Testemunha de muitas brincadeiras nessa primeira infância. Filho único, muitos cuidados, ao mesmo tempo não prender demasiado, ao mesmo tempo todos os cuidados. Na rua não. Então o corredor foi refúgio, ao abrigo dos perigos do mundo lá fora, perigos dos anos 1960.
Brincava de Super Homem. George Reeves, o primeiro deles, via na TV Philco, preto e branco. Então, reproduzia as aventuras, em minha imaginação, e haja imaginação, desenhando com esferográfica Bic o símbolo com "S" no peito, uma daquelas fraldas de pano amarrada ao pescoço, como capa.
Jack Larson, como Jimmy Olsen, fotógrafo do Daily Planet, o Planeta Diário, jornal onde trabalhava o Clark Kent, o identidade secreta do homem de aço, e Noel Neill, a primeira Lois Lane, a repórter amiga dele e, posteriormente, namorada do herói. Perry White era o editor-chefe do jornal, artista de nome John Hamilton.
Recrutava colegas que seriam os vilões ou mesmo outro super qualquer de mesmos poderes. Que puderam ser o José Mauro, que morava numa vila da mesma rua, fazia aniversário 14 de maio, oito dias após o meu, e nasceu também em 1957. Muita coincidência. Raramente o irmão dele, Paulo, juntava-se ao grupo. A faixa etária era outra mais acima.
Luís Carlos se juntava ao grupo, mas Alberto, por essa época, havia se mudado. Vez por outra, também raramente, o primo Isaías deve ter experimentado esse super papel. Saulo, filho de outra irmã de meu pai, também, porém para eles era mais distante e a explicação das ações heroicas, mais desgastante, porque não acompanhavam o seriado anos 50.
Nacional Kid (link de abertura ao final) era outro. No caso, dispensávamos a máscara, mas desenhávamos a letra "N" no estilo do uniforme dele. Enfrentava os Incas Venusianos, os Seres Abissais, que disfarçavam sua cara dinossáurica com capuzes negros, estilo Klu Klux Klan, aterrador, o Império Subterrâneo, aqueles caras com chapéus tipo indiano, uniformizados estilo terninhos que, com armas de um estampido agudo, tichuiiimmm, acertavam as pessoas, que escorriam como líquidos branco-pastosos. Impressionante!
Culminava, sem mais spoilers, na história de Tarô, menino que chegava do espaço numa nave ovalada, perseguido pelos Zarrocos do Espaço, que queriam destruir a terra. Numa dessas tentativas do menino para nos ajudar, surge Giabra, o monstro precursor de todas as séries japonesas de monstros, robôs e transformers (estes, até hoje) dos anos 80/90. A identidade secreta do Nacional Kid, ora vejam só, era a do professor Massao Hata que, com um grupo de alunos, liderado pela jovem Tiako, com mais os garotos Kuraso, Yukio, Kioko e Tomohiro, efetuava todas as bem-sucedidas tentativas de salvar nosso planeta.
Muito legal! Sensacional! Assistíamos na TV preto e branca, pela Record, de São Paulo, em 1964, meus 7 anos de idade, passou também na TV Rio, canal 13, e na Rede Globo, ambas no Rio, até 1970. Nossa faixa etária discutia cada episódio. À medida que crescíamos, não deixávamos de ver, mesmo rindo e ridicularizando os clichês. Introduzi meus primos Lincoln e Lyndon nos segredos da série: 39 episódios, subdivididos em 5 diferentes conjuntos, com os vilões acima mencionados.
"Mariola la, Mariola la, Mariola lula", vejam o nome: era a musiquinha do patrocinador da série, em que o macaquinho anunciava a bananada, que era muito consumida, principalmente nas Horas do Recreio, nas escolas públicas. Quem, dessa geração, não comeu Mariola Lula? Nada a ver com o metalúrgico, futuro presidente, nessa época em torno dos 20 anos, começavam as encrencas com a repressão, pela ditadura de 31 de março de 1964.
George Reeves
Kuraso, Yukio, Kioko e Tomohiro:
não me perguntem quem é quem...
Nacional Kid
O líder dos Incas Venusianos
Imperatriz Aura
John Hamilton, editor Perry White; Super Homem;
Jack Larson, o Jimmy Olsen; e Noel Neill,
a primeira Lois Lane
Nave ameaçadora sobre o Japão
Incas Venusianos
Pistolas flash light
Link de Abertura do Nacional Kid
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