quarta-feira, 1 de maio de 2019

Momento 2 - barah elohim

    Desculpe a ciência. Tenha paciência, adverte o corretor de meu smartphone. Em minha mão, esta é uma das mais recentes invenções do ser humano. Indica que ela está fazendo direitinho o dever de casa: aprende, a partir do que está posto, e inventa.

     Ciência não deixa de ser, também, o método preciso de descrição do que está posto. No texto anterior, verificamos como ela vai até o fóton. Construíram o LHC para entender o bailado das partículas, dança misteriosa, que deixa traços e pistas do que ocorreu "No princípio".

      O Bóson de Higgs, por exemplo, "provisoriamente confirmada" como existente em 14 de março de 2013, é a mais recente e reconhecida partícula que vem ajudar na estruturação do chamado Modelo Padrão de Partículas. Ele não é a partícula-mãe no "Haja fóton", não: ele é uma espécie de "mensageiro", como um quântico Mercúrio, nesse mini-Olimpo, divertindo-se e trocando informações entre as demais partículas.

        A ciência faz o dever de casa. Daí o nome Modelo Padrão. Está descobrindo os fótons. Ainda não tem um modelo para deduzir, e os fótons? Como estavam lá? De onde vêm? Qual o "No princípio" para eles ou antes deles? Haja luz! E haja paciência, da parte da ciência, que só abre a boca, quando tem certeza. E de nossa parte, para ouvir muita abobrinha, inclusive em nome de ciência.

      Portanto, é possível dizer que, somente uma leitura equivocada (até mesmo intencional) do Gênesis, ou uma leitura, do mesmo modo, equivocada da ciência permitem achar um conflito inconciliável entre os cânones da Bíblia e da ciência. Porque a Bíblia diz "Haja fóton" e, a partir daí, com o bailado das partículas, incluída a pressuposta e quase confirmada ação da apelidada "partícula de Deus", o bóson de higgs, desencadeou-se todo o processo.

       Deduz-se, facilmente, por esse raciocínio que criação nunca entrou em choque com evolução. Cada uma tem seu "No princípio", ou seja, seu lugar no desencadear do surgimento do que está aí, para ser visto. Deus disse: "Haja luz". E houve luz. E, uma vez começada a dança das partículas, a coisa toda culminou no big-bang (diferente de bang-bang).

      Você até pode não acreditar que o fóton surgiu assim, com Deus dizendo "haja". Mas até aqui também vai a ciência: ela não tem uma teoria que explique a origem das partículas. Neste ponto, convergem Bíblia e ciência. Seria o "ponto axioma" do universo, quer dizer, de tudo o que está aí.

       barah elohim significa "Deus criou". O verbo "barah", do hebraico, é palavra rara e de pouco uso na linguagem bíblica. E também fora dela, no referencial das línguas semíticas, entre elas o árabe e o hebraico, nascidas por ali, na Mesopotâmia e regiões do entorno, essa palavra não aparece facilmente.

     Então, ficando nas informações disponíveis no texto bíblico, verifica-se que barah, criar, só se aplica a Deus: barah elohim significa "criar" como "trazer à existência", ato exclusivo de Deus. Ou seja, na linguagem bíblica Deus trouxe à existência o que antes não existia. A ciência, obrigatoriamente, precisa de um ponto de partida concreto para definir como tudo começou. Ela chega à partícula.

      A Bíblia afirma que Deus trouxe à existência a partir do que não existia. Parabenizamos a ciência por nos mostrar o modo como tudo veio a existir. Ela cumpre sua função. E nos colocamos nesse "ponto axiomático" no qual ocorre essa convergência: a ciência chega de ou até onde não mais avança e encontra Deus dizendo "Haja luz". Eu desconfio que começamos a entender, cientificamente, o modo como Deus trouxe à existência o que aí está: ex nihilo nihil fit, como disse Parmênides: a partir do nada, nada existe.

       Moisés, o repórter das Escrituras, falando diretamente do b'reshit barah elohim: fiat lux,  "ponto axiomático" a partir do qual surgiu tudo isso que está aí. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário