sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

    Heróis.

       Andei procurando definições. Elas têm vantagem e desvantagem. Vantagem, porque de uma vez introduzem e dão conta do empurrão inicial em qualquer assunto.

      Desvantagem, porque são reducionistas. Nunca pense que, por definição, você já absorveu, abarcou tudo. Esqueça, porque há muito mais por saber.

      E logo pensei em definir "igreja" e "denominação". Lascou-se. Oh, coisas complicadas para definir. Ora, mas se faz pensar e introduz ainda muito por saber, vamos à tentativa.

      A minha, Congregacional, é uma "União de Igrejas". Pronto. Já é um ponto de partida. Ela parte do princípio de que a igreja local, uma unidade de membresia definida, é autogestora.

      Não há uma "Igreja Nacional" (ou mundial, tão em moda) que abarque a nação (ou o mundo) toda(o). Mas a forma é mesmo o corpo de Cristo local, formado pelo grupo de conversos, que se reúne ordinariamente para tomar suas decisões.

      Chamo herói cada componente desse grupo. Porque o Herói deles é Jesus, que não é um Super-Herói. Absolutamente. Jesus não veio exibir superpoderes.

     A Bíblia diz que recebeu do Pai autoridade para exercer poder, também do Pai para realizar, sim, milagres, com o único intuito de revelar-se como autêntico Filho de Deus e salvador.

      Gosto de pensar numa denominação constituída por heróis. Quem são? Cada membro de qualquer, todas e cada igreja. A quem procuram imitar? A Jesus.

     Paulo ensina "sede meus imitadores como eu sou de Cristo". Noutra carta, diz "sede imitadores de Deus como filhos amados e andai em amor como Jesus andou".

      Por esse raciocínio, nós pastores devemos ser heróis, do mesmo modo, porque ser vocacionado é ser colocado por Jesus como modelo para o rebanho, que é dEle e não nosso.

      Há exatos 35 anos sou pastor. Logo ordenado, guindaram-me à liderança denominacional. Foi um erro. Eu era muito inexperiente. E foi num tempo que me dá saudades.

    Por várias razões. Primeiro, porque naquela tenra idade, mesmo havendo erros, ora, quando iniciantes acabam tendo uma dimensão, de certa forma, mais amena.

     Segundo porque graçava naquela época, que saudade, questão tão relevante para aqueles dias e tão, digamos, inocente para os dias de hoje: exatamente a distinção entre "renovado" e "tradicional".

      Pus-me no meio, defendendo que, entre nós, não importava quem fosse o quê, mas que houvesse convivência harmônica entre os dois grupos. Ora, que fossem um, mesmo em meio às suas diferenças.

     Momento positivo houve naqueles tempos porque, após decidido um Fórum Nacional que discutiria uma relação de pontos doutrinários, estes foram definidos, optou-se por aceitá-los e que seguíssemos em frente juntos.

     Uns e outros nunca ficam satisfeitos. Houve dissidência, mas não o racha que se julgava possível. Lembro-me de dois heróis que bem representavam esses dois grupos, hoje ambos com 90 anos.

     De um lado, pastor Amaury Jardim e, do outro, pastor Daniel Lima. Ambos com suas características distintivas mas, por igual, desbravadores, missionários, formadores de liderança, enfim, como diz Paulo, cumprindo cabalmente seu ministério.

      Diferentes, e como, naquela época de (infantil) polarização. Foram-se aqueles dias. Os problemas agora são outros. Eu, aos 60 anos, 30 a menos que esses dois heróis, estou distante dos mais recentes acontecimentos.

     Há 23 anos no Acre, só por terceira via fico sabendo de uma coisa ou outra. Mas seria bom que as diferenças não fossem obstáculo à comunhão. Mesmo porque, como ficou comprovado, Deus supre tanto um, quanto o outro.

     E, no que é fundamental, não há diferença. Deus vocaciona, supre e, uma vez cumprido com fidelidade o ministério, os frutos são garantidos. Desde Kalley, o primeiro missionário pastor. Importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus.

       Ei, considera herói teu colega de ministério. Na medida em que você condidere Jesus teu herói. Considero-me como tendo duas igrejas de infância. Congregacional de Nilópolis, onde aceitei Jesus, e Congregacional de Cascadura, a partir dos 7 anos.

      Era nesta segunda onde havia uma sequência de quadros debaixo de um dístico: Galeria dos Heróis da Fé. Feito hebreus, cap. 11, onde há uma relação do que foi possível que certos homens e mulheres fizessem por fé.

     Homens (e mulheres) dos quais o mundo não era digno. Heróis de fé. Pode ser uma opção e uma escolha. Neste tempo, nesta época, neste contexto denominacional, sermos heróis da fé.

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