terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Artigos soltos 33

   Vaidade

    Vaidade das vaidades, tudo é  vaidade e corrrer atrás do vento. O sábio balbucia, no início do Eclesiastes este refrão que, ao longo do livro freia a reflexão. 

    É um samba de breque. A própria vida é um samba de breque. E haja paciência (divina) também. Porque vez por outra temos que reconhecer a quebra de uma peça. 

    Já planejou aquela viagem de férias, revisou o carro, animou a família, pegou no GPS e caiu no mundo para, inopinadamente, quebrar o inesperado no carro? 

    Bem, nessas minhas idas e vindas, completando quase 25 anos de vai-e-vem Rio Branco-Rio de Janeiro  (aliás,  de carro, já foram 15 vezes), graças ao bom Deus, nunca me quebrou uma peça no meio da viagem. 

     Bom: estourar dois pneus de uma vez num buraco só, duas ou quatro vezes já ocorreu. Sempre com a providência em dia, o Altíssimo resolveu em pouco tempo.

     Mas na vida real, a peça quebra. Às  vezes,  repetido,  quebra a peça igual. Mesmo foi ou sendo ou não trocada, refeita, reparada. A gente carrega com a gente vários pontos frágeis que, vez por hora, quebram.

    Dá vício. Desde que Eva confundiu prioridades,  antecipadamente dizendo que a árvore do conhecimento do bem e do mal estava no centro de suas atenções, deu ruim. Sim, porque a que está no centro do jardim é a árvore da vida.

    A árvore da vida continua no centro do jardim. Por causa dessas peças com defeito, que vez por outra se quebram, às vezes repetido defeito, é que damos, burros que somos, na água, murro na água,  quer dizer, damos com os burros n'água. 

      Vaidade sobre vaidade. Pelo simples vício de repetir os erros. Graças a Deus que inventou fé e também renovação. Que nos recria em Cristo, como barro nas mãos do olheiro, como diz Paulo (e vivenciou Jeremias), até formar Cristo em nós. 

    Taí Jesus, homem sem vaidade, sem vícios, sem nenhuma peça defeituosa. Mano velho. Jesus é  nosso Mano velho. Pega intimidade com ele. Taí um homem sem vaidade.

      Correr com ele a carreira não  será correr atrás do vento. Nem dar murros n'água ou, burro, dar com os burros n'água. 

sábado, 5 de janeiro de 2019

    Mulher

    A Bíblia sempre a colocou no seu devido lugar. Nunca depreciando seu valor. Desde o Gênesis quando, textualmente afirma: "Criou Deus o homem a sua imagem, à imagem de Deus os criou, homem e mulher os criou".

    Definitivamente, a mulher também, como o homem, foi criada à imagem de Deus. Porém, com a continuidade da história, a Bíblia denuncia que o casal, homem e mulher, escolheram desobedecer a Deus.

    Também estiveram juntos na expulsão do jardim, sua antiga casa, do mesmo modo que estiveram juntos na queda. Daí começam os aspectos negativos no relacionamento dos dois, incluída a visão depreciativa contra a mulher.

    No texto em que Deus declara as consequências diretas da queda, está indicado que, no caso da mulher, como vício permanente do relacionamento, o desejo dela seria para o marido que a governaria.

    Realista como é, a Bíblia não deixa de mostrar casos em que a mulher é menosprezada pelo homem. E essa tendência, com o passar dos anos, agrava-se cada vez mais.

     O primeiro sintoma é o gesto machista de Lameque, descendente de Caim que, além de se tornar o segundo homicida por causa fútil, toma para si duas esposas, distorcendo o padrão de Deus para o casamento.

     Mas, tanto no Antigo, quanto no Novo Testamento, é possível verificar-se orientação clara sobre a importância e o modo digno de se tratar a mulher.

     Assim como há casos em que, mesmo para homens de fé, ainda que com a cumplicidade da esposa, tenham agido  de modo errado. Por exemplo, quando Sara oferece a serva a Abrão, como barriga de aluguel, desobedecendo a orientação de Deus, sem dar o devido tempo à fé para que a promessa seja cumprida.

      Homens do Antigo Testamento constituem-se em bom exemplo, mesmo quando o ideal de Deus para o casamento não foi rigorosamente seguido. Como no caso de Elcana que, como seu antepassado, tendo duas esposas, respeitava as duas, porém a Ana dedicou amor, superando o fato de não lhe ter dado filhos.

      A igualdade entre homem e mulher, diante de Deus, é reafirmada por Paulo, quando o apóstolo indica que a proposta do evangelho é igualar a todos: "não pode haver judeu, nem grego; nem escravo, nem liberto; nem homem, nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus".

    E quem na Bíblia, definitivamente, resgata o valor da mulher é Jesus, em cada atitude referente a elas. Jesus as trata como a iguais, inclusive tendo assistência de um grupo de mulheres, de modo permanente, para ajuda e sustento em seu ministério, ver Lucas 8,1-3.

     Elas são de todas as classes sociais, Joana, esposa do procurador de Herodes, e dispõem até sustento financeiro do ministério de Jesus. Jesus conversa longamente com elas, sem nenhum preconceito, quando já era acusado de sua opção preferencial por pecadores, Lucas 5,19-32.

      Também são elas que tomam a iniciativa e demonstram seu valor missionário, quando se reúnem à beira rio, em Filipos, cidade onde não era permitido construir sinagogas. Uma das igrejas mais maduras e, efetivamente, apoiadoras de Paulo nasceu como resultado dessa corajosa iniciativa, Atos 16,13.

      A conversa de Jesus com a Samaritana define o modo como não interpõe barreiras de acesso, subverteu a visão preconceituosa de seu tempo e revelou-se a elas no mesmo grau de prioridade.

     A Bíblia se atualiza de modo permanente quando define padrões de relevância tanto para o homem, quanto para a mulher, com relação ao lugar na sociedade, assim como na relação com Deus e entre si.

    E um erro comum definir que, na relação com Deus, exista uma hierarquia em que o homem se situa acima da mulher. Também é um erro entender que, no casamento, a posição da mulher é subalterna.

     Ela é a auxiliadora idônea. Significa dizer, pelio menos, duas coisas: como auxiliadora, não há nada que o homem faça que prescinde a cooperação da mulher: ela está apta para, em tudo, socorrer, ser arrimo e parceira do homem.

     E quanto a ser idônea, sua opinião em qualquer assunto, sua habilidade e sabedoria são essenciais: está apta e qualificada, plenamente adaptada e é a pessoa certa e impresimprescindível ao homem.

     Foi uma mulher que Jesus enviou para avisar aos apóstolos que ressuscitou. Elas estavam em prioridade com relação a sua atenção. Se era coisa de mulher jogar perfume sobre o corpo inerte, cuidado, tudo o que fazem é surpreendente, pertinente e premente.