quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019


BREVE RESPOSTA À CARTA DE MEU PAI QUASE 25 ANOS DEPOIS:

O senhor, caro pai, sabe que respondi a esta carta lá atrás. Para dizer a verdade, nem lembro o teor de minha resposta, que pode estar guardada, com carinho, por Dorcas, sua esposa e minha mãe. Mas o teor desta segue aqui, para simples conferência.
 Apreciei muito relembrar o enfoque que você deu a nossa partida, há exatos 24 anos atrás, deixando o Rio de Janeiro para este outro Rio Branco. Você falou que foi um privilégio. Não seria fácil compreender isso, porque seu neto nem completou 1 ano, que seria em abril de 1995, e nós deixamos o Rio em janeiro de 1995.
 Sim, fizemos aquela festa simulada de um ano antecipado. Dela, aliás, temos o vídeo, com as cenas do cultinho e ainda a cena dos parabéns. Linda recordação! Mas, sem dúvida, liberar-se assim do filho único, recém-casado, e bem casado, com o bebê, único neto do filho único, mal o garotinho nasceu, dizendo ser uma bênção e uma riqueza de Deus é mesmo para poucos entenderem.
Por isso digo que foi tocante reler essa declaração. Após essa decisão, eu agora com mais de 60 anos e minha esposa 24 anos mais velha, com o garoto de 24 anos e a menina por que, aliás, você orou que nascesse e Deus respondeu, ela com quase 20 anos, dizer que somos dom e riqueza concedidos pelo Pai das luzes, isso nos reconforta muito.
Porque é muito delicado dizer, eu, pessoalmente, como pastor, assim declarado, e a família toda, que somos uma família missionária. Não é todo mundo que acredita ou que assim enxerga. Mas somos sim. Então, ouvir de você que o consolo de Deus a vocês, nessa hora pungente de despedida e o seu testemunho, como você mesmo diz, caro pai, a parentes e amigos foi dizer que somos dádivas do Pai das luzes a você e Dorcas, assim como a quantos alcançamos aqui no Acre, nesses 24 anos, ouvir isso de novo e agora muito reconforta.
Vocês foram nossos referenciais. Aliás, podemos dizer vocês são os nossos referenciais. Basta reler, acima, a carta de 1995. E, como diz a Bíblia, ainda que não mais estejam entre nós e que ainda usemos esta palavra tão dolorosa, “mortos”, dizem as Escrituras: “Depois de mortos, ainda falam”. E como diz Davi, não voltarão a nos encontrar nesta vida. Mas, certamente, nós vamos ao encontro de vocês.
Mas com outra certeza: encontrando com vocês, caro pai e cara mãe, certamente, de novo, vamos encontrar Jesus. E um dia vamos todos estar alerta e ressuscitados juntos para recordar esta e outras tantas bênçãos. Muito grato por sua carta de 24 anos atrás. Muito grato por suas palavras, compreendendo nossa missão. Grande conforto e certeza de que fizemos o certo, o que Deus queria para a nossa vida.

Até breve.
                                                           Cid Mauro Araujo de Oliveira.



CARTA DE MEU PAI - 1995


Rio de Janeiro, 14 de 1995.
                                                             Caríssimos filhos:
Cid Mauro, Regina e Issac.

                 - Eu e sua mãe os abraçamos com muito AMOR de JESUS derramado nos corações e também os beijamos com muito carinho, especialmente o Isaac que é filho duas vezes, por ser neto. Tg 1.17.

              A escritura, acima citada, esta nos diz assim:

“Toda boa dádiva e todo dom perfeito são do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança.” (tradução de JFA - João Ferreira de Almeida - da SBB - Sociedade Bíblica Brasileira – 2ª ed.)

“Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em que não há mudança nem sombra de variação.” (Trad. de JFA da IBB - Imprensa Bíblica Brasileira - de 1988, rev. e atualizada.)

“Tudo de bom que recebemos e tudo que é perfeito vem do céu. Tudo isso vem de Deus, o criador das luzes do céu. Ele não muda, e não há nele nem sombra de mudança.” (Trad de JFA na LH - Linguagem de Hoje - da SBB-1988).


Datilografei acima três versões diferentes da linda escritura de Tg 1.17 para facilitar-lhes a comparação das traduções. Mas o que queremos dizer-lhes é que vocês são a boa dádiva do Pai das luzes para nós seus pais. Costumo dizer aos irmãos aqui, quando comentam a ida de vocês para aí como missionários. Eu e sua mãe entendemos ser isso uma bênção imerecida por nós. Afinal de contas possuir filhos consagrados à causa do Senhor da glória é uma bênção magnífica para os pais e demais parentes e irmãos em Cristo Jesus.

Estamos aguardando você no próximo mês de julho. Enquanto isso continuamos a orar pelo ministério de vocês, a ordenação de tudo que for necessário para uma viagem em segurança e sob a proteção divina. Todos os irmãos e amigos lhes mandam abraços e muitas lembranças. O irmão José Barreto esteve aqui em casa e se hospedou aqui de anteontem para ontem conosco aqui no Méier. Conversamos muito, falou-nos de seu batismo pelo Rev. Amaury em sua própria casa. Mas só que tem que não irá ficar como membro de Cascadura. Está estudando a possibilidade de ingressar na Assembleia de Deus da qual faz parte a Inês, sua filha, ou ir para a I. B. da Praça Seca, pastoreada pelo pr. Davi Malta. Lemos a Bíblia juntos. Oramos ao Senhor juntos. Foi agradável a sua visita. Ele e sua família lhes mandam muitas lembranças e saudações fraternas. Muitos beijinhos para o mui querido Isaac. Eu e sua mãe estamos fazendo o tratamento de saúde na medida do possível. Mas conosco está sempre o Senhor da vida e da saúde. (segue verso)

Estou remetendo a lista de alguns endereços para vocês. Para o João Siqueira e Jani Gonçalves Siqueira, seus tios, aceitei a sugestão de sua mãe de remeter o endereço do Antônio Rocha e Nadir. Pela razão que eles mudam muito de casa. Escrevendo para o endereço dos Rocha, eles por certo entregarão a correspondência para eles.

                Abraços e beijos dos papais e avós.

Em tempo (manuscrito): Darc estará seguindo viagem amanhã, dia 15, às 15h00, na companhia da Sandra. Estão de passagem comprada para Campo Grande – MT (sic).

                                                       
                   

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Artigos soltos 37

       Tira as tuas sandálias 

        Moisés meio que desavisado, naquele ardente fim de tarde, deu com uma incomum combustão espontânea, diferente das rotineiras. 

        Demorava mais do que as outras. Compreensível que, curioso, caminhasse naquela direção. Foi quando: ouviu uma voz que ordenou  entancasse.

      Assustado, ouviu que deveria tirar suas sandálias. Era santo o lugar. Ora, convenhamos. Lugares não são santos. Tirar sandálias não tornou Moisés nem mais, nem menos santo. 

       Deus é santo. E onde pisarmos, é melhor que pisemos descalços, porque somos santos ou, pelo menos, devemos ser. Somente Deus é  santo.  Ele anseia por repartir conosco esse Seu atributo. 

      Sede santos, porque eu sou santo, é Deus quem diz. Para ser santo há limites a se impor. Para os puros,  tudo é puro. Mas, para quem se deixa perverter,  até o sadio em que toca, contamina.

      Esaú achou ridículo considerar santo o que Deus santificara. Desaprendeu santidade. Mesmo e ainda que buscasse arrependimento, não encontrou. 

      Porque não considerou santo o que, para Deus, é santo. Tirar as sandálias, todos vamos. Em qualquer lugar, em todos os lugares.

      A sarça arde em todos os quadrantes. Onde estiver. O lugar em que estás é terra santa. É urgente. Tira as sandálias dos pés, porque santos somos (ou não) cada um de nós. 

       

VIAGEM - 1996

Roteiro da viagem Rio Branco-Manaus-Boa Vista-Manaus-Rio Branco
21 de fevereiro a 4 de março de 1996

1. Embarque – 13h10min da quarta-feira 21 de fevereiro e chegada em Manaus às 17h. Viajamos com o cantor das assembleias de Deus Saviano, que reside em Manaus. Em Porto Velho entrou o Sergio, Carioca de Nilópolis, Município vizinho ao Rio de Janeiro. Entre 17h e 22h desse mesmo dia esse rapaz mostrou-nos a cidade de Manaus juntamente com um casal de conhecidos dele. Pudemos evangelizá-los e à noite visitar e orar na casa do Saviano, com a esposa deste e suas duas filhas. Todos participaram e assim nos despedimos.

2. Chegada a Boa Vista às 23h50min. No embarque em Manaus encontramos o pastor Paulo Leite com seu novo “visual”, um cavanhaque à moda Caio Fábio. Colocamos todos os assuntos em dia e, chegando a Boa Vista nos esperavam os pastores Edson e Mauro Castro, este o pastor da Igreja Congregacional de lá e o outro missionário há quase 20 anos da MEVA – Missão Evangélica da Amazônia. Conduziram-nos à Sede da MEVA onde ficamos hospedados, Paulo Leite e eu. Além do Escritório, a MEVA tem apartamentos para hospedagem dos missionários quando eles vêm das tribos.

3. No dia seguinte, 22 de fevereiro, embarcamos para a visita ao primeiro posto da missão entre aqueles que estava planejado visitarmos. Era a aldeia dos ianomâmis em Palimi-u (traduzido quer dizer “rio Palimi”), às margens do Urariquera. Quem tem a revista Vida Cristã nº 168, de agosto-setembro-outubro de 1995, pode ver na p. 10 a foto da família do pastor João Luiz Santiago, esposa e dois filhos que trabalham entre os ianomâmis de Palimi-u há 12 anos.

4. Conhecemos o posto já no dia 22 após a chegada. Há a casa dos missionários (aliás, há 3 casas para missionários, no total) e mais uma Escola, onde também são realizados os cultos. Um posto médico, uma pequena loja para negociações com os índios, que ali aprendem a lidar com a moeda dos brancos, o Real. Uma oficina para pequenos consertos (eles têm lá até um aparador de grama, para limpar a pista de descida do avião Cesna). Há também um gerador diesel, usado em ocasiões especiais, pois é difícil transportar galões de diesel até lá por avião. Leva-se 1h40min de voo de Boa Vista até Palimi-u.

5. Comemos carne de veado no almoço e de anta na refeição da noite. Lá também estão Iamara e Davi e seus 3 filhos, outro casal que ajuda o pastor João Luiz naquele posto. Eles deverão substituir João Luiz e família que estão de mudança para a aldeia dos índios Uai-Uai, em Jatapu. Também visitamos a casa onde moram os índios e pudemos fotografá-los lá dentro. Às vezes, os índios resistem a fotos, pois acham que são levados embora nelas e ficam aprisionados nas fotos. Também visitamos um roçado recente que os índios estavam fazendo para plantar banana e macaxeira. Dela fazem sua “cachaça”, razão de muitas desgraças entre eles. (Não contamos a aventura Urariquera acima, numa pescaria frustrada, porém não menos fantástica, por isso ou sem isso).

6. No dia 24 voltamos para Boa Vista, parando antes durante uns 30min em Mucajaí, outra aldeia e outro posto ianomâmi da Missão, a 1h de voo de Boa Visita, a meio caminho de onde estávamos. Os voos para as aldeias são em número de 1 por mês (salvo alguma emergência para salvamento de índios ou atender missionários). Em Mucajaí, conhecemos o Milton, que está provisoriamente naquele posto. Ali tivemos oportunidade de constatar a mira precisa dos índios com suas flechas. Chegamos a Boa Vista às 13h, em tempo de irmos para a Igreja Congregacional, onde todos nos aguardavam para um abençoado almoço. Tive de comer a minha sobremesa e a do Paulo Leite, que não gosta de Leite, e foi servido creme de cupuaçu (que tem creme de leite como ingrediente).

7. Naquela tarde de domingo conversamos com os pastores Aldenir, de Manaus, e Mauro Castro, de Boa Vista e mais o pastor Paulo Leite e ficou acertada a data de 26, 27 e 28 de julho, em Rio Branco, para a organização da Junta Regional Norte do Brasil. À noite na Igreja pregou o pastor Paulo Leite em João 13,36-38. No dia seguinte conhecemos Boa Vista e também uma localidade próxima, a 40 km, denominada Serra Grande, onde a Missão possui uma Colônia para a construção de um hospital para os índios e um “hotel de trânsito”, onde os índios poderão repousar e restabelecer-se de qualquer mal. Trabalha ali o missionário norte-americano Timóteo, médico, missionário, carpinteiro, projetista, construtor, mecânico etc e etc. Ele projetou e está construindo (sozinho) o hospital. No dia seguinte estava marcada uma visita à aldeia dos Uai-Uai, em Jatapu.

8. Na terça-feira visitamos a aldeia dos Uai-Uai em Jatapu. São muito diferentes dos ianomâmis. Nesta aldeia, moravam cerca de 300 índios. São mais civilizados do que os ianomâmis de Palimi-u, possuindo igreja própria e um pastor, Wari, que conhece também um pouco do português. Eles possuem um Conselho que toma as decisões por toda a tribo, composto pelo tuchaua (chefe) e mais quatro ou cinco índios de renome. Um deles, o James, já estudou na Escola Primária de cidade e também já fez um curso breve de 1ºs socorros. Suas casas são construídas voltadas para a praça da aldeia, costumam ser mais cuidadosos com as roupas e combinam suas atividades, como caça, por exemplo, e outros eventos entre si. Para sair de Jatapu, foi necessário baldear em Entre Rios, cidade a 40 min de voo, pois a pista, além de pequena, estava molhada pela chuva. Conosco no Cesna veio também o tuchaua, que precisava resolver assuntos seus na cidade de Boa Vista.

9. Na quarta-feira, conhecemos com mais vagar a cidade e eu pude pregar no Estudo Bíblico da Igreja Congregacional. Falei do nosso campo no Acre e dos planos para a Junta Regional. Todos gostaram muito, incluindo pastor Mauro e sua esposa Eliane. Como lazer, tomamos banho num igarapé próximo ao centro, em Boa Vista, e ainda noutro, à tarde, numa colônia de propriedade dos pais do pastor Mauro. No dia seguinte, quinta-feira, dia do embarque para Manaus, ficou marcada uma ida até Santa Helena, cidade venezuelana na fronteira com o Brasil, onde há uma pequena “zona franca”. São 3h30min de viagem. Fomos no Pampa dos pais do pastor Mauro, em companhia do Samuel, irmão do pastor, e do pastor Aldenir, de Manaus. Na mesma noite, às 0h10min de sexta-feira, embarcamos para Manaus.

10. Fomos recebidos no aeroporto cerca de 1h30min da madrugada de sexta-feira pelo tio do pastor Aldenir, que é membro da Igreja Batista em Manaus. O pastor Aldenir é de origem batista, sendo o único membro de sua família na igreja congregacional. Fomos hospedados nas dependências de sua casa, geminada com a igreja, no fundo do terreno da Rua Sta. Luzia, no bairro São Geraldo. Fica bem próximo do Centro da cidade. No dia seguinte, conhecemos a cidade, incluindo os pontos onde há maior crescimento de bairros. Há um seminarista preparando-se para estudar no Seminário onde o pastor Aldenir leciona Iniciação à Teologia. Esse Seminário funciona parecido com o nosso: 3,5 meses de aulas e os restantes com atividades práticas. No sábado, fomos a um flutuante onde mora o tio da esposa do pastor Aldenir, comemos “peixe à moda” dentro do barco que nos levava ao famoso “Encontro das Águas”, onde o Rio Negro encontra o Rio Solimões. As águas não se misturam e do encontro nasce o Amazonas.

11. Pastor Paulo Leite pregou no domingo pela manhã, embarcando, debaixo de muita chuva, para Belém, às 14h30 da tarde. Eu preguei à noite, no domingo, e embarquei de volta às 7h30min de segunda-feira. Pr. Paulo Leite visitou ainda a cidade de Capitão Poço, a cerca de 200 km de carro, de Belém, trabalho mantido pela Igreja Fluminense, e a igreja de Belém. Deveria, como ocorreu, embarcar para o Rio de Janeiro, na terça-feira, pela manhã. Pr. Lyndon, que nos acompanharia na viagem, não encontrou passagem para Manaus, no mesmo dia que a nossa e resolveu adiar para outra oportunidade sua viagem. Quem sabe em julho para o Acre...

CARTA - 1998


2ª IGREJA EVANGÉLICA CONGREGACIONAL DO ACRE
Caixa Postal 464 – Rio Branco, AC – 69908-970
                    
            Rio Branco, 18 de julho de 1998.

            Amados irmãos e caros amigos.

           Há muito tempo não escrevo. Mas a demora reserva algumas novidades e boas notícias. Como já perceberam, no cabeçalho, escrevemos “2ª Igreja”. Isto porque vamos nos tornar igreja emancipada. Deverá ocorrer em setembro deste ano com a presença do Presidente da Junta Geral da União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil, Rev. Paulo Leite da Costa.
                        
       Outra boa notícia trata-se do começo de nosso tão sonhado Seminário Teológico Kerigma, que conta com 14 alunos e já encerrou o seu primeiro semestre de aulas. Temos contato com um bom time de professores e também um bom corpo de alunos, amadurecidos e aplicados.
                  
       Nossos planos, como igreja, também envolvem as preocupações com a construção do futuro templo. Compramos o lote vizinho ao antigo terreno e agora contamos com cerca de 1 mil m² para ocupar com o salão de cultos, salas e estacionamento.

           Nossa Congregação no bairro São Francisco está numa nova fase, pois começamos a Escola Dominical, domingo pela manhã, para adultos e crianças. Domingo à tarde também temos classe com crianças e aos sábados e quintas-feiras nos reunimos naquele bairro.

         Tivemos algumas dificuldades porque irmãos nossos, novos crentes e congregados foram atraídos por um obreiro de outra denominação que atua próximo à nossa Congregação. Mas não desanimamos e pedimos as orações de vocês por esses irmãos que se afastaram e pelo trabalho como um todo.

          Estejam orando também por toda a igreja. Estamos na fase de transição de nossa Sede provisória para o próprio local onde vamos construir o futuro templo. Queremos fazer isso na hora certa e de modo que todos os irmãos estejam estimulados ao trabalho.

          Regina e eu estamos trabalhando como professores em colégios daqui da cidade e o Isaac está no Jardim I. Como já avança muito rápido, estão pensando em promovê-lo, no meio do ano mesmo, para o Jardim II. Ontem ele deitou e custou a dormir. Fui jantar e ele decidiu que ia também. Disse ele: ‘Não estava dormindo mesmo, pai”. Perguntei: “O que estavas fazendo?”. Respondeu: “Brincando... brincando com Deus”.
     
        Deduzi que crianças podem brincar com Deus, porque brincar é o mais importante na vida deles. O que é mais importante na nossa vida, devemos compartilhar com Deus. E mais uma vez entendi porque Jesus nos manda fazermo-nos crianças, a fim de entender e de entrar no Seu Reino.

            Contamos com suas orações por todo o Norte do Brasil, tão grande e tão carente de obreiros. Incluímos Manaus, Boa Vista, Amapá, Rondônia – Ariquemes e Porto Velho – e o nosso Acre. Em fins de outubro estaremos visitando São Luis, com breve parada em Manaus. Estejam orando por essa viagem.

         Para ficarmos mais perto de vocês, com alegria fornecemos o nosso telefone: (068) 2272398. Liguem a qualquer hora, lembrando que aqui são sempre duas horas a menos do que em Brasília. Terminamos desejando bênçãos de Deus a você que nos acompanha e ora por nós.

          Neemias 2:18. Vamos juntos, nesta “boa obra”.

                          Cid Mauro,      
                                                    




sábado, 23 de fevereiro de 2019

Artigos soltos 36

       A face do abismo

       Era por sobre onde havia trevas, momentos antes de detonada a criação. 

       A terra deveria estar uma coisa pavorosa. Os vocábulos hebraicos "tohu" e "bohu" não têm uma tradução definida, exata, precisa.

       Pois então,  fazendo o trocadilho, nem precisa, porque "sem forma e vazia" diz bem. Planetas vazios nós conhecemos.

     Fascinam os homens. Saem à cata das pistas que permitam deduzir em que etapa da criação eles se encontram.

      A primeira coisa que procuram são as águas. Porque a partir dela, deduzem, floresce vida. O Espírito de Deus pairava, qual estufa, por sobre as águas. 

       Na cosmovisão desses escritores antigos, também a partir das águas surgiu a vida. E logo, dizem as Escrituras, Deus fez separação entre luz e trevas.

     Os cálculos desses caçadores de provas para elementos e fases da criação, a partir de planetas e outros pedaços de rocha migrantes no espaço, estabeleceram uma porcentagem.

     Já deduziram que a relação entre o que se conhece do universo que está aí é de 8% do que já se sabe, versus o restante de uma denominada "matéria escura".

     Como diz o Gênesis, havia trevas sobre a face do abismo, o Espírito de Deus pairava por sobre as águas e o Altíssimo detonou a criação dizendo "fiat lux", ou seja, "haja luz": yhi 'or, no hebraico.

      E houve luz. Deus viu que ela era boa e logo separou isso que vemos aí da matéria escura, que o pessoal antigo chamou "trevas", hosheq no hebraico. 

      Sensacional essa argúcia do homem  (pós)moderno em deduzir elementos e pistas sobre a formação do universo. Essa é mesmo sua tarefa.

     A ciência precisa preencher essa lacuna. Até onde vão com seu método, precisam definir cada etapa desse modelar divino. Ela nos deve essas explicações. 

      A terra era (ou estava) sem forma e vazia. O Espírito de Deus pairava por sobre as águas. E Deus rasgou em meio a essa matéria escura uma fresta de luz a que denominamos universo.

    Devem-nos explicações. Sigam buscando pistas. Fascinem-se e fascinem-nos com suas explicações. Enquanto isso, seguimos imaginando como foi segundos antes.

      Quando Deus disse. E, por essa fresta aberta, já encontramos nossas pistas. Por essa fresta aberta Deus disse "haja fótons". E houve. Já enxergamos essa luz. Você  também pode ver?

     
      

CID GONÇALVES DE OLIVEIRA - MEU PAI (2)


Continuação:

7.            Igrejas Batistas de que já foi membro:

1. Igreja Batista de Ponte Nova, hoje Bela Vista;
2.     “           “       de São Cristóvão, hoje 4ª I. B. do Rio de Janeiro;
3.      “          “       de Vila Isabel;
4.      “          “       da Tijuca;
5.      “          “        de Vigário Geral;
6.     “           “        de Lucas;
7.      “          “         da Gamboa;
8.      “         “          (Primeira do Rio);
9.      “         “          Monte Sião – Vila Carmari – N. Iguaçu – RJ;
10.     “         “         (Primeira de Nilópolis, que promoveu sua ordenação ao Ministério da Palavra);
11.     “       “         Central de Nova Iguaçu;
12.     “       “         de Heliópolis – N. Iguaçu.

8.            Fez curso de humanidades no Colégio Batista (admissão e ginasial) e o clássico na Moderna Associação Brasileira de Ensino (MABE), na R. Riachuelo. Bacharel em Teologia pelo S.T.B. (Seminário Teológico Betel) e Bacharel em Direito pela então Faculdade de Direito do Estado da Guanabara, hoje UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Ordenado ao Ministério da Palavra a 10-10-53. Sendo o concílio examinador constituído dos seguintes pastores, abaixo nomeados:

Henrique Marinho Nunes – presidente;
Isaac da Costa Moreira   – secretário;
Jessé Moreira - Experiência de conversão e chamado;
Benedito Sampaio  - Eclesiologia;
Dario Ferreira de Oliveira  - entrega da Bíblia; e
José dos Santos Filho - orador ocasional.  

Igrejas que pastoreou: 1ª I. B. de Nilópolis: - pastorado auxiliar – 1 ano;
Igreja Batista de Japeri – 5 anos;
Igreja Batista Vila Heliópolis – 1 ano;
Igreja Batista Nova Esperança – 7 meses (pastor auxiliar);
Igreja Batista Seropédica – 4 anos.

9.            E finalmente, HONRA AO MÉRITO, post mortem, àquela que em vida se chamava ADALGIZA BARCELLOS DE JESUS que, de certa feita, ao tirar o filho ainda adolescente de uma apertura, com o pai, por não ter cumprido uma tarefa recebida na sua lavoura, dizendo-lhe: “Tonico, deixe o menino, porque ele não dará para roceiro, não! Ele será um pregador do Evangelho, um pastor.” E o Senhor da seara lhe atendeu o desejo, dando-lhe dois filhos pastores: Isaias Barcellos de Oliveira, de cujo parto faleceu a 5-11-31, pastor há 23 anos; e Cid Gonçalves de Oliveira, pastor há 28 anos, mas que começou, como pregador leigo, a anunciar o Evangelho   de Cristo, desde seus 13 anos de idade. Foi ela que, ao falecer, chamou todos os filhos e o marido pelos nomes e lhes disse: “Não chorem, vou para Jesus” e, com um sorriso nos lábios, partiu para os céus. Aleluia! Digamos com o salmista (sl. 118:23,24): “Foi o Senhor que fez isto e é maravilhoso aos nossos olhos. Este é o dia que o Senhor fez: regozijemo-nos e alegremo-nos nele.” Amém.

                       Rio de Janeiro, em 11-3-82.

                                                                                    Rubrica:





                                                                                                                                                                 
            



CID GONÇALVES DE OLIVEIRA - MEU PAI (1)


Anotações feitas por meu pai por ocasião de seus 50 anos de batismo:

1.           Dados resumidos da vida de Cid Gonçalves de Oliveira,

Com vistas às comemorações de seu jubileu de ouro de ingresso na Igreja Militante de Nosso Senhor Jesus Cristo, através da cerimônia de batismo, ocorrida a 24-4-32, na Igreja Batista de ponte Nova (hoje Vila Cambiasca), 7º Distrito de São Fidelis - RJ.

Pais: ANTÔNIO GONÇALVES DE OLIVEIRA
                                     e
           ADALGIZA BARCELLOS DE JESUS.

Data de nascimento: 20-8-918, em Córrego dos Índios - Valão do Barro – 2º Distrito de S. Sebastião do Alto. Mas registrado como tendo nascido em Jaguarembé – 7º Distrito de Itaocara -, em virtude de a família ter-se transferido para este Município, em 1924, e por necessidade de registro, já nos cinco anos de idade, tal formalidade teve de ser cumprida, por exigência legal, da maneira acima descrita.

2.          Conversão se deu, mais ou menos, aos 9 para 10 anos de idade, pela leitura do Novo Testamento, à luz da lâmpada de querosene. Leitura essa feita com tanta sofreguidão que o seu pai, de certa feita, chamou-lhe atenção, nos seguintes termos: “Menino vá deitar-se. V. acabará ficando louco, por ler tanto a Bíblia.” E o Novo Testamento, cuja narrativa da vida e morte de nosso Senhor Jesus Cristo o impressionou vivamente, a ponto de chorar amargamente a prisão, morte do Salvador. Em compensação teve intenso júbilo pela narrativa da sua ressurreição! Cria firmemente na Bíblia como a Palavra viva de Deus. De maneira a chorar amargamente de compaixão pela triste sorte de Judas Iscariotes, por haver traído o Senhor Jesus, e depois de ter sido apóstolo, tornando-se como o diabo e ir para o inferno eternamente.

3.            Seus pais eram crentes metodistas. Mas a referida denominação não tinha trabalho próximo do sítio em que residia a família Gonçalves de Oliveira, cujo chefe renunciou à vida de criador de gado bovino na Fazenda Boa Vista, da qual era arrendatário, em Valão do Barro, S. Sebastião do Alto, para tornar-se pequeno sitiante, no lugar denominado Ibituna, que pertencia, então, ao Município de Itaocara – 7º Distrito Jaguarembé.

4.            Aos 13 para 14 anos passou a frequentar os cultos de um ponto de pregação na casa do irmão Pedro Souza (já na glória) e a E.B.D. (Escola Bíblica Dominical) na casa do diác. Joaquim Batista (também na glória). Foi ao irmão Pedro Souza que o menino frágil, com ar doentio, se dirigia numa noite de 4ª feira, após o culto, no ano de 1932, em janeiro ou fevereiro, mais ou menos, perguntando-lhe como ingressar na igreja. E recebeu a orientação para matricular-se na E.B.D. na Congregação da Igreja Batista de Ponte Nova, que era dirigida pelo irmão diácono, já referido acima. E depois compareceu perante a Igreja Batista de Ponte Nova e deu sua pública profissão de fé. Tudo foi feito como recomendado. E o Senhor da Vida Eterna já havia acelerado aquele processo, pelo Seu Espírito Santo, quando pela morte de sua genitora, a 5 de novembro de 1931, em razão de dificuldade do parto de seu irmão caçula da família, de nome Isaias Barcellos de Oliveira, pastor há 23 anos, e que foi aluno do Pastor Dr. João Filson Soren, no S.T.B.S.B. (Seminário Teológico Batsita do Sul do Brasil). É interessante recordar-se de um fato que se deu na ocasião de sua pública profissão de fé perante a I. B. de Ponte Nova, no mês de fevereiro ou março de 1932 (4º domingo). O diácono José Barroso quando o viu levantar-se e dirigir-se ao banco da frente na companhia de outros 6 ou 7 candidatos, ao som do hino 210 do Cantor Cristão, pediu a palavra e disse: “Esse menino não, referindo-se a mim, é muito pequeno e não podemos desobedecer os nossos princípios batistas”. Mas após as perguntas de praxe, voltou a pedir a palavra e retificou a sua opinião, fazendo a seguinte declaração: “Desculpem-me os irmãos. Estava enganado quanto ao irmão Cid! Que não me levem a mal os outros candidatos, mas foi esse menino que fez a mais bela profissão de fé!”  – Releva dizer que esse amado irmão, de saudosa memória, chegou a ver antes de partir para a presença do Senhor Jesus Cristo, com lágrimas de alegria nos olhos, o irmão Cid consagrado ao Santo Ministério da Palavra.

5.            O batismo ocorreu a 24 de abril de 1932. A cerimônia foi oficiada pelo Pastor Carlos Mendonça, já na presença do Senhor da Glória. Naquele memorável domingo, ele compareceu perante a igreja para pregar o sermão matutino e presidir a sessão regular da igreja, oficiar a ceia do Senhor e batismos. E naquele mesmo dia foi eleito o novo pastor da igreja, o pastor Antônio Soares Ferreira, de saudosa memória. Àquela cerimônia batismal compareceram uns 8 ou 9 candidatos, mais ou menos. Ainda está na retina do então batizando o sorriso de mofa de muitos contemporâneos seus, que na sua grande maioria, senão todos, não se encontram mais na terra dos viventes.

6.            Deve a sua genitora, D. ADALGIZA BARCELLOS DE JESUS, o interessado nesse culto de ação de graças, louvor e adoração, pelos seus 50 (cinquenta) anos de batismo, a sua inabalável fé nas Escrituras Sagradas – a Bíblia - como a divina palavra de Deus. E lendo as suas gloriosas páginas que se converteu a Jesus Cristo e O aceitou como todo-suficiente Salvador o Senhor de sua vida.

                MEIO SÉCULO de testemunho vivo de quem tirou a verdadeira sorte grande, não precisando, pois, jogar na loteria, por ser rico e filho do GRANDE REI. É exatamente assim que ele diz àqueles companheiros de trabalho a amigos da Fundação IBGE, instituição em que milita há 38 anos consecutivos, ao receber deles (à título de brincadeira) o convite para fazer fezinha na loteca.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Artigos soltos 35

       As casas.

        Elas passam. As pessoas também passam. Estas passam por aquelas que, vez por outra duram, às vezes, muito mais tempo.

     Aqui no Acre, morei numa casa que não mais existe. Toda a quadra onde estava foi subvertida por uma loja de peças automotivas. 

     Essa casa era uma miniatura da anterior, onde havíamos morado de 1995-1998. No início deste ano já mudamos para esta que não mais existe.

     A anterior resiste ao tempo. Esta que se foi tinha também dois quartos. Uma divisória interna de madeira separava sala de estar daquela de jantar.  Uma cozinha miúda e área externa à toda a volta. 

     E um poço famoso nas cercanias. Dele se contava que, numa estiagem de anos atrás,  a vizinhança do enclave ali se socorreu, porque foi a única fonte que não secou.

     Na casa anterior eu e minha esposa fazíamos vigílias para conseguir água nas madrugadas da vida. E também havia uma geringonça inventiva, que era uma adaptação de um flange no fundo de um balde, para captar água da chuva na calha da garagem. 

     Mas nesta última, água em abundância. Ali chegou Isaac com 5 e Ana com meses. Ali Dorcas avó deu de comer as primeiras refeições a sua neta. Ali tinha um mamoeiro de mamões com cor e gosto jamais vistos.

        Dali colhia goiaba para a filha degustar. Filho, com 6 anos, filha, com ano e meio, brincaram juntos na piscina de armar. Ela deitava dormindo no meu dorso, escorria por minhas pernas e, com o menino, brincávamos de trenzinho e soldadinhos no chão da sala.

     Chegamos e retiramos um montão de terra da vaga do carro, a Parati 97 verde-musgo. Ficava em frente ao portão do 7o BEC, que mudou sua entrada, deixando erma e vulnerável a vista de entrada de nosso portão lateral.

      E foram mesmo dois furtos e ameaça de um terceiro que nos jogaram na busca pela casa atutal, que lá vão, pelo menos, 16 anos em que lá residimos. 

     Saudade daquela casa. Das coisas daquela casa. Saudade do licor de genipapo que nunca provamos. Porque a sequência de potes repousava sobre prateleiras que, cuidadosamente, encaixamos na cozinha, próximas ao teto.

     Não contávamos que a fermentação aumentaria seu peso. Então,  fomos acordados,  manhã de sábado,  até mais tarde na cama, pelo estrondo de todas elas e os potes arrebentando-se no soalho duro, frio e feio. 

      O aroma perdurou durante dias. O sabor nunca sentimos. E o trauma perdura até hoje. Nunca mais a esposa tentou, de novo,  qualquer licor. E nunca mais a velha casa.

     Ela passou primeiro do que nós.

Nova entrada do 7o BEC

Justo a esquina da velha casa


O velho  e único 
portão de acesso 

A velha caixa d'água, 
do jeito que a deixamos

Lojas à frente da casa,
anexas ao mesmo terreno

Antiga entrada do Batalhão:
com sua mudança, 
ficamos desguarnecidos

      

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Artigos soltos 34

       
      Elas estão lá. Imponentes. Quem desce a partir da região serrana, coração do estado do Rio de Janeiro as depara. Serra dos Órgãos. 

     Assim chamaram os elevados que, tais quais tubos de órgãos de foles, projetam-se em direção aos céus. Testemunhas da história. 

      De sua própria história,  antes de qualquer outra. Assistiram à formação do próprio planeta. Diz que esquentou. Fundiu-se, muito provavelmente.  Resfriou.

    Até que pudessem brotar as capas de selva que as recobrem ou ainda florescem em seu sopé,  milhares,  talvez milhões de anos.  Testemunhas da formação do próprio planeta.

      Ao meu lado no ônibus vinha uma idosa. Talvez quase 20 anos ou pouco mais à minha frente. Ambos representamos a transitoriedade. Contornamos as rochas gigantes.

      O caminho da descida serpenteia entre elas. Uma delas assemelha com muita precisão um dedo que aponta o céu. Como um punho fechado de todos os outros dedos, exceto o indicador, apontando para cima.

     Dizendo, no gesto característico, por essa mão de pedra: Deus. Aponta para cima onde, hipoteticamente, Ele habita. Deus. O Dedo de Deus. Quem desencadeou todo o processo de, literalmente,  consolidação de tudo.

      Elas a tudo assistiram. Impassíveis. E nós transitórios. Ver-lhes o tamanho é fascinante. Pensar em subir-lhes o cimo é excitante. Fantasia. Como se, por um momento, vencêssemos.

      Vão nos assistir a passar pela história. Impassíveis. Indiferentes a nós. Mas testemunhas dos séculos e marcas da providência de Deus. Calos e cicatrizes na crosta do planeta. 

     As montanhas devem ter chegado antes dos mares e oceanos. Pelo menos, elas se alevantam para cima,  na crosta, seja no fundo dos oceanos,  seja da superfície adiante.

     Assistiram ao decorrer de milênios, milhões,  bilhões de anos. Precederam os vegetais. Precederam os animais. Precederam a formação do homem.

     Estão lá e a tudo assistem. Deve ser essa uma das razões dos homens em anelar vencê-las, até o cimo. Para de lá, talvez,  contemplar o que elas sempre contemplaram. 

     O tempo decorrido. Imagino se pudéssemos assistir ao filme a que assistiram. O homem também mira além universo, até recantos do espaço,  para ver se flagram, de novo,  esse suposto gênesis.

      Que segredos assim supostos guardam essas montanhas? Emergiram numa época remota, de grande convulsão no planeta. Cumpriram um processo contínuo e espontâneo do autor. Autor, com "A".

       A partir do nada, ninguém. A partir do nada, Alguém. A mais perfeita criação,  essa que ensinou tudo o que o homem estima conhecer. Esse homem que a si mesmo chama inventor, não passa de plagiador. 

     Aprende a partir do que encontrou feito. Imitou a natureza. Passou a imitá-la, para logo dizer: minha obra, assino embaixo. A Obra maior, não,  para ela não existe autor.  Pobre homem.  Sobe no cimo dos montes, permanecendo do mesmo tamanho. 
      

Artigos soltos 34

       Elas estão lá. Imponentes. Quem desce a partir da região serrana, coração do estado do Rio de Janeiro as separa. Serra dos Órgãos. 

     Assim chamaram os elevados que, tais quais tubos de órgãos de foles, projetam-se em direção aos céus. Testemunhas da história. 

      De sua própria história,  antes de qualquer outra. Assistiram à formação do próprio planeta. Diz que esquentou. Fundiu-se, muito provavelmente.  Resfriou.

    Até que pudessem brotar a capa de selva que as recobre ou ainda floresce em seu sopé,  milhares,  talvez milhões de anos.  Testemunhas da formação do próprio planeta.

      Ao meu lado no ônibus vinha uma idosa. Talvez quase 20 anos ou pouco mais à minha frente. Ambos representamos a transitoriedade. Contornamos as rochas gigantes.

      O caminho da descida serpenteia entre elas. Uma delas assemelha com muita precisão um dedo que aponta o céu. Como um punho fechado de todos os outros dedos, exceto o indicador, apontando para cima.

     Dizendo, no gesto característico, por essa mão de pedra: Deus. Aponta para cima onde, hipoteticamente, Ele habita. Deus. O Dedo de Deus. Quem desencadeou todo o processo de, literalmente,  consolidação de tudo.

      Elas a tudo assistiram. Impassíveis. E nós transitórios. Ver-lhes o tamanho é fascinante. Pensar em subir-lhes o cimo excitante. Fantasia. Como se, por um momento, vencemos.

      Vão nos assistir a passar pela história. Impassíveis. Indiferentes a nós. Mas testemunhas dos séculos e marcas da providência de Deus. Calos e cicatrizes na crosta do planeta. 

     As montanhas devem ter chegado antes dos mares e oceanos. Pelo menos, elas se alevantam para cima,  na crosta, seja no fundo dos oceanos,  seja da superfície para diante.

     Assistiram ao decorrer e milênios, milhões,  bilhões de anos. Precederam os vegetais. Precederam os animais. Precederam a formação do homem.

     Estão lá e a tudo assistem. Deve ser essa uma das razões dos homens em anelar vencê-las, até o cimo. Para de lá, talvez,  contemplar o que elas sempre contemplaram. 

     O tempo decorrido. Imagino se pudéssemos assistir ao filme a que assistiram. O homem também mira além universo, até recantos do espaço,  para ver se flagram, de novo,  esse suposto gênesis.

      Que segredos assim supostos guardam essas montanhas? Emergiram numa época remota, de grande convulsão no planeta. Cumpriram um processo contínuo e espontâneo do autor. Autor, com "A".

       A partir do nada, ninguém. A partir do nada, Alguém. A mais perfeita criação,  essa que ensinou tudo o que o homem estima conhecer. Esse homem que a si mesmo chama inventor, não passa de plagiador. 

     Apreende a partir do que encontrou feito. Imitou a natureza. Passou a imitá-la, para logo dizer: minha obra, assino embaixo. A Obra maior, não,  para ela não existe autor.  Pobre homem.  Sobe no como dos montes, permanecendo do mesmo tamanho. 
      

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Ide e fazei discípulos

   Ide, fazei discípulos.

        Uma das falas, senão, a última fala de Jesus. Ele fez discípulos, então passou e ensinar seus discípulos que fizessem discípulos.

       Seria a igreja o povo da rua? Jesus,  o boêmio, passou todo o tempo em contato com o povo, com peesoas, em variados contextos.

      Igreja seria fazer discípulos. Todo o tempo. Não quer dizer que o espaço físico está contestado. Mas o vinho novo do evangelho não cabe na instituição engessada.

      Jesus ia ao templo e à sinagoga.  Jesus não veio contestar a lei de Moisés. Mas suas atitudes frequentemente esbarraram no sentido equivocado de entender templo, grupo, doutrina.

      Formou um círculo combatido pelos outros de seu tempo: teus discípulos não guardam o sábado, comem sem lavar as mãos,  seguem teu padrão não seletivo de comportamento.

      Desde a época do AT havia essa relação discípulo-mestre, como no caso dos discípulos dos profetas. Geazi, por exemplo, não se constituiu num exemplo de conduta no trato com Eliseu.

     Já Josué, em relação a Moisés,  como Timóteo,  em relação a Paulo, tornaram-se exemplo positivo de discipulado. Essa relação discípulo-Mestre é a essência do cristianismo.

     O ser igreja,  seja no contexto institucional,  seja no desempenho para fora de suas paredes, no mundo real, ressente-se de seguir esse modelo: vinho novo em odre velho,  como Jesus ensinou.

       Vivência do evangelho no contexto do discipulado. Na vocação do Josué está escrito meditar dia e noite no Livro, viver e ensinar seu conteúdo. 

        E com Timóteo, Paulo afirma que seu discípulo seguia de perto seu exemplo, ensino e até as mesmas provações. Modelo e prática do discipulado. 
     

sábado, 16 de fevereiro de 2019

AS HISTÓRIAS QUE MEU PAI CONTAVA

 Por Quintelinha

" Meu nome é Theodoro Sólon Quintela. Meu pai chamava-se Boaventura Alvino Quintella. Nasceu em 14 de março de 1889 em um lugar chamado Vila do Conde, no estado da Bahia. Segundo ele mesmo contava, era beira-mar e próximo da capital, Salvador. Tanto que ele conhecia muito bem a capital. Falava do Cais, Varal da Barra, Elevador Lacerda, Cidade Baixa e Alta, etc.

 Sobre a sua ascendência, falava do seu avô materno, que segundo ele chamava-se José Rodrigues de Quintela, que era português. Ele não falou, pelo menos que eu me recorde, de qual lugar de Portugal ele era.

 O avô haveria falado para ele que tinham vindo para o Brasil dois irmãos: ele e um outro, que meu pai não sabia o nome, mas que teria ido para um outro estado do Nordeste brasileiro.

 A mãe de meu pai, Clara Quintella dos Reis, casou-se com o pai de meu pai que se chamava Antonio Alvino dos Reis e era oriundo do interior do estado da Bahia, possivelmente Alagoinhas.

 O avô de meu pai, José Rodrigues de Quintela, pelo que meu pai contava, tinha três filhos de nomes Eron, e Antonino e minha avó Clara. Eu não sei o nome completo dos tios de meu pai. Um deles, que eu não sei qual, tinha um filho que se chamava Flávio e que trabalhou em uma firma inglesa. Começara a trabalhar nesta firma como caixeiro interessado e depois se tornou sócio-gerente. As últimas notícias que meu pai teve dele era que a firma que ele trabalhava encerrou suas atividades no Brasil e ele teria se estabelecido por conta própria, abrindo um estabelecimento do ramo de confeitaria e, posteriormente, uma filial no Rio de Janeiro.

 Meu pai tivera além dele, mais cinco irmãos. Beda, a irmã mais velha, que quando se casou foi o primeiro casamento civil do lugar deles, Leonardo, José e Isabel.

 Meu pai, ainda muito jovem, foi trabalhar no Sul da Bahia, em Ilhéus e Itabuna, na lavoura do cacau. Isto em companhia de mais dois irmãos: Leonardo e Elizeu. Trabalharam na fazenda do Coronel Mizael. Isto, mais ou menos, pelos anos de 1907 a 1910. O irmão, mais Leonardo, já estava montando uma fazenda de cacau. Já estava bem começada.

 Ainda em 1910, não sei em qual mês, meu pai recebeu uma carta do pai dele. Na carta dizia que o Alexandrino havia chegado do Amazonas e havia ganho muito dinheiro na borracha. Estava convidando eles para vir cortar seringa na Amazônia, na região do Acre.

 Aqui vale a pena contar um pouco da história do alexandrino que era primo do meu pai. Saíra de casa para entrar na Marinha de Guerra, o que fizera, e assim passou um tempo longe sem que os parentes soubessem notícia dele. Ocorreu que o navio que ele viajava chegou a Belém do Pará. E coincidiu de ser um tempo que se ele quisesse podia “dar baixa” da Marinha.

 Como em Belém não se falava de outra cousa senão o dinheiro que se ganhava cortando as seringueiras por toda a região amazônica, ele se empolgou e deixou a Marinha e, em seguida, arranjou um patrão e viajou de Belém em um gaiola (navio) rumo ao Acre.

 Chegando ao Acre fora cortar seringa na região do Xapuri. Quando veio a revolução acreana fora convidado a participar o que aceitou e participou efetivamente por um certo período. Quando houve uma pausa na revolução eles voltaram a trabalhar na seringa. Como passaram um bom tempo esperando a nova convocação e não acontecia, eles, os companheiros deste seringal, resolveram sair do território em litígio, indo cortar seringa no Seringal Novo Andirá, que já estava em terras do estado do Amazonas, portanto em terras, de fato e de direito, brasileiras.

 No Seringal Novo Andirá cortou seringa por um bom tempo, quando resolveu voltar à Bahia e à terra dele.

 Queria vender a borracha para o patrão, que era o saldo que ele havia conseguido em um bom tempo de trabalho. Dava por três contos de réis, mas o patrão não quis e disse: “Você vai descer, desça em cima dela” – expressão usada quando o seringueiro embarcava a borracha que lhe pertencia por conta própria.

 Quando ele chegou em Belém a borracha tivera uma alta de preço bastante acentuada e ele fez dez contos de réis.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Minha Professora do Admissão


     Por onde vida?
     
     Ela se define de variadas formas, modelos e maneiras. Pois ontem, 01/02/2019, Rio 41 graus, ela passava pela recepção de um supermercado. 

    Ali se sentaram três mulheres e um aluno sessentão. Até nos nomes o destino fez poesia: Cleuma, Neusa e Edileusa. Gozado que as duas últimas pegaram carona na conversa da professora e seu aluno de 50 anos atrás. 

      O foco era a vida da professora de 6a série primária, o Admissão de 1968 em quase seu último ano de vigência e uma heroica existência. 

      Para quem chegou depois na vida saiba que, antigamente, existia Curso Primário, de 5 anos, mais a 6a série, opcional, o Admissão para acesso ao Ginasial, de 4 anos e, finalmente, o 2o grau: estava então encerrada a Educação Básica. Completei esse percurso.

      E d. Cleuma e eu nos encontramos em março de 1968. Ela, ágil desde 1934. Filha única de um artista da noite e funcionário público. Quase arquiteta, pois sempre teve como hobby construir e reformar casas: Olaria,  Meier, Engenho de Dentro, Sepetiba e até em Maricá, do outro lado da baía de Guanabara. 

   Mas era mesmo para que fosse cirurgiã. Nisso houve grande ironia, pois o primo que a teve como auxiliar,  numa mini-cirurgia caseira, na casa da madrinha, contestou essa vocação. 
   
     Porque a madrinha,  ensimesmada, jamais sairia de casa. E carregava consigo um abscesso. Era complicada com o sobrepeso? Talvez. Mas o fato é que essa mini-cirurgia,  improvisada num dos cômodos da casa,  teve Cleuma, 8, como instrumentadora cirúrgica. 

      Bastou. Provavelmente recalque do primo que, num relance, deve tê-la percebido muito à frente dele e, mais reiteradamente, mulher. Então decidiu que ela, negra ainda por cima,  jamais poderia ou deveria ser cirurgiã.

     Então Cleuma Brasil deu a guinada de sua existência e, por vingança,  haveria de perder a conta dos médicos cirurgiões, engenheiros, políticos, professores e professoras,  enfim,  ela se tornaria professora e encaminharia na vida essa gente toda, eu incluído.

       Pai artista de dia, funcionário público, músico pianista à noite, chegou aos 74, muito provavelmente pelo misto de boemia, cigarro e vida funcional espartana. Já a mãe voluntariosa, por rotina, tendo a sorte de ganhar filha e marido subordinados a seus caprichos, foi a mais de 90.

   O temperamento de minha professora, portanto, transitou entre esses dois mundos, tendo adquirido o jogo-de-cintura que somente os professores têm, para ludibriar a vida e reger, com maestria, as salas de aula dessa mesma vida.

      Extensa essa jornada e toda cheia de bons frutos em sua existência,  Cleuma, a tia que encontrei no Admissão, 6a série primária, em 1968, no Meier, Rio de Janeiro, continua sendo Mestra por onde passa. Exemplo de vida permanente. 

      Plena de energia, lucidez e iniciativa, mantém uma agenda ativa e criativa, muito mais que muita gente. Com ela se confirma o que diz o profeta Isaías,  "os jovens,  de exaustos, caem". Cleuma vive de renovar as suas forças. 

     Conversamos mais de 3h. Guardei gravado um relato síntese de sua vida. Uma pincelada de arte que,  diante do tudo que ela pôde empreender,  tem dois sentidos: um, simbólico, porque denuncia o valor permanente de minha querida professora. 

     Outro, tesouro sem preço, por ser reflexo de um valor maior, representado por tudo que ela empreendeu nesses 84 anos de vida plena. Viva, professora,  sua precisosa vida!

     Intensamente. Ah, se todos tivessem olhos de lhe ver, minha querida professora do Admissão! Vocês lembram? Educação sempre vem seguida de poesia, romance e paixão. Vivam os profesores! Eles e elas são eternos: sejam inesquecíveis.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Cooacabana 2

       Eunice Spiller foi alma de Copacabana. Pormenores do começo da igreja, como se engendrou a ideia, a partir da transferência da família, de São João de Meriti para a zona sul, não conheço com detalhes.

     Mas minha chegada lá confere com essa afirmativa. D. Eunice viveu todo os dramas relativos às peculiaridades do trabalho ali: flutuação de assistência, dificuldade  de ação num bairro de diferenças brutais em relação e região de onde provinham os fundadores do trabalho.

      E a falta de membros com o perfil típico do bairro,  que ali reduzissem e que soubessem que estratégia usar na divulgação da igreja, convites e manutenção de assistência aos visitantes.

      D. Eunice refletia essa angústia, dava apoio aos pastores que por ali passavam, o próprio pastor Limeira, o pastor Ary Madureira de Araújo, Dilson Mattos e eu mesmo.  Desde o cuidado na abertura da sala,  com o molho de chaves que mantinha consigo,  até à rede de contatos que mantinha no bairro e a constante disposição de conduzir os pastores nessas visitas.

     Morava na Rua Tonelero, ali mesmo encostadinha à igreja, servindo de mediação e apoio logístico aos pastores. Um lanchinho que fosse,  um cochilinho eventual ou uma vaga para meu Gol 1974, apelidado "batedeira" ou "lavadora", enfim, pelo barulho do motor e consumo da dupla carburação.

     A decoração dos ambientes do ap da Tonelero refletiam Eunice Spiller, assim como tudo naquele circuito e universo entre Tonelero,  República do Peru,  trecho de acesso até N. Sra. de Copacabana,  o cenáculo mobiliado, a varanda sobre a praia.

     Formou-se uma rede de contratos. Ela desejava mostrar a todos o novo pastor. E como foi bem sucedida no estabelecimento dessa rede e circuito. Formamos uma legião de amigos, principalmente mulheres da faixa etária dela, mas também um grupo de homens, em função da parte que me coube nessa dupla imbatível.

    Se a Bíblia diz que Jesus, a Pedro, deu uma chave, a Eunice também, da mesma forma, da kit net do número 387/206 dessa tradicional avenida. E se Jesus disse que anda entre candeeiros e na mão tem os anjos das igrejas, no caso, o candeeiro de pouca força não se chama Filadélfia.

    Chama-se Copacabana. É o anjo, sim, porque eles não tem sexo, no caso o anjo se chamou Eunice Spiller. E eu,  qual um João na vida, igual ao "voz do deserto", estive pregando em Copacabana,  como segundo, como menor, prestando serviço a essa diaconisa.

Cooacabana 2

       Eunice Spiller foi alma de Copacabana. Detalhes do começo da igreja, como se engendrou a ideia, a partir da transferência da família, de São João de Meriti para a zona sul, não conheço com detalhes.

     Mas minha chegada lá confere com essa afirmativa. D. Eunice viveu todo os dramas relativos às peculiaridades do trabalho ali: flutuação de assistência, dificuldade  de ação num bairro de diferenças brutais em relação e região de onde provinham os fundadores do trabalho.

      E a falta de membros com o perfil típico do bairro,  que ali reduzissem e que soubessem que estratégia usar na divulgação da igreja, convites e manutenção de assistência aos visitantes.

      D. Eunice refletia essa angústia, dava apoio aos pastores que por ali passavam, o próprio pastor Limeira, o pastor Ary Madureira de Araújo e eu mesmo.  Desde o cuidado na abertura da sala,  com o molho de Chaves que mantinha consigo,  até à rede de contatos que mantinha no bairro e a constante disposição de conduzir os pastores nessas visitas.

     Morava na Rua Tonelero, ali mesmo encostadinha à igreja, servindo de mediação e apoio logístico aos pastores. Um lanchinho que fosse,  um cochilinho eventual ou uma vaga para meu Gol 1974, apelidado "batedeira" ou "lavadora", enfim, pelo barulho do motor e consumo da dupla carburação.

     A decoração dos ambientes do ap da Tonelero refletiam Eunice Spiller, assim como tudo naquele circuito e universo entre Tonelero,  República do Peru,  trecho de acesso até N. Sra. de Copacabana,  o cenáculo mobiliado, a varanda sobre a praia.

     Formou-se uma rede de contratos. Ela desejava mostrar a todos o novo pastor. É como foi bem sucedida no estabelecimento dessa rede e circuito. Formamos uma legião de amigos, principalmente mulheres da faixa etária dela, mas também um grupo de homens, em função da parte que me coube nessa dupla imbatível.

    Se a Bíblia diz que Jesus, a Pedro, seu uma chave, a Eunice também, da mesma forma, da kit net do número 387/206 dessa tradicional avenida. E se Jesus disse que anda entre candeeiros e na mão tem os anjos das igrejas, no caso, o candeeiro de pouca força não se chama Filadélfia.

    Chama-se Copacabana. É o anjo, sim, porque eles não tem sexo, no caso o anjo DE chamou Eunice Spiller. E eu,  qual um João na vida, igual ao "voz do deserto", estive pregando em Copacabana,  como segundo, como menor, prestando serviço a essa diaconisa.

Copacabana 1 - O convite

   Copacabana

    Memórias de meu pastoreio naquele recanto,  cerca de quatro anos, entre 1990-1994.

    Portanto,  há  30 anos atrás. Motivado pela proposta da irmã Dilma, membro da Fluminense, que me convidou a visitar essa igreja domingo 27/01/2019.

   Fui nesse domingo e convidaram-me a pregar no seguinte, 03/02/2019. Pois eu desejava que o que segue escrito tivesse toda essa precisão de datas.

     Mas duas, não, três coisas são determinantes: (1) o falecimento da principal arquivista das memórias da igreja, Eunice Spiller; (2) a não localização dos livros de ata daquela época; (3) a quase absoluta falta de anotações por minha parte.

     Seguem,  então,  as memórias. Fase espetacular, vocês haverão de conferir. Mais um raro momento entre os congregacionais,  típico da visão de um de seus maiores estrategistas de missões. 

     Antônio Limeira Neto, esposo da amiga de infância de minha mãe,  Clovelina d' Ávila  Limeira,  apelidada carinhosamente Lilina. Esse homem abriu um leque de opções e campos missionários que, até hoje, estão consolidados e dão frutos. 

     Há 24 anos estou plantado num deles,  Rio Branco, AC, para onde fui matematicamente, "se e somente se",  porque jamais sairia de Copacabana senão direto para lá,  onde cheguei em janeiro de 1995.

      Na década de 80, Limeira invadiu o Norte, incluídos Belém,  Manaus, Boa Vista e Rio Branco. Para esta cidade,  enviou Nelson Rosa e esposa, Josilene Rosa, que lá chegaram em 1984.

     E Limeira desbravou a zona sul do Rio de Janeiro, onde em nenhum bairro havia uma igreja congregacional. Na época em que pastoreava São João de Meriti, empenhou nesse desafio a família Spiller. 

      Foi esse desbravador que, final de 1989, início de 1990, surpreendeu-me com uma visita no Méier e me fez o convite fatal: cooperar pastoreando Copacabana.

      Eu havia sido ordenado pastor em 2/01/1983. A ideia era pastorear,  já de início, emancipando a Congregacional de Curicica, em Jacarepaguá. E, por razões de emergência,  ainda em 1983, assumi a igreja de infância,  Cascadura,  onde havia chegado,  com Dorcas, em 1966.

     Assim, o tempo em que fiquei somente pastoreando Cascadura foi curto período em 1988, ano da emancipação de Curicica pois, logo depois,  menos de dois anos completados,  passei a pastorear de novo duas igrejas, assumindo o desafio de Limeira em Copacabana.

    Acho que me tornei, como Cid Mauro, o homem da letra "C": Curicica, Cascadura, Copacabana e oro por Cruzeiro do Sul, extremo oeste do Acre (e do Brasil).