sábado, 30 de julho de 2016

Minidevocionais 2 - Espírito Santo.


          Espírito Santo.

          Costumo dizer que Jesus Cristo é o exegeta do Espírito Santo. Essa palavra complicada aí significa "expor", "levar para fora", ou seja, Jesus começou a explicar, a interpretar, revelar, descobrir aos nossos olhos a pessoa do Espírito Santo.
         Nas próximas devocionais vamos escrever sobre como, passo a passo, a Bíblia nos revela o ministério da terceira Pessoa da trindade. Para começar, lemos em João 16:7-11 a tríplice tarefa básica do Espírito Santo para conduzir homem e mulher a Jesus.
         Ninguém, verdadeiramente, crê em Jesus sem que, pelo Espírito Santo, tenha noção dessas três coisas: (1) do pecado, (2) da justiça e (3) do juízo. O texto é autoexplicativo. O Espírito indica que (1) pecado é não crer em Jesus, assim como, na ausência do Mestre, o Espírito demonstra que (2) justiça é crer em Jesus e que (3) juízo e condenação ocorrem por escolha própria de quem, enganado pelo Maligno, rejeitar crer em Jesus.
         Aguardem, na próxima devocional, qual é o papel do Espírito Santo na conversão a Jesus, por meio da fé.

      Espírito Santo na conversão.

      O apóstolo Paulo, na sua carta aos Coríntios, presenteia-nos com algumas aulas sobre Espírito Santo. Uma delas está em 1 Co 2:9-16 e outra, sobre a maneira correta de entender os dons, nos cap. 12-14. Neste trecho diz que até para se clamar, de modo sincero, "Senhor Jesus", é necessária a mediação do Espírito, ver 1 Co 12:3.
     Ainda mais ser convertido ao Senhor Jesus. Para tanto, na conversão, o Espírito Santo: (1) testifica no coração a autenticidade da palavra, oferecendo salvação, Jo 16:13; (2) batiza em Cristo e passa a habitar naquele que crê, 1 Co 12:13; (3) sela definitivamente até ao dia do nosso resgate, propriedade de Deus que agora somos, Ef 1:-13-14.
      Fomos batizados em Cristo quando cremos. Isso significa que o Espírito Santo, a partir desse momento, habita em nós. E que a trajetória de Cristo é a nossa: uma vez unidos a Cristo, Ef 2:5-6, somos, perante Deus, santos, inculpáveis e irrepreensíveis, Cl 1:21-23, santificados pela presença e atuação do Espírito Santo em nós, 2 Co 3:17-18.

            Espírito Santo e os dons.

        Em Atos 2:38, no primeiro sermão pregado após a ressurreição de Jesus, Pedro afirma que, no ato da conversão, o Espírito Santo nos é dado como dom. Primeira lição a aprender: ter o Espírito Santo como dom permanente é superior a ter qualquer dom do Espírito. Mesmo assim, aprenderemos, primeiro, a demonstrar o fruto, para somente então receber qualquer dom.
        Mas para quê, então, os dons? Em 1 Co 12:4-7 Paulo ensina: (1) para diversidade de serviços na igreja; (2) para efeito de comunhão, porque é Deus que opera tudo em todos; (3) sempre para uma finalidade proveitosa comum.
         Dom não é, como ocorreu na igreja de Corinto, no séc. I (e ocorre hoje em muitas outras) para a vaidade pessoal. Lá, por exemplo, usaram errado o dom menos expressivo, sempre último em relevância nas listas de Paulo, e inverteram para o primeiro lugar.
       Aprendamos, então: (1) dom não pertence a quem o recebe, porque pertence ao Espírito e é concedido para serviço; (2) quem apresenta o fruto do Espírito, esse, verdadeiramente, recebeu o dom: se não apresenta o fruto, imita, frauda ou falseia o dom; (3) a finalidade do dom nunca é a autopromoção: quem não serve pelo dom, não serve para ter o dom.

         O fruto do Espírito.

         Há três aspectos relacionados ao fruto do Espírito: (1) originalmente, é do Espírito, não existe em nenhuma outra fonte; (2) concedido ao que crê, confere-lhe identidade; (3) revela-se como resultado de ação conjunta entre nós e o Espírito.
         No texto mesmo de Gl 5:16-26 está escrito como nossa carne milita contra o Espírito (essa é a identidade dela) e como Ele também milita contra a manifestação dela em nós: o meu pecado tem a minha assinatura, o teu tem a tua e o de cada qual tem a sua, ou seja, do autor.
        Este é o único texto das Escrituras que indica contra o quê o Espírito se coloca. Se não pusermos freio à selvageria da nossa carne, não se engane, o fruto não vem por download. Amor se aprende amando quem você elegeu para inimigo.
        Domínio próprio é você lutando contra você para bloquear no nascedouro os sentimentos que escolheu cultivar para, por eles, torturar quem você escolheu para inimigo. E pode acreditar: esse círculo vicioso contamina você, a relação com Deus e com o próximo. Quando isso ocorre, vitória da carne. 
         Num bom começo, amor, num final feliz, domínio próprio: entre esses dois estremos, cultivam-se os outros 7 gomos desse fruto. Vamos ao exercício de parceria com o Espírito para bloqueio das obras da carne e construção do fruto do Espírito. Vivemos no Espírito, ou seja, somos mesmo crentes? Então andemos no Espírito, ou seja, mostremos o fruto.
       
         O Espírito Santo na trindade.

         A trindade se empenha pela salvação. Assim como no Gênesis o "façamos o homem conforme a nossa imagem" pressupõe o envolvimento dela na criação do homem, em sua salvação ela também se empenha.
         Deus ama incondicionalmente. "Deus prova o seu amor para conosco", Rm 5:8, no fato da morte de Cristo. Deus onipotente, ou seja, detém consigo todo o poder, porém não nos poderia salvar sem que Jesus  morresse pelo nosso pecado e ressuscitasse por nossa justificação, Rm 4:25.
         Nenhum homem teria essa capacidade. Então Deus se fez homem em Jesus. Mas a salvação ainda não se completa nesse estágio. Falta ao homem crer na propiciação de Jesus a nosso favor. Entra o ministério do Espírito.
        É o Espírito Santo (1) que torna possível ao homem entender o que Deus se empenhou, em Cristo, realizar, 1 Co 5:19, para salvá-lo: 1Co 2:13-14; Ele (2) dá suporte ao pecador para que creia, Jo 14:26, visto que não ter o homem, por si só, condições de sustentar sua própria fé: 2 Co 3:3; e (3) é o Espírito que aperfeiçoa em nós a obra que, batizando-nos em Cristo, Rm 6:3-4, ele mesmo iniciou: Rm 8:11.
       Seja consciente, maduro e adulto na fé em sua relação com o Espírito Santo. Nada que não seja compreensível ou racional tem origem nEle. Não acredite ou deseje para si, como sintoma de espiritualidade, manifestações não racionais, porque delas o Espírito não se vale para por elas nos aperfeiçoar, confira com 1 Co 14.
          
      O Espírito Santo e as Escrituras

        O texto de 1 Co 14, indicado na devocional anterior, ajuda a entender que: (1) a ação do Espírito é sempre racional; (2) ler a Palavra de Deus e nela refletir é um modo claro de resolver problemas na igreja. Pois bem, as Escrituras, a Bíblia como se nos apresenta, são a cartilha do Espírito Santo, escrita para a nossa contínua instrução, 2 Tm 3:16-17.
       Jesus, o exegeta da Palavra, como mencionei antes, indica duas coisas principais sobre o Espírito Santo (1) guia a toda a verdade, Jo 16:13, e usa a Bíblia para isso; (2) glorifica Jesus, Jo 16:14, o personagem por excelência da Bíblia.           
        O Espírito Santo não se autoglorifica. Há gente errando duplamente, quando se autoglorifica ou, equivocadamente, exalta o Espírito acima de Jesus. Erro de princípio. Tudo isso a Bíblia esclarece.
        Se você não conhece a Bíblia, se não se exercita, como está no Salmo 1, "meditando dia e noite", ou como Deus falou a Josué, (1) meditando, (2) praticando e (3) proclamando, Js 1:8, não haverá mágica em sua vida: será impossível exercitar-se em santidade, será impossível a você ouvir a voz do Espírito.
       Dissemos ser o fruto do Espírito marca da identidade do crente. Somente numa guerra contra a carne, é possível ver florescer o fruto do Espírito. Pois vida com a Bíblia, em casa, assim como uma igreja que valoriza seu estudo, torna possivel: (1) exercício de comunhão com Deus; (2) com os irmãos; (3) vida sincera de oração, ferramentas constantes do crente piedoso, nessa luta individual de trincheira.
       Falha na disponibilidade desses recursos, implica perda na luta por uma vida de santidade e plenitude do Espírito.

           Cid Mauro Oliveira.


     

   

terça-feira, 5 de julho de 2016

Minidevocionais

       Devocional 1 - Profetas Menores
       Tarefa: ler o livro de Oseias.
 
       Uma das sequências inteligentes de livros na Bíblia foi a ideia de reunir em 12 livros os chamados Profetas Menores. Digo assim porque, no Antigo Testamento judaico são contados como um só volume.
       Vale a pena desenvolver uma série de pequenas devocionais sobre cada um dos profetas. Não é que vamos esgotar o assunto, mas servem se estímulo a que leiamos e conheçamos com mais detalhes esses livrinhos.
       Oséias tem um destaque que é o trecho do capítulo 6:3: "Conheçamos e prossigamos em conhecer o Senhor." Dois aspectos se relacionam à forma de conhecer o Senhor, relacionados aos dois modos possíveis de conhecimento: intelectual e prático.
      O intelectual está mais relacionado ao modo grego, ou seja, filosófico, especulativo de conhecer. O prático está mais relacionado ao modo hebraico, experimental, empírico de conhecer.
    O crente deve conjugar esses dois modos. Não vai adiantar demonstrar que conhece Deus apenas teoricamente. Será requerido dele que demonstre, na prática, sua comunhão e intimidade com Deus, seu procedimento e seu amor ao próximo.
      Conhecer a Palavra de Deus torna possível, pela mediação do Espírito, conhecer o Senhor. E demonstrar, também no poder do Espírito, no convívio social, que o procedimento é cheio de amor, são indicações claras de maturidade e crescimento espiritual.
 

Devocional 2 - Profetas Menores
Tarefa: ler o profeta Joel
      "Convertei-vos a mim de todo o vosso coração [...] Rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes." A conversão é o fato fundante de nossa experiência com Deus.
       Desde o Antigo Testanento os profetas sabiam e proclamavam essa verdade. Em Jr 4:4, por exemplo, o profeta chama de "circuncisão do coração", que Paulo em Rm 2:29 afirma que é feita pela mão de Deus.
      Aleluia! Somos salvos porque Deus, por Suas mãos, circuncidou-nos em Cristo. Batizados em Jesus, pelo Espírito, morreu o nosso velho homem. Ferido de morte, Senhor, dá-nos contínua força para nos despirmos continuamente dele e, dessa forma, fazer resplandecer no mundo a Tua luz.

    Devocional 3 - Profetas Menores
    Tarefa: ler o livro de Amós

     "Rugiu o leão, quem não temerá? Falou o Senhor, quem não profetizará?", Am 3:8. Quando o leão ruge na floresta, um silêncio respeitoso prevalece. Um certo temor invade a percepção da alimária.
     Malaquias também pergunta, em nome do Senhor: "O filho honra o pai, o servo ao seu senhor: se eu sou Pai, onde está a minha honra, se eu sou Senhor, onde está o meu temor?", Ml 1:6.
     Nós, como crentes, temos como permanente missão demonstrar por que a voz de Deus deve ser ouvida com temor, tremor e permanente respeito. Caso falhemos, por não procurar ouvi-la, desconhecendo-a, ou não pautarmos a nossa vida como cumprimento vivo dela, como diz Jesus, seremos sal insípido pisado nas ruas pelo passar dos homens, Mt 5:13.

Devocional 4 - Profetas Menores
Tarefa: ler o profeta Obadias

      "Mas tu não devias olhar com prazer para o dia de teu irmão, no dia do seu infortúnio; nem alegrar-te sobre os filhos de Judá, no dia da sua ruína; nem alargar a tua boca, no dia da angústia", v. 12.
      Obadias chama a atenção para um sentimento em nós que, tremendamente venenoso e prova total de desamor, frequentemente ocorre, que é sentir prazer quando acontece algo ruim a um desafeto nosso. Podemos comparar com o Salmo 40:15-16, quando Deus rejeita quem diz "bem feito, bem feito".
       Como diz esse versículo de Sl 40:16, devemos ser auxílio e refúgio, e nunca nos alegrarmos, como se fosse sabor de vingança, com o mal que sucede a outro, a qualquer um, julgando e definindo bom ou mal, merece ou não merece o castigo, "bem feito, bem feito".
       O refinamento do amor de Deus, sentimento puro só nEle, mas que em Sua graça Ele nos ensina e cultiva em nós deve acolher a qualquer um e ver com temor e lágrimas o que ocorre de ruim ao outro, sendo arrimo e socorro, como diz Gl 6:1-5.

 Devocional 5: Profetas Menores
 Tarefa: ler o profeta Jonas
   
        Jonas é o profeta que demonstra o quanto é difícil aprender amar. Não se iludam: amor não é sentimento (aliás, para a Bílbia amor é mandamento) para amigos: é para inimigos. Leiam Rm 5:8, que mostra como Deus nos amava qdo ainda éramos inimigos dEle.
       Portanto, amor não é compadrio, camaradagem ou compartilhar de afinidades: amor é amor e só com Deus se aprende. Jonas foi chamado a pregar arrependimento, perdão e salvação, mas seu ódio pelos assírios o impediu de amar.
      Veja em 1 Jo 4:7-21 que o amor: (1) é de Deus e somente quem nasceu de Deus pode amar; (2) quem não conhece a Deus, não ama; (3) o primeiro amor é crer em Jesus, que morreu por nós, como dádiva do amor de Deus; (4) devemos amar igual a Jesus e essa é a prova da comunhão com Deus; (5) é pelo Espírito que alguém pode amar e testificar que ama; (6) quem verdadeiramente ama, de nada tem medo; (7) o cristão não tem outra matriz de sentimento, senão o amor.
      Não existe mais ou menos amor, quase amor, um pouquinho de amor: quem não ama, odeia. E acaba o livro de Jonas e não sabemos se ele compreendeu a lição.

        Devocional 6: Profetas Menores
        Tarefa: ler o profeta Miquéias

       "Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o Senhor pede a ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus." Mq 6:8. É como se ele dissesse: "Ei, velho, se liga, porque vamos resumir: o que Deus quer de você é justiça, amor e humildade diante dele."
       O profeta Miquéias consegue, num só versículo, resumir os três aspectos fundamentais da fé: justiça, misericórdia e humildade.
       No Antigo Testamento há duas palavras para justiça: mispat, justiça como dom de Deus, e tsedaqah, justiça como conduta do homem. Somente em comunhão com Deus, justificado por fé, Rm 5:1-2, o homem pode praticar a justiça de Deus, em testemunho diante dos homens.
       Quanto aos outros dois aspectos, misericórdia no Antigo Testamento é amor e, como escreveu João em 1 Jo 4:8, amor é a síntese do caráter de Deus: "aquele que não ama, não conhece a Deus, porque Deus é amor."
       E quanto ao último, humildade é a síntese do caráter de Cristo. Veja em Fp 2:5: "haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo." Qual? Humildade. Cristo esvaziou-se de sua deidade e se fez pecado em nosso lugar.
      Em três palavras, Miqueias resume: (1) o resultado da comunhão, pela fé, do homem com Deus, é andar em justiça; (2) o traço do caráter de Deus repartido a nós é o Seu amor; (3) e o traço do caráter de Jesus repartido a nós, primeiro passo em bem-aventurança, é ser humilde de coração. Bom de resumo esse profeta: em três palavras resume o que é ser crente.


      Devocional 7: Profetas Menores
      Tarefa: ler o profeta Naum

    A profecia de Naum pode ser lida como um contraponto àquela de Jonas. Este, um profeta que precisava compreender o alcance do amor de Deus, e Naum, o que reconhecia a capacidade do perdão, da parte de Deus, mas sofria com a consciência de que o juízo de Deus também era inexorável e certo que ocorresse.
      A experiência de Naum lhe indicava a grandeza da misericórdia de Deus e capacidade para até mesmo inocentar o pecador, deparando a propiciação de sangue pelo pecado.  Mas até isso, mesmo para Deus, tem um limite.
      Essa mesma experiência teve Moisés no deserto, quando pediu para ver a glória de Deus, concluindo ser Deus misericórdia, perdão e salvação: "Senhor, Senhor Deus compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade [...] ainda que não inocenta o culpado", Ex 34:6-7 comparado a Naum 1:3.
        Em Deus há permanente esperança de salvação. Porém, uma vez rejeitadas (1) a revelação de Deus do pecado no homem, (2) o sacrifício que o próprio Deus propõe para resgatar o pecador e (3) a denúncia desse pecado e o chamado ao arrependimento, como diz o autor de Hebreus, "já não resta sacrifício pelo pecado." Este era o problema dos ninivitas na época da profecia de Naum e continua sendo o problema atual do homem.
 
      Devocional 8: Profetas Menores
      Tarefa: ler o profeta Habacuque

       Interessante esse profeta. Um cara de mídia. Se fosse hoje seria, como é mesmo o nome? Youtuber. Isso mesmo. Deus mandou ele escrever numa placa bem visível. Até quem passasse correndo leria: "o justo vive de sua fé".
       Algumas coisas a Bíblia diz sobre fé: (1) sem ela, é impossível começar com Deus qualquer coisa que seja. Se não for por fé, não tem começo com Deus, Hb 11:6. Inclusive, é em Rm 5:1-2 que lemos que, além de sermos justificados, diante de Deus, pela fé, é também por meio dela que temos acesso à graça de Deus.
      (2) fé não tem tamanho. Isso mesmo. Jesus falou comparando que se for do tamanho da menor das sementes de hortaliça, o grão de mostarda, já dá para remover uma montanha: é só pegar na enxada, Mt 17:20. Tem gente que pensa que fé é magia, é esperar "cair do céu". Enganaram você: fé é serviço, esforço, gastar a vida para o Senhor, como disse Paulo, 2 Co 12:15 (ou At 20:24).
      (3) e a própria definição de pecado diz que "tudo o que não provém de fé, é pecado", Rm 14:23. Às vezes pensamos que aqueles grandes escândalos e grandes pecados eleitos por nós é que são pecado: também são. Mas a definição é ainda mais, ao mesmo tempo, genérica e pormenorizada: tudo, qualquer coisa que não provém de fé.
       Como disse Davi, "não vou oferecer a Deus o que nada custou a mim", 1 Cr 21:24. Habacuque foi o primeiro youtuber da história. É melhor ler, entender e praticar o que Deus lhe mandou escrever.
   
        Devocional 9: Profetas Menores
        Tarefa: ler o profeta Sofonias
   
        "O Senhor, teu Deus, está no meio de ti, poderoso para salvar-te; ele se deleitará em ti com alegria; renovar-te-á no seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo", Sf 3:17.

         Até Deus tem prioridades. E a principal é a salvação de cada homem, de cada mulher. Neste versículo o profeta diz que Deus (1) é o único que tem poder para salvar; (2) deleita-se, alegra-se, tem todo o prazer na salvação individual, pessoa a pessoa; (3) é o único que nos renova em amor, renova em amor cada um a quem salva; (4) regozija-se, ou seja, renova a Sua alegria, rejubila-se no que Ele faz.
         Com tristeza, a tarefa de Sofonias era demonstrar, em seus dias, o desinteresse do povo de Judá pela salvação, ver 3:1-4: (1) não atendiam a ninguém, não aceitavam disciplina, não confiavam no Senhor, nem se aproximavam do seu Deus; (2) os principes, leões rugidores; os juízes, lobos: os dois, conjuntamente, dilapidam o povo; (3) os profetas são levianos: homens pérfidos; e os sacerdotes são profanadores do santuário: violadores da lei.
      Também lidamos, no mundo, com muitos desinteressados na ênfase da salvação, que não querem nada com Deus. Mas que não sejamos nós. Como igreja de Jesus, devemos ser como Deus, que tem salvação como prioridade, assim como deleitar-se, alegrar-se nela e renovar em amor a cada pessoa. Com isso Deus se ocupa, com isso devemos nos ocupar.
 

  Devocional 10: Profetas Menores
  Tarefa: ler o profeta Ageu.

       Ageu e Zacarias juntos motivavam os exilados, em seu retorno a Jerusalém, a reconstruírem o templo. Para Ageu, não era luxo ou formalidade, pois ele acreditava na importância do culto como referencial, para que o povo, unido em comunhão, buscasse o Senhor.
        Podemos tomar para nós, hoje, as advertências do profeta como exortação a reconstruirmos a centralidade do templo e da igreja como lugar de culto e de ensino da Bíblia, em seu papel de reunião do povo de Deus em comunhão.
         As partes que constituem o culto devem ser subordinadas ao conteúdo da Bíblia e ter, como função única, expor a Palavra, tornando-a inteligível e estimulando os crentes a desejar aprender dela cada vez mais.
         Você sabia que houve Escola Dominical na época de Ageu? Cerca de 70 anos depois, quando Esdras, "escriba instruído (e piedoso) na lei do Senhor", Ed 7:6, trouxe a terceira leva de cativos, em cerca de 445 a. C., realizou uma escola dominical ao ar livre (Ne 8), que durou toda uma manhã de sábado, que era (e ainda é) o domingo dos judeus.
        Você enfatiza a igreja como lugar de culto ou é, apenas, teu clubinho de relacionamento? Você valoriza a Bíblia e seu estudo como essenciais a sua vida, para aprender a ser "imitador de Deus, como filho amado", Ef 5:1, e "andar em amor como Cristo andou", Ef 5:2, ou nem dá mais importância à escola da (ou escola de aprender o que é) igreja, a Escola Dominical? E nem está aí para a leitura contínua da Bíblia? Aprendamos com Ageu.

     Devocional 11: Profetas Menores
     Tarefa: ler o profeta Zacarias

       Vamos por partes: se você veio lendo, nesta série, cada profeta, vai descobrir neste o que é literatura apocalíptica.  Zacarias reúne o que é chamado gênero literário misto: visões, cap. 1-8, oráculos entremeados; e narrativas proféticas sobre o final dos tempos, cap. 9-14.
       Veja, comparando ao Apocalipse, a primeira visão dos cavaleiros em 1:7-17, assim como a da mulher sentada no meio do efa, 5:5-11, e segure a primeira dica sobre o livro: o juízo e salvação prescritos a Judá/Jerusalém são modelo para aquele prescrito às nações: veja em 2:10-12 o anúncio máximo dessa consumação.
      Agora garimpe no texto as profecias messiânicas, referentes a Jesus: "farei vir o meu servo, o Renovo [...] e tirarei a iniquidade desta terra num só dia", 3:8c9c; "trará a pedra angular sob aclamações. Graça, graça a ela", 4:7; "eis o homem cujo nome é Renovo; ele brotará do seu lugar, e edificará o templo do Senhor [...] levará a glória, assentar-se-á no trono, dominará, será sacerdote, haverá paz e unirá ambos os ofícios", 6:12-13.
        Não são só essas, mas garimpe outras pelo livro. Terminamos com mais duas dicas para se compreender a profecia de Zacarias: (1) um convite à conversão, tanto ao povo de Deus, quanto às nações, marca a nota inicial do livro: "Tornai-vos para mim e eu me tornarei para vós", 1:3; e (2) a certeza de que você, diante de um livro de gênero literário mais complexo como este deve ser, para os homens, "um escriba sábio que retira do tesouro", a Bíblia, coisas novas, úteis como profecia imediata, e velhas, necessárias como advertência permanente, ambas como sementes de vida a serem espalhadas pelo caminho, Mt 13:52. A tarefa é sua.
   
       Devocional 12: Profetas Menores
       Tarefa: ler o profeta Malaquias

        Deus se fez homem, em Jesus, para definitiva comunhão, em amor, conosco. Mas não podemos perder o temor e tremor, Fp 2:12, pela santidade dEle, pensando que Deus é "meu chapa", é um "mermão" ou um "ô, meu".
       Malaquias reage contra um povo que havia perdido o respeito próprio por Deus, tornando-se cínico. Favor lembrar também que cinismo contra o próximo, contra o outro, produz, em relação a Deus, o mesmo efeito.
       O estilo literário do profeta é listar e responder as perguntas cínicas: (1) ora, em que (?) Deus nos ama, 1:2; (2) em que (?) Te desprezamos, 1;6; (3) em que (?) Te profanamos o culto, 1:7; (4) em que (?) Te profanamos a aliança, 2:10; (5) por que (?) não nos aceita a oferta, 2:14; (6) em que (?) Te enfadamos, 2:17; (7) onde (?) está o Deus do juízo, 2:17; (8) que temos (?) falado contra Ti, 3:13; (9) de que adianta (?) guardar a palavra do Senhor, 3:14; (10) de que (?) adianta andar de luto diante do Senhor, 3:14.
        O sentido dessas perguntas é para que aprendamos uma coisa: o controle de qualidade sobre a fé é exercido por Deus e não por nós mesmos. No amor, que é sempre a pergunta número 1, o povo já estava reprovado. Qualquer outro item dos nove restantes estariam comprometidos na falta em relação ao primeiro.
         Malaquias visava, com sua palavra, atrair de novo para o Senhor os que entendiam, aceitavam e desejavam praticar esse amor. Como o profeta mesmo diz, são esses que fazem a diferença: "vereis de novo a diferença entre o justo e o perverso, entre o que serve a Deus e o que não o serve", 3:18. O amor, definitivamente, é o traço distintivo da verdade e coerência na relação com Deus e com o próximo.