sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Sequidão de estio

Flores típicas da época de estio em Rio Branco, Acre 

"Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio".  Salmos 32:4

     O Salmo 32 define com detalhes a radicalidade do pecado e os estragos que produz em seu portador. O problema é que todos somos portadores desse mal. 

     Vale a pena ler o Salmo inteiro, porque cada versículo expressa, em termos democráticos, sem isentar nenhum vivente, esse tour de experiência existencial. 

    As palavras "bem-aventurado", "confessei-te o meu pecado", "todo homem (ou mulher) piedoso(a) te fará súplicas", "alegrai-vos no Senhor" indicam o alento que, didaticamente, o salmista deseja nos transmitir, quando especifica, nessa experiência comum a nós todos, o jogo aberto com Deus na expressão dessas mazelas. 

     É claro que também não poupa os pormenores mais sórdidos, nem deixa de fazer veemente advertência, caso sejamos tentados, para usar este termo, a menosprezar a principal lição que nos deseja transmitir com o seu poema. 

    "Calar os pecados", "mão que pesa dia e noite", "não seja como o cavalo ou a mula", "muito sofrimento terá de curtir o ímpio", esta parte é tão real quanto a anterior,  porém é para ser evitada e esta é a razão por que o salmista compartilha conosco sua lição.  

      Sequidão de estio. Ele tira da vida prática, caracterizada pela estação da seca, a metáfora pela qual exprime a condição interior daquele que não encara de frente, dia a dia, a triste realidade do pecado em sua própria vida.

     Uma parte do Brasil, mais propriamente o sertão nordestino, típica na caracterização da seca, reserva a saga e a epopeia do povo que sempre enfrentou com coragem a sequidão de estio, espalhando por todo o país sua história de superação. 

      O Acre foi colonizado por nordestinos cearenses retirantes de uma das maiores secas, a de 1877, e as igrejas congregacionais que existem aqui em Rio Branco, Manaus e Boa Vista, respectivamente capitais do Acre, Amazonas e Roraima, são resultado da empreitada missionária do retirante nordestino baiano Antonio Limeira Neto. 

     São frutos da sequidão de estio com Deus. Quem lê o livro de Números e confere, aliás, já desde o Êxodo, as "estações da rebeldia" nos conflitos do povo de Israel com Deus, no deserto, quase duvida de Oseias, que disse que a experiência no deserto foi o namoro de Deus com o povo escolhido.

     Oseias afirma que ali Deus lhes falou ao coração. Sequidão de estio com Deus é ouvir a voz dEle ao coração. Habacuque 3,17-19 diz que: 

"Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação. O Senhor Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar altaneiramente. Ao mestre de canto. Para instrumentos de cordas.

      Sequidão de estio com Deus significa experimentar o Seu amor e esperar os frutos. Oseias finaliza sua argumentação dizendo que Deus havia amarrado Efraim com cordas de amor. Embora a predição fosse de diáspora, no exílio na Assíria, e a história cumpriu o seu curso, com Deus prevalecem as cordas de amor.

       "Atraí-os com cordas humanas, com laços de amor; fui para eles como quem alivia o jugo de sobre as suas queixadas e me inclinei para dar-lhes de comer. Não voltarão para a terra do Egito, mas o assírio será seu rei, porque recusam converter-se". Faltou a Efraim o jogo aberto com Deus. Porque sequidão de estio é oportunidade para arrependimento. É oportunidade de conversão. 

       Sequidão de estio corresponde a estações de nossa experiência com Deus. Mas são advertência para nos voltarmos para Ele, no jogo aberto da confissão e arrependimento do pecado. Não nos calemos, como adverte o salmista.  Façamos a oração  em destaque no hino:

"Se confesso meus temores, toda a minha imperfeição, Ele escuta com paciência essa triste confissão. Com ternura, repreende meu pecado e todo o mal. É Jesus o meu amigo, o melhor e o mais leal: o melhor e o mais leal".   

sábado, 1 de agosto de 2020

Se fez Mestre

1a (2a) viagem
      Tudo combinado. Acertos.
      Chave aqui acolá. Vindas à casa da colina.
      Ida ao Rio. Emergência acadêmica.
      Gol 1.000 quadrado.
      Rio Branco-PUC que partiu.
      Vidro do morcego quebrado.
      O plano foi papelão. E se chovesse?
      Pronto: que não chovesse.
      O vento arrancou o papelão.
      Que papelão! Mãe e menino no Banco de trás .
       Amanheceu. Descida da colina.
       1a viagem ao Rio. Travessia da ponte.
       Vislumbre. Neblina suave. Sol.
       Em direção a Porto Velho.
       Parada. Vidro quebrado.
       Negociação na WV. Caro.
       Mão de obra + vidro do morcego fixo.
       Peça de ferro-velho. Sucata.
       Almoço e seguir viagem.
       Vilhena. Menino acorda depositado entre camas.
        Seguir viagem. Rondonópolis.
        Barata no banheiro. Acuda! Acuda!
        Carolina dia seguinte.
        Buraco enorme. Entardecer na subida da serra.
        Apreensão. Parada no posto.
        Abastece. Apreensão. Mão sob peito de aço. Amassado.
        Frio. Seco. Não há óleo.
        Sobe serra. Escura. Devem quatro faróis.
        Mãe e menino no Banco de trás.
        Que faróis são aqueles?
        Duas carretas emparelhadas.
        Sai para acostamento. Trepida a carroçaria do Gol 1.000 quadrado.
        Noite na Serra nunca mais.
        Amanhece na Carolina WV.
        Num canto peito de aço contorcido.
        Tampa do carter amrratoada.
        Pela espessura de uma folha de papel poupada a bomba de óleo.
        Providência. Alcançamos São José do Rio Preto. Menino nos primeiros passos.
        Dia seguinte no Rio.
        Dias depois na PUC.
        Oráculos da casa Real de Judá.
        Pastores presentes.
        Estada no Rio. Quatro avós.
        Vó Dorcas voltou no Gol 1.000 quadrado.