sexta-feira, 18 de setembro de 2020

1982 - era misto o grupo

 1982

     Para quem tinha dúvidas atrozes quanto a ser pastor, o modo como me atirei e reagi aos desafios que se apertaram, mais tarde seria um dos fatores que confirmaram a vocação. 
    Era um grupo em tudo excelente. Até sou suspeito para falar, por pelo menos três razões: 1. óbvio, primeira igreja, primeiro amor; 2. conhecia a todos, pois vivia entre eles, então aprendi a amá-los; 3. pelas duas razões anteriores, sou muito próximo para avaliar de modo isento.
    Deixa para lá: eram maravilhosos e pronto. Mas era um grupo misto. Explico. Vivíamos, na denominação, particularmente no contexto das igrejas do que a gente chamava Junta Regional da 2a RA (Região Administrativa), vamos chamar assim, um surto neopentecostal.
     Portanto, tínhamos representantes, no grupo da Congregação, dos que eram chamados "crentes tradicionais" e "crentes renovados". E o perfil deste que vos fala era taxado de tradicional. Eu me dizia nem um, nem outro. Como dizia Paulo, sou o que sou (ou tentava ser). Mas valia, na época, a carapuça.
     Então, havia uma reunião na semana em casa de uma das irmãs que seria classificada como renovada. Que convidava pregadores desse perfil e dirigia um culto desse perfil. Nesse dia, eu tinha aula na faculdade. O dia que consegui ajustar o horário para sair cedo,  pegar o Fusca azul céu, RV 2644, saindo da UERJ, subir a Grajaú-Jacarepaguá e desaguar, pela Freguesia, no Largo da Taquara, para tomar o rumo do Guerenguê, esse recanto de Curicica, esse dia era outro. 
      Conversei com a irmã, aliás, toda a família, aliás, de novo, foi a primeira vez que um aconselhamento durou uma noite inteira, e se confirmou a promessa da troca de dia: ela colocaria o culto num outro dia da semana, no dia que eu folgava eu estaria com eles, no estudo bíblico, e poderia, até, vez ou outra, dependendo da disponibilidade de horário na UERJ, comparecer ao culto em sua casa.
     Ficou acertado. Haveria mudança. Havíamos combinado um mês para dar tempo de que todos se acostumassem com a troca. Eu até acho que seria uma quarta por sexta-feira. Primeiro veio a promessa que sim. Mas uma semana antes veio o aviso que não. 
     Comecei, então, tendo 2/3 do grupo comigo, 1/3 ficou no outro culto de mesmo horário. Os "tradicionais" comigo, na Rua Aralia, no Pque Curicica, os "renovados" em Cascadura, numa vila por ali, na Ernani Cardoso. 
     O problema é interpretar diferente o evangelho que é um só, de modo a levantar barreiras onde Jesus as desmoronou.
      

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