quarta-feira, 30 de março de 2016

Ageu

Ageu, contemporâneo de Zacarias, com quem compartilhou a mesma ênfase de ministério, que foi motivar o povo de Judá na reconstrução do templo em Jerusalém, prega em 520 a. C.
Seus registros indicam, especificamente, a quem se dirigia sua profecia e as datas dos três recados pronunciados: a Zorobabel, líder da primeira leva de cativos que voltam do exílio em Babilônia, e ao sumo-sacerdote Josué.
Reedificar o templo, para Ageu, não era luxo ou formalidade, pois ele acreditava na importância do culto e no que representava o templo como referência para que o povo, unido em comunhão, buscasse o Senhor.
Podemos tomar para nós, hoje, as advertências do profeta, como estímulo e exortação a reconstruirmos a centralidade do templo e da igreja como lugar de culto, em seu papel de reunião do povo de Deus em comunhão.
Vários fatores da vida moderna vêm, ao longo já de décadas, enfraquecendo o papel da igreja, do templo e do culto na vida da comunidade evangélica, de um modo geral.
O tempo transcorre, então é necessário atentar para o fato de separarmos saudosismos e nostalgias daquilo que, realmente, embora antigo, não deveria ser abandonado pelas gerações mais recentes.
A centralidade da Palavra de Deus, por exemplo, é básico para a essência do que significa ser povo de Deus. Lugares de buscar o ensino e a sabedoria da Bíblia é a igreja, quando oferece culto, e a escola, chamada já há muitos anos Escola Dominical.
Culto deve continuar sendo lugar de centralidade e prioridade da Palavra de Deus, assim como a Escola Dominical, pelo simples fato de ser escola da Bíblia e escola da igreja. Um profeta, qualquer profeta do Antigo (ou Novo) Testamento, somente seria autêntico por sua fidelidade à Palavra de Deus, à Bíblia de seu tempo, no caso, o Pentateuco.
As partes que constituem o culto devem ser subordinadas ao conteúdo da Bíblia e ter, como função única, expor a Palavra, tornando-a inteligível e estimulando os crentes e desejar aprender dela cada vez mais.
Quanto à escola, na própria época e contexto de Ageu, cerca de uns 70 anos depois, quando Esdras trouxe a terceira leva de cativos, em cerca de 445 a. C., este mesmo líder e "escriba instruído (e piedoso) na lei do Senhor", Ed 7:6, realizou uma escola dominical ao ar livre (Ne 8), que durou toda uma manhã de sábado, que era (e ainda é) o domingo dos judeus.
Essa escola, leia o texto, durou da alva ao meio-dia, ou seja, pelo menos 6 horas, considerando alva as 6 da manhã, Ne 8:3. Todos os que podiam entender se reuniram. Podemos imaginar, então, as classes: crianças, adolescentes, jovens, adultos e anciãos. E muito provavelmente, subdivisões para casais, mulheres em geral, enfim, demais exigências da criatividade.
Leia lá e constate você mesmo: Esdras subiu num púlpito especialmente idealizado para esse encontro, leu a Bíblia de seu tempo, o povo ficava, reverente e atentamente, de pé e atento à leitura, Ne 8:5-6. Levitas também estavam à frente, e saíram a ensinar o povo, como os professores de escola dominical dessa época, Ne 8:7-8.
A preocupação de Ageu era a Casa do Senhor, o Templo e seu lugar, como referencial, na devoção do povo ao Senhor. Leve sua Bíblia à igreja. Esteja ela anotada, resultado de leitura prévia, permitam-me dizer aqui, como a de minha mãe, com sobreposição de três, quatro datas de leitura em meses e anos subsequentes.
Não use sua tela touch screen na igreja. O smartphone tem outros sons que indicam outras funções, cuja finalidade será dispersiva no lugar de culto. Muito útil, sim, no lugar de trabalho. Aliás, é num deles que estou digitando este texto.
Leia o livro dos doze profetas. Quando for em casa, leia no 'Bibilhão', he he, a sua Bíblia enorme, leia, releia, anote e faça o culto em parceria com esposa e filhos (outra tradição dos antigos que nunca deveria ser esquecida). No trabalho, acione a Bíblia da telinha, celular ou micro, enfim, tecnologia à serviço do comprometimento com a Palavra de Deus. Caso retornemos a ela, o nosso Templo nunca mais será o mesmo.

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