universo está num ato de Deus, ao dizer: ihi 'or vayihi-'or:, ou seja, "Haja luz, e houve luz", é específico das Escrituras. A receita de como, no mundo da física, esse processo se desencadeou, é tarefa da ciência.
E crer, participar da vida do Criador, aguardar a restauração da vida, para além da morte, assim como a restauração da própria criação, é matéria de fé, está garantida pelo próprio Espírito de Deus. Ele opera no homem/mulher o que está relacionado á afirmativa essencialmente escriturística, de que fomos criados à imagem e semelhança de Deus.
O Espírito de Deus aguardava, ansioso, até que Deus pudesse revelar-se ao homem. Esse é o específico das Escrituras. O Espírito preside as ações de Deus, opera na consciência humana e estabelece no homem as condições de que lhe seja restaurada a imagem e semelhança de Deus. Aguardava a chance de restaurar no homem/mulher o amor de Deus.
Moisés, repórter no momento zero, estabelecendo o específico da ciência e das Escrituras.
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