terça-feira, 15 de setembro de 2020

1981 - ano F, de Formatura

 1981

    Ano F, de Formatura. Estagiei na apelidada "Igreja da Praia", a Congregacional de Niterói, salvo engano a terceira mais antiga do Brasil, depois da Fluminense e da Pernambucana.
    Nosso professor de Teologia e Grego, Deneci Gonçalves da Rocha era o pastor. Recuperava-se de um acidente em que ele e o pastor Martineis, já aqui citado, deslocavam-se para aulas no Seminário em Pedra de Guaratiba.
    Iam no Maverick branco deste quando, na confluência da estrada da Pedra com um dos retões que vão dar em Sta Cruz, abalroaram um desses caminhões 1950, que mais parecem um blindado. Martineis, o motorista, rompeu os ligamentos dos joelhos e esmigalhou uma das faces no para-brisa: não existiam cintos de segurança naquela época, pelo menos por aqui. 
      Deneci, o carona, teve o fêmur imprensado entre soalho do carro e o assento, quase lesando a coluna, precisando de meses com limitações de movimento. E, para o outro, a recuperação custou uma cirurgia de refazimento da face, na qual o médico sugeriu que não houvesse anestesia, porque precisava ajeitar a mandíbula, o que seria melhor fazer se acordado e, quando solicitado, movimentá-la.
      Martineis teve afetado o movimento dos joelhos, mas fazia exercícios nos quais gemia, para, pelo menos, trazê-los à dobradura de 90°. Conseguiu. Foi  nessa época que estive lá por Niterói, de novo, mas desta vez com Deneci,  visitando-o de quando em vez, no ap pastoral, traquilizando-o quanto aos compromissos do estágio, um deles estudar o Apocalipse com os adolescentes da igreja, entre eles o seu casal de filhos. 
     Almocei algumas vezes na casa de d. Maria Augusta, no Fonseca, ex-membro da igreja e mãe de um amor de ocasião do Cid. Aliás, foi na casa dela que conheceu Dorcas, em 1949, na época apenas sua futuríssima.
     Na época havia a novela Casarão, da qual o apelido do prédio anexo à Igreja, que demorou século a ser terminado, abrigando um time da pesada, no único andar não fustigado pelas chuvas, os seminaristas Manoel Bernardino, Marcos Heck, Joás, Leônidas, visitante eventual, entre outros, que ocupavam aquelas dependências extremamente dependentes.
      E meu acesso era pela barca, às vezes pela ponte, outras no Fusca azul céu, o famoso desbravador RV-2644, com o qual colidi na primeira vez em que o dirigi, conduzindo Dorcas do Méier a Cascadura, bem defronte ao Posto de Saúde do Engo. de Dentro. 
      Deixei numa oficina indicada pelo Nelson Neri de Oliveira, pastor metodista amigo do Cid, para descobrir, ainda na época do estágio em Lgo do Barradas, que o motor havia sido trocado por um que deu pino, numa das caronas que dei aos irmãos num daqueles domingos. 
      Também foi nessa época que conheci um assembleiano típico, para quem fechei aquela porta imensa frontal da barca, mas ele me ignorou, talvez em função de minha aparência pouco recomendável para um seminarista, num domingo sustento, em plena barca Rio-Niterói, mangas dobradas, gravata nos bolsos e paletó à tiracolo.
     Na saída já no píer do Rio contornou-me para pedir desculpas, amado, meu Deus, um servo de Deus, que eu ignorei, acho que caiu a ficha de que o havia ajudado e ele não havia agradecido. Surgiu uma amizade que valeu uns dois almoços no Méier, mais alguns encontros nas barcas e a informação muito relevante de que Dorcas quer dizer "gazela". 
      Assim repetia lá no Méier, toda a vez que encontrava Dorcas. Achávamos muito divertido. Com  certeza, ele já está em casa.
      Quando visitá-lo, vou lembrar do nome.

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