segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Mal traçadas linhas 66

     Mas onde, o mal?

     Há certa dificuldade prática em definir onde o mal. Sempre o vemos nas coisas ao redor. Apontamos com os dedos. Nisto ou naquilo situamos o mal.

     Ou então, nos outros, é claro. O mal sempre está no outro. Aliás, vamos citar a engenhosa sentença atribuída a Sartre: o nosso inferno é o outro.

     Ora, se não fossem eles: eu seria bem melhor. Fora de foco. Não é isso que Jesus diz. De novo, Jesus. Ele diz que de dentro, do coração humano é que procedem (todos) os maus desígnios.

      E ele mesmo passa a descrever. Leia lá você mesmo em Marcos 7. Desculpe decepcionar você, mas a maldade que você vê em mim, da mesma forma, existe em você.

     Digo maldade genericamente falando. Talvez o seu pecado não seja o mesmo meu. Mas, embora seja Carnaval, no calendário, esqueça o prêmio de originalidade.

     Pecado, seu e meu, têm o mesmo preço. Segundo indica a Bíblia, valeu o preço do sangue de Jesus. Você acredita nisso? Talvez seu evangelho também seja individualista.

     Esqueça. O pecado é, sim, individual. Embora o prejuízo dele seja coletivo: afeta cada um, afeta como ofensa o próprio Deus e afeta como violência o outro.

     Já a graça não. Ela é de Deus. É coletiva, no sentido de igual para todos, e aplica-se individualmente a quem crê. Você é dos que creem? Como diz Paulo:

      A ofensa parte de cada qual, de cada um, contra a santidade de Deus. A graça decorre da justiça de um só, Jesus Cristo, em favor de cada um que crer.

      Você e eu, tão iguais, que gostamos de apontar o erro do outro, oh!, que deleite, que íntimo e doentio prazer descobrir e identificar no outro a fraqueza.

     Deus olhou com mais tristeza e realismo o seu e o meu pecado. E não jogou isso nem na minha e nem na sua cara. Mas resolveu sensibilizar a mim e a você no ato do arrependimento.

      A Bíblia afirma que a tristeza segundo Deus produz arrependimento. É, meu caro, que temos mania de doentiamente nos deleitarmos no erro alheio: Deus é quem se entristece com o pecado e nos educa em duas coisas:

      (1) enxergar, sim, cada qual o seu próprio pecado; (2) encarar isso com realismo e tristeza. Paulo, de novo, aponta que é o Espírito Santo que nos educa para rejeitar paixões humanas. E viver sensata, justa e piedosamente.

      Vê se esquece o erro alheio. Deixa de sentir doentio prazer em indentificá-los. Olhe para o seu próprio. Peça a Deus que te entristeça por eles. E entenda que custou o preço do sangue de Jesus.


   

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