segunda-feira, 14 de setembro de 2020

1980 - Parte dois - perdura o Seminário

 1980

   Argumentei com meus pais que, agora que havia passado 1979 com a engenharia na PUC trancada, este ano de 1980 seria o inverso: matrícula no Seminário trancada e "de vento em popa" (acetato do Vencedores por Cristo, na época) no curso universitário.
   Mas conhecemos com são os pais desse século e grau de espiritualidade. Contra-argumentaram que eu havia, e havia mesmo, dito que o seminário não atrapalhava a faculdade, esta no período manhã e tarde, aquele no período noturno.
    Portanto, seminário era ajustado no tempo que sobrava. E havia tempo de sobra para focar nas mirabolantes tarefas que nos preparavam para as surrealistas provas, nas quais eu via todos à minha volta mergulhados em sua solução, enquanto eu empacava na solução daquelas questões que iam até a letra /o/ nas opções, valendo décimos e centésimos de ponto, conduzindo-me a notas como 3,2 ou 2,98 e, na melhor das hipóteses, um 4,35.
     Acabei retornando à faculdade no início de 1980 somente para, antes que março terminasse, eu ter terminado com essa espécie de suplício, uma suposta veia de engenheiro. Nesse meio tempo eu havia tentando outro vestibular, para a universidade estadual UERJ, mas não cheguei perto dos pontos do anterior, que me jogou na PUC com quase 6.000 pontos, enquanto que, naquele ano, quem ingressou nesta faculdade estadual o conseguiu com cerca de 6.100 pontos. 
     Congelaria esse lado, digamos, acadêmico-profissional, pelo menos até 1982, quando ingressei na UERJ para cursar Português-Hebraico, para deter-me na batalha pessoal contra a ameaça, assim encarava eu, de confundirem minha presença no Seminário como vocação pastoral. Esse temor também fez parte daquela conversa com os pais, de inverter os trancamentos de matrícula, desta vez incluindo o seminário. 
     Desta vez foi o pai que usou de uma lógica cristalina, novamente julgando com minha própria linha de argumento. Mas você, disse ele, não escreveu lá, no formulário de matrícula, que estava cursando por interesse puramente teológico, quer dizer, acadêmico, e não vocacional? Sim, Cid, caro pai: exatamente isso. Então... Ganhou mais essa. 
     Que venha 1981, ano da formatura e do recrudescimento do medo, que o tratamento por "seminarista", mais ainda, formando quartanista provocava, antecipando a vocação pastoral.  

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