segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Greta Garbo, quem diria, acabou no Irajá, ou: Ha ha ha ha ha! Ora, ora, ora, eu falando em democracia...

       
             Apóstolo Paulo no Whatsapp em Atenas.

            Paulo na ágora. Ora, mas o que mesmo quer dizer esse tagarela? Vamos ouvi-lo na ágora. E, ao final, houve quem até risse do discurso de Paulo, sua conclusão final.

            Mas o deixaram falar. Ao final, houve quem dissesse que ressurreição era algo bem desatualizado, muito fora do contexto da mentalidade grega.

            Está aí. Mentalidade também está fora de moda. Tão fora de moda que se dizer democrático, em algumas situações, é posicionar-se de um lado só. Do outro, não é mais democrático.

             Seria uma democracia imposta, digamos assim. Ou, talvez, a denúncia de posição contrária como antidemocrática. Se você não vota comigo, então você é antidemocrático.

               Deixem falar. Antes, porém de terminar a fala, abortem a fala. Pelo que ele vai dizer, já percebi que é antidemocrático. Lucas historiador, em Atos 17, pelo menos acusa que os gregos ouviram Paulo até ele mencionar ressurreição.

              Pode ser que o conceito de democracia esteja, uma vez enunciado, até mesmo acima do próprio comportamento da ágora, como retratado nesse discurso do apóstolo. Aqueles gregos ali não foram, portanto, tão democráticos assim.

              Na recente campanha política foi assim que evocaram democracia. Acima das circunstâncias. Denunciava-se que estava sendo, in extremis, francamente desrespeitada. Um dos lados assim denunciava. Então, era necessário evocar o seu sentido fundamental.

              A única opção, então, seria optar pela via única, que seria a democrática, da única opção possível e passível de voto. Creio que bloquearem a fala de Paulo na ágora foi antidemocrático.

              Creio que impor ao outro lado duas únicas opções: (1) ou votam comigo; (2) ou não serão democráticos. Viola o conceito de democracia. E não ficou aí. A partir da ágora, quem com Paulo concordou formou grupo com ele. Saíram juntos.

            Há necessidade de formar grupos. Antagônicos? Inimigos? Rompem-se amizades, alteram-se tratos antes em mar tranquilo? Isso também é antidemocrático. Há um bem comum, mais elevado que a transição de campanha eleitoral?

            Esse bem comum necessita de que as duas forças se juntem? Democracia também significa a convivência pacífica de contrários para que, juntos, ensejem qualquer construção, principalmente essa do bem comum.

            Não. Impossível. Isso mesmo. Nem os gregos podem ser responsabilizados por sua excelente ideia, filosófica até o último, de imaginar a democracia. Que nem eles, por si – pobres gregos , sejam capazes de levá-la à práxis, como diziam, ou imaginar mecanismos que a preservem ou vigiem sua execução.

             Não vamos culpá-los. Está muito além deles mesmos e da condição humana. Vive-se de muitas utopias. Outra entre elas é essa, de que seja possível que contrários, ideologicamente, se unam na construção de um bem comum. Evidentemente, vão culpar-se uns aos outros. Desde o argumento de que deveriam ter votado, sim, pela democracia. Mas não votaram comigo. Até dizer que, com eles, é impossível construir juntos.

            Agora, nem na ágora. Ora, então, que dê tudo errado. Bem-feito, bem-feito, bem-feito!


  

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