O salário
do pecado é a morte
O direito ao salário, correspondente
exato e justo em função de um serviço ou equivalente, é inalienável. Uma das
maiores conquistas da humanidade, celebrada como resultado de 2.000 anos de
história, em pleno século XX, é a constatação dos direitos adquiridos pelo trabalhador
de obter justa compensação pelo trabalho prestado.
Desse modo,
então, a Bíblia, livro que prima por ser continuamente justo em todos os conceitos
que enuncia, quando equipara ‘salário’ como justo e preciso pagamento pelo ‘pecado’,
equivalendo-o à ‘morte’, decisivamente não está cometendo uma falta ou um erro
de avaliação.
Salário é
um conceito já consagrado e devidamente definido, seja em ciência econômica,
social ou jurídido-trabalhista, assim como morte pode ser encarada de variadas
maneiras, por ciências médicas, biológicas ou ainda pela psicologia. Pecado,
porém, é um conceito estritamente bíblico, quem sabe contemplado pela teologia,
pelas ciências bíblicas do texto, que tanto a exegese como a hermenêutica se
preocupem em definir, ou ainda a homilética, ocupando-se do modo como expor
esse conceito.
Para a
Bíblia, somente existe um pagamento justo e cabível, atribuído de modo pleno e preciso ao desgaste do pecado, uma única equivalência plenamente
compensatória, que é a morte. A partir dessa correspondência, é possível
deduzir, para o pecado, um quilate de valor, bastando que, para isso,
reflita-se no sentido, significado e realidade da morte.
Pecado, como
a Bíblia o denuncia, não tem sua origem em Deus. Isso porque o Livro indica
Deus como o Criador, por excelência, de tudo o que existe. Na linguagem de João
1:3: “Todas as coisas foram feitas por
intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez.” Exceto o pecado,
que não tem, definitiva e absolutamente, origem em Deus. É realidade à parte da
avaliação do Criador quanto a tudo o que fez: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom.” - Gênesis
1:31.
Jesus, por
sua vez, numa de suas públicas altercações com fariseus, afirmou o lugar onde,
em meio à humanidade, é possível encontrar o pecado, em Marcos 7:21: “Porque de dentro, do coração dos homens, é
que procedem os maus desígnios.” Pelo menos, dois fundamentos já estão aqui
definidos para esse conceito a que somente a Bíblia se refere: o pecado (1) não
tem sua origem em Deus e (2) no contexto da humanidade, procede de dentro do
coração dos homens.
Já é possível
deduzir que, pelo fato da morte afetar seres vivos, aqui incluídos animais,
vegetais e seres humanos, torna-se evidente que a morte do homem/mulher, portanto, dá fim ao
pecado na vida que se extingue. Num outro texto bíblico Paulo, aos Romanos 8:3c,
indica essa verdade quando afirma que, “com
efeito, condenou Deus, na carne, o pecado.” Para dar um fim ao pecado,
afirma a Bíblia, Deus condenou o homem/mulher à morte, para que, dessa forma, fosse,
concomitantemente, extinto o pecado.
Num próximo
texto vamos procurar analisar pistas que a Bíblia fornece para a origem do
pecado, qual é o antídoto para a morte e como, ainda em vida, é possível ao homem
identificar nele mesmo o pecado, isolá-lo e combatê-lo, de modo a que não
exista sem freios nele e comprometa a sua identidade, subvertendo-o, manchando
sua reputação e o tornado inaproveitável para a convivência plena com seus
semelhantes. Já basta, para pôr fim a essa existência, a morte. Então, enquanto vivos, é prudente saber como não ser um morto-vivo.
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