Apóstolo Paulo no Whatsapp em Atenas.
Paulo na ágora.
Ora, mas o que mesmo quer dizer esse tagarela? Vamos ouvi-lo na ágora. E, ao final, houve quem até risse do discurso
de Paulo, sua conclusão final.
Mas o
deixaram falar. Ao final, houve quem dissesse que ressurreição era algo bem
desatualizado, muito fora do contexto da mentalidade grega.
Está aí. Mentalidade
também está fora de moda. Tão fora de moda que se dizer democrático, em algumas
situações, é posicionar-se de um lado só. Do outro, não é mais democrático.
Seria uma
democracia imposta, digamos assim. Ou, talvez, a denúncia de posição contrária
como antidemocrática. Se você não vota comigo, então você é antidemocrático.
Deixem falar. Antes, porém de
terminar a fala, abortem a fala. Pelo que ele vai dizer, já percebi que é antidemocrático. Lucas
historiador, em Atos 17, pelo menos acusa que os gregos ouviram Paulo até ele
mencionar ressurreição.
Pode ser
que o conceito de democracia esteja, uma vez enunciado, até mesmo acima do
próprio comportamento da ágora, como retratado nesse discurso do apóstolo.
Aqueles gregos ali não foram, portanto, tão democráticos assim.
Na
recente campanha política foi assim que evocaram democracia. Acima das
circunstâncias. Denunciava-se que estava sendo, in extremis, francamente
desrespeitada. Um dos lados assim denunciava. Então, era necessário evocar o seu sentido fundamental.
A única
opção, então, seria optar pela via única, que seria a democrática, da única opção
possível e passível de voto. Creio que bloquearem a fala de Paulo na ágora foi
antidemocrático.
Creio que
impor ao outro lado duas únicas opções: (1) ou votam comigo; (2) ou não serão
democráticos. Viola o conceito de democracia. E não ficou aí. A partir da
ágora, quem com Paulo concordou formou grupo com ele. Saíram juntos.
Há
necessidade de formar grupos. Antagônicos? Inimigos? Rompem-se amizades,
alteram-se tratos antes em mar tranquilo? Isso também é antidemocrático. Há um
bem comum, mais elevado que a transição de campanha eleitoral?
Esse bem
comum necessita de que as duas forças se juntem? Democracia também significa a
convivência pacífica de contrários para que, juntos, ensejem qualquer construção,
principalmente essa do bem comum.
Não. Impossível. Isso mesmo. Nem os gregos podem ser responsabilizados por sua
excelente ideia, filosófica até o último, de imaginar a democracia. Que nem
eles, por si – pobres gregos –, sejam capazes de levá-la à práxis,
como diziam, ou imaginar mecanismos que a preservem ou vigiem sua execução.
Não vamos
culpá-los. Está muito além deles mesmos e da condição humana. Vive-se de muitas utopias. Outra entre elas é essa, de que seja
possível que contrários, ideologicamente, se unam na construção de um bem
comum. Evidentemente, vão culpar-se uns aos outros. Desde o argumento de que
deveriam ter votado, sim, pela democracia. Mas não votaram comigo. Até dizer que, com eles, é impossível construir
juntos.
Agora, nem na ágora. Ora, então,
que dê tudo errado. Bem-feito, bem-feito, bem-feito!
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